sexta-feira, 29 de julho de 2016

BIOGRAFIA DE GUILHERME DE ALMEIDA - (SÍNTESE)



GUILHERME DE ALMEIDA
Foto ilustrativa de Guilherme de Almeida - Acervo da Casa Guilherme de Almeida - Site: www.casaguilhermedealmeida.org.br

O mês de julho, principalmente em São Paulo, é convencionado intitular: “Mês Guilherme de Almeida”, devido às datas de nascimento (24/7/1890) e morte (11/7/1969), do Poeta paulista eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros” em 1958, que nasceu em Campinas, mesma cidade do compositor e maestro Carlos Gomes, que também nasceu no mês de julho, dia 11, do ano de 1836.
O Blog Retalhos do Modernismo, desde 2008, tem disponibilizado várias postagens sobre Guilherme de Almeida, como podem ser acessadas nos links adicionados no final desta postagem. Agora, posta a “Síntese Biográfica de Guilherme de Almeida”, onde procurou detalhar fatos singulares da vida e da obra do Poeta.
Por ser uma “Síntese Biográfica”, não contempla todos os dados da vida e da obra do Poeta, pois seria impossível. Sendo assim, ficará sempre disponibilizada para novas inserções que venham enriquecer e informar os interessados, estudantes, pesquisadores e leitores desse Poeta que está no rol dos “Renomados Literatos” do nosso País.
O Blog Retalhos do Modernismo não poderia deixar de mencionar que a vida de Guilherme de Almeida, em ricos detalhes, está disponível na Casa Guilherme de Almeida, localizada na Rua Macapá, 187 – Perdizes, São Paulo.
O “museu-casa Guilherme de Almeida” foi oficializado em março de 1979, na residência onde o Poeta viveu desde 1946 até o ano de sua morte em 1969. Lá se encontra o acervo de objetos pessoais que pertenceram ao Poeta, mobiliário, sua biblioteca, fotografias, as cartas passivas e várias obras de arte de artistas do Modernismo brasileiro. Atualmente a Casa Guilherme de Almeida é administrada pela Organização Social e Cultural Poiesis, e oferece ao público várias exposições, oficinas técnicas e saraus. O horário de funcionamento é:
- De terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Atividades culturais e educativas: de terça a sexta-feira, das 19h às 21h, e aos finais de semana, das 10h às 19h. Contatos: (11) 3673-1883 e 3803-8525. Visitem o site:

                                                    (Luiz de Almeida)

SÍNTESE BIOGRÁFICA

NOTAS:
1 - Em letras azuis: a Síntese Biográfica com dados da vida e obra de Guilherme de Almeida;
2 – Para facilitar a leitura o nome Guilherme de Almeida foi digitado apenas como G.A. na descrição biográfica, conservando o nome completo nos textos de terceiros;
3 – Nos Adendos “Cultural, Brasil e Geral”, foram descritas informações históricas referentes ao ano indicado;
4 – As referências não adicionadas no bojo do texto estão descritas na Bibliografia Utilizada para Pesquisa e na Outras Fontes Pesquisadas, no final da postagem;
5 – O Blog Retalhos do Modernismo disponibiliza, em pdf, a Síntese Biográfica com outros textos, bastando os interessados solicitarem através do “Entre em Contato”, janela disponibilizada na página de rosto do Blog, como também poderão utilizar dessa mesma janela para notificar o Blog caso sejam encontrados dados incorretos no bojo da Síntese Biográfica e mesmo sugerir dados inexistentes.

1890
– 24 de julho: nasce Guilherme de Andrade e Almeida, filho de Estevam de Araújo Almeida (professor de Direito, júris consulto e filósofo) e Angelina de Andrade Almeida, em Campinas (SP). Foi batizado na cidade de Limeira (SP), onde a família se encontrava fugida do surto de febre amarela que se alastrava em Campinas;
Adendo Cultural: 11 de janeiro: nasce em São Paulo Oswald de Andrade.
Adendo Brasil: Com a Proclamação da República em 15/11/1889, o Brasil deixou de ser governado por um monarca para ser governado por um presidente da República, pois nosso país passou a ser uma República Federativa. Assim o primeiro presidente republicano foi o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-92), que governaria até 1891. 30 de maio: foi entregue ao Governo o esboço da nova Constituição que, de 10 a 18 de junho realizou minuciosa revisão, efetuada, em especial, por Rui Barbosa, melhorando sua redação e modificando sua estrutura. 15 de setembro: realizaram-se as eleições em todos os estados brasileiros. 15 de novembro: instalou-se a Assembleia Constituinte, no Rio de Janeiro, no Paço da Boa Vista. A nova Constituição seria promulgada no ano seguinte. Foi promulgado o Código Penal Brasileiro, antes da Constituição. O governo, para incentivar a política de imigração estrangeira, para substituir a mão-de-obra escrava, conseguiu a entrada no país de aproximadamente 184 mil imigrantes, maioria se dirigindo ao Estado de São Paulo.

1891 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Brasil: O Rio de Janeiro, com seus 522 mil habitantes, constituía o único grande centro urbano. 24 de fevereiro: promulgada a primeira Constituição Republicana Brasileira, que estabeleceu os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, harmônicos e independentes entre si. Após a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi convocada Assembleia para elaboração de uma Constituição e realização das eleições para Assembleia Constituinte. Em 25 de fevereiro aconteceu a primeira eleição presidencial do Brasil e foi indireta, desobedecendo a Constituição recém-formada. Foram candidatos à presidência: Marechal Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais (1841-1902), Marechal Floriano Peixoto (1839-95) e José Higino Duarte Pereira (1847-1901). À vice-presidência se candidataram: o Almirante Eduardo Wandenkolk (1839-1902) e Marechal Floriano Peixoto. Foi eleito para presidente: Marechal Deodoro da Fonseca, com 129 votos contra 97, atribuídos ao paulista Prudente de Morais. A vice-presidência ficou com Marechal Floriano Peixoto. 3 de novembro: Deodoro fecha o Congresso, prometendo para o futuro novas eleições e uma revisão na Constituição. 23 de novembro: Deodoro renuncia. Com a renúncia, Floriano Peixoto assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o final do mandato, em 1894.

1892 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 20 de março: nasce em S. Paulo, Menotti Del Picchia, literato modernista. 30 de maio: em Fortaleza (CE), na Rua Formosa (atualmente Barão do Rio Branco), Antônio Salles (Moacir Jurema, 1868-1940) e outros fundam a “Padaria Espiritual”, cujo artigo primeiro, dos quarenta e sete do Programa de Instalação, declara o objetivo principal: “I – Fica organizada, nesta cidade da Fortaleza, capital da Terra da Luz, antigo Siará Grande, uma sociedade de rapazes de Lettras e Artes denominada – Padaria Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espirito aos sócios em particular e aos povos em geral. A Padaria Espiritual pode ter sido o primeiro movimento com tendências de cunho modernista no Brasil. 27 de outubro: nasce em Quebrangulo, sertão de Alagoas, o escritor Graciliano Ramos. Nasce em Rio Claro (SP), Ignácio da Costa Ferreira, desenhista e pintor que ficou mais conhecido pelo seu pseudônimo: Ferrignac. 
Adendo Brasil: No Rio Grande do Sul, em março, é fundado o Partido Federalista.

1893 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 16 de maio: nasce no Rio de Janeiro, Ronald de Carvalho (poeta). 9 de outubro: na cidade de S. Paulo, nasce Mário de Andrade, poeta, ensaísta, romancista, contista, epistolográfico, folclorista, contista, pesquisador, musicólogo, professor, crítico de arte, cronista, diretor de cultura, “trezentos, trezentos e cinquenta”, etc.
Adendo Brasil: Iniciava a formação, às margens do Reio Vaza-Barris, no sertão da Bahia, em uma fazenda abandonada, uma povoação conhecida como Arraial de Canudos, liderada por Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro (1830-1897).

1894 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: No Rio de Janeiro, o autor teatral Arthur Azevedo (1855-1908) lança campanha para construção de um teatro. Foi criada Lei Municipal determinando a construção, mas não foi cumprida, apesar da existência do imposto para arrecadação de fundos, que nunca foi utilizado.
Adendo Brasil: Prudente de Morais assume a presidência da República. Fundação da Escola Polytechina de São Paulo.

1895 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Nasce na cidade de Itapetininga (SP), Antonio Gomide, artista plástico, cenógrafo e professor. 26 de julho: nasce em de São José dos Campos (SP), Cassiano Ricardo Leite, literato que participará como redator da revista Papel e Tinta, em 1920, juntamente com G.A. 2 de novembro: nasce em São Paulo, Antonio Paim Vieira, desenhista, retratista, ceramista, ilustrador, professor de Artes. Participou da Semana de 22.
Adendo Brasil: 29 de junho: Morre Floriano Peixoto.

1896
– No colégio da tia Anna de Almeida Barbosa de Campos, na cidade de Rio Claro (SP), faz seus primeiros estudos;
Adendo Cultural: 25 de fevereiro: nasce em Nova Friburgo (RJ), Alberto da Veiga Guignard (artista plástico).

1897 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 28 de julho: numa sala do Museu Pedagogium, Rua do Passeio (RJ), realizou-se a sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, sob a presidência do escritor Machado de Assis (1839-1908) e com a presença de dezesseis acadêmicos. O discurso inaugural foi feito por Joaquim Nabuco (1849-1910).
Adendo Brasil: Janeiro: inauguração do telégrafo submarino entre Rio de Janeiro e Pernambuco. 22 de setembro: morte do Antonio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel). Foi líder da comunidade da cidade de Canudos (Bahia), onde ocorreu a Guerra dos Canudos. Em outubro: fim da Guerra dos Canudos, que morreram mais de 25 mil pessoas e a cidade de Canudos foi destruída. O escritor Euclides da Cunha (1866-1909) era repórter do O Estado de S. Paulo e foi designado para fazer a cobertura dos acontecimentos em Canudos. No livro Os Sertões, Euclides descreve como era a comunidade de Canudos liderada pelo beato Antonio Conselheiro. Pudente de Morais era o presidente do Brasil. 12 de dezembro: Ouro Preto deixou de ser a capital de Minas Gerais, cedendo lugar para a recém-construída “Cidade de Minas”, que, em 1991, passaria a se chamar Belo Horizonte.
Adendo Geral: O ilusionista espanhol Enrique Moya aluga uma sala no número 109 da rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, e ali instalou o Cinematógrafo Edison, primeiro salão de cinema permanente no Brasil. O físico inglês Joseph John Thomson (1856-1940) anuncia em 30 de abril, na Royal Institution, a descoberta do elétron (eletricidade negativa). Até então o átomo era considerado como a menor parte da matéria. Thomson receberia o Prêmio Nobel de Física em 1906.

1898 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Dia 15 de fevereiro, o Teatro São José, construído próximo ao largo de São Gonçalo (hoje Praça João Mendes), em São Paulo, foi destruído por um incêndio. São Paulo ficava sem teatro. 12 de março, em Santos (SP), nasce Ribeiro Couto (escritor). 14 de março: Morre de tuberculose o poeta catarinense, Cruz e Souza, aos 37 anos, na cidade de Sítio (MG). O poeta é considerado o mais importante escritor simbolista da literatura brasileira. 4 de agosto: nasce em Pinhal, município de Santa Maria (RS), Raul Bopp, autor de Cobra Norato. 20 de setembro: nasce em S. Paulo, Sérgio Milliet, escritor modernista e crítico de artes.  .
Adento Brasil: Campos Sales (1841-1913) inicia seu governo como presidente da República que findará em 1902. Vital Brasil (1865-1950), no Instituto Bacteriológico de São Paulo, descobre o primeiro soro eficaz contra a picada de cobras.
Adendo Geral: O físico italiano, Guglielmo Marconi (1874-1937), durante exposição em Londres patenteou o seu telégrafo sem fio, e mais tarde, a radiodifusão. Na França, Santos-Dumont (1873-1932), em setembro, passeava pelos céus de Paris no Santos-Dumont nº 1, um balão com um motor a gasolina e provido de hélice e leme.

1899
– 14 de julho: Em Campinas (SP), nasce o irmão de G.A., Carlos Tácito Alberto de Almeida Araújo, o Tácito de Almeida, apelidado de Taci pelos amigos, quarto filho, do Dr. Estevam e Dona Angelina. Tácito de Almeida participaria ativamente da Semana de 22, da Revista Klaxon e também da Revolução Constitucionalista de 32.
Adendo Cultural: Amadeu Amaral (1875-1929) publica seu primeiro livro Urzes. 16 de junho, no Rio de Janeiro, nasce Dante Milano (poeta). 10 de Agosto, na cidade de Amparo da Barra Mansa, Rio de Janeiro, nasce Flávio de Carvalho, artista plástico.
Adendo Brasil: Sugerido por Adolpho Lutz (1855-1940), o Governo do Estado de São Paulo criou, na capital, o Instituto Soroterápico (futuro Butantã), que seria dirigido por Vital Brasil.
Adendo Geral: A Primeira Conferência da Paz teve lugar em Haia, Holanda, no período que se estendeu de 18 de maio a 19 de julho. A ela compareceram delegados de 26 países: 20 europeus, ou seja, a totalidade dos países da Europa na época; quatro asiáticos, China, Japão, Pérsia e Sião, e dois do continente americano, EUA e México. O Brasil não enviou nenhum representante.

1900 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Nasce em Belo Horizonte (MG), Zina Aita, artista plástica modernista, participou da Semana de 22.
Adendo Brasil: Comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil. 7 de maio: em São Paulo, foi inaugurada a primeira linha de bonde elétrico, com destino ao bairro da Barra Funda, em substituição as de tração animal.

1901 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Nasce na cidade de São Paulo, Alcântara Machado (escritor), um dos fundadores da revista Terra Roxa e Outras Terras. 3 de junho: nasce José Lins do Rego, escritor paraibano. Em Juiz de Fora (MG), nasce Murilo Mendes (poeta). No Rio de Janeiro nasce Cecília Meireles (poeta). Ainda em São Paulo, em 19 de maio, nasce Luís Aranha (poeta bissexto), participante da Semana de 22 e da Revista Klaxon;
Adendo Brasil: 19 de outubro: Santos-Dumont pilotando o balão nº 6, dá a volta em torno da torre Eiffel, em Paris, percorrendo 11 quilômetros.

1902
Estuda no Ginásio de Campinas, depois chamado de Colégio Culto à Ciência. A família muda-se para São Paulo;
Adendo Cultural: 31 de outubro: nasce em Itabira – MG, Carlos Drummond de Andrade (poeta), ano que foi publicado Os Sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha (1868-1931).
Adendo Brasil: Rodrigues Alves (1848-1919) assume o poder como presidente do Brasil e começa a reconstruir e sanear o Rio de Janeiro. Irá governar até 1906.

1903
Estuda no Colégio São Bento, matriculando-se no 2º ano, em São Paulo. Necessitou interromper os estudos, pois contraiu tifo e febre amarela. Chegou a ter perda de memória;
Adendo Cultural: 5 de junho: início das obras do futuro palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Teatro Municipal de São Paulo, um projeto de Ramos de Azevedo (1851-1928).
Adendo Brasil: 28 de maio: em São Paulo, realiza-se o II Congresso Socialista (o I é de 1892), que funda o Partido Socialista do Brasil. No Rio de Janeiro acontece novo surto de febre amarela. Também no Rio, em agosto, acontece uma greve geral pela jornada de 8 horas e por melhores salários. Em novembro: o Acre é incorporado ao Brasil, mediante indenização à Bolívia de 2 milhões de libras esterlinas, pelo Tratado de Petrópolis. Oswaldo Cruz (1872-1917) inicia campanha de saneamento para combater a febre amarela no Rio de Janeiro.

1904
– Doente, é transferido para continuar seus estudos no Colégio Diocesano São José, Pouso Alegre (MG), juntamente com o irmão Marco Aurélio, por sugestão do Pe. João Nery, que chegou a bispo de Campinas;
Adendo Cultural: 15 de julho: nasce na cidade de Lambari (MG), Henriqueta Lisboa (poeta). Henriqueta falece em 1985.
Adendo Brasil: Inaugurado o primeiro cinema brasileiro no Rio de Janeiro. 31 de outubro: Aprovada a lei de vacinação obrigatória contra a varíola. No Rio de Janeiro explode a revolta popular contra a vacinação obrigatória.

1905 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 2 de janeiro: início das obras para construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Surge no Rio de Janeiro a primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos para crianças: O Tico-Tico. 17 de dezembro: nasce Érico Veríssimo (escritor).
Adendo Brasil: Lançadas as candidaturas para presidente e vice-presidente de Afonso Pena (1847-1909) e Nilo Peçanha (1867-1924). A Light, empresa canadense fundada em 1899, começa sua atuação no Rio de Janeiro. Já atuava na cidade de São Paulo.

1906
- Retorna para São Paulo e cursa o 5º ano no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos Irmãos Maristas;
Adendo Cultural: Criado em S. Paulo o Conservatório Dramático e Musical.
Adendo Brasil: No Rio de Janeiro acontece a Conferência Pan-Americana. Em Taubaté (SP) é assinado o “Convênio de Taubaté”, visando favorecer os cafeicultores. Início das primeiras greves operárias no Brasil. 15 de novembro: posse do presidente da República Afonso Pena e o vice Nilo Peçanha. 
Adendo Geral: 23 de outubro: primeiro voo em avião, o 14-Bis, por Santos-Dumont, em Paris.

1907
– Forma-se pelo Ginásio Nossa Senhora do Carmo, recebendo o diploma de Bacharel em Ciências e Letras;
Adendo Cultural: No Rio surge a revista Fon-Fon!, reduto dos simbolistas. Pablo Picasso (1801-1973) lança o Cubismo.
Adendo Brasil: Em maio: começa uma greve geral em São Paulo, onde os trabalhadores reivindicam a jornada de 8 horas de trabalho e aumento salarial. A greve durou um mês. Aprovada a Lei do Serviço Militar obrigatório.
Adendo Geral: Ocorre a II Conferência de Paz, em Haia, de 15 de junho a 19 de outubro. Compareceram não só delegações dos Estados que participaram do primeiro encontro, mas também a Noruega (já, então, separada da Suécia), Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, República Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Salvador, Uruguai, Venezuela e Honduras. O Brasil é representado pelo senador Rui Barbosa (1849-1923).

1908
- 17 de março: ingressa na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O pai, Dr. Estevam, era professor na Faculdade;
Adendo Cultural: 29 de setembro: morte de Machado de Assis, escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras. Nasce o escritor Guimarães Rosa. No Rio de Janeiro é lançado o filme do cinematógrafo Pathé, Nhô Anastácio Chegou de Viagem, considerado a primeira comédia nacional. Surge no Rio a revista Careta, reduto dos parnasianos. 
Adendo Brasil: 7 de abril: o socialista Gustavo de Lacerda (1854-1909), funda a Associação de Imprensa, mais tarde Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com objetivo de defender a liberdade de expressão e os interesses dos jornalistas. Em maio: é aprovada a Lei do Serviço Militar obrigatório, iniciativa do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), então Ministro da Guerra.

1909
- Publica O Eucalyptus (poesia) no periódico da Faculdade na revista XI de Agosto, sob o pseudônimo de Guidal. Esse poema é uma exaltação condoreira à árvore que dera nova fisionomia à paisagem caipira das cidades onde passou sua infância: Campinas, Rio Claro, Limeira e Araras;
Adendo Cultural: Lima Barreto (1881-1922) surge no cenário literário com Recordações do Escrivão Isaías Caminha. O escritor italiano Filippo Marinetti (1876-1944) lança o Primeiro Manifesto Futurista. 14 de julho: inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro pelo presidente Nilo Peçanha, com capacidade para 1.739 espectadores. 15 de agosto: assassinato do escritor Euclides da Cunha por Dilermando de Assis. 29 de novembro: Joaquim José de Carvalho (1850-1918) funda a Academia Paulista de Letras.
Adendo Brasil: 15 de junho: morre o presidente Afonso Pena. Posse de Nilo Peçanha. Seu governo terminará no ano seguinte. A campanha para presidência da República, em 1909-10, foi a primeira efetiva disputa eleitoral da vida republicana. O marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, saiu candidato com o apoio do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e dos militares. São Paulo, na oposição, lançou a candidatura de Rui Barbosa, em aliança com a Bahia.
Adendo Geral: Santos-Dumont, em 13 de novembro, em Paris, apresenta outro avião construído por ele, o Demoiselle, oito vezes menor que o 14-Bis, e capaz de voar a 96 km por hora.

1910/1911 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 9 de junho de 1910, nasce em São João da Boa Vista, SP., Patrícia Rehder Galvão, a Pagu. Amadeu Amaral publica Névoa (poesia). Em 12 agosto de 1911, Oswald de Andrade (1890-1954), Emílio de Menezes (1866-1918) e João Paulo Lemmo Lemmi, vulgo Voltolino (1884-1926), fundam o semanário humorístico O Pirralho. Em 1911, Mário de Andrade (1893-1945) ingressa no Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 12 de setembro: com apresentação da ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas, é inaugurado o Teatro Municipal de S. Paulo; 14 de setembro: Morre o poeta Raimundo Correia. Graça Aranha publica Malazarte. Lima Barreto inicia a publicação de Triste Fim de Policarpo Quaresma em folhetins pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.
Adendo Brasil: Hermes da Fonseca é eleito presidente da República, em 1º de março de 1910 e, em 15 de novembro toma posse, abalando a “política do café com leite” e pondo em prática a chamada “política das salvações”, visando assim acabar com as oligarquias cafeeiras e concentrar o poder. Durante o governo de Hermes da Fonseca ocorreu a Revolta da Chibata (*) no Rio de Janeiro, de 22 a 27 de novembro. Foi um levante de cunho social, realizado em subdivisões da Marinha, sediadas no Rio de Janeiro. O objetivo era por fim às punições físicas a que eram submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o uso da santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. Os marinheiros requeriam também uma alimentação mais saudável e que fosse colocada em prática a lei de reajuste de seus honorários, já votada pelo Congresso. Hermes da Fonseca governou até 1914. O ano de 1910 a tuberculose, considerada Mal do Século, matou mais 3 mil pessoas no Rio de Janeiro.
(*) Santana Mirian, Ilza. In: http://www.infoescola.com/historia/revolta-da-chibata/ - Acesso em junho/2016.

