ENQUANTO ISSO, NO BRASIL:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12449&Itemid=754, menciona: “tem por missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade” – cujas “atribuições são normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro de Estado da Educação, no desempenho das funções e atribuições do poder público federal em matéria de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação brasileira”. E sabemos que o presidente do CNE é pedagogo, psicólogo, filósofo, etc.
Bem, as mentes intricadas dos membros do tal CNE, negando “a missão e atribuições” desse “conhecidíssimo” e “laborioso” Conselho, detonou um pouco mais com o nosso sistema democrático, ao exprobrar uma obra clássica da nossa literatura, ou parte dela, o “Caçadas de Pedrinho”, do Monteiro Lobato, publicado em 1933... Meu Deus, em 1933???. Estão lembrados do nome do presidente do Brasil em 1933 e nos sequentes e nos outros e mais outros anos? Pois é. Se a atitude dos “conselheiros” do CNE fosse naqueles anos tristes da nossa história, tudo bem... Mas estamos em 2010, poucos dias para próximo ano que entrará para a história como tendo uma mulher pela primeira vez ocupando o cargo de Presidente do Brasil.
Pois, pois, essas nobres mentes intricadas do CNE “acharam” ou “deduziram” ou “viram” em determinados trechos da referida obra do Lobato, como “racista” a abordagem da personagem negra Tia Anastácia e as referências aos personagens animais tais como urubu, macaco e feras africanas. Assim apregoaram: “Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos do livro..”, devendo, portanto, a referida obra, ser “proibida” nas Instituições educacionais do nosso País. Voltamos à Idade Média? A “Santa Inquisição” (santidade puramente ambígua) está retornando? E ainda por cima nos fazem rir (tiriricaram), pois tentaram explicar suas jericadas. Agora sei o motivo do nosso sistema de ensino educacional clássico estar em constante turbulência, sendo que determinados setores estão em decadência. Não precisamos mais “tentar” entender, pois ficou evidenciado: são esses mesmos membros CNE, os responsáveis para formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino no Brasil. (Elí... Elí... Lamma sabactáni ???).
Capa do livro "POÈMES MODERNISTES & AUTRES ÉCRITS", Sérgio Milliet - Editora La Nerthe - Toulon - França
As edições bilíngues tiveram tradução para o Francês do amigo e amante da literatura brasileira: Antoine Chareyre, que reside na cidade de Genoble, onde o mecenas da Semana de Arte Moderna, René Thiollier obteve forte influência cultural literária. Antoine já traduzira o “Pau Brasil”, do Oswald de Andrade, para o Francês, cuja primeira divulgação no Brasil, com muito orgulho, coube ao Blog RETALHOS DO MODERNISMO (comercializada no Brasil pela Livraria Cultura - São Paulo): Veja essa matéria clicando –
http://literalmeida.blogspot.com/2010/09/pau-brasil-oswald-de-andrade-em.html
Como diz o ex-jogador Neto, hoje comentarista de futebol na TV Band: “É brincadeira ou você quer mais?”. Infelizmente não é nenhuma brincadeira. É mais sério que podemos imaginar. Se formos traçar uma comparação dessas duas atitudes: a brasileira e a francesa, certamente ficaremos com as faces coradas, não só diante dos franceses, mas do mundo, pois a atitude dos “conselheiros” do CNE envergonhou o Brasil. Não são vergonhosos os objetos da atitude daqueles do CNE, mas sim os objetivos e as consequências. A verdade é uma só: aqueles que deveriam produzir consequências produtivas para nosso sistema educacional demonstraram incompetência, negligência, insensatez. E demonstraram mais: não possuem aptidão para conselheiros do Exmo Ministro da Educação, pois são (ou foram?) totalmente inconsequentes, pois quem assessora um Ministro não pode ter atitude similar.