1912
- Torna-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo. Inicia a prática da advocacia no escritório do pai e passa a colaborar com a imprensa. Colabora com o jornal O Pirralho. Nas publicações nesse jornal, juntamente com seu amigo, o desenhista e caricaturista Ignácio Ferreira da Costa, o Ferrignac (1892-1958), escreveram o conto A dona de Pontevel, que foi publicado em três números. Ainda nesse jornal, com o mesmo Ferrignac, G.A. publicou, quando ainda estudante de Direito, uma série de contos policiais a que deu o título geral de As desventuras extraordinárias de um policial amador. (*)
(*) Almeida, Guilherme. In: Pela Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Editora Martins Fontes, São Paulo, 1ª ed., 2004, pp. XIII e XIV.
Adendo Cultural: 12 de setembro: inauguração do Teatro Municipal de São Paulo. Ronald de Carvalho (1893-1935) publica seu primeiro livro de poesias: Luz Gloriosa.
Adendo Brasil: Em S. Paulo, 17 de maio, começam as greves operárias reivindicando aumento de salário devido o aumento da inflação. Francisco de Paula Rodrigues Alves é o governador do Estado de São Paulo. Seu governo termina no ano seguinte.

1913
- Na companhia de Oswald de Andrade e com o pessoal do O Pirralho, G.A. havia iniciado vida de boêmio. A mando do pai, Dr. Estevam, viaja para Apiaí (SP), vale do Ribeira, onde chegou a exercer o cargo de Promotor Interino;
Adendo Cultural: 19 de outubro: nasce no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes. Mário de Andrade é contratado como professor do Conservatório de São Paulo, para lecionar História da Música. Menotti Del Picchia (1892-1988) publica seu primeiro livro de poemas: Poemas do Vício e da Virtude: 1907-1913. Lasar Segall (1891-1957) faz sua primeira exposição individual, em São Paulo, inaugurada no dia 2 de março e encerrada a 5 de abril, à Rua São Bento, 85.
Adendo Brasil: 28 de junho: morre o ex-presidente Campos Sales.

1914
Transfere-se para Mogi Mirim (SP), como Promotor Público Interino. Com o início da Primeira Grande Guerra Mundial, retorna para São Paulo no mês de Agosto. Através do Consulado Francês, em São Paulo, se oferece como voluntário para combater nos campos da Europa em defesa da França. Não conseguiu seu intento.  Inicia-se como Redator do jornal O Estado de S. Paulo, levado por Júlio Mesquita. Na redação do jornal, encontra-se com Amadeu Amaral. Começa então a grande amizade entre os dois escritores;
Adendo Cultural: Morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos. Tem início a Primeira Guerra Mundial. Anita Malfatti (1889-1964) realiza sua primeira exposição em São Paulo após seu retorno da Europa, em maio, à Rua 15 de Novembro, nº 26. 
Adendo Brasil: 1º de março, Venceslau Brás (1868-1966), candidato único, elege-se presidente da República e toma posse em 15 de novembro. É o retorno da política do “café-com-leite”.
Adendo Geral: 28 de Julho: na Iugoslávia, o Arquiduque austríaco Francisco Ferdinando (1863-) é assassinado, em Sarajevo, Bósnia, por Gavrilo Princip (1894-1918), nacionalista sérvio. Esse acontecimento foi um dos estopins da Primeira Grande Guerra que teve início em 4 de agosto, quando a Alemanha declara guerra à França.

1915 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Lima Barreto publica Numa e a Ninfa. Cassiano Ricardo (1895-1974) publica Dentro da Noite, seu primeiro livro de poemas.
Adendo Brasil: Nilo Peçanha toma posse com a retaguarda das tropas federais. Rodrigues Alves retorna a governar o Estado de São Paulo. Seu mandato termina no ano seguinte. É aprovado o Código Civil Brasileiro, disciplinando o Direito privado. 8 de setembro: o gaúcho Pinheiro Machado, nascido em 8 de maio de 1851, político influente na esfera federal, é assassinado no Rio de Janeiro.

1916
- Em parceria com Oswald de Andrade, publica “Théatre Brésilien” – peças teatrais em francês Mon Coeur Balance (Meu Coração Balança), cujo primeiro ato é divulgado em A Cigarra, em 19 de janeiro; e Leur Âme (Sua Alma), reproduzida em parte na revista Vida Moderna, em março e dezembro. Ganha o primeiro prêmio no concurso instituído pelo então prefeito Washington Luís (1869-1957) para a escolha do brasão de armas da cidade de São Paulo. Convidado por Amadeu Amaral integrou o corpo de redatores do Estadinho – edição da noite de O Estado de S. Paulo. 16 de setembro: na redação de O Estado de S. Paulo, faz a leitura dos originais do seu primeiro livro Nós, publicado em 1917;
Adendo Brasil: É publicado por Álvaro Bomilcar (1874-1957) estudo sobre o preconceito de raça no Brasil. Altino Arantes Marques (1876-1965) assume o governo do Estado de São Paulo.

1917
O pai, Dr. Estevam, percebendo que o filho Guilherme estava mais interessado em escrever poemas que estudar e executar serviços de ordem jurídica, resolveu ajudá-lo na publicação do seu primeiro livro. Sugeriu, então, uma revisão dos seus versos por um poeta, jornalista e advogado: Vicente de Carvalho (1866-1924). Escolheu também um artista português, Correia Dias (1892-1935), para que elaborasse a capa e as ilustrações do livro. O livro foi editado na Seção de Obras de O Estado de S. Paulo, custeado pelo Dr. Francisco Morato (1868-1948), amigo e colega do Dr. Estevam no escritório de advocacia que ambos mantinham à rua XV de Novembro, em São Paulo. Em 6 de junho é publicado seu primeiro livro de poemas, Nós, com 33 sonetos, lançado dia 9, com tiragem de 1015 exemplares. 
 
Foto ilustrativa
- Juntamente com J. Watsh Rodrigues (1891-1957), vence o concurso para escolha do brasão da cidade de São Paulo. Na edição do dia 21 de junho, no O Estado de S. Paulo, Amadeu Amaral escreveu artigo sobre o livro de estreia Nós, de G.A., conservada a grafia original:

         Entre os moços que em S. Paulo se vão iniciando nas letras não há negar, mau grado e teimoso pessimismo de tantas opiniões, que há muito talento vigoroso, muito esforço louvável, e uma salutar tendência a rasgar caminhos novos – o que é ainda uma boa prova de vitalidade. Dois livros recentíssimos, entre outros, demonstram a justeza dessa observação, um poema “Moisés”, do sr. Menotti Del Picchia, do qual já nos ocupamos; outro a série de sonetos a que ora nos referimos. Ambas, obras de autores muitos jovens, ambos cheios de qualidades, embora muito diversos na índole e na fartura, apartam-se ambos sensivelmente dos moldes mais correntes e aceitos na poesia nacional de hoje, revelando, assim duas individualidades autônomas, que se afirmam por sí.
         Os sonetos do Sr. Guilherme de Almeida desenrolam-se em torno de um episódio comum de amor: falam de ternuras, de cuidados, de sustos, de pequenas nuvens de sonhos,  que morrem, de separação e de saudades. Mas os casos de amor, por muito comuns que sejam, nunca são banais – “O Amor é tema eterno” -. O amor é interessante, porque, se em cada caso se repetem eternamente as mesmas emoções, e as mesmas cenas, a maneira de reagir e sentir é sempre agudamente individual e sempre nova. Os poetas que, como o Sr. Guilherme de Almeida, experimentam a necessidade de pôr os seus amores em versos, fazem muito bem em realizar esse desejo, sem dar ouvidos aos conselhos da crítica adversa aos temas eróticos. Não há temas velhos nem novos, há modos de sentir e de pensar. O amor é um tema eterno, não tem que ver com o tempo, e cada poeta de talento que sentir profundamente, há de ter sempre a revelar uma soma deliciosa de originalidade e de imprevisto, com que nos surpreende, nos comova e nos encante.
         É o que sucede com os sonetos de “Nós”. O autor soube extrair do seu “caso” uma série de coisas doces e bonitas que sem serem uma novidade extraordinária, são entretanto inconfundivelmente pessoais. O coeficiente pessoal do poema é considerado neste assunto tratado por legiões de poetas: revela-se na linguagem correntía e singelíssima, no estilo ataviado, sóbrio e leve, na versificação fácil e sonora, de um ritmo embalador e melancólico, nas imagens felizes que discretamente refulgem na trama dos versos. Estes sonetos não se parecem com os sonetos de ninguém, estes versos não têm ressalto nenhum de versos alheios, postas de lado, naturalmente essas vagas reminiscências e esses ligeiros encontros que são absolutamente fatais em toda obra humana.
         Aí está, expressa uma das qualidades salientes deste livrinho. Essa qualidade é complementada por uma outra – a perfeita homogeneidade da série. Cada um dos sonetos, de acôrdo com o clássico rigor, pode ser considerado à parte, como uma peça única. Entretanto todos se ligam, não só pelo encadeamento da história que ilustram, senão também pela admirável afinação mutua do seu fundo sentimental, o emotivo e da sua forma. Compõem um bloco. Dir-se-ia que foram feitos pela mesma mão, com o mesmo material. No mesmo ambiente, e de uma assentada. Mas isso não é verdade. Essa impressão é um efeito de arte – arte que tem sólidas raízes num genuíno temperamento de poeta e de artista.
         Entre os sonetos, é claro há uns melhores que outros, mais cheios, mais redondos, mais acabados e mais emocionais. Nenhum deles deixa de ser bem feito e de ter dentro alguma faísca. Apanhemos alguns, aqui e alí, meio ao acaso, e o leitor se convencerá de que tem diante de sí um poeta às deveras.
(*) Na sequência foram descritos: Soneto XII, Soneto XXV, “Nós” – Soneto XXXIII.
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983 – pp. 39-40).
- Amadeu Amaral, em artigo no O Estado de S. Paulo, na edição do dia 22, escreveu:

“(...) tu não publicas apenas um livro, tu publicas um livro e triunfas. Tu lanças um primeiro volume, que mais de um poeta, como este que te fala, desejaria ter por segundo ou terceiro, ou mesmo por fecho definitivo uma série. (...)".
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983 – p. 37).
- No Jornal do Commercio, de São Paulo, na edição de 15 de julho, Veiga Miranda (1881-1936) comenta sobre a obra de G.A., conservada a grafia original:

“A arte de subentender, de evocar toda uma figura a dous traços, de despertar as mais complexas melodias por duas ou tres notas que nos chegam disfarçadas, como um éco – é a qualidade fundamental, toda rescendente em fidalguias e doçura da obra de Guilherme de Almeida”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 59).
- 6 de agosto: em A Noite, Medeiros e Albuquerque (1867-1934), comenta sobre a obra de G.A., conservada a grafia original:

“A coleção de 33 sonetos, que Guilherme de Almeida instituiu “Nós”, é um dos mais deliciozos poemas, que se tem ultimamente publicado...
Do livro de Guilherme de Almeida, as citações se pódem fazer quasi sem escolha, porque os sonetos que o compõem são excelentes...
Si o livro de Guilherme de Almeida é uma estreia, a estreia não podia ser mais auspiciosa. Começa vencendo: entra na carreira literaria com um triumphafor”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 59).
- Estudo feito por Sergio Micelli traz excelente análise sobre o livro Nós, descrito parcialmente na sequência:

(...).
O desfecho desse idílio é marcado por uma inesperada aproximação social: a mulher madura estabiliza sua situação casando-se com um protetor mais velho da elite e o poeta-narrador retorna ao mercado matrimonial de seu grupo de origem em busca de uma parceira compatível. No plano estritamente visual, o rapaz aparece sozinho ao longe, vendo as folhas caírem das árvores, lembrete do avanço irresistível de seu envelhecimento social, do desenlace de sua indeterminação amorosa, enquanto a mulher é mostrada em close, encovada, envelhecida, sem os atrativos de sua imagem da capa.
Nós reúne 33 sonetos de uma história de "amor ilícito", envolvendo um rapaz de boa família e uma mulher de atrativos profissionais. O romance termina em separação, em grande medida em virtude das assimetrias sociais que vão aos poucos dilatando as tensões entre os protagonistas. Essa interpretação apóia-se tanto na letra dos sonetos como na leitura oblíqua dos conteúdos veiculados pelas vinhetas.
A figura feminina é uma mulher mais velha, experiente, de carnes "suculentas", seios e cabelos fartos, vistosa e enigmática, evidenciando diversos traços do que então se considerava uma prostituta de luxo, quem sabe estrangeira, a exemplo de outros personagens de romances da época. O rapaz enamorado, alter ego do poeta, parece de início enfeitiçado, prisioneiro desses encantos de arrastão, imerso numa condição de virtual sujeição amorosa. Assim, pode-se inclusive interpretar a seqüência de sonetos em termos de progressão, auge e saturação de sua iniciação sexual.
O assunto verdadeiro de Nós é o amor carnal, relatado no estilo contido de um registro pedagógico, de um manual de higiene social, e cujo desfecho se amolda aos ditames da conveniência burguesa. Sem rodeios, o enredo é a história de um romance urbano passageiro entre um rapaz bem nascido e uma "mulher de programa". Esse rapaz é também o narrador, que tenciona contar uma experiência de seu passado recente, um relacionamento mundano de "poucos meses" de sua mocidade.
Os dois sonetos de abertura introduzem os personagens, salientando a diferença de idade como a motivação ambivalente tanto da paixão arrasadora como do afastamento futuro. A libido de ambos é impulsionada pelo jogo de assimetrias em meio às quais vão se enredando. A juventude dele é compensada pela tarimba da mulher experimentada, com sua beleza contraposta ao ardor da mocidade. A atração mútua, afogueada pela diferença de idade, vai se esgarçar com o passar do tempo, até culminar na separação inevitável. Os dois corações sobrepostos da primeira vinheta são os velhos da ilustração seguinte, proximidade espacial de uma união virtual mas socialmente inviável, e estéril, tal como sugerem os galhos secos da imagem, numa representação crua da reprodução social num impasse.
(...).
(Micelli, Sergio. In: Experiência social e imaginário literário nos livros de estreia dos modernistas em São Paulo. http://www.scielo.br/pdf/ts/v16n1/v16n1a10.pdf - , pp. 187 a 196. Acessado em 2014/16)
Adendo Cultural: Manuel Bandeira (1886-1968) publica seu primeiro livro A Cinza das Horas. Mário de Andrade, com o pseudônimo de Mário Sobral, publica Há uma gota de sangue em cada poema. Cassiano Ricardo publica A Frauta de Pã. Menotti Del Picchia publica: Juca Mulato e Moisés. Ano marcado como o “ano chave” para o agrupamento dos intelectuais paulistas (entre eles: Mário e Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida), logo após a exposição da pintora Anita Malfatti, em S. Paulo, na Rua Líbero Badaró, 111, iniciada no mês de dezembro e concluída em janeiro de 1918, quando Monteiro Lobato (1882-1948) publicou no Estadinho, órgão de O Estado de S. Paulo, o artigo “Paranóia ou Mistificação”, atacando violentamente a jovem artista. Sérgio Milliet (1898-1966) publica Par le Sentir (Pelo Tato), na França.
Adendo Brasil: 25 de outubro: os alemães afundam o navio brasileiro “Macau”. O Brasil declara guerra à Alemanha. Em São Paulo, greve geral imobiliza todo parque industrial. No Brasil acontece a famosa “queima” de 3 milhões de sacas de café com alegação de evitar a queda de preços no mercado internacional.
Adendo Geral: Acontece a Revolução de Outubro, na Rússia.

1918
- No Correio Paulistano, na edição de 21 de janeiro, Aristêo Seixas (1881-?), comenta sobre o livro Nós, conservada a grafia original:

“O sr. Guilherme de Almeida, ao que concluimos da leitura dos seus versos, ficará com o sceptro da poesia lyrica entre nós...”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 60).
Adendo Cultural: Monteiro Lobato, em maio, adquiri a Revista do Brasil, que a manteve nos sete anos seguintes, até a falência dos seus negócios em 1925, totalizando 113 números. Publica Urupês. 18 de dezembro: morre Olavo Bilac. Lima Barreto remete a Monteiro Lobato os originais do Vida e Morte de M. J. Gonzada de Sá.
Adendo Brasil: A “gripe espanhola” faz milhares de vítimas. Em São Paulo morrem mais de 8 mil pessoas no mês de outubro. No Rio de Janeiro, a situação foi mais grave, pois morreram aproximadamente 17 mil pessoas. Em 1º de março: Rodrigues Alves é eleito presidente e, vitimado pela epidemia da “gripe espanhola”, falece em 16 de janeiro de 1919, sem tomar posse. Posse de Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1868-1920), interinamente na presidência da República. Maria José Rebelo (1891-1936) é aceita no Ministério do Exterior, tornando-se a primeira mulher diplomata brasileira.
Adendo Geral: Em novembro, com a rendição dos alemães, é assinado o Armistício, pondo fim à Primeira Grande Guerra.

1919
- Publica os livros de poemas A Dança das Horas, com ilustrações de Di Cavalcanti (1897-1976), e Messidor, com capa de J. Wasth Rodrigues. No O Imparcial, de 31 de março (e de 20 de outubro), João Ribeiro (1860-1934), comenta sobre A Dança das Horas, conservada a grafia original:

    “Temos no autor de “A dança das horas”, o sr. Guilherme de Almeida, um raro poeta de coração e de sentimento...
    “A dança das Horas” representa um momento da nossa poesia, na sua feição mais nova. E o sr. Guilherme de Almeida terá, entre os da sua geração, um nome dos mais distinctos e mais amados...
.   .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .    .
    Tudo nesse poeta aponta a uma gloriosa carreira. Ainda não é possivel lobrigar os limites do seu horizonte, tão vasto parece e, ao longe, tão ennevoado no mysterio de grandes esperanças”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 60).
- G.A. torna-se padrinho do casamento in extremis, de Oswald de Andrade e Maria de Lourdes Castro Dolzani (1900-), conhecida como Daisy, Deise e Miss Cyclone, em 15 de agosto;
Adendo Cultural: Amadeu Amaral publica Dialeto Caipira. Mário de Andrade faz sua primeira viagem a Minas Gerais. Cecília Meireles (1901-64) publica sua primeira obra literária: Espectros. 22 de fevereiro: Lima Barreto publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Manuel Bandeira publica Carnaval. Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti descobrem o escultor Vitor Brecheret (1894-1955), que havia instalado seu ateliê no Palácio das Indústrias, em São Paulo, em sala cedida pelo engenheiro Ramos de Azevedo. Sérgio Milliet publica na França, Le Départ Sur la Pluie (A Partida da Chuva). Ronald de Carvalho publica o livro de poesias Poemas e Sonetos. Monteiro Lobato publica Ideias de Jeca Tatu e Cidades Mortas.
Adendo Brasil: 2 de janeiro: Delegação brasileira parte para a Conferência de Paz, em Versalhes. Epitácio Pessoa (1865-1942), em eleição extraordinária, vence Rui Barbosa e é eleito presidente. Toma posse em 28 de julho.

1920
Publica O Livro de Horas de Sóror Dolorosa – a que morreu de amor (poemas).
Adendo Cultural: Victor Brecheret realiza exposição da primeira maquete do Monumento às Bandeiras, na Casa Byington, em São Paulo. A artista plástica Tarsila do Amaral (1890-1973), viaja a Paris. Cassiano Ricardo publica Jardim das Hespérides (poesia). Menotti Del Picchia publica As Máscaras e Flama e Argila. Chega ao Brasil: John Graz (1891-1980), que participa da Semana de Arte Moderna de 1922. Oswald de Andrade funda a revista Papel e Tinta com o poeta Menotti Dell Picchia. Lima Barreto publica Histórias e Sonhos.
Adendo Brasil: A Ford instala sua primeira fábrica de montagem no Brasil. Nesse mesmo ano, foi inaugurada a primeira linha de ônibus urbanos de São Paulo. No poder, o Governador Washington Luís (1869-1957).  Seu governo vai terminar em 1924. 7 de setembro: criada a Universidade do Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa proíbe a participação de jogadores negros no selecionado brasileiro.

1921
- 9 de janeiro: comparece no banquete oferecido a Menotti Del Picchia, no Trianon, quando do lançamento do livro As Máscaras, edição de luxo ilustrada por Antônio Paim Vieira (1895-1988). Nesse banquete Oswald de Andrade faz o famoso Discurso do Trianon, em homenagem a Menotti. 27 de maio: No artigo O Meu Poeta Futurista, de Oswald de Andrade, no Jornal do Comércio de S. Paulo, nome de G.A. é mencionado pelo autor no discorrer do artigo, conforme descrição parcial na sequência, conservada a grafia original:

“(...).
Para começar – se resumíssemos o início flutuante da nossa poesia paulista deixando apenas, para futuras seletas de primitivos, alguns dos nossos consagrados, aquêles versos de Guilherme:
“Flor de asfalto, encantada flor de sêda,
Sugestão de um crepúsculo de outono”...
E daí viéssemos pela obra imortal do autor de Sóror Dolorosa, prendendo o outro início da nossa estesia atual e futura à racialidade impressionante de Juca Mulato – o poema do Brasil paulista – e à épica realidade de Moisés, repousando assim nas duas personalidades de Menotti e Guilherme o nosso orgulho de criadores de uma poesia bem nossa, bem filha da São Paulo crepitante do Centenário...
(...).
Esta arte existe.
Conhecem, além dos mestres calmos que são Guilherme e Menotti, o meu poeta futurista? (...)”. (*1)
- 12 de Julho: Oswald de Andrade, no Jornal do Comércio de S. Paulo, na crônica Literatura Contemporânea, demonstrando toda sua oposição para com a literatura passadista e defendendo o que Mário de Andrade negara, de um “futurismo paulista”, volta a exemplificar G.A., conforme descrição parcial na sequência, conservada a grafia original:

“(...). Além de Mário de Andrade, há outros poetas escrevendo originalmente, praticando um tipo nôvo de literatura. “Felizmente o futurismo de São Paulo – o meu futurismo” – assevera o articulista – “já deu acordes esplêndidos à lira sagrada de Guilherme de Almeida. Querem ouvir? E reproduz:

CANÇÕES GREGAS

Epígrafe

Eu perdi minha frauta selvagem
Entre os caniços do lago de vidro.
Juncos inquietos da margem,
Peixes de prata e de cobre brunido,
Que viveis na vida móvel das águas;
Cigarras das árvores altas;
Fôlhas mortas que acordais ao passo alípede das ninfas,
Algas,
Lindas algas limpas:
- Se encontrardes
A frauta que eu perdi, vinde tôdas as tardes,
Debruçardes sôbre ela! E ouvireis os segredos
Sonoros que os meus lábios e os meus dedos
Deixaram esquecidos entre
Os silêncios ariscos do seu ventre.

Que dizem? Um verso de quinze sílabas perto de outro que só tem uma, e isso feito por Guilherme de Almeida, o enfeitiçador do Nós! Pois é do seu primeiro livro, inédito ainda. Porque Guilherme está a par do empolgante movimento contemporâneo de arte nova e apenas restringe as liberdades da poesia, à conservação da rima – evoluída que seja – pois que é ela “a única corda que acrescentamos à lira grega”.
(...)”. (*2)
 - Mário da Silva Brito, no seu livro História do Modernismo Brasileiro – Antecedentes da Semana de Arte Moderna (*3) faz a seguinte narração, conservada a grafia original:

Na casa O Livro, que ficava na Rua 15 de Novembro, de propriedade do Sr. Jacinto Silva, que franqueava sua casa comercial para exposições de pintura, conferências e leituras de livros pelos seus autores, Guilherme de Almeida, na reunião do dia 25 de junho, recitou os poemas do volume Era uma Vez, atraindo para o local uma assistência fidalga e distinta. Dêsse novo livro, que retrata o espírito de uma sociedade fútil e mundana, escreve Menotti Del Picchia que é obra “fluida e leve como um aranhol de ouro, onde as frágeis mariposas da moda, as sentimentais elegantes da época se prendem fascinadas na deliciosa espontaneidade lírica de suas rimas aparentemente frívolas, mas profundamente psicológicas e humanas. Há dor sorridente, há ironias mascaradas de galanteios, há alegrias disfarçadas em arrufos nesse poema de amor mundano e galante, atual e sensacional, onde se renova a malícia das batalhas amorosas, em requintes palacianos de frases inteiramente fúteis, mas pérfidas e profundas. A vida moderna, com seus “confort”, com seus táxis, com seus telefones – oh! os terríveis e maldosos, os líricos telefones! – contagiou o lirismo vivo e brilhante dêsse livro escrito com lágrimas e com sorrisos, emoções acalcadas no artificialismo mundano, onde a crueldade da vida redobra de violência diante da necessidade de urbanizá-la, civilizá-la, elegantizá-la... Era uma Vez é um poema nôvo para nosso ambiente, um grito de libertação ousado, uma revolta espontânea e corajosa contra o carrancismo, a velharia, o “vieux-jeu” pomposo dos metros processionais, das fórmulas hieráticas e macabras como esquife e catafalcos...”.
(*1) Brito, Mário da Silva. In: História do Modernismo Brasileiro – Antecedentes da Sema de Arte Moderna. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1978, 5ª ed., pp. 227-229.
(*2) Idem, pp. 241-242.
(*3) Idem, pp. 313-315.
Adendo Cultural: Morre o poeta mineiro Alphonsus de Gruimaraens (1870-). Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes (1899-1986) voltam da Europa e divulgam os autores europeus de vanguarda. Graça Aranha e Plínio Salgado (1895-1975) aderem ao modernismo. Graça Aranha publica A Estética da Vida. Oswald de Andrade lança Mário de Andrade com seu artigo: “O meu poeta futurista”, na edição do Jornal do Comércio, de 24 de março. Menotti Del Picchia publica O Pão de Moloch (crônicas) e Laís (romance). 23 de junho: morre no Rio de Janeiro, aos 40 anos, o escritor João do Rio, que usava o pseudônimo de Paulo Barreto. Ribeiro Couto (1898-1963) publica O Jardim das Confidências, primeiro livro de poesia.

1922
- A partir de janeiro, começa a receber cartas escritas em francês, provindas do Rio de Janeiro, que somente após um tempo descobriu a remetente: Belkiss Barrozo do Amaral, a Baby, com quem se casaria. Sai a 2ª edição do livro Nós. Publica Era uma vez..., editado pelas Oficinas da casa Mayença, de São Paulo, com desenhos de John Graz. O livro começou a ser distribuído pelas livrarias de São Paulo no dia 15 de fevereiro, um dos dias de Festival da Semana de Arte Moderna, onde G.A. colabora na organização e participa dos Festivais com dois poemas: As Galeras e Os Discóbolos, ainda do livro em preparo Canções Gregas. Participa da criação da revista Klaxon, fazendo parte da denominada A Redação, juntamente com outros klaxonistas: Mário de Andrade, Rubens Borba de Moraes, Luís Aranha (1901-1987), Couto de Barros (1896-1966), Tácito de Almeida (1899-1940) e Sérgio Milliet. Logo após a realização dos Festivais da Semana de Arte Moderna, os “moços” começam a se reunir na Rua Uruguai, nº 14. Não demorou muito e resolveram mudar a Redação para o escritório de Tácito de Almeida e Couto de Barros, à Rua Direita, Nº 33, sala 5. Nascia assim o primeiro número da revista Klaxon, a primeira revista modernista pós Semana de Arte Moderna. O escritório foi apelidado de “escritórinho”, conforme esclarece G.A.:
“Aí nos encontrávamos, imaginávamos, escrevíamos, desenhávamos, resolvíamos tudo, amistosa e alegrissimamente sempre”.(*)
(*) Almeida, Guilherme de. O Nosso Klaxon. O Estado de S. Paulo, Edição de 21-2-1968 ou Brito, Mário da Silva. O Alegre Combate de Klaxon – O Primeiro Periódico Modernista – 5º Parágrafo do Prefácio da Edição Fac-Similar da Secretaria de Cultura Esporte e Turismo do Estado de São Paulo, 1972.
Adendo Cultural: Mário de Andrade publica Paulicéia Desvairada. Em fevereiro, em São Paulo, são realizados os festivais da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal. Os três dias principais foram: 13, 15 e 17. Era o início do Movimento Modernista no Brasil. Inicia-se em 15 de maio, a publicação da Revista Modernista Klaxon, em São Paulo. Em 1º de novembro, no Rio de Janeiro, falece o escritor Lima Barreto. Menotti Del Picchia publica O Homem e a Morte, a novela A Mulher que Pecou e A Angústia de D. João. Oswald de Andrade publica Os Condenados, primeiro volume da Trilogia do Exílio. René Thiollier (1882-1968) publica seu primeiro livro O Senhor Dom Torres. Thiollier foi um dos mecenas, financiando para os moços modernistas o aluguel do Teatro Municipal de São Paulo para a realização dos Festivais da Semana de Arte Moderna. Ronald de Carvalho publica Epigramas Irônicos e Sentimentais.
Adendo Brasil: 5 e 6 de julho: Revolta do Forte de Copacabana. Os jovens tenentes revoltosos marcham pela Av. Atlântica e são fuzilados pelas tropas do Governo, escapando da morte apenas dois tenentes. Dezesseis mortes, dentre elas a de um civil que aderiu à Marcha. Era o início do “tenentismo”. 7 de setembro: primeira emissão de rádio no Brasil durante as Comemorações do Centenário da Independência, realizada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, transmitindo o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. Realiza-se no Rio de Janeiro a exposição comemorativa do Primeiro Centenário da Independência. (Embora na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o surgimento do rádio no Brasil é marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco por Oscar Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919). Artur da Silva Bernardes (1875-1955) é eleito presidente da República e assume a presidência sobestado de sítio. Seu governo termina em 1926. Ano de fundação do Partido Comunista Brasileiro.

1923
- 16 de abril: no Rio de Janeiro, fica noivo de Baby. 22 de Abril: Mário de Andrade escreve carta a Manuel Bandeira onde faz referências às críticas de Francisco Lagreca (1883-1944) na Folha da Noite, descrita abaixo, inclusive a Nota de Rodapé:

São Paulo, 22 [de abril de 1923].

Querido Manuel.

Há muito tempo não te escrevo!
São Paulo corre cheia de trabalhos. E à tua espera. É indispensável que venhas a São Paulo, que desconheces.
Ando cheio de dores físicas. E morais também. Mas uma coisa muito curiosa é que sofro só pelos outros. Insultos que recebo, impecilhos que me prejudicam, e toda a possível procissão de dores morais, sem número, não destroem minha felicidade. Mas quando vejo o Guilherme atacado por que se aproveitou confiante e honesto duma poesia alheia para dela fazer um mimo de beleza11. E por dias e dias, ruins, malditos, estão a chamá-lo de plagiário como a qualquer gatuno sem talento... (...).
Mário.
(*) 11 – Nota do Rodapé (parcial):
11 O artigo de Sérgio Buarque de Holanda, no Mundo Literário (RJ) de 5 de julho de 1923, na seção “S. Paulo”, fornece as circunstâncias dos ataques do crítico Francisco Lagreca ao autor de Raça, na “Folha da Noite”: “Um deles levantou uma celeuma enorme porque descobriu numa poesia de Guilherme de Almeida três palavras que encontrara nas Clansons de Bilits, de Pierre Louys.” (O espírito e a letra, v. I, p. 167). (...).
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio de Moraes. Coleção Correspondência Mário de Andrade 1. EDUSP/IEB, 2ª Ed., São Paulo, 2001 – p. 87).
- Em maio, Manuel Bandeira responde a Mário de Andrade, transcrita aqui somente os parágrafos onde Manuel dá o seu parecer a respeito da crítica sobre G.A.:

[Rio de Janeiro, maio de 1923].

Meu caro Mário.

Um grande abraço pelo teu maravilhoso poema e por tudo quanto me mandaste. (...).
(...).
E que direi das tuas raivas, das tuas tristezas? Sorri com os teus. Os Seixas, os Pattis, os Lagrecas, os Acacianos Ricardos divertem-me. São burros demais. Os que me dão raivas, às vezes, são... os amigos. E deles não é bom falar: chame-se a isso intriga.
Houve nessa questão do Guilherme uma coisa lamentável: a resposta que ele deu. Não devia ter respondido e ainda menos daquele modo desastrado. A minha opinião pessoal é que o poema do Guilherme distingue-se bem do de Louys por outra finalidade de conceito. Louys sugere apenas a inocência da menina. Guilherme fez sentir o valor sem preço da virgindade. Guilherme é um poeta assimilar como Raimundo. Fizeram com este a mesma perfídia e para mim foi o desgosto disto que o fez emudecer naquela negra neurastenia.
Não posso mais. Abraços

do Manuel.

Em tempo:
o tal Seixas escreveu que se esperava fosse o Guilherme o sucessor Vicente de Carvalho e patati e patatá. Acusa o Guilherme de plagiário. No entanto o Vicente tem nos Poemas e canções uma poesia que é, [pa]ráfrase de uma canção de Maeterlink, precisamente aquela da qual ele ou o Lagreca afirmou que Guilherme copiou um verso (“La lampe éteinte et l a porte ouverte...”). E o Vicente não declarou que é paráfrase.
(...).
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio de Moraes. Coleção Correspondência Mário de Andrade 1. EDUSP/IEB, 2ª Ed., São Paulo, 2001 – pp. 88-91).
- 18 de março ou abril: Mário de Andrade, em carta a Sergio Milliet, reclamada do sumiço de G.A.:

“(...).
Guilherme, noivo, desapareceu da existência paulistana”.
(Duarte, Paulo. In: Mário de Andrade por ele mesmo. Editora Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia. 2ª ed., São Paulo, 1977 – p. 286)
- 22 de maio: Mário de Andrade volta a escrever para Manuel Bandeira, mas não faz mais nenhuma referência ao assunto das cartas anteriores trocadas entre ambos. Nessa ele conta para Manuel Bandeira que foi G.A. que falou a ele do aparecimento do “Carnaval”:

São Paulo, 22 [de maio de 1923]

Meu querido Manuel

Tua carta merecia um grito imediato de agradecimento. Este vem agora unicamente, mas não tardio, porque eterno. Não imaginas quanto sou sensível à tua amizade e sinceridade. Deixa-me que e diga com toda a abundância de coração que tu és hoje para mim um dos meus maiores amigos, isto é um homem junto do qual eu sou eu, ser aberto que se abandona. Creio nas afinidades eletivas. Sou teu irmão desde uma nunca esquecida tarde de domingo, em que num táxi o Guilherme disse-me do aparecimento do Carnaval e recitou de cor alguns versos esparsos de tua obra. No dia seguinte procurei o livro. (...).

Mário

E um grande, grande abraço de gratidão. E vou mandar-te meu retrato. É para troca.
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1. EDUSP/IEB, 2ª Ed., São Paulo, 2001 – p. 92).
- Em carta de 16 de junho para Tarsila do Amaral, que se encontrava em Paris, Mário de Andrade comunica a pintora sobre o casamento de G.A.:

“(...).
         Jornal
Anita, por novembro ou dezembro, estará em Paris.
Ser-te-á enviado novo número da KLAXON.
Sigo, 19, para a fazenda. Escreverei uma farsa.
Guilherme de Almeida casa-se. Morará no Rio.
(...)”.
(Amaral, Aracy A. In: Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral II. Organização, introdução e notas Aracy Amaral. Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001, p. 75).
- G.A. é nomeado, em 2 de agosto, secretário da Escola Normal do Brás, em São Paulo, mas não toma posse. 3 de setembro:  no Rio de Janeiro, acontece o casamento com Belkiss Barrozo do Amaral (Baby) e muda-se para a capital da República, residindo num sobrado alugado Les Glycines, à Rua Júlio de Castilhos, em Copacabana. 
 
Foto Ilustrativa - Acervo Casa Guilherme de Almeida
- Escreve dois poemas: Carta à Minha Noiva, datado de 3 de setembro, em Copacabana. Um poema escrito em 1923 é “O Festim”, que permaneceu inédito até o ano de 1952;
Adendo Cultural: Menotti Del Picchia publica O Nariz de Cléopatra (crônicas) e o romance Dente de Ouro. Lima Barreto publica Bagatelas. Cecília Meireles publica Nunca Mais e Poema dos Poemas.
Adendo Brasil: 1º de março: morre Rui Barbosa. 21 de abril: Edgard Roquete Pinto (1884-1954) e Henry Morize (1860-1930), fundam a primeira estação de rádio brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 9 de setembro, falece Hermes da Fonseca. É promulgada a Lei da Imprensa. Rio de Janeiro sofre intervenção Federal.
Adendo Geral: Constituiu-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
                                                                                             
1924
- Publica A Frauta que Eu Perdi (canções Gregas) e o livro de prosas Natalika. 17 de abril, Manuel Bandeira escreve carta a Mário de Andrade, carta essa das mais importantes para o entendimento das rivalidades entre os escritores da época. Segue trecho onde Bandeira faz referências a G.A., transcrita a seguir somente trechos referentes ao poeta, inclusive notas:

Rio de Janeiro, Curvelo 51
17 de abril de 1924.

Mário.

Só hoje chegou às mãos a tua carta de 1º do corrente. (O Guilherme ignorava o meu paradeiro e deixou-a na Livraria Leite Ribeiro). (...).
(...).
Não me explico para desmanchar aquele frio de que viste cercado o meu nome entre os teus amigos. Sou andarilho polar... acreditem-me se quiserem: não só não pus maldade ali, mas até o que pus foi um vibrante, alegre e franco espírito de camaradagem. Discordo de ti, achando que podemos perfeitamente atacar-nos em público e raso. Fazer o contrário não só é fingimento, visto que de fato divergimos e nos atacamos, como prejudicial por dar a impressão de que queremos constituir panelinhas. Pouco me importa a perfídia dos adversários. O ataque de um adversário diverte-me quando é tolo e estimula-me quando é inteligente. O que me dói é a perfídia dos amigos. E estou verificando-a todos os dias. Verifiquei-a a teu propósito. Verifiquei-a a propósito do Guilherme. Muita gente tem inveja dele e descobriram essa torpíssima maneira de o ferir, contrapondo-lhe o nome do irmão. Fiquei horrorizado e talhei aquela carapuça, atribuindo a intriga a quem sabidamente era incapaz de a fazer. Aqui fiz-me encontradiço com o Guilherme a fim de o prevenir que era tudo mentira. E Guilherme muito sensatamente respondeu: “Não era preciso dizer!” Não tive escrúpulo em denunciar a intriga porque estava certo que o Guilherme sente o encanto da poesia do Tácito e a hipocrisia dos maldizentes para se sentir diminuído nesse cotejo pérfido. Peço-te que me desculpes junto ao Tácito. Se o ofendi, foi sem sombra de intenção maldosa, - ao contrário! E se ele acreditou na sinceridade das minhas palavras, ficarei livre de pena e culpa.
Nunca tomei por insinceridade, medo ou timidez o [uso] do pseudônimo. Pelo que tomei? Por ironia! E achei admirável não só o pseudônimo mas até a mesma idéia do pseudônimo. Carlos Alberto de Araújo! Pura taquinerie o que fiz. Ofendi-o e peço-lhe perdão. Foi involunariamente7.
(...).

M.

(*) 3, 6 e 7: Notas do Rodapé:
3 Carta não localizada pela pesquisa.
6 “Avanguardista” de 1922, Tácito de Almeida (1899-1940) timbrou sua pequena produção de “sombras e meios tons”. O poeta “se curva perante o seu sofrer, entendendo-o como reflexo da dor maior e antiga do homem”, esclarece Telê Ancona Lopez, organizadora dos poemas do “Taci”. (“Tácito tempo de passagem”, in: Túnel e poesias modernistas 1922/23, p. 7). Com o pseudônimo Carlos Alberto Araújo, insere poemas seus em Klaxon, além de tomar para si a resenha de Paulicéia desvairada. MB não o esquece na Antologia dos poetas bissextos: “Era uma alma boníssima, um caráter límpido, uma inteligência penetrante.” O labor de advogado e a passagem pela política, via Partido Democrático, emudecem o escritor que, definitivamente, se calaria ao publicar no primeiro número de Terra Roxa o conto “Um homem bondoso”. Em 1933, o irmão de Guilherme de Almeida ajuda a fundar a Escola Livre de Sociologia e Política, aí abraçando a cátedra de Ciência Política. Em 1940, Tácito defenderia como consultor jurídico a Federação das Indústrias e da Associação Comercial do Estado de São Paulo.
7 “Fala-se mal dos outros pelas costas. Cada qual vai fazendo hipocritamente o seu joguinho pessoal. Oswald chama Guilherme de Almeida de campeão peso-leve da poesia nacional, e com outros lhe opõe perfìdamente o irmão Tácito, que assina Carlos Alberto Araújo com receio de perder os clientes de advocacia.” (“Poesia Pau-Brasil”, Andorinha, andorinha. p. 248).
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1. Editoras EDUSP/IEB, São Paulo, 2ª Ed., 2001, pp. 116/119).
- 30 de abril, três dias após receber carta de Mário de Andrade, Manuel Bandeira responde e, em determinado trecho, comenta sobre G.A.. Segue o trecho inclusive as Notas de Rodapé:

Rio de Janeiro, 30 de abril de 1924.

Mário.

Acabo de receber a sua carta expressa. Conversarei mais devagar sobre ela. Quero, porém, desde logo dizer umas coisas, desabafar.
(...).
O mais depois. Sexta-feira última estive em casa do Guilherme. A Senhora tinha estado indisposta, de sorte que haviam telefonado aos amigos avisando que não recebiam. Eu e o Peregrino Júnior12, não sabendo de nada, aparecemos. Gostei que me enrosquei de ficarmos sós. Guilherme leu-me as suas “Danças”. Encheram-me as medidas. Só me desagradou a alusão ao Jatahy Prado: é uma associação muito oferecida13. Ela me acudiu imediatamente e eu fiquei com medo que aparecesse no seu poema: e apareceu! Fiquei safado. (...).
Abraços do

Manuel

Curvelo 51.