Queiramos ou não, toda criança ou qualquer outro leitor, tenha este a idade que tiver, ao degustarem da obra do Lobato, de hoje em diante, irão procurar encontrar alguma palavra ou alguma atitude de qualquer personagem que demonstre ou tenha conotação racista. Que infelicidade monstruosa foi essa atitude desses “conselheiros”... Ou melhor, que infelicidade para nós. E como reparar essa asnice? Nunca mais. Vulgarmente podemos afirmar: “a meleca está feita” – para não falar outra coisa. E, enquanto no exterior os nossos literatos e outros artistas brasileiros são venerados e exaltados, aqui são atirados à execração. É atitude de “Idade Média” ou não?
Retornando ao que é benéfico, temos que enaltecer a editora francesa “La Nerthe”, o tradutor Antoine Chareyre, e aproveitar para solicitar que enviem um exemplar do Cockitails e um do Poèmes Modernistes para a biblioteca do CNE, pois talvez algum dos “conselheiros” descubra quem foi Luís Aranha (podendo também conhecê-lo um pouco aqui, no RETALHOS:
http://literalmeida.blogspot.com/2009/03/luis-aranha-poeta-modernista-bissexto.html), e aprenda um pouco mais sobre a nossa bela cultura literária com o Sérgio Milliet.
Para finalizar, pergunto:
- Não sabem os tais “conselheiros” que Lobato (que para eles deve ter sido um racista terrível) foi um dos editores do Lima Barreto, isso em 1909, o “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, por exemplo? Sabem eles se o Lima Barreto era negro ou pardo?
– Não sabem os tais “conselheiros” que existe uma outra obra do Lobato: “Neguinha”, contos escritos entre 1918 e 1942, na primeira fase do período republicano, onde o autor relata a mutação da sociedade paulistana e que um dos temas básicos dessa obra é a “questão negra” numa época em que o país ainda estava marcado pelo recente passado escravocrata?
- Vão proibir também que nas nossas escolas leiam o poema “Irene no céu”, do Bandeira?
- Não conhecem os tais “conselheiros” os artigos vergonhosos do nosso Código Criminal do Império? Não teriam também que mandar queimar todos os exemplares ainda existentes nas boas bibliotecas espalhadas pelo país?
E finalizando mesmo, de verdade, uma última pergunta:
- Será que algum dos “conselheiros” do CNE já leu alguma edição do “O Diário Crítico” do Milliet?
- “Duvido! Dê-ó-dó!”.
NOTAS:
- http://librairielanerthe.blogspot.com/
- http://www.atheles.org/lanerthe
Repetindo a citação do Neto, Este País tá de brincadeira nãi é?, rsrsr
ResponderExcluirAbraço Nico
Sabe de uma coisa meu querido?
ResponderExcluirEsses intelectuais de mentirinha nem leram Monteiro Lobato, eu com 62 anos , quando menina minha mãe lia várias histórias dele p; mim.
E sou hoje um apoetisa , nada de mal me enflurenciou. Ele deveria ler autores que estão aí no anonimato mas são de uma perfeição na literatura brasileira.
Muito bom seu texto . Vamos juntos dar um cala boca nesses.
Bjs ´poéticos. Sônia.
Desculpe , errei em esquecer de colocar meu nome no comentário abaixo.Bjsssssssss. Sônia Rêgo
ResponderExcluirDiletos:
ResponderExcluir- Sodescaso: Alem de brincadeira é um verdadeiro descaso para com a nossa literatura. É o Brasil.
- Sônia Rêgo: Acertou na mosca. Aqueles "mencionados" na postagem, com toda certeza nunca leram Lobato e também acho que a educação que receberam quando crianças e adolescentes, deve ter sido na base na "palmatória".
Obrigado pela visita e pela consideração.
Seu Blog ta muito legal, parabéns! Mas que tal colocar seu blog com dominio proprio, muito mais facil das pessoas aprenderem seu endereço. Caso tenha interesse entre em contato conosco pelo endereço www.carolleal.com.br.
ResponderExcluirCaro Luiz,Essa matéria sobre a 'proibição' do Monteiro Lobato merece nossa reflexão. Estão afirmando que não houve 'censura' ou 'proibição', mas sugestão para que fosse 'contextualizado' o uso da obra... Mas, te pergunto, vc sabe onde encontramos o texto da Resolução do CNE, em que se usa a expressão 'proibida', ou 'proibição'? Um abraço, Alexandre Corrêa.
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