(*) 12 e 13: Notas do Rodapé:
12 O Escritor potiguar João Peregrino de R. Fagundes Júnior (1898-1983) teve grande atuação na imprensa do Rio de Janeiro, para onde se transferiu em 1920. Tornou-se professor de Medicina e elegeu-se em 1945 para a Academia Brasileira de Letras, quando foi saudado por MB. Além de estudos médicos publicou Vida fútil (1923), Histórias da Amazônia (1936), O movimento modernista (ensaio, 1954), etc.
13 Provavelmente o verso “Compro as revistas do Brasil” apresentava-se na primeira versão de “Danças” como “a Revista do Brasil”, merecendo a censura de MB pela explícita referência laudatória a Paulo Prado, um dos editores do mensário na edição paulista (1916-25). MA tinha as páginas da Revista do Brasil franqueadas, e para lá destinou a série Arte religiosa no Brasil” (1920), as “Crônicas de Arte” (1923), bem como estudos esparsos de música e literatura.
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1. Editoras EDUSP/IEB, São Paulo, 2ª Ed., 2001, pp. 121/123).
- 29 de agosto: nasce seu filho Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barrozo de Almeida. Publica A Frauta que Eu Perdi (canções Gregas) e o ensaio Natalika. No Rio, passa por dificuldades financeiras. Recebe do pai a sugestão de assumir o cargo de Promotor Público na cidade de Cascavel, Paraná. Guilherme de Almeida não aceitou. 22 de outubro: Em carta para Anita Malfatti, Mário de Andrade comenta sobre G.A.:

“(...) Era terça-feira. Os amigos cá estiveram Guilherme e mulher também. Gui leu o Meu livro admirável”.
(Andrade, Mário de. In: Cartas a Anita Malfatti. Editora Forence, RJ, 1989, 1ª ed. – p. 88).
- Lançada a 2ª edição de Messidor. G.A. publica na revista Estética, Vol. 1, de setembro, dirigida e administrada por Prudente de Moraes, neto (1904-77) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-82), o poema Flor de Cinza (Teoria do Amor). Nessa mesma edição, Prudente de Moraes, neto, publica artigo sobre o livro A Frauta que eu perdi, de G.A., conforme descrição do último parágrafo na sequência, conservada a grafia original:

    Só um poeta moderno? Só Guilherme de Almeida, artista desnorteador que quando muda de livro é como um actor quando muda de roupas para representar outro papel. A platéa a principio estranha. Depois, vai descobrindo sob o disfarce os mesmos traços conhecidos. Em Guilherme de Almeida, o que desnorteia é a presteza da mudança. Mas sua personalidade não cabe numa simples nota. Exige um estudo mais longo, que Estética desde já se compromete a consagrar a esses maravilhoso creador de imagens, ritmos e emoções.
(neto, Prudente de Moraes. Guilherme de Almeida – A Frauta que eu perdi – Annuario do Brasil – Rio, 1924. Da Revista Estética. Livraria Odeon, Rio de Janeiro, Vol. 1: p. 94, setembro 1924).
Adendo Cultural: É publicado o primeiro livro de Rodrigues de Abreu (1897-1927): A Sala dos Passos Perdidos. Amadeu Amaral indica na Academia Brasileira de Letras o livro A Sala dos Passos Perdidos para o prêmio de Poesia do ano. Não conseguindo êxito na sua propositura Amadeu Amaral pediu demissão de todos os cargos que ocupava na Academia. Cassiano Ricardo publica A mentirosa de olhos verdes (poesia). Manuel Bandeira publica o volume Poesias (A cinza das horas, Carnaval, Ritmo Dissoluto). Menotti Del Picchia publica O Crime Daquela Noite e Chuva de Pedra. Oswald de Andrade publica Memórias Sentimentais de João Miramar e o Manifesto da Poesia Pau-Brasil. Inicia-se a Fase “Pau Brasil” de Oswald de Andrade. Di Cavalcanti elabora a capa de Lozando Cáqui, de Mário de Andrade. 5 de fevereiro: Blaise Cendrars (1887-1961) chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, é recebido por Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Prudente de Moraes, neto, G.A., Sérgio Buarque de Holanda e outros. No dia seguinte segue para Santos (SP), e vai para São Paulo, onde é recebido pelos modernistas: Sérgio Milliet, Luís Aranha, Couto de Barros e Rubens Borba de Moraes. 21 de fevereiro: Cendrars realiza sua primeira palestra no salão do Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. Acontece a viagem do grupo modernista: Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais. Em São Paulo é realizada o “VI Ciclo de Conferências da Vila Kyrial”, com palestras de Mário e Oswald de Andrade, Blaise Cendrars, Lasar Segall e outros. 19 de junho: Graça Aranha profere na Academia Brasileira de Letras a conferência “O Espírito Moderno” e, em seguida, desliga-se da Academia. Pedro Dantas (Pseudônimo de Prudente de Morais, neto) e Sérgio Buarque de Holanda fundam a revista Estética – a primeira revista é colocada a venda em setembro. Ribeiro Couto publica Poemeto de Ternura e Melancolia.
Adendo Brasil: Em março, 31, falece Nilo Peçanha. Em julho: Revolução Tenentista, de Isidoro Dias Lopes (1865-1949), em São Paulo. Bombardeio em São Paulo e recuo das tropas até Catanduva, interior de São Paulo. Carlos de Campos (1866-1927) assume o governo de São Paulo.

1925
- Publica os livros de poemas: Meu, com capa de Paim e Encantamento, com capa de Correia Dias. (Essa obra foi coroada pela Academia Brasileira de Letras). Publica também: A Flor Que Foi Um Homem – Narciso, com capa e desenhos de J. Wasth Rodrigues, e Raça. Recebe prêmio pelo livro Encantamento, concedido pela Academia Brasileira de Letras. 7 de janeiro: em carta, Mário de Andrade escreve para Tarsila do Amaral, ainda em Paris, narrando que esteve na casa de G.A. Nessa carta Mário descreve o seu estado de “ressaca” após essa visita à casa do poeta:

São Paulo, 7 de janeiro de 1925.

Tarsila

Escrevo esta sob a ação duma ressaca danada. Estou com gosto de tacho do Alexandrino na boca que não há meio de sair. (...). Tudo está virando e separado. Agorinha mesmo uma roda do bonde lá da Rua das Palmeiras veio correndo, entra que não entra, entrou no meu quarto e botou tudo de cabeça pra baixo. Estou meio ité, meio zonzo e o curumim rindo na esquina parece que guaia dentro do meu ouvido que saci em noite de assombração. Mas careço de pedir uma coisa pra você e por isso largo da cama que não estava nem boa nem ruim mas porém sempre era uma cama onde a gente fica na maciota sem mexer com os músculos do corpo nem parafusar com os pensamentos e saudades na cachola, deixando o bestunto escancarado pra Nosso Senhor espiar lá por dentro esse angu de maus desejos e bonitos sentimentos do coração com que se trança a vida dum sujeito deste mundo largo. Você me desculpe se esta carta vai um pouco misturada das idéias dela mas o-quê que hei de fazer? Estou de ressaca depois duma noite inteirinha de saracoteio num assustado que o Guilherme de Almeida inventou na casa dele e como preciso de escrever pra fazer um pedido pra você, vai esta assim mesmo. (...)”.
(Amaral, Aracy A. In: Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral II. Organização, introdução e notas de Aracy Amaral. Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1999, 1ª Ed. – p. 91).
- G.A., na revista Estética, janeiro-março, publica Da Gloria (Solilóquio num dia de chuva). Nessa mesma edição, Mário de Andrade dedica longo artigo sobre o livro Meu, de G.A. Em A Revista, periódico modernista mineiro, dirigido por Martins de Almeida e Drummond de Andrade (1902-87), no seu primeiro número, julho, Mário de Andrade também escreveu artigo sobre o livro Meu. Importante descrever um trecho desse artigo, na sequência, conservada a grafia original:

“(...). Guilherme de Almeida dispõe de uma maravilhosa expressão technica constituida de palavras ajustadas, de rythmos precisos, de tonalidades nitidas. Está bem longe de dar aquella liberdade solta de imagens e de accordes á frase poetica como o faz a corrente de neo symbolismo contemporâneo. De facto, só essa technica solida do “Meu” seria capaz de realizar a tranquillização artistica do tumulto de nossa natureza. É o livro mais uma bella tentativa de equilibrio, em arte, dos elementos decorativos brasileiros”.
(Andrade, Mário. Os livros e as idéas – MEU - Guilherme de Almeida. A Revista. Editora: Typ. do “Diario de Minas”, Bello Horizonte, Num. I, p. 48, julho 1925).
- 16 de outubro: o poeta e Baby partem para o Rio de Janeiro. G.A. viaja pelo país (Porto Alegre, Recife, Fortaleza) divulgando o Modernismo. Ainda em Fortaleza, em 9 de novembro, realiza a conferência: “O Brasil pela revelação da poesia moderna”. Em entrevista à Folha da Manhã, de São Paulo, por ocasião do lançamento do livro “Meu”, G.A. declarou:
- “Meu – tudo o que possa caber dentro desse pequeno possessivo: minha a inspiração, minha a língua, minha a escolha... minha também essa pretensão”.
(Almeida, Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção de textos, notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – p. 61).
- Recebe prêmio pelo livro Encantamento, Menção Honrosa, concedido pela Academia Brasileira de Letras. No terceiro e último periódico modernista e mineiro, A Revista, do mês de setembro, colabora com o poema Pyjama;
Adendo Cultural: Inicia-se a Corrente Verde-Amarela com a participação de G.A., Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Plínio Salgado. Mário de Andrade publica A Escrava que não é Isaura. Surge em Belo Horizonte, em junho e começa a circular em julho, o periódico A Revista, com a direção de Carlos Drummond de Andrade e Martins de Almeida (?), que teve a duração de apenas três edições. Sérgio Milliet publica com Oswald de Andrade e Afonso Schimidt (1890-1964) a revista Cultura. Graça Aranha publica O Espírito Moderno. Cecília Meireles publica Baladas para El-Rei. Oswald de Andrade publica Pau Brasil (poesia).
Adendo Brasil: Acontece na cidade de São Paulo a primeira edição da corrida de São Silvestre, iniciativa do jornalista Cásper Líbero (1889-1943). Em julho: a Coluna Miguel Costa-Prestes inicia sua marcha pelo Brasil.

1926
- Morre o pai, em 16 de abril, Dr. Estevam de Araújo Almeida e G.A. volta a residir em São Paulo, no bairro de Santo Amaro. A convite de Júlio Mesquita (pai), G.A. torna a fazer parte da redação de O Estado de S. Paulo e inicia uma série de crônicas sobre cinema (Cinematógrafos), com duas crônicas diárias, assinando-as com pseudônimo de Guy, hora G, iniciando em janeiro  de 1927.  Muda-se para a alameda Ribeirão Preto, no Morro dos Ingleses, zona central de São Paulo. Escreve dois ensaios: Do Sentimento Nacionalista na Poesia Brasileira e Rhythmo, Elemento de Expressão, Tipografia da Casa Garraux, São Paulo, com os quais concorre, como tese, ao cargo de professor de Literatura no ginásio do Estado. Não obteve sucesso e tomou posse do cargo de Secretário da Escola Normal do Brás, cargo esse para o qual havia sido nomeado antes do seu casamento, em 1923. Em Janeiro, Sérgio Milliet escreve interessante artigo sobre G.A. e o livro Raça, descrito a seguir, conservada a grafia original:

POESIA

Sérgio Milliet

“Três raças se cruzaram, três sangues gotejaram de três crucificados”.

Aí está o símbolo simples que Guilherme desenvolveu no seu último poema intitulado Raça. Brasil: o branco, o verde, o prêto misturando-se, confundindo-se num só tronco, formando a cruz malfeita, “a nossa cruz”, sob o Cruzeiro. E com o desenvolvimento dêsse tema rebatido, Guilherme conseguiu, ainda, deslumbrar, embebedar de santa poesia, os leitores mais exigentes, os críticos mais apagados às chapas modernistas. É que êle tocou na corda musical: na nossa brasilidade.
Eu não sei o que mais deva admirar nesse extraordinário artista: o classicismo da inspiração, o modernismo da realização, ou a fusão, num todo perfeito, dessas duas tendências.
Guilherme atrai os superlativos. Dá vontade, na gente, de elogiá-lo em italiano, por causa dos “íssimos”.
Tolhe o senso crítico. Quando o leio, não me incomodo mais com modernismos nem com passadismos. Admiro. Gosto ou não gosto. É tudo. Preciso esforçar-me, porém, para dizer mais do que minha admiração. É meu dever achar defeitos. Vamos ver.
Todos observaram, com certeza, a predileção que Guilherme tem pelos lugares-comuns, no sentido elevado da palavra – assuntos gerais, clássicos, já tratados, já esgotados, que êle renova, originaliza, particulariza, com uma habilidade e uma técnica espantosas.
Outros há que conseguem banalizar o original, envelhecer os assuntos novos, estragar os achados mais extraordinários!
 Com Raça, Guilherme explora um tema perigosíssimo, porque bole com a cousa mais dificilmente original e modernizável: o patriotismo. Quantos poetas, e dos melhores, naufragaram nessas águas! Basta citar Verhaeren. Poesia patriótica, poesia social, ambas se prestam à gradiloquência. Guilherme foi simplesmente eloqüente. Nem pensou em ser voluntàriamente moderno. Êle sabe que não é suficiente falar de aeroplanos e de T. S. F. para ser moderno. A modernidade está tanto no espírito como na forma ou no assunto. O romântico continua romântico, mesmo pisando o asfalto da Avenida ou passeando à sombra dos arranha-céus. Com Guilherme é o contrário que se dá. Êle é moderno mesmo quando freqüenta os gregos. E, principalmente, êle é poeta. Mais do que qualquer outro de nós, êle é construtivo na sua poesia. É arquiteto.
Oswald e Mário criam materiais. Guilherme constrói casas, palácios, catedrais. Não me interessa saber se êle fabricou suas pedras com as próprias mãos ou se as encontrou à venda.
Os méritos são iguais, porque um não pode prescindir do outro.
Êste poema, Raça, é sua melhor realização. É a catedral, depois dos bangalôs de Meu. Tècnicamente é soberbo. Construído como uma tôrre. Sobe, sobe e vai perder-se no crepúsculo. É esbelto, tem músculos longos e sem saliências. Não tem partes melhores nem piores. É um todo muito unido, com as sombras, de vez em quando, das imagens mais violentas. Não adianta citar versos. É preciso ler o poema todo.
As casas modernas não têm pormenores que chamem a atenção dos transeuntes e desviem seus olhares do todo harmonioso. Elas são imensas, grandiosas e discretas, entretanto, apesar dos 14 andares. Mas, se o transeunte aproximar-se, verá as sombras, verá que a construção é feita com um conjunto de pormenores minuciosamente estudados. Assim o poema de Guilherme.
Pode-se criticar Raça, sob o ponto de vista mesquinho dos modernismos franceses e italianos. Eu nego, porém, qualquer valor a essas críticas, porque o nosso modernismo tem de ser diferente. E Guilherme é profundamente brasileiro. Digo mais: paulista.
Toda aquela parte que começa assim:
“Nós. Branco-verde-prêto: simplicidades-indolências-superstições.
...Nós. O clã fazendeiro. Sombra forte de mangueiras pelo chão; recorte nítido de bananeiras pele ar; ....demandistas picando fumo e discutindo, rédea em punho, servidões e divisões de desmarias; safras pendentes, cavalhadas, geadas, estradas estragadas, invernadas;”
Todo êsse pedaço é profundamente nosso, de S. Paulo. Isso não é um defeito, porque só se é brasileiro sendo paulista, como só se é universal sendo do seu país.
Essa é a verdade indiscutível. Essa é a verdade de Guilherme.
(Milliet, Sérgio. In: Terra Roxa, São Paulo, ano I, n.º 1, 20-1-1926, e editado no livro: Almeida, Guilherme de. In: Raça, Livraria José Olympio Editora, RJ, 1972, 2ª Ed. Coleção Sagarana, Vol. Nº 88 - Apêndice, pp. 50/52).
- 21 abril: Mário de Andrade escreve carta para Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, em Paris, noticiando o falecimento do Dr. Estevam:

“Paris-dia de Tradentes em 1926

         Tarsivaldo,

(...). Sabem, morreu o dr. Estavam de Almeida e Taci, Gui estão como é de esperar acabunhadíssimos, não se esqueçam de mandar uma palavrinha para eles.(...)”.
(Amaral, Aracy A. In: Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral 2. Organização, introdução e notas de Aracy Amaral. Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1999, 1ª Ed. – p. 96)
- No livro Andorinha, Andorinha de Manuel Bandeira, traz dois textos onde polemizam João Alphonsus e Manuel Bandeira. Ambos mencionam G.A., como exemplo. A primeira, de João Alphonsus, com data de 24 de outubro:

“(...).
Já se vai tornando banal e inútil ironizar o passadismo.
Também banal e inútil explicar tendências do modernismo. A presença do Brasil na nossa poesia modernista se vem acentuando há muito. Se pode mesmo dizer que a ânsia dos nossos poetas modernos é abrasileirar cada vez mais a poesia. Como? As tentativas vão surgindo. Desde os Epigramas Irônicos e Sentimentais, onde tem cheiro de capim-melado, grilos, torpor, resinas, sol queimando couves dos quintais desertos (tão nosso isso como dos hortelões da outra banda), mangas, abacaxis, etc. O Sr. Ronald de Carvalho fala dessas coisas com a mesma naturalidade com que poetou vindimas, pâmpanos, polilhas de cisterna, lampiões cochilando nas pontes, névoas, choupos nos Poemas e Sonetos. E recentemente alfareros chiquillas, fura-véus, xales, nichos, jarabes, em Toda a América. Puro intelectualismo. Mas sinceridade nas intenções pelo menos. Já é vantagem. Como Guilherme de Almeida no Meu e Raça. No Raça ele resolve com uma simplicidade de pasmar o nosso complicadíssimo problema etnológico. É o triângulo: o português, o ardor caravelejante e negrejante; o índio, com a indolência indomável e o arco; o negro, com o bodum resignado e as superstições cantadas. Isso posto em versos gostosos, com rebuscamentos que informe de Mário de Andrade me contou ser gongorismo”.
- 30 de outubro: Manuel Bandeira responde João Alphonsus. Essa resposta de Bandeira vem nas páginas sequentes ao texto do Alphonsus, com o título: “Carta-Aberta a João Alphonsus”, cujo trecho que segue Bandeira menciona G.A.:

(...).
Eu não disse, João Alphonsus, que você lê mal? Não deixei passar “Jorobatel” no “Losango”: assinalei-a como estupenda. Gostos... Todo mundo sabe da minha admiração por Mário de Andrade. Pouco me importa que você ou outro qualquer venha com “ora porquês!”. Você falou muito no capim-melado, nas resinas, nos alfareros, nas chiquillas, nos jarabes do Ronald, na pasmosa simplicidade com que o Guilherme resolveu em Raça o nosso “complicadíssimo problema etnológico”... Mas quem marcou você não foi Guilherme nem Ronald: Foi Mário. Por isso gosto do Mário. É ali na piririca. Marca até os fortes como você.
(Bandeira, Manuel. In: Andorinha, Andorinha. Editora José Olympio, RJ, 1986, 2ª Ed. – pp. 192 e 195).
Adendo Cultural: António de Alcântara Machado (1901-35) publica em São Paulo, “Pathé-Baby”, prefaciado por Oswald de Andrade e com ilustrações de Paim. Alcântara Machado, Paulo Prado (1869-1943) e Couto de Barros, lançam a revista Terra Roxa e Outras Terras, em São Paulo. Cassiano Ricardo publica Vamos Caçar Papagaios. Mário de Andrade publica Losango Cáqui, poesia e Primeiro andar, contos. Menotti Del Picchia publica Toda Nua (contos). Graça Aranha publica Futurismo: Manifesto de Marinetti e seus companheiros. Ronald de Carvalho publica Toda a América. Plínio Salgado publica A Anta e o Curupira, a ficção O Estrangeiro e Discurso às Estrelas (crônicas). Ribeiro Couto publica Um Homem na Multidão.
Adendo Brasil: 15 de novembro: posse de Washington Luís na presidência. Getúlio Vargas (1883-1954) é nomeado ministro da Fazenda. Surge o Partido Democrático (PD), em São Paulo.

1927
- 27 de janeiro: estreia com a coluna Cinematógrafos, no O Estado de S. Paulo. “Censura à censura” é a primeira da série de crônicas sobre a sétima arte. Aline Irich, em “Guilherme de Almeida e a construção da identidade paulista”, na sua  dissertação ao Programa de Pós-graduação em Literatura Brasileira do Dep. de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 2007, coletou 1.066 crônicas escritas em Cinematógrafos, entre 1927 e 1932, descritas nas páginas 53 a 75. 14 de julho: colabora com o Diário Nacional, com a seção “Pela Cidade”, com o pseudônimo de Urbano – São 120 crônicas em 1927, que podem ser lidas na edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros, Pela Cidade, pp. 5 a 208, editora Martins Fontes, São Paulo, 2004. Sai a 2ª Edição de A Dança das Horas e de Era uma vez... e a 3ª edição de Nós. Colabora na edição nº 4, de dezembro, da revista Verde, de Cataguazes (MG), dirigida por Henrique de Resende, Martins Mendes (?-?) e Rosário Fusco (1910-77), com o texto “L’oiseau Bleu”;
Adendo Cultural: Em março, o poeta Rodrigues de Abreu entrega os originais do livro Casa Destelhada para o poeta Cassiano Ricardo, que se prontifica a imprimi-lo pela Editora Hélios Ltda., doando a edição toda ao autor. Primeira vinda do criador do Manifesto Futurista (1909), o escritor, poeta, político egípcio-italiano, Felippo Godoy Tommaso Marinetti, ao Brasil. Chega ao Rio de Janeiro e faz palestra no Teatro Lírico, sendo apresentado por Graça Aranha. Blaise Cendrars faz sua segunda viagem ao Brasil. Mário de Andrade publica Clã do Jabuti e Amar, Verbo Intransitivo. Mário de Andrade entra como crítico de arte no Diário Nacional, de São Paulo. Menotti Del Picchia publica O Curupira e o Carão (em colaboração com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado).  Menotti publica também Poemas de Amor e Por Amor do Brasil (discursos parlamentares). Oswald de Andrade publica Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade e O Romance do Exílio II. A Estrela de Absinto, com capa de Victor Brecheret. Alcântara Machado publica Brás, Bexiga e Barra Funda. 24 de novembro, vítima de tuberculose, morre o Poeta Rodrigues de Abreu, em Bauru (SP), sendo sepultado no Cemitério da Saudade daquela cidade. Sérgio Milliet publica Poemas Análogos.
Adendo Brasil: Washington Luís é eleito presidente. Getúlio Vargas é eleito deputado federal. Júlio Prestes de Albuquerque (1882-1946) é eleito para o governo de São Paulo.

1928
- Entra para a Academia Paulista de Letras, ocupando a vaga de seu pai, cadeira nº. 22, patrono João Pereira Monteiro Júnior. Dá início à série de crônicas na coluna A Sociedade, no O Estado de S. Paulo, que entre 1929 e 1932, foi um total de 624 crônicas, conforme menciona Aline Irich, nas págs. 92 a 102, da sua dissertação (obra já citada acima, 1927). Sai a 2ª edição de Livro de horas de Soror Dolorosa. 8 de novembro: Cinema foi a última crônica da série Crônicas de Urbano, no Diário Nacional – São 196 crônicas em 1928, que podem ser lidas na edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros, Pela Cidade, pp. 208 a 531, editora Martins Fontes, São Paulo, 2004. A partir de 8 de agosto, G.A. passou a cuidar de uma nova sessão do jornal, chamada “Canto Literário”, no qual reproduzia pequenos trechos de vário autores e as traduções que ia fazendo dos Pequenos poemas em prosa de Charles Baudelaire, sem contudo, se identificar como seu tradutor.(*) As publicadas posteriormente por esse jornal foram assinadas com vários outros pseudônimos, como: Sub-Urbano e Inter-Urbano;
(*) Almeida, Guilherme de. In: Pela Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Editora Martins Fontes, São Paulo, 2004, 1ª ed. p. 427, Nota 75).
Adendo Cultural: Em São Paulo, 1º de maio, é publicada a Revista de Antropofagia, primeira fase – direção de Oswald de Andrade, Alcântara Machado e Raul Bopp (1884-1984), o “Manifesto Antropófago” de Oswald de Andrade, composto de 52 parágrafos. Cândido Portinari (1903-48) ganha o prêmio de viagem à Europa pelo SNBA. Tarsila do Amaral pinta o quadro Abapuru. Como lançamento do Manifesto Antropófago, desencadeia o Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade e Raul Bopp. Mário de Andrade viaja para o Nordeste, recolhendo vasto material da cultura popular, e publica: Ensaio Sobre a Música Brasileira. Mário publica também um dos livros mais lidos e discutidos até hoje: Macunaíma, o Herói sem Nenhum Caráter. Paulo Prado publica Retrato do Brasil. Cassiano Ricardo publica Martim-Cererê. Alcântara Machado publica Laranja da China. Menotti Del Picchia publica República dos Estados Unidos do Brasil e O Momento Literário Brasileiro. Tarsila do Amaral expõe em Paris. Anita Malfatti realiza mostra em São Paulo. Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) realiza sua segunda mostra individual em Paris. José Américo de Almeida (1887-1980) publica A Bagaceira. Ribeiro Couto publica Canções de Amor.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas toma posse no governo do Rio Grande do Sul. Nesse ano (1928), o Brasil era o país com a maior dívida externa da América Latina.

1929
- Publica Simplicidade, nova coletânea de poemas e Gente de Cinema (prosa). Dia 31 de julho é empossado na Academia Paulista de Letras e é saudado por Spencer Vampré (1888-1964). Sai a 3ª edição de Messidor;
Adendo Cultural: Morre o escritor e amigo de G.A., Amadeu Amaral. Anita Malfatti realiza mostra individual em São Paulo. O filósofo Hermann Keyserling (1880-1946) vem a São Paulo e é recebido pelos modernistas. Seu pensamento exerce influência em Mário e Oswald de Andrade. No Rio de Janeiro, Di Cavalcanti e Ismael Nery (1900-34) realizam exposição. Tarsila do Amaral realiza sua primeira exposição individual em São Paulo, no edifício Glória, início da Rua Barão de Itapetininga, nº 6 (*). 17 de março: Oswald de Andrade lança a “Segunda dentição” da Revista de Antropofagia. Em 18 de julho, vernissage da exposição individual de Tarsila no Palace Hotel, Rio de Janeiro, à Av. Rio Branco. O artista plástico Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) retorna ao Brasil. Mário de Andrade publica: Compêndio de História da Música. Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral perdem a fortuna; o casal se separa.
(*) Amaral, Tarsila do. Tarsila Cronista. Org. Aracy Amaral. EDUSP/IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001, nota 70, p. 43.
Adendo Brasil: O preço do café no mercado internacional cai, provocando a falência de inúmeros fazendeiros brasileiros. Lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República.
Adendo Geral: Quebra (Crash) da Bolsa de Nova York.

1930
- 6 de março: é eleito para a Academia Brasileira de Letras, onde passa a ocupar a cadeira nº 15, sob a égide de Gonçalves Dias (1823-64), fundada por Olavo Bilac (1865-1918), cadeira vaga desde a morte de Amadeu Amaral. Foi empossado em 21 de junho, e Olegário Mariano (1889-1958) fez a réplica ao seu discurso. No jantar oferecido pelos amigos, foi elaborado um cardápio onde foi impresso a seguinte frase:
Os amigos de Guilherme de Almeida resolvem comê-lo, antes que a Academia o faça”.
Foto ilustrativa do site da ABL - www.academia.org.br
- Para conhecer o discurso de posse realizado por G.A., entre neste link:
Sai a 4ª edição de Nós, antes da posse, em 9 de março, quando o poeta foi eleito. Mário de Andrade escreve no Diário Nacional, em 9 de março, o artigo que segue parcialmente o primeiro e último parágrafo, conservada a grafia original:

GUILHERME DE ALMEIDA

    Foi bem geral nos meios literários malditos, o espanto causado pela eleição de Guilherme de Almeida para substituir Amadeu Amaral, na Academia Brasileira de Letras. Acho esse espanto pueril porque afinal das contas a Academia Brasileira, sendo de Letras, como lhe determina o nome, e provam alguma tradição bonita e muitos atos, está claro que de vem em longe há-de chamar para si, literatos também. É o que tem feito estes últimos tempos elegendo a figura nobre e grandemente culta de Afonso de Taunay e agora Guilherme de Almeida.
(...).
Por tudo quanto encerra, de dignificação e de prêmio, a eleição a uma Academia, Guilherme de Almeida merece o lugar que agora ocupa. No momento presente, não vejo na literatura brasileira, uma organização mais integral de poeta que a dele: lirismo, grande faculdade imaginativa, artista incomparável. Personalidade fixa, nenhuma vagueza psicológica, cultura adequada e aquele pingo ácido de liberdade em relação aos homens e às coisas, que é parte pela qual os poetas verdadeiros são incomensuráveis pro metro humano. Louros ele já colhera por si. Faltava é que pelas escurezas malditas um holofote batesse nele. Agora bateu. E Guilherme de Almeida está vivendo em toda a sua grandeza merecida.
                                               Mário de Andrade
(Andrade, Mário de. In: Taxi e Crônicas no Diário Nacional. Estabelecimento de Texto, Intr. e Notas de Telê Porto Ancona Lopez. Livraria Duas Cidades/Secretaria de Cultura Ciência e Tecnologia. São Paulo, 1976, pp.195-196).
Adendo Cultural: Mário de Andrade publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate de Males, poesia. Manuel Bandeira publica: Libertinagem. Carlos Drummond de Andrade estreia com Alguma Poesia. Menotti Del Picchia publica O Amor de Dulcinéia e A República 3.000 (romance). Ano da fundação da Associação Brasileira de Música, por Luciano Gallet (1893-1931). Cassiano Ricardo publica Canções da Minha Ternura (poesia). Tarsila do Amaral participa da mostra de uma Casa Modernista de Gregori Warchavichik (1896-1972), na rua Itápolis, no bairro paulistano do Pacaembu (*).
(*) Ribeiro, Maria Isabel Blanco. In: Tarsila do Amaral. Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros. Folha de S. Paulo & Instituto Itaú Cultural. 1ª ed. São Paulo, 2013, p. 26.
Adendo Brasil: 25 de maio: o dirigível Graf Zeppelin chega no Rio de Janeiro. Acontece a chamada Revolução de 30. O estopim aconteceu em 26 de julho, quando João Pessoa (1878-), presidente da Paraíba, foi assassinado em uma confeitaria do Recife por João Dantas (1888-1930), um de seus adversários políticos. A Revolução estourou em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, em 3 de outubro. 24 de outubro: Washington Luís é deposto pelos chefes das forças armadas. Eleições presidenciais. Júlio Prestes (1882-1946) é eleito. Getúlio Vargas aplica golpe e assume o poder e, em 3 de novembro toma posse como chefe do Governo Provisório. Começa assim a “Era Vargas”, que permaneceria no poder por quinze anos, sucessivamente como chefe de um governo provisório, presidente eleito pelo voto indireto e ditador. Seria deposto em1945, voltaria à presidência pelo voto popular em 1950, não chegando a completar o mandado ao suicidar-se em 1954. Em novembro, 14 e 21, foram criados os Ministérios da Educação e do Trabalho.

1931
- São publicados novos livros de G.A.: Você, com desenhos de Anita Malfatti: Carta à Minha Noiva e Poemas Escolhidos (Seleção de poemas). Sai a 4ª Edição de Messidor. G.A. participa do segundo número da Revista Nova (sob a direção de Paulo Prado, Mário de Andrade e António de Alcântara Machado), editada em 15 de junho, com o texto: O Canto dos Brinquedos. Nesse ano, em São Paulo, foi constituído o grupo da Liga de Defesa Paulista, reunindo pessoas contrárias ao governo getulista, dentre eles: escritores, intelectuais, fazendeiros e profissionais liberais, tais como Tácito de Almeida, irmão de G.A. Texto de Saulo Ferra, na revista Paulistania, nº 78 (órgão oficial do Clube Piratininga de São Paulo, entidade fundada em 1934, de que o poeta foi um dos sócios-fundadores), faz um depoimento sobre o funcionamento desse órgão, mencionando G.A., descrito parcialmente na sequência:

Um grupo de paulistas corajosos, irmãos Guilherme e Tácito de Almeida, fundou a Liga de Defesa Paulista, cuja finalidade era lutar pela libertação de São Paulo, das garras da ditadura.
(...)
Em fins de julho de 1932, uma notícia inesperada explodiu como uma bomba e veio transformar os planos e precipitar os acontecimentos. Os jornais noticiaram que o Gen. Klinger se rebelara contra o ditador, em Mato Grosso, e marchava à frente de 6 mil homens, através de nosso território.(...)
A Liga de Defesa Paulista tomou logo posição e convocou uma reunião que se realizou à noite no Clube Comercial, a qual foi muito concorrida. Foi uma reunião memorável. O entusiasmo guerreiro dominou inteiramente a assembleia. (...). A assembleia naquela noite aclamou Guilherme de Almeida como presidente e elegeu o conselho composto de 40 membros (...)
A Liga de Defesa Paulista, entrou logo em ação. Instalada na rua Barão de Itapetininga (...).
(Irich, Alice. In: Guilherme de Almeida e a construção da identidade paulista. Dissertação Pós-graduação em Literatura Brasileira do Dep. de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2007).
Adendo Cultural: Oswald de Andrade e Patrícia Galvão (Pagu – 1910-62) fundam o jornal O Homem do Povo. 26 de janeiro: morre no Rio de Janeiro o escritor Graça Aranha, deixando inacabada a obra O Meu Próprio Romance (edição póstuma ainda em 1931). 15 de março: Mário de Andrade, Paulo Prado e Alcântara Machado lançam a Revista Nova. 24 de maio: Villa-Lobos (1887-1959), na cidade de S. Paulo, organiza a primeira concentração orfeônica, sob o nome de Exortação Cívica, que teve a participação de mais de 12 mil vozes. Em 15 de junho, Tarsila do Amaral, em Moscou, no Museu de Arte Moderna Ocidental, realiza conferência tematizando “Arte no Brasil”. 21 de outubro: Villa-Lobos realiza novo concerto em S. Paulo, regendo uma orquestra com 500 executantes. Manuel Bandeira é nomeado presidente do Salão Nacional de Belas Artes. Menotti Del Picchia publica A Crise da Democracia (pesquisas de política e de sociologia contemporânea). Raul Bopp publica Cobra Norato, com capa de Flávio de Carvalho (1899-1973). Cassiano Ricardo publica Deixa Estar, Jacaré. Plínio Salgado publica O Esperado.
Adendo Brasil: 18 de abril: através do Decreto nº 19.890, institui-se o ensino obrigatório de Canto Orfeônico nas escolas do Município do Rio de Janeiro. 12 de outubro, data do descobrimento da América: inauguração da estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro.

1932
- Participa da Revolução Constitucionalista, pegando em armas. Serviu no Batalhão da Liga da Defesa Paulista. Dirigiu o Jornal das Trincheiras, distribuído aos soldados no próprio campo de batalha. Nesse jornal, G.A. foi o redator dos 14 periódicos oficiais, distribuídos nas áreas de combate, entre 14 de agosto e 25 de setembro de 32. 
 
Foto ilustrativa - Guilherme com mascote (1932) - Site: www.jornalrol.com.br
- Publica Cartas Que Eu Não Mandei (poemas) e Eu e Você (poemas), tradução de Toi et Moi de Paul Géraldy (1885-1983). Traduz e publica Gitanjáli, de Tagore (1861-1941). Mário de Andrade, em carta enviada a Paulo Duarte (1899-1984), em 5 de agosto de 1932, cuja temática é a Revolução Constitucionalista, assim escreveu sobre G.A.:

(...). O Fernando está em Camanducaia e já entrou em fogo. O Carlos agora está em Itapira e viveu os combates de Ouro Fino. E tenho ainda dois afilhados no sul, além dos amigos da L.D.P. que estão em Cunha. Ontem ainda pegaram um prisioneiro, um marinheiro, notícia que ainda tem mais graça quando contada por mim, que ando dizendo prá tôda gente que foi o Guilherme de Almeida que prendeu o marinheiro... (...)”.
(Duarte, Paulo. In: Mário de Andrade por ele mesmo. Editora Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo, 1977, 2ª Ed. – p. 146).
- Saí a 2ª Edição dos livros: Cartas a Minha Noiva e Você. Com a derrota de São Paulo, G.A. é preso no dia 10 de outubro e enviado para a Casa de Detenção no Rio de Janeiro, em consequência do seu apoio à rebelião paulista. É exilado, em 5 de novembro, para a Europa (Portugal), onde passa 8 meses e viaja pela Itália, França e Inglaterra. Em 22 de dezembro foi recebido com todas as honras na Academia das Ciências de Lisboa pelo poeta Leitão de Barros (1896-1967). No final de seu discurso, Leitão de Barros, conclui com a seguinte observação:

“(...) o poeta que luta, de armas na mão, por uma causa oportuna ou inoportuna, útil ou inútil, mostra ser claramente, indiscutivelmente, um idealista extreme – e que a sua poesia, a sua faculdade poética, assentam em bases de inabalável solidez, porque nasce de uma sôfrega sede de altura e de um profundo anseio de superar as inércias quotidianas, as cobardias e as hesitações que nos diminuem”.
(Almeida, Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção de textos, notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – p. 61).
- Nessa viagem à Europa, G.A. encontra-se com o presidente deposto Washington Luís e viajam pela França, onde visitam os castelos do Loire;
Adendo Cultural: 1º de fevereiro: criado o Serviço Técnico e Administrativo de Música e Canto Orfeônico, através do Decreto Municipal nº 3.763, subordinado à Diretoria Geral de Instrução do Distrito Federal. 24 de novembro: inaugurado o Clube dos Artistas Modernos (CAM), à Rua Pedro Lessa, nº 2, em São Paulo, sob a presidência de Flávio de Carvalho, com a participação de Antonio Gomide (1895-1967), Di Cavalcanti e Carlos Prado (1908-92). Tarsila do Amaral regressa a São Paulo e é presa por dois meses no Presídio do Paraíso, por sua viagem à União Soviética. Menotti Del Picchia publica A Tormenta (romance). Raul Bopp publica Urucungo (poemas negros).
Adendo Brasil: 23 de maio: em manifestação na cidade de S. Paulo, morrem os estudantes Mário “Martins” de Almeida (1901-), Euclydes Bueno “Miragaia” (1911-), “Dráusio” Marcondes de Souza (1917-), Antonio Américo “Camargo” Andrade (1901-) e Orlando de Oliveira “Alvarenga” (1899-1932). As iniciais de seus nomes comporão a sigla “M.M.D.C.A”, estandarte do movimento constitucionalista. 9 de julho: Inicio da Revolução Constitucionalista. 23 de julho: suicídio de Santos-Dumont. Em outubro: logo após a Revolução Constitucionalista, Plínio Salgado e outros intelectuais fundam em São Paulo a AIB (Ação Integralista Brasileira). Criado o novo Código Eleitoral: estabelece o voto secreto e o direito das mulheres a votarem e serem votadas.

1933
– No final de julho: retorna do exílio em rápida passagem pelo Rio de Janeiro. Instala-se na Rua Pamplona, em São Paulo. Inicia dois programas semanais na Rádio Cruzeiro do Sul: Momento Lírico (sobre poesia) e Preview da Semana (sobre cinema). Em novembro: nas oficinas da Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, naquela ocasião localizada à Rua Xavier de Toledo, 72, São Paulo (SP), é publicado seu livro: O Meu Portugal (prosa), reunindo suas reflexões do exílio. Nesse livro o próprio G.A. fez questão da dedicatória, como segue, na íntegra:


A
PORTUGAL
- O AMIGO CERTO DO MOMENTO INCERTO –
ÁQUELLE PORTUGAL
A QUE EU VOU DAR O PEQUENO E
ENORME ADJECTIVO
QUE APENAS SE DÁ AO QUE
SE QUER TOANTO QUANTO A SI MESMO;
“MEU”,
- HOMENAGEM
DE MINHA GRATIDÃO E DE
MINHA SAUDADE.
  
                                                        G. de A.
- Escreve o poema Nossa Bandeira, integrante de um Hinário que não chegou realizar. Esse poema foi escrito na noite de 2 para 3 de novembro, quando já da volta do exílio, tomou conhecimento de um artigo que relatava uma projetada “Constituição Getulina”, que vedaria aos Estados o uso de insígnias próprias: brasões de armas, hinos, bandeiras – queimadas quatro anos depois (4 de dezembro de 1937), em cerimônia presidida por Vargas, na esplanada do Russell, no Rio de Janeiro (*).
(*) Almeida, Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção de textos, notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – Nota 62, p. 90.
Adendo Cultural: Primeira exposição de arte moderna da SPAM, em 28 de março, em São Paulo. Segunda exposição da SPAM é realizada no Rio de Janeiro com a participação de Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard e outros. Menotti Del Picchia publica A Revolução Paulista através de um testemunho do Gabinete do Governador; Jesus; Viagens de João Peralta e Pé de Moleque (história infantil) e Poesias (seleção de versos escolhidos por ele). Sai a 2ª edição de A República 3.000, de Menotti Del Picchia, com o título A Filha do Inca. Oswald de Andrade publica Serafim Ponte Grande (escrito entre 1924/28). Pagu publica o romance Parque Industrial assinando com o pseudônimo de Mara Lobo. Mário de Andrade publica Música Doce Música. Plínio Salgado publica O Cavaleiro de Itararé e Voz do Oeste.
Adendo Brasil: 15 de novembro: instalação da Assembleia Nacional Constituinte.

1934 (Nada foi encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 9 de junho: morre em São Paulo, Da. Olívia Guedes Penteado, nascida em 12/3/1872. Da. Olívia foi uma das maiores incentivadoras dos artistas modernistas paulistas. Ano de fundação da USP – Universidade de São Paulo. Portinari realiza sua primeira Exposição Individual na Galeria Itá, em São Paulo. 28 de novembro: morre o escritor Coelho Neto, nascido em 21/2/1864. Mário de Andrade publica Belazarte (contos) e Música, Doce Música (crítica). Oswald de Andrade publica a peça teatral O Homem e o Cavalo e Os romances do Exílio III. A Escada Vermelha, último volume da Trilogia do Exílio. Drummond de Andrade publica Brejo das Almas.
Adendo Brasil: 13 de março: no Congresso Nacional, a primeira deputada brasileira ocupa a tribuna, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982). Gustavo Capanema (1900-85) assume o Ministério da Educação e Saúde. 14 de julho: promulgação da Terceira Constituição do Brasil. É instituída, no rádio, a “Hora do Brasil”. Em 15 de julho, pelo voto indireto da Assembleia Nacional Constituinte, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República, devendo exercer o mandato até 3 de maio de 1938. Armando de Salles Oliveira (1887-1945), engenheiro e jornalista, funda a USP (Universidade de São Paulo) com a incorporação da Escola Politécnica de São Paulo.

1935
– Exerce os cargos de Secretário da Escola Normal Padre Anchieta, chefe da Divisão de Expansão Cultural do Departamento Municipal de Cultura, e secretário do Conselho Estadual de Bibliotecas. Publica A Casa, palestra pronunciada em 30 de novembro, no salão do Club Piratininga, e dedicada aos alunos do Ginásio Bandeirantes;
Adendo Cultural: Cândido Portinari é premiado pelo Instituto Carneggie por sua obra: O Café. Mário de Andrade organiza e dirige o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, fundando a Discoteca Pública Municipal, a Orquestra Sinfônica, O Quarteto Haydn, o Trio São Paulo e o Coral Paulistano. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo. 15 de fevereiro: morre no Rio de Janeiro, vítima de desastre automobilístico, o Príncipe dos Trovadores Brasileiros: Ronald de Carvalho. 14 de abril: morre no Rio de Janeiro, em consequência de uma operação de apendicite, o escritor paulista António de Alcântara Machado, deixando o inacabado o romance: Mana Maria. Menotti Del Picchia publica O Despertar de São Paulo (Episódios do século XVI e do século XX da Terra Bandeirante); Pelo Divórcio; Soluções Nacionais e Poemas. Sérgio Milliet publica o romance Roberto.
Adendo Brasil: O levante comunista comandado por Luiz Carlos Prestes (1898-1990) é derrotado pelo governo. É decretada a Lei de Segurança Nacional. Assis Chateaubriand (1892-1968) inaugura a Rádio Tupi.

1936
- Publicação de Poetas de França, tradução, livro bilíngue, e Suíte Brasileira, traduzido da terceira parte do livro Quatre Continents, de Luc Durtain (1881-1959).  Encontra-se com o cônsul japonês no Brasil, Kozo Ichige (1894–1945). Nesse mesmo ano começou a escrever "haicais em português";
Adendo Cultural: Victor Brecheret, em São Paulo, inicia a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e que é inaugurado em 1953, na Praça Armando Salles de Oliveira. 4 de fevereiro: Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) funda o Conservatório Brasileiro de Música, que dirigirá até morrer. Segunda vinda de Felippo Godoy Tommaso Marinetti, ao Brasil. É recebido em São Paulo pelos primeiros modernistas. Em 4 de julho, através do Ato Municipal nº 1.146, é criado o Departamento de Cultura de São Paulo, projeto de Mário de Andrade. Mário de Andrade publica A Música e a canção populares no Brasil, ensaio crítico-bibliográfico. Menotti Del Picchia publica Kalum, o Mistério do Sertão (romance), João Peralta e Pé de Moleque no País das Formigas. Sai a publicação póstuma de Mana Maria, de Alcântara Machado. Manuel Bandeira publica Estrela da Manhã.
Adendo Brasil: 12 de setembro: Entra no ar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

1937
- É eleito presidente da Associação Paulista de Imprensa, cargo que exerceu até 1939. Em dezembro: chefiou a Missão Cultural do Serviço de Cooperação Intelectual do Ministério das Relações Exteriores para a inauguração da Herma a Olavo Bilac, em Montevidéu, Uruguai. Com a promulgação da Carta Constitucional de 1937, pelo Estado Novo, regime implantado por Getúlio Vargas após um golpe de Estado, ficou proibido o uso de símbolos regionais, tornando-se obrigatório para todo o país apenas o uso da bandeira, hino e escudo nacionais. A bandeira paulista, portanto, não podia ser mais hasteada. Onze anos depois, pela nova Constituição Federal outorgada em 1946, estado e municípios recuperaram o direito de ostentar seus símbolos. Na prática, São Paulo já tinha sua bandeira, mas até então nenhum oficial a havia legitimado. A 27 de novembro daquele ano, um decreto-lei estadual, oficializou-a. O poema de G.A. homenageia a volta da bandeira do seu Estado aos paulistas, com “À SANTIFICADA”, conforme descrita na sequência:

À SANTIFICADA

                         Guilherme de Almeida

Voltas ao nosso reduto
com sete tarjas de luto,
seis faixas brancas de paz
e teu penacho vermelho:
e São Paulo dobra
ao beijo que tu lhe dás!

Vens... Tu foste a condenada,
a réproba incinerada
que de um ímpio ato de fé
deixa na História um resumo:
negro carvão, branco fumo
vermelha flama de fé!

Retemperou-se a fogueira:
vens como vinha a "bandeira"
da fornalha do sertão;
santificou-se o suplício:
repetiu-se o sacrifício
de Joana d'Arc em Ruão

Voltas a nós, vigilante
mãe, esposa, irmã, amante,
noiva e filha! Voltas, pois
é preciso que e prove
que existiu um dia nove
de julho de trinta e dois;
e há uma velha Faculdade
que, ensinando a mocidade,
com esta foi que aprendeu;
e houve um brasão mameluco
que disse "Non ducor, duco!"
e um São Paulo que disse "eu"
e houve uma noite de heroísmo
que marcou o teu batismo
de glória: e por isso é que
tens quatro letras gravadas
nas quatro estrelas douradas
do topo MMDC!...

Já a garoa, o nosso incenso,
beija o teu pano suspenso
ao teu mastro, que é uma cruz!
Vês, é um altar em cada casa
sobre a qual estendes a asa
rajada de sombra e luz!
Fala! É preciso que fales
de tudo: de Fernão Sales,
de Cunha, Túnel, Buri,
de Eleutério, da Pedreira,
do soldado e da trincheira
que só falavam de ti!

Lembra a mulher da cantina
do hospital e da oficina:
beleza do Nosso Bem!
E as crianças, num sorriso,
jurando: "Se for preciso
nós partiremos também."

Recorda a Campanha de Ouro
acumulando um tesouro
que nunca se esgotará!
Depois, a prisão, o exílio,
a saudade, o nobre auxílio
da mão distante que dá!

E agora... Agora, de novo
abençoando este meu povo
que tanto soube esperar,
esperança dos Paulistas,
bandeira das treze listas
desfraldadas em cada lar,
reza a oração que dizia:
Preto e branco...a noite e o dia:
Pois dia e noite estarei,
como o Apóstolo Soldado,
gente Paulista ao teu lado,
"pola ley e pola grey!"...
Adendo Cultural: 13 de janeiro: Através da Lei nº 378, é criado o SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Lei que foi regulamentada através do Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro. 4 de maio: morre no Rio de Janeiro, Noel Rosa, vítima de tuberculose. 25 de maio: inaugurado no grill-room do Esplanada Hotel, o 1º São de Maio, criado por Quirino da Silva, com organização de Geraldo Ferraz (1905-79), Paulo Ribeiro de Magalhães (?-?) e  Flávio de Carvalho. Com música de Villa-Lobos, Humberto Mauro (1897-1983) lança seu filme “O Descobrimento do Brasil”. Mário de Andrade promove pelo Departamento de Cultura de São Paulo o Primeiro Congresso de Língua Nacional Cantada. Acontece em São Paulo a 1ª Mostra da Família Artística Paulista, constituída majoritariamente com obras do Grupo Santa Helena. Manuel Bandeira publica Poesias Escolhidas. Mário de Andrade publica O samba rural paulista, folclore. Menotti Del Picchia publica Ensaio de Exposição do Pensamento Bandeirante. Oswald de Andrade publica O Rei da Vela e A Morta. Sérgio Milliet publica Poemas. Manuel Bandeira publica Crônicas da Província do Brasil (crônicas). Plínio Salgado publica Geografia Sentimental: poemas esparsos.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas, autorizado pelo Congresso, outorgou nova Constituição – de caráter nitidamente fascista. Nomeou interventores para todos os Estados, extinguiu os partidos políticos e determinou a supressão dos direitos individuais. 10 de novembro: “Golpe de Estado”. Tropas da polícia militar cercam o Congresso e impediram a entrada dos congressistas. À noite, Vargas anunciou uma nova fase política e a entrada em vigor de uma “Carta” constitucional. Era o início do Estado Novo, que duraria até 1945, apoiado pela classe média e pela burguesia, com Getúlio Vargas no poder. O Congresso é dissolvido. Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968), Ministro da Justiça, redige uma nova Constituição, de inspiração fascista. Inicia a supressão dos partidos políticos, prisões, rigidez na censura, restrição à liberdade de imprensa, pena de morte par crimes contra a ordem pública e a organização do Estado.

1938
- Publica Acaso, volume de poesias. Torna-se Chefe da Divisão de Expansão Cultural do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, permanecendo até 1941;
Adendo Cultural: 27 de junho: É realizado em São Paulo o 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel. Mário de Andrade é exonerado do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e muda-se para o Rio de Janeiro, assumindo o cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Leciona Filosofia e História da Arte. Menotti Del Picchia publica Kummunká (Romance brasileiro). Manuel Bandeira publica Lira dos Cinquent’anos.
Adendo Brasil: Não foi realizada eleição presidencial que foi impedida pela proclamação do Estado Novo. Ela foi impedida pela proclamação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, golpe que manteve Getúlio Vargas no poder até 1945.

1939
- Publica O Jardineiro, tradução de Rabindranath Tagore (poemas em prosa);
Adendo Cultural: Cândido Portinari trabalha nos murais do Ministério da Educação. Participa do V Salão do Sindicato e realiza exposição individual. Mário de Andrade, no Rio de Janeiro, assume a chefia da Seção do Instituto Nacional do Livro. Realiza-se no Salão Eldorado, no subsolo do Automóvel Clube, na Rua Libero Badaró, em São Paulo, a Segunda Exposição da Família Artística Paulista. Mário de Andrade publica Namoros com a Medicina, estudos sobre folclore. Oswald de Andrade publica A Estrela de Absyntho (fragmento) e Dom Casmurro. Manuel Bandeira publica Noções de História das Literaturas. Cecília Meireles publica Viagem.
Adendo Brasil: É criado o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão de censura aos meios de comunicação.
Adendo Geral: Início da Segunda Grande Guerra Mundial, em setembro.

1940
- 27 de janeiro: no Teatro Boa Vista, em São Paulo, lê a peça O Estudante Poeta. Na edição nº 9, de 12 de março, em Notícias Diversas, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 140-141, sai o artigo: “O Jardineiro”, de Tagore, tradução de Guilherme de Almeida. Em 3 de setembro, morre seu irmão Tácito de Almeida. Na Revista da Academia Paulista de Letras, nº 11, de 12 de setembro, pag. 173, na sessão Notas Diversas traz a seguinte nota:

- É com profundo pesar que registramos aqui o falecimento do notável advogado paulista dr. Tácito de Almeida, irmão do nosso presado confrade sr. Guilherme de Almeida, ocorrido no dia 3 de setembro, nesta Capital.
O extinto, que contava 40 anos de idade, deixou um grande claro na sociedade paulistana onde era muito bem quisto pelas suas qualidades de coração e espírito.
Como puro idealista emprestou a melhor de suas atividades físicas e intelectuais no movimento constitucionalista de 1932, tendo sido um dos organizadores do batalhão da Liga de Defesa Paulista que lutou em Cunha com bravura.
Adendo Cultural: Em São Paulo é fundado o Clube de Cinema São Paulo e a Empresa Cinematográfica Atlântica. Villa-Lobos realiza Concentração orfeônica no estádio do Vasco da Gama, reunindo aproximadamente 42 mil vozes de crianças estudantes. Nessa concentração aconteceu uma grande ovação ao presidente Vargas, fato esse que desagradou completamente os intelectuais da época. Manuel Bandeira é eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Realiza-se no Rio de Janeiro, a 3ª Exposição da Família Artística Paulista, com apresentação de Sérgio Milliet. Primeira publicação de Poesias Completas, de Manuel Bandeira. Menotti Del Picchia publica Salomé (romance); Contos (Obras Completas I). Sérgio Milliet publica Pintores e Pintura. Drummond de Andrade publica Sentimento do Mundo.
Adendo Brasil: O governo institui o “salário mínimo”.

1941
– Publica Cartas do Meu Amor, com capa e desenhos de Noemia (1912-92); Sonhos de Marina e a tradução de João Pestana, de Hans Christian Andersen (1805-75), ambos de histórias infantis. Inicia, com João Santana, uma série de traduções de clássicos da literatura infantil. Trabalha na versão portuguesa do filme A Marquesa de Santos. Torna-se Oficial de Gabinete do Interventor Fernando Costa (1886-1946), permanecendo até 1943. Na edição nº 15, de 12 de setembro, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 155 a 157, publica: Tagore.
Adendo Cultural: Mário de Andrade, novamente em São Paulo, inicia seus trabalhos no SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Publica A Nau Catarineta e Música do Brasil (história e folclore). Com o volume Poesias, inicia sua ligação com a Livraria Martins Editora. Oswald de Andrade relança o volume Os Condenados, dividido em três partes: Alma, A Estrela de Absinto, A Escada. Sérgio Milliet publica O Sal da Heresia (ensaio) e o romance Duas Cartas do Meu Destino.
Adendo Brasil: 28 de Agosto: entra no ar, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o jornal “Repórter Esso”, na voz de Romeu Fernandez (datas ?), anunciando o ataque de aviões da Alemanha à Normandia, durante a Segunda Grande Guerra.

1942
- Traduz: João Felpudo, de Heinrich Hoffmann (1809-94). Na edição nº 17, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 29 a 32, publica o artigo: François Villon em português, e nas pp. 154 a 156, publica Noite de São João. Na edição nº 18, de 12 de junho, pp. 13 a 15, publica o artigo Guinhentismo. Nessa mesma edição, pp. 152 a 157, em Notas Diversas, é publicado Uma Grande Data Literária – O jubileu de Guilherme de Almeida, contendo a biografia parcial e a bibliografia do Poeta. Na edição nº 19, de 12 de setembro, pp. 5 a 8, publica o artigo: A França Poética. Na edição nº 20, de 12 de dezembro, pp. 5 a 10, publica o artigo: O Homem livre de 1974 – sobre o primeiro Centenário do Nascimento de Winston Churchill. Nessa mesma edição, p. 173, é publicado em Notas Diversas: “João Felpuldo” – de H. Hoffman – Versão brasileira de Guilherme de Almeida.
Adendo Cultural: Em março é fundada a Sociedade Brasileira de Escritores, sob a presidência de Sérgio Milliet; vice: Mário de Andrade. No Rio de Janeiro, Mário de Andrade, em 30 de abril, realiza a Conferência “O Movimento Modernista”, no Salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores, e em São Paulo, no auditório da Faculdade de Direito. Oswald de Andrade publica Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão (poesia). Sérgio Milliet publica Fora de Forma e Marginalidade da Pintura Moderna. Cecília Meireles publica Vaga Música. Drummond de Andrade publica Poesias.
Adendo Brasil: Brasil declara guerra à Alemanha.

1943
- 28 de janeiro: deixa a redação do O Estado de S. Paulo. Torna-se diretor dos jornais: Folha da Manhã e Folha da Noite, permanecendo até 1945. Lança O Amor de Bilitis, livro de poesia de Pierre Louys (1870-1925) (tradução). Torna-se Secretário do Conselho Estadual de Bibliotecas e Museus de São Paulo, permanecendo até 1948. Publica Pinocchio, tradução do livro de Carlo Collodi (1826-90); O Camundongo e Outras Histórias, Corococó e Caracacá, O Fantasma Lambão e O Macaco e o Moleque, de Wilhelm Busch (1832-1908). Na edição nº 22, de 12 de junho, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4 e 5, publica: Cântico do Natal de Varsóvia, poema original e traduzido, do poeta polonês Stanislaw Balinski (1898-1984). Na edição nº 24, de 12 de dezembro, pp. 5 a 9, publica: Descobrimento de Vila Rica – um roteiro da viagem feita pelo Poeta;
Adendo Cultural: Sérgio Milliet assume a direção da Biblioteca Municipal de São Paulo e apresenta projeto de arquivo e documentação de arte sobre papel, dando início a um acervo de desenhos e gravuras originais que pudessem ser guardados em pastas, permitindo o fácil acesso a pesquisadores e historiadores de arte. Cassiano Ricardo publica O Sangue das Horas (poesia). Mário de Andrade inicia a publicação das Obras Completas, Aspectos da Literatura brasileira, Os Filhos da Candinha, O Baile das Quatro Artes e Obra Imatura, esta reunindo Há uma gota de sangue em cada poema, contos selecionados de Primeiro andar e A escrava que não é Isaura. Oswald de Andrade publica Marco Zero I (A Revolução Melancólica). Sérgio Milliet publica A Pintura Norte-Americana e o livro de poemas Oh Valsa Latejante... Poemas (1922-1943).
Adendo Brasil: 13 de maio, Getúlio Vargas e o ministro da educação Gustavo Capanema, assinam o Decreto-Lei nº 5480, implantando oficialmente o Curso de Jornalismo. Julho: surge a CLT (Constituição das Leis Trabalhistas). Criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

1944
– Publica Flores das “Flores do Mal”, de Charles Baudelaire (1821-67), volume de poemas traduzidos (edição bilíngue), Gonçalves Dias e o romantismo (prosa), e os poemas de Parallèlement (Paralelamente), do poeta francês Paul Verlaine (1844-1866). Publica também: Tempo (seleção de poemas), com introdução de Jamil Almansur Haddad (1914-88), ilustrações de Quirino (1902-93) e capa de Walter Lewy (1905-95). Na introdução da primeira edição de Tempo, Haddad escreveu, conforme descrito parcialmente na sequência, conservada a grafia original:

(...).
Coroamento do ciclo, “Tempo” é o livro por excelência em virtude de sua representatividade. É a concha onde se escuta o mar, é repercussão viva, é eco nítido. (...). Está em “Tempo” todo o ciclo evolutivo dêsse poeta desde a aurora lírica com “Simplicidade”, chegando por fim ao ocaso de “Acaso”, crepúsculo que vale apenas por mais um marco no tempo e é outra luz como a aurora.
(Haddad, Jamil Almansur. In: Introdução do livro Tempo, de Guilherme de Almeida. Editora Flama, São Paulo, 1944, 1ª ed.).
- Compõe para a Força Expedicionária Brasileira a Canção do Expedicionário, musicada por Spartaco Rossi (1910-1993), letra, como segue:

Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

(Estribilho):
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!

(Estribilho)
 
Você sabe de onde eu venho?
E de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

 (Estribilho)
 
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz!

(Estribilho)
- Na edição nº 27, de 12 de setembro, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 5 a 9, publica o texto traduzido de Nietzsche (1844-1900): A Sombra Humana – “Sketch”. Na edição nº 28, de 12 de dezembro, pp. 5-6, publica: Discurso à beira de um berço.
Adendo Cultural: Mário de Andrade publica O Empalhador de Passarinho. A Livraria Martins Editora inicia a publicação das Obras Completas de Mário de Andrade. Sérgio Milliet publica Pintura Quase Sempre e o primeiro volume de Diário Crítico, antologia de dez volumes publicados até 1959. Segunda publicação de Poesias Completas de Manuel Bandeira.
Adendo Brasil: A Força Expedicionária Brasileira embarca para a Itália, com 25 mil homens e o Brasil entra na Guerra.

1945
- Trabalha na fundação do Jornal de São Paulo. O primeiro número aparece em 10 de abril. Em maio, o jornal é temporariamente fechado pelo Estado Novo (ditadura de Vargas), até junho. Nesse período escreve Folhinha (crônicas), no jornal Folha de São Paulo, assinando com o pseudônimo “G. de A.”. Na edição nº 32, de 12 de dezembro, da Revista da Academia Paulista de Letras, p. 5, publica a crônica: Florença, etc... Na p. 146, publica a crônica: Ser Paulista;                                                        
Adendo Cultural: 22 de janeiro: acontece, em São Paulo, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, no Teatro Municipal. Ainda em Janeiro: Sérgio Milliet inaugura a Secção de Arte na Biblioteca Municipal de São Paulo, o primeiro acervo público de arte moderna brasileira. 25 de fevereiro: na cidade de S. Paulo, vítima de ataque cardíaco, morre Mário de Andrade. 4 de março: morre no Rio de Janeiro, o compositor e regente carioca Antônio Francisco Braga (1868-1945), que nasceu em 15 de março de 1868. 14 de julho: Villa-Lobos funda a Academia Brasileira de Música (ABM) e torna-se seu primeiro presidente. A ABM foi criada nos moldes da Academia Francesa. É uma instituição cultural sem fins lucrativos. Compõe-se de 40 acadêmicos. Villa compõe a Bachianas Brasileiras n.º 9, a Fantasia para violoncelo e orquestra, o Quarteto de Cordas n.º 9. Nos Estados Unidos, rege a Sinfônica de Boston em programa “só Villa-Lobos”. 11 de dezembro, Anita Malfatti encerrava sua exposição no Instituto dos Arquitetos, à Rua 7 de Abril, em São Paulo. Oswald de Andrade publica Ponta de Lança, A Arcádia e a Inconfidência e Poesias Reunidas, com capa de Lasar Segall. Cecília Meireles publica Mar Absoluto. Drummond de Andrade publica A Rosa do Povo.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas renuncia, sob pressão militar. Café Filho (1899-1970) assume o poder. Extinguiu-se o Estado Novo. Surgem os partidos: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Novas eleições, em 2 de dezembro, é eleito presidente o general Eurico Gaspar Dutra (1885-1974).
Adendo Geral: 21 de fevereiro: Conquista de Monte Castelo pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). Morte de Hitler (suicídio em 30 de abril). Em maio: Fim da Segunda Grande Guerra na frente Europeia (em agosto no Pacífico). 6 de Agosto: os Estados Unidos lançam duas bombas atômicas sobre o Japão. Em setembro: rendição do Japão e o fim definitivo da Segunda Grande Guerra. Foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas).

1946
- Muda-se para a casa da Rua Macapá, 187. A chamada Casa da Colina foi transformada em Casa Museu Guilherme de Almeida, após a sua morte. Colabora no Diário de São Paulo, com as crônicas Ontem, Hoje e Amanhã. Traduz e publica o livro infantil A Mosca, de Wilhelm Busch, e também a tradução de Uma oração de criança, de Rachel Fields (1894-1942). Setembro: No hasteamento da bandeira paulista sobre o túmulo de Pedro de Toledo, G.A. foi convidado a participar do cerimonial declamando seu poema A Santidade. Na edição nº 33, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4-5, publica: Confuciana – tradução de “Lung-yu”, a bíblia de Confúcio (551-479 a.C.). Na edição nº 34, de 12 de julho, p.4, publica o poema Álibi, dedicado a René Thiollier. Na edição nº 35, de 12 de setembro, pp. 96 a 100, são publicadas: Alma Paulista (9 de julho de 1946) e À Santificada, de G.A. Nessa mesma edição, pp. 165 a 172, são publicadas as reportagens de vários jornais da época, sobre o Bailado Brasileiro “Yara”, de autoria de G.A., Francisco Mignone (1897-1986) e Portinari. Na edição Nº 36, de 12 de dezembro, pp. 4-5, publica a crônica Chegada;
Adendo Cultural: 7 de outubro: a Academia Brasileira de Música foi reconhecida de utilidade pública por Decreto Federal. Oswald de Andrade publica Marco Zero II (Chão). Manuel Bandeira publica Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos. Mário de Andrade publica Lira Paulistana Seguida d’O Carro da Miséria.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse do presidente Eurico Gaspar Dutra. Inicia-se o período de democratização do país. 18 de setembro: promulgada a quinta Constituição do Brasil. O governo cria o SESI (Serviço social da Indústria) e o SESC (Serviço Social do Comércio). Através de Decreto Presidencial são fechados todos os cassinos no Brasil e a proibição de todo tipo de “jogo de azar”.
Adendo Geral: Início, na Argentina, da ditadura Juan Domingo Perón (1895-1974). Início da guerra no Vietnã do Norte.

1947
– 25 de janeiro: retorna à redação de O Estado de S. Paulo. Publica Poesia Vária. Recebe a Comenda Cavaleiro de Legião de Honra da França, em Campos do Jordão (SP). Torna-se redator do Diário de S. Paulo, permanecendo até 1957. Na edição nº 38, de 12 de junho, da Revista da Academia Paulista de Letras, p. 4, publica a crônica: Poema de Amor. Na edição nº 39, de 12 de setembro, pp. 4 a 6, publica: Oração aos mortos de 32. Na edição nº 40, de 12 de dezembro, pp. 6 a 8, publica o artigo: Aventura com Rabelais;
Adendo Cultural: Os artistas plásticos John Graz e Antônio Gomide expõem em conjunto, em galeria da Rua Barão de Itapetininga, São Paulo. 6 de julho: a Academia Brasileira de Música é instituída como Órgão Técnico Consultivo do Governo Federal, através de Decreto. Publicado livro do poeta Jorge de Lima (1895-1953), Poemas Negros, com doze ilustrações de Lasar Segall. Cassiano Ricardo publica Um dia depois do outro (poesia).
Adendo Brasil: Em maio: o Supremo Tribunal Federal cassa o registro do PCB. Em São Paulo, apoiado pelos comunistas, Adhemar de Barros (1901-69) elege-se governador.

1948
- Publica o livro de prosas: Histórias, Talvez... (prosa).  Publica a tradução de Palavras de Budah, de Pierre Salet (?-?). Encerra sua carreira de Secretário do Conselho Estadual de Bibliotecas e Museus. É nomeado chefe de gabinete do prefeito Lineu Prestes (1896-1958). Na edição nº 41, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4-5, publica a crônica: Presente de Aniversário. Na edição nº 42, de 12 de junho, pp. 4 a 8, publica seu discurso em versos que, inaugurando o retrato de Amadeu Amaral na galeria dos imortais da Academia Brasileira de Letras, pronunciou, em junho de 42: A Glória de Amadeu. Na edição nº 43, de 12 de setembro, p. 172, publica a crônica: Tarde de Chuva;
Adendo Cultural: Manuel Bandeira publica Mafuá do Malungo, a terceira publicação de Poesias Completas (os livros anteriores e Belo Belo) e Poesias Escolhidas. Criação do Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro. O Museu de Arte Moderna de São Paulo foi constituído oficialmente, por escritura pública, em 15 de julho. Seu fundador: Assis Chateaubriand, juntamente com o arquiteto italiano Pietro Maria Bardi (1900-99) e a arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-92). 4 de julho: morre o escritor Monteiro Lobato. 20 de setembro: morre em SP, Ernani Braga, músico, compositor e intérprete de Villa-Lobos. É publicado o livro póstumo de Lima Barreto: Clara dos Anjos. Drummond de Andrade publica Poesia até Agora.
Adendo Brasil: Em janeiro: uma lei aprovada pelo Congresso Nacional determinou a cassação dos mandatos dos deputados, senadores e vereadores eleitos pela legenda do PCB, medidas essas que levaram o partido à clandestinidade.
Adendo Geral: Gandhi (1869-), líder pacifista indiano é assassinado em seu país.  

1949
- Ao lado de Franco Zampari (1898-1966), ajuda a fundar o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Traduz o livro infantil A Cartola, de Whilhelm Busch. Na edição nº 45, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4-5, G.A. publica a crônica: Em torno de Keats. Na edição nº 46, de 12 de junho, pp. 4 a 7, publica o artigo sobre o livro do poeta francês Hector Klat: Sainte Maman. Na edição nº 47, de 12 de setembro, pp. 5 a 7, é publicado o discurso de G.A. realizado em 29 de agosto, no auditório da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, da Universidade Católica de São Paulo. Nessa mesma edição, em Notas Diversas, pp. 144-145, foi publicado o discurso do Consul da França, Sr. Robert Valeur, quando da condecoração com a Cruz da Legião de Honra a G.A.. Na edição nº 48, de 12 de dezembro, p. 5, publica a crônica: Do Sonho;
Adendo Cultural: 8 de março: abertura da sede oficial do Museu de Arte Moderna, em São Paulo. Anita Malfatti realiza retrospectiva no MASP, em São Paulo. É criada a Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), tendo Sérgio Milliet como um dos seus fundadores e o seu primeiro presidente. Cecília Meireles publica Retrato Natural.
Adendo Geral: A Alemanha é dividida e formam-se a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) e a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental).

1950
- Traduz Huis Clos, com o título Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre (1905-80). Inaugura seu escritório à Rua Barão de Itapetininga, local que foi utilizado para o encontro com amigos, onde recebia desde acadêmicos, jornalistas e estudantes. Candidata-se a deputado estadual pelo Partido Republicano, mas não é eleito. Na edição nº 50, de 12 de junho, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 5-6,  publica a crônica: 23 de Maio. Na edição nº 51, de 12 de setembro, pp. 5-6, publica a crônica: O olhar e o livro, sobre o livro do filósofo e poeta francês Paul Valéry (1871-1945);
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica A Face Perdida e Poemas Murais. Oswald de Andrade publica A Crise da Filosofia Messiânica (aprofundamento dos temas antropofágicos). Sérgio Milliet publica Poema do 30º Dia.
Adendo Brasil: 18 de setembro: às 22 h, em S. Paulo, Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi e o primeiro programa da televisão brasileira. 3 de outubro: Getúlio Vargas é eleito presidente, obtendo 3.849.040 votos (49% dos votos válidos.
Adendo Geral: Eclode a Guerra da Coreia. Perón é reeleito na Argentina.

1951
- Entrega ao público novo volume de poemas intitulado O Anjo de Sal. Sérgio Milliet, no seu Diário Crítico - 1915, com data de 12 de dezembro, descreve longa análise do O Anjo de Sal, descrito parcialmente em seguida, conservada a grafia original:

(...).
Vejo neste livro de Guilherme de Almeida, o inicio de uma renovação formal, o primeiro passo talvez para uma depuração que pode assinalar o nascimento de uma poesia profundamente subjetiva e muito rica de humanidade. Vejo assim nesta fase da produção poetica de Guilherme uma procura de autenticidade que não hesita em despir o verso de quaisquer concessões ou complacencias, embora ainda se depare de quando em quando com aquela atividade ludica a que não raro se entregou o autor no passado.
(Milliet, Sergio. In: Diário Crítico de Sérgio Milliet – 1951. Introdução de Antônio Cândido. Martins Editora & USP, São Paulo, 2ª ed. Vol. VIII, São Paulo, p.129).
- 3 de dezembro: Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barroso de Almeida, filho único de G.A. e Baby, casa-se com Marina de Queiroz Aranha. Na edição nº 52, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4-5, publica a crônica: O Club. Na edição nº 53, de 12 de junho, pp. 5-6, publica o artigo: De Paulo Prado (Por ocasião de seu falecimento). Na edição nº 54, de 12 de setembro, pp. 5 a 7, é publicada a saudação feita por G.A. durante o banquete de 14 de setembro, no Blub Homs, oferecido pela Casa de Portugal, aos componentes da embaixada universitária de Coimbra. Na edição nº 55 de 12 de dezembro, pp. 50 a 54, publica: A Estrela Abolida (Fragmento inicial de um poema inédito); Adendo Cultural: 20 de outubro: inaugurada em S. Paulo a I Bienal Internacional de Artes Plásticas, no edifício Trianon (atualmente o edifício do MASP), na Avenida Paulista, com obras de vários artistas modernistas. Drummond de Andrade publica A Mesa e Claro Enigma.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse de Getúlio Vargas como presidente do Brasil.
Adendo Geral: Perón é eleito presidente da Argentina.

1952
- É publicada A Antígone de Sófocles (497 ou 496-405 ou 406 a.C.), tradução da tragédia grega, edição bilíngue;
Adendo Cultural: Manuel Bandeira publica Opus 10. O artista Plástico Alberto da Veiga Guignard organiza o 7º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, na prefeitura. Tarsila do Amaral recebe o 2º Prêmio Nacional de Pintura, no valor de Cr$ 50.000,00, quando da participação na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Cassiano Ricardo publica 25 Sonetos. Cecília Meireles publica Amor em Leonoreta e 12 Noturnos da Holanda e o Aeronauta. Drummond de Andrade publica Viola de Bolso (I).
Adendo Brasil: A Igreja Católica cria a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Adendo Geral: Chega ao fim a Guerra da Coreia.

1953
- Com seis volumes na primeira edição, é publicada Toda a Poesia, reunindo o conjunto de sua obra poética. Publica Baile de Formatura (prosa), com ilustrações de Renato Zamboni, editado pelo Departamento de Saúde de São Paulo. Diálogos adicionais do filme Sinhá Moça, com Carlos Vergueiro (1920-68), pela Cia. Vera Cruz;
Adendo Cultural: 20 de março: morre o escritor Graciliano Ramos, consagrado como o maior romancista brasileiro depois de Machado de Assis. Em maio, concorrendo com a produção cinematográfica de 26 países, o filme brasileiro: O Cangaceiro é premiado no Festival de Cannes, na França, dirigido por Vitor de Lima Barreto (1906-82). Sérgio Milliet publica Quinze Poemas. Cecília Meireles publica Romanceiro da Inconfidência.
Adendo Brasil: Início das transmissões da TV Rio (Canal 13) e a TV Record (Canal 7), de S. Paulo. É criada a Petrobras, projeto enviado por Vargas ao Congresso em 1951.
Adendo Geral: Morte do ditador Russo, Josef Stálin, nascido em 1878.

1954
– 12 de fevereiro: aposenta-se do cargo de secretário da Escola Normal do Brás. 21 de agosto: É nomeado para a presidência da Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Publica Acalanto de Bartira, com capa de Renato Zamboni, vinhetas de abertura e fecho de Victor Brecheret e ornatos de Guidal. Publica Na Festa de São Lourenço, tradução em versos nas partes tupi e castelhana, do auto de José de Anchieta (1534-97). Dimitri Ismailovitch (1892-1976), desenha o retrato de G.A. (Lápis sobre papel):
Foto ilustrativa - Acervo Casa Guilherme de Almeida.
Adendo Cultural: 22 de outubro: morre o escritor Oswald de Andrade, na cidade de S. Paulo. Oswaldo estava escrevendo um livro de memórias Um Homem sem Profissão: sob Ordens de Mamãe, que deixou incompleto. Manuel Bandeira publica Itinerário de Pasárgada.
Adendo Brasil: 25 de janeiro: iniciam-se as Comemorações do IV Centenário da cidade de S. Paulo. Vargas propõe projeto para criação da Eletrobrás. 23 de agosto: assinado por 27 generais do Exército, um manifesto exigindo a renúncia de Vargas. 24 de agosto: de manhã, em seus aposentos no palácio do Catete, Getúlio Vargas se suicida com um tiro no coração. Posse de João Café Filho, vice-presidente. Em outubro: Jânio da Silva Quadros (1917-92) vence Adhemar de Barros e é eleito governador de São Paulo.
Adendo Geral: Final da Guerra do Vietnã.


1955
- Publicado a segunda edição de Toda a Poesia, pela editora Martins, São Paulo, em 7 volumes;
Adendo Cultural: 17 de dezembro: falece em São Paulo, Victor Brecheret. Anita Malfatti apresenta no MASP a mostra Tomei a Liberdade de Pintar a Meu Modo. Manuel Bandeira publica 50 Poemas Escolhidos pelo Autor. Cecília Meireles publica Pequeno Oratório de Santa Clara e Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro. Drummond de Andrade publica Fazendeiro do Ar e Poesia até Agora, Viola de Bolso (II) e Soneto de Buquinagem.
Adendo Brasil: 3 de outubro: Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-76) é eleito Presidente, obtendo 36% dos votos válidos. O coronel Mamede (1916-98) sugere um golpe militar que impeça a posse de Juscelino. O marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott (1894-1984) dá um golpe preventivo contra o presidente em exercício e Carlos Luz (1894-1961), para garantir a posse de Juscelino.
Adendo Geral: Queda do governo de Perón na Argentina.

1956
- Reunindo 26 sonetos no mais puro estilo clássico, é entregue ao público seu livro Camoniana, com apresentação de Afrânio Peixoto (1876-1947);
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica João Torto e a Fábula e O Arranha-céu de Vidro. Manuel Bandeira publica Obras Poéticas (os livros anteriores, menos Mafuá do Malandro) e Frauta de Papel (crônicas). Cecília Meireles publica Canções e Giroflé, Giroflá (prosa poética). Drummond de Andrade publica 50 Poemas Escolhidos pelo Autor.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse de Juscelino Kubitschek, como presidente do Brasil. Setembro: o Congresso aprova o projeto de lei para construção de Brasília.
Adendo Geral: A União Soviética invade a Hungria.

1957
– É publicado Pequeno Romanceiro (versos), 1200 exemplares numerados, com desenhos de Gomide, e De Tempos Idos. Deixa a redação do Diário de S. Paulo e volta a escrever no O Estado de S. Paulo com crônicas. Eco ao Longo de Meus Passos é o título geral da última série de suas crônicas;
Adendo Cultural: Zina Aita realiza a exposição individual “Ceramiche di Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles, Itália. Participa da exposição coletiva “Mostra do Presépio”, no Palácio Braschi, em Roma. Participa da exposição coletiva “Manifestação de Arte Nacional”, no Palácio Real, em Nápoles. 2 de Agosto: Lasar Segall, vítima de enfermidade cardíaca, falece em sua casa, na Rua Afonso Celso, em São Paulo. Foi sepultado no Cemitério Israelita de Vila Mariana, São Paulo. Cassiano Ricardo publica Poesia Completas. Manuel Bandeira publica Itinerário de Pasárgada. Sérgio Milliet publica Alguns Poemas entre Muitos. Cecília Meireles publica Romance de Santa Cecília. Drummond de Andrade publica Ciclo.
Adendo Brasil: Fevereiro: inicia-se a construção da nova capital, Brasília, sob a direção dos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-98), autor do plano piloto da cidade;
Adendo Geral: A União Soviética lança o Sputnik, primeiro satélite artificial. É criada a Comunidade Econômica Europeia (Mercado Comum Europeu).

1958
– 15 de maio: inicia sua colaboração na revista “Manchete”, com a “Crônica de São Paulo”. 16 de junho: sucedendo a Olegário Mariano, G.A. foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, por consagradora votação, em concurso patrocinado pelo Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, pela seção Escritores e Livros. G.A. obteve 320 votos (*), Manuel Bandeira: 164, Drummond de Andrade: 121, Vinícius de Moraes: 71, Cassiano Ricardo: 52 e Mauro Motta: 42;
(*) (Ribeiro, José António Pereira. In: Guilherme de Almeida – Poeta Modernista. Traço Editor, São Paulo, 1983, 1ª ed., p. 109).
Adendo Cultural: Janeiro: o escritor, desenhista e pintor modernista Flávio de Carvalho, escandaliza a elite moralista da cidade de S. Paulo, desfilando pelo centro da cidade com saiote e meias rendadas de bailarina, alegando estar criando uma “nova moda masculina” mais adequada ao clima do país. Como destaque na música: Surge a Bossa Nova, sob a liderança de João Gilberto (1931-), Roberto Menescal (1937-), Chico Feitosa (1935-2004), Tom Jobim (1927-94) e Nara Leão (1942-89). Estreia no Teatro de Arena a peça “Eles Não Usam Black-Time”, de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006). Falece Ferrignac.
Adendo Brasil: Movimentos políticos de trabalhadores rurais reivindicam uma reforma agrária radical.
Adendo Geral: Charles de Gaulle (1890-1970) assumi o poder na França.

1959
- 16 de setembro: recebe oficialmente o título de “Príncipe dos Poetas Brasileiros” durante um jantar oferecido pelo Presidente Juscelino Kubitschek, no Palácio das Laranjeiras.  Na edição do A Gazeta de São Paulo, de 19 de setembro, Judas Isgorogota (Agnelo Rodrigues de Melo, poeta e jornalista – 1901-79), escreveu artigo sobre G.A., conforme descrição parcial na sequência, conservada a grafia original:

“O Poeta, eleito pela significativa preferencia de trezentos e vinte (320) intelectuais – poetas –e prosadores de mais destacada projeção em todos os centros culturais do país, merece, em verdade, a alta distinção conferida: Guilherme de Almeida, em toda a sua vida, em todas as circunstâncias, risonhas ou amargas, tem sidos só e unicamente um Poeta, um espírito votado à contemplação, mais beneditina e mais pura da Beleza intangível e eterna, da qual só os eleitos se aproximam através das vibrações emocionais da Poesia, que é Sentimento e Emoção, Música e Ritmo, Humildade e Ternura, e perante a qual chegam sòmente aquelas vozes, que, por serem inspiradas pela pureza, desde a pureza mais cristalina do Pensamento à pureza mais translucida do idioma que o expresse”.
(...).
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1983, 1ª Ed. – p.118).
- Ainda no A Gazeta, edição de 28 de setembro, em Vamos Vestir São Paulo de Flores, a jornalista Maria Thereza Cavalheiro publica entrevista com G.A., descrita parcialmente a seguir, conservada a ortografia original:

VAMOS VESTIR SÃO PAULO DE FLORES

Árvore: “Leit-Motiv” do “principe dos poetas brasileiros”

(...).
- “Minha primeira namorada foi uma arvore”, começou falando Guilherme de Almeida, a quem procuramos ouvir sobre esta campanha. E explicou: - “A primeira poesia publicada, quando ainda estudante de Direito, era dedicada ao “Eucalipto”. Sempre tive paixão pela arvore. Ela tem sido o “leit-motiv” de meus poemas...”
- “Em “A Dança das Horas”, chamo a uma criatura “Meu lindo galho de salgueiro”. “Narciso” é todo um livro dedicado a uma flor.

O DISCURSO NA ACADEMIA

Guilherme de Almeida contou-nos:
- “Meu discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras, para a cadeira da qual é patrono Gonçalves Dias, seu fundador e primeiro ocupante, seguindo-se Olavo Bilac e Amadeu Amaral, foi todo construído sobre o tema “Arvore”.
E esclareceu:
- “Na arvore da poesia brasileira, Gonçalves Dias, apegado à Bilac, pela sua exuberância, pelo seu esplendor, pelo seu verbalismo e sensualismo, e a floração, é o colorido. Amadeu Amaral é o futuro. É a poesia do pensamento. E eu, junto a essa arvore, que sou? O simples caminhante que repousa um pouco à sombra dela, e passa, e vai-se embora, só pela gloria de passar...”

A ARVORE PREDILETA

Quisemos saber qual a sua arvore predileta:
- “Aprendi a conhecer as estações pelas arvores e o ensinei aos poetas brasileiros. Principalmente os plátanos da Praça da Republica ligam-se, desde então, à minha meninice e à minha juventude. O plátano é a minha arvore preferida... Ela sofre no nosso clima o que sofre no seu clima nativo. Em “A Dança das Horas” (Exaltação dos sentidos), fixei em poesia as estações”.
(...)
E observou:
- “Muitos poetas brasileiros nunca tiveram noção das estações, rimando “abril” com “primaveril”, quando a primavera em nosso país é em setembro... Será, talvez, a influencia da poesia europeia, pois, naturalmente, na Europa, as estações ocorrem em epocas diferentes”.

ARBORIZAÇÃO DA CIDADE

Guilherme de Almeida lembrou:
- “São Paulo já foi uma cidade muito bem arborizada. O bairro dos Campos Eliseos era uma maravilha. Visto de longe, as ruas apenas se adivinhavam – eram só copas de arvores. Alguém, no entanto, cometeu o crime de liquidar com elas. Todos os que vinham a São Paulo pasmavam-se ante a beleza da praça da Republica. Agora, as boas especieis estão morrendo... Tambem a avenida São João foi, outrora, lindamente arborizada”.
Referindo-se ao plantio ao longo das estradas, frisou que “na rota que vai a Barra do Piraí, o espetaculo é desolador, pela queimada sistematica que se observa”, e que “maior carinho deveriam receber tambem nossos parques públicos”.
Comentou:
- “Na Europa – e não posso deixar de falar na França, Espanha e Portugal – os jardins são verdadeiros templos. No entanto, temos uma fora belissima. Nossos cultivadores de orquideas são notaveis. Angelo Rinaldi, por exemplo, é um mestre da arte floral”.

POESIA BOTANICA

Discorrendo sobre o valor dos arranjos floristicos nos ambientes, o “Principe dos Poetas Brasileiros” observou que “a arte floral japonesa, a “Ikebana”, é uma maravilha”.
E contou-nos:
- “Havia um grupo de poetas japoneses, antigamente, que se reunia à rua da Liberdade. Assisti a muitos de seus encontros. Faziam-se “jogos florais”: era dado um tema (lembro-me que um deles foi “brisa de primavera”) e uns dois ou três poetas apresentavam os seus “haikays”. Compoe-se o “haikay” de dezessete silabas e poderia e poderia defini-lo como “uma anotação poetica e sincera de um momento de elite. Não é poesia de amor: é estação. O “haikay” é como um verbete de dicionario. E deve ser, antes de tudo, espontâneo: o “haikay” é obtido como quem pega um inseto em vôo. Se escapar, escapou, e não se o faz mais. Porque deixa de ser sincero. O “haikay” se impõe. É ele que vem a nós. Pois bem: uma vez, com surpresa minha, notei que o tema era dado sobre o jacarandá. Surgiu então uma querela: discutia-se a época de sua florescencia, indispensavel à composição do “haikay”, que é, côo disse, antes de tudo, uma poesia de estação. Com maior espanto meu, um dos japoneses tirou do bolso um dicionario botanico brasileiro em japonês, para esclarecer a duvida. Pois a poesia japonesa é uma poesia botanica e os conhecimentos botanicos são indispensaveis ao poeta... Passei tambem a fazer “haikays”, que eram traduzidos or um interprete, após passar uma “prova”, que todos julgaram. A poesia, no Japão, é obrigatória. Não importa a profissão do individuo. Recordo-me que um dos componentes do grupo era agricultor, outro marceneiro, outro fazia serviços domésticos”. 
(...).
Ao nos despedirmos, perguntamos ainda ao “Príncipe dos Poetas Brasileiros”:
- Gostaria de nos dizer algo sobre a mulher e a flor?
Ao que ele apenas nos respondeu:
- “Confundem-se...”.
Adendo Cultural: A Sociedade dos Cem Bibliógrafos edita o volume Pasárgada, de Manuel Bandeira, poemas escolhidos e ilustrados por Aldemir Martins (1922-2006). Menotti Del Picchia publica sob o Signo de Polímnia. Sérgio Milliet publica Cartas à Dançarina. Drummond de Andrade publica Poemas.
Adendo Brasil: Na convenção realizada pela UDN em novembro, Jânio Quadros é indicado para disputar as eleições à presidência da República. O marechal Lott é indicado pelo PSD.
Adendo Geral: 1º de janeiro: acontece vitória da Revolução Cubana, derrubando o ditador Fulgêncio Batista (1901-73). Fidel Castro (1927-), no comando da revolução começou a se inclinar pelo socialismo comunista. Os Estados Unidos criam a NASA.

1960
- Convidado pelo Presidente Juscelino Kubitschek para ser o orador oficial na inauguração de Brasília, concebe a Prece Natalícia a Brasília, lida no dia 21 de abril. O brasão e a legenda da nova capital (Venturis ventis: “Aos ventos que hão de vir”), são de autoria de G.A. - É eleito Presidente de Honra das Comemorações do V Centenário da Morte de D. Henrique, em Portugal;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Montanha Russa e A Difícil Manhã. Manuel Bandeira publica em edições de luxo a Estrela da Tarde e uma seleção de poemas de amor sobre o título de Alumbramentos. Cecília Meireles publica Metal Rosicler.
Adendo Brasil: Jânio da Silva Quadros é eleito presidente da República vencendo as eleições com mais de 6 milhões de votos. O vice-eleito: João Belchior Marques Goulart (1919-76), conhecido pelo apelido de “Jango”, apesar da sua candidatura a vice fosse pela chapa de Lott. Na época o eleitor podia votar no candidato a presidente de uma chapa e no candidato a vice de outra.
Adendo Geral: John Fitzgerald Kennedy (1917-63) é eleito presidente dos Estados Unidos. Alemães do Leste levantam o Muro de Berlim.
 
1961
- Com 25 pequenos poemas focalizando cenas da cidade de São Paulo, é publicado seu livro de poesia, Rua. Publica Jornal de um amante, tradução do Journal d’un amant, de Simon Tygel;
Adendo Cultural: A Editora do Autor publica Antologia poética de Manuel Bandeira. Sai a publicação póstuma de Novelas Paulistanas, de Alcântara Machado, reunindo as obras Brás, Bexiga e Barra Funda, Laranja da China e Mana Maria. Cecília Meireles publica Poemas Escritos na Índia.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: Jânio Quadros toma posse. É o primeiro presidente a tomar posse em Brasília. 25 de agosto: renúncia de Jânio Quadros. Assume a presidência João Goulart. Ministros militares tentam impedir a posse de Jango. Leonel Brizola (1922-2004), governador do Rio Grande do Sul, impede o golpe, com apoio do III Exército.

1962
- Entrega ao público o volume Cosmópolis, com carvões de Gomide, reunindo crônicas sobre alguns dos principais bairros de São Paulo (publicadas originalmente em 1929, pelo jornal O Estado de S. Paulo). Traduz e publica A fugitiva, de Tagore. Começa a fazer parte do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Recebe a Comenda da Ordem de Santiago da Espada, de Portugal;
Adendo Cultural: 6 de novembro, morre em São Paulo a artista plástica Anita Malfatti, aos 75 anos. Cassiano Ricardo publica o ensaio 22 e a poesia de hoje. Drummond de Andrade publica Lição de Coisas.
Adendo Brasil: Em São Paulo, Adhemar de Barros derrota Jânio Quadros na disputa pelo governo do Estado.
 
1963 (Nada foi encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Morte do escritor Ribeiro Couto. A editora José Olympio publica Estrela da Tarde, de Manuel Bandeira. Cecília Meireles publica Antologia Poética e Solombra. Drummond de Andrade publica Antologia Poética.
Adendo Brasil: Plesbicito põe fim ao Parlamentarismo. Greve: 700 mil operários.
Adendo Geral: 3 de Junho: Morre o Papa João XXIII (1881-). 22 de novembro: o presidente dos Estados Unidos John Kennedy é assassinado.

1964
- Traduz Os frutos do tempo, de Simon Tygel. Inicia várias traduções que são publicadas em 1965;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Jeremias Sem-Chorar e Antologia Poética. 9 de novembro: morre a escritora Cecília Meireles.
Adendo Brasil: 31 de março: é deflagrado golpe político-militar afasta João Goulart. Em 1º de abril, enquanto Jango rumava de Brasília pra Porto Alegre, o presidente do Senado, Auro Soares de Moura Andrade (1915-82) declarou vago o cargo de presidente da República. Assumiu o cargo o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili (1910-75), mas o poder já estava sob o comando militar. Dez dias depois foi realizada a primeira eleição do regime militar, garantida pelo Ato Institucional de 9 de abril, o qual designava o Congresso Nacional como Colégio Eleitoral para definir o presidente para exercer o cargo até 31 de janeiro de 1966.  Concorreram três marechais: General Humberto de Alencar Castelo Branco (1900-67), Juarez Távora (1898-1975), e o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra. 15 de abril: Castelo Branco recebeu 76% de todos os votos, mas abstenção e altas foram altas. Contando apenas os votos válidos Castelo Branco teve 98,63% dos votos. O Ato Institucional (AI-I), suspende os direitos políticos de centenas de pessoas.

1965
- Publica Rosamor (poesia), com capa de Zamboni e ilustrações de Noemia. Publica as traduções de: Arcanum, de Niles Bond; Festival, de Simon Tygel, edição bilíngue, com nus de Gomide; Orfeu, de Jean Cocteau (1889-1963); Lembranças de Berta, Tennessee Williams (1911-83), História de uma escada, peça teatral de Antônio Buero Vallejo (1916-2000) e a peça teatral Eurídice, de Jean Anouilh (1910-87). Pronuncia, na Academia Brasileira de Letras, a oração comemorativa do centenário de Olavo Bilac;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Poemas Escolhidos. Manuel Bandeira, com Carlos Drummond de Andrade, organiza o livro Rio de Janeiro em prosa e verso.
Adendo Brasil: 17 de Outubro: Castelo Branco baixa o AI-2, estabelecendo que a eleição para presidente e vice-presidente da República seria realizada pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão pública e votação nominal, evitando-se assim o voto secreto para prevenir surpresas. Porém, a medida mais relevante foi a extinção dos partidos políticos existentes. Permaneceram apenas dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que agrupava partidários do governo militar, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que reunia a oposição. Reforma monetária institui o cruzeiro novo.

1966 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Raul Boop publica Movimentos Modernistas no Brasil. Manuel Bandeira publica: Estrela da Vida Inteira, Meus Poemas Preferidos e também os livros de crônicas: Andorinha, Andorinha e Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas.
Adendo Brasil: 3 de outubro: Segunda Eleição do Regime Militar no Brasil. Eleito Arthur da Costa e Silva (1902-69). Vários deputados federais são cassados, o que provoca a reação do Congresso, que é fechado por um mês, e reconvocado pelo AI-4 para aprovar o novo texto constitucional. Acontecem eleições para deputados e senadores. São suspensas as eleições diretas para cargos executivos.
Adendo Geral: Revolução Cultural Chinesa.

1967
- Publica Os Meus Versos Mais Queridos, com poemas já conhecidos do grande público. No livro: Guilherme de Almeida Poeta Modernista, traz o seguinte depoimento:

- (...), quando foi homenageado na efeméride em que completava 50 anos – Jubileu de Ouro – da publicação do seu primeiro livro de versos: “Nós”, ele (G.A.) confidenciou aos amigos:
“Eu tinha 14 anos quando escrevi meus primeiros versos. Um soneto. Tema: A Morte. Quer dizer que comecei duplamente pelo fim: a fórmula mais difícil (o soneto) e o tema final de tudo (a Morte)”.
(...).
“Comecei a escrever os sonetos que viriam a formar o meu primeiro livro, publicado, em Mogi-Mirim no ano de 1914. Terminei-o em são Paulo, em 1916. Vicente de Carvalho foi o primeiro estranho que leu os meus versos numa noite desse ano, em sua casa, à rua Barão do Tatuí nº 10, (sabe-se que Guilherme era avesso a mostrar ou a ler para os outros os seus versos, tendo pudor deles, guardando-os como jóias raras). Amadeu Amaral, que conheci na redação do “Estado”, à praça Antonio Prado, prédio “Martinico”, na sessão pública de 16 de setembro de 1916. Notável coincidência, anota Guilherme, eu nesse mesmo dia, 16 de setembro, em 1959, era eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983 – pp. 34-35).
- Traduz e publica a edição bilíngue, com capa de Renato Zamboni: Os Frutos do Tempo, de Simon Tygel. Meu Roteiro Sentimental da Cidade de S. Paulo, conforme nota 1, p. 535, do livro: Pela Cidade, edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros, Martins Fontes, São Paulo, 1ª ed. 2004: (Esse roteiro) é uma apaixonada declaração de amor a São Paulo, atendendo a um pedido da Companhia Telefônica Brasileira, que pretendia divulgar nas páginas das listas telefônicas distribuídas entre seus assinantes”.
- Compõe o Cântico jubilar para o advento da Rosa de Ouro, comemorativo da outorga dessa insígnia à Basílica Nacional de Aparecida pelo para Paulo VI (1897-1978);
Adendo Cultural: Drummond de Andrade publica Versiprosa, José & outros e Uma Pedra no Meio do Caminho: biografia de um poema.
Adendo Brasil: Janeiro: Castelo Branco forçou os congressistas aprovarem a nova Constituição. Em março: Artur Costa e Silva toma posse. 18 de julho: Castelo Branco morre quando o avião do Exército em que viajava, chocou-se no ar com um Jato da FAB (Força Aérea Brasileira). Carlos Marighella (1911-69) forma a Aliança de Libertação Nacional (ALN). Surgem o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VRP).
Adendo Geral: 8 de outubro: Che Guevara (1928-) é capturado na Bolívia e assassinado no dia seguinte.

1968
- Publica Os Sonetos de Guilherme de Almeida, com capa de Renato Zamboni, com poemas publicados anteriormente em vários livros;
Adendo Cultural: 13 de outubro: falece o Poeta Manuel Bandeira, no Rio de Janeiro. Menotti Del Picchia publica O Deus sem Rosto (poesia). Drummond de Andrade publica Boitempo e a Falta que Ama.
Adendo Brasil: 13 de dezembro: Costa e Silva baixa o AI-5, fecha o Congresso e cassa o mandato de diversos deputados.
Adendo Geral: Martin Luther King (1929-), o líder pacifista negro e Prêmio Nobel da Paz, em 1964, é assassinado em Memphis, Estados Unidos.  

1969 11 de julho: às 3h56m da madrugada, Guilherme de Almeida morre em sua casa, na Rua Macapá, vítima de uremia. Às 8h30m do dia de sua morte o corpo foi transportado, por um carro do Corpo de Bombeiros, com escolta de lanceiros da Força Pública, para a Academia Paulista de Letras. O sepultamento, com honras militares, se deu às 11h do dia seguinte, e seus despojos se encontram no Obelisco e Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 32, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O Poeta foi o primeiro constitucionalista a ser sepultado nesse local e ocupa o espaço dedicado aos grandes heróis do Movimento de 1932.
Foto do funeral de Guilherme de Almeida - Site: http://www.tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br - acesso em 2015
 - O poeta Oliveira Ribeiro Neto (1908-89), então presidente da Academia Paulista de Letras, discursou após Menotti Del Picchia e assim finalizou:

“Silêncio! Calem-se os tambores. Ajoelhai-vos todos, que na estrada de luz surge a Musa de Anchieta, a Virgem Maria, Tupan Ci Porangetê, a Mãe de Deus Formosíssima, que estende a mão divina ao Poeta que vacila. É Nossa Senhora da Porta do Céu, que lhe entrega as Chaves do Reino. Silêncio! A Academia Paulista de Letras se prosterna. De joelhos, São Paulo; de joelhos, Brasil”.
(Cavalheiro, Maria Thereza. In: “Guilherme de Almeida: o Poeta de São Paulo – III.  Jornal D.O. Leitura, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Nº 90, de 8/11/1989, p. 7).

Adendo Histórico - G.A.:
1 - Além da Comenda da Ordem de Santiago da Espada (Portugal), de 1962, recebeu em vida várias condecorações de governos estrangeiros, tais como: Grande Oficial da Coroa da Hungria, Caravana da Legião de Honra da França, Grande Oficial da Ordem Militar de Cristo de Portugal, Comenda da Ordem de Mérito da Síria, Medalha de Ouro e diploma da 1ª Classe dos Beneméritos da Escola de Cultura e de Arte (Itália), Comenda da Ordem da Arte e das Letras (França), Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (Portugal), entre outras. Foi membro do Seminário de Estudos Galegos, de Santiago de Compostela, Membro da Unión Cultural Universal do Alcácer de Sevilha, e do Instituto de Coimbra (Portugal). G.A. distinguiu-se também com heraldista. É autor dos brasões-de-armas das seguintes cidades: São Paulo (SP), Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP). Compôs também um hino a Brasília, quando a cidade foi inaugurada.
2 – 10 de junho de 1974: O governador Laudo Natel cria a Lei nº 337, publicado no Diário Oficial v. 84, n. 129, de 11 de julho, instituindo como hino oficial do Estado de São Paulo, o poema de G.A. “Hino dos Bandeirantes”. Ver a Lei neste link: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1974/lei-337-10.07.1974.html

Adendo Cultural: Drummond de Andrade publica Reunião (10 livros de poesia).
Adendo Brasil: Em agosto: o presidente Costa e Silva, foi acometido de uma trombose que o afastou do poder. 31 de agosto: violando a regra constitucional que apontava como substituto o vice-presidente Pedro Aleixo (1901-75), através do AI-12, foi instituída uma Junta Militar com os ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica, Lira Tavares (1905-98), Augusto Rademaker (1905-85) e Márcio de Sousa e Melo (1906-91), que assumem temporariamente o poder. 4 de setembro: O MR-8, em conjunto com a ALN, sequestra o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick (1908-83), no Rio de Janeiro.  No dia 25 de outubro, o Congresso Nacional foi convocado para eleger o novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici (1905-85) foi eleito e assumiu o poder no dia 30 de outubro, com promessas de restabelecer a democracia. Foi a terceira eleição durante o regime militar. A quinta foi em 1974. 4 de novembro: Marighella é assassinado.
Adendo Geral: 20 de julho: O engenheiro eletrônico norte-americano, Neil Armstrong (1930-2012), comandante da Apolo 11, é o primeiro homem a pisar na Lua. De Gaulle renuncia à presidência da França.

DEPOIMENTOS SOBRE GUILHERME DE ALMEIDA

De Mário da Silva Brito: “O próprio Guilherme de Almeida caracterizava sua obra como essencialmente rítmica. Definia a Poesia como “ritmo no sentir, no pensar e no dizer”. Sua tese, é, na verdade, um longo elogio do ritmo poético e afirma o princípio de que a poesia é constituída de três elementos: palavra, idéia e ritmo. Parte daí para realizar uma poesia aristocrática, repleta de virtuosismos técnicos, de musicalidade e pitoresco, em que sobressaem imagens brilhantes, filhas de adjetivação fulgurante e de riquíssimo vocabulário. “Não conheço maior criador de imagens em nossa literatura”, dizia Ronald de Carvalho. Sérgio Milliet, o melhor exegeta da poética de Guilherme de Almeida, salienta-lhe “o conhecimento profundo da língua, do valor das palavras, de sua riqueza onomatopaica, do alcance subjetivo de cada letra do alfabeto e das acentuações variadas ou repetidas” e realça, nele, “o amor aos temas universais, clássicos, que sabe renovar, sua recusa em cantar a máquina, a guerra, a revolução, os assuntos em voga sob o rótulo de poesia social”. Manuel Bandeira o tem na conta de “o maior artista do verso em língua portuguesa”. (...)”.
(Brito, Mário da Silva. In: Poetas Paulistas da Semana de Arte Moderna. Editora Martins & Conselho Estadual de Cultura, São Paulo, 1972, p. 76).

De Alfredo Bosi: "Guilherme de Almeida pertenceu só episodicamente ao movimento de 22. Não havendo partido do espírito que o animava, também não encontrou nele pontos definitivos de referência estética. Sua cultura, seu virtuosismo, suas aspirações morais vinham do passado e lá permaneceram. Remontemo-nos aos primeiros livros, Simplicidade, Na Cidade de Névoa, Suave Colheita: os módulos são parnasianos, já atenuados por um neo-simbolismo que se confessa filho de Verlaine e de Rodenbach ou, na tradição luso-brasileira, eco de Os Simples e das litanias de Alphonsus. A temática é toda crepuscular: ouvimos quadras à ´alma triste das ruas´, às árvores que ´parecem freiras cochichando / nos corredores dos mosteiros, / com as suas toucas brancas, quando / há névoa no ar´. Do decadismo Guilherme de Almeida recebeu o tom e certas preferências verbais; do Parnaso, o gosto do soneto com chaves de ouro (e até chaves de ouro sem soneto...), o domínio absoluto da métrica portuguesa, o amor à língua que lhe iria inspirar verdadeiros ´tours de force´. Livros como A Dança das Horas, Livro de Horas de Sóror Dolorosa, Narciso e Canções Gregas, compostas antes de 22, revelam os outros aspectos do seu passadismo literário: o caráter entre sensual e estatizante, a entrega a imagens voluptuosas de fundo ovidiano, enfim um dandismo que lembra o universo epicurista de Oscar Wilde."
(Bosi, Alfredo. In: História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Cultrix, São Paulo, 3ª ed. pp. 420-421).

De Frederico Ozanam Pessoa de Barros: “Guilherme era capaz de desenvolver, sem deixar cair o interesse do leitor, os mais variados temas. Justamente aqueles que, por não merecerem, na sua opinião, a consagração do verso, estão ausentes de sua obra poética: o dia-a-dia de quem, como ele, tinha de lutar pela sobrevivência; a política; as variações e a passagem do tempo; os passatempos (cinema, rádio, teatro, futebol, TV); o amor, a vida; e os tipos e aspectos de uma cidade em contínua mutação.”
(Guilherme de Almeida. In: Literatura Comentada. Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Editora Abril Educação, São Paulo, 1982, p. 15).

De Alcy Gigliotti: Guilherme de Almeida foi, para mim, talvez um dos maiores poetas românticos do Brasil. Seus versos de amor, de paixões, de uma dedicação extrema ao ser amado, ultrapassem escolas e vão situar-se em níveis de imensidade na história poética pátria. Sonetista, enfeita o escrínio de qualquer antologia que se pretenda com seus catorze versos de um momento de beleza incomparável (...).
Todos os livros de Guilherme refletem a musicalidade desse soneto e trazem, em seu bojo, momentos lindos de felicidade, de esperança, de desesperanças, de esperas e encontros, de todo esse mundo maravilhoso e às vezes desesperador dos escravos da sensibilidade e do amor, em todas as suas facetas.
Mas, Guilherme foi também um épico. E foi ainda, um moderno. E foi um soberbo cultor do haicai. E foi mais depois, folclorista do verso, cavaleiro andante do verso, historiador em versos, revolucionário em versos. Mas, foi, sobretudo, um purista, do verso e da poesia, Não só, contudo. Sua prosa, no mesmo passo, encantou gerações em suas crônicas curtas e em suas produções literárias de palestra, conferência, estudos e discursos e... Afinal, Guilherme foi tudo como escritor, mas visceralmente um poeta, em prosa e em verso.
(...).
As suas rimas, meu Deus! Que perfeição! (...).
(Gigliotti, Alcy. Palestra proferida por ocasião da Semana Guilherme de Almeida, no Centro de Ciências, Letras e Artes, Campinas (SP). Fonte: www.kplus.com.br – Acesso em 2012).

De Paulo Bonfim: Caminhar no milênio evocando Guilherme de Almeida é algo que me deixa fascinado. O amigo está de tal modo presente nos diálogos de meu caminho, tão moço entre os que participaram da revolução estética de 22 e da guerra santa de 32 que falar dele em termos do novo século, torna-se exercício de esperança.
(...)
Guilherme foi o companheiro paciente e sábio de minha adolescência extravagante.
(...).
Noitadas inesquecíveis onde ouvíamos o anfitrião discorrer sobre os mais diversos assuntos que iam da Grécia clássica à cibernética, da poesia provençal à botânica e à história, do ocultismo à heráldica e ao cinema.
Guilherme foi mestre de poesia. Ele e Manuel Bandeira conheciam o ofício como ninguém.
Num dia em que disse a ele que ritmo é a respiração do pensamento, ouvi a mais profunda lição sobre o sentido mântrico da rima, desencadeadora de processos mágicos que faziam o homem e seus chacras entrarem em comunhão com o corpo vivo do universo.
Na poética do autor de “Nós” há lugar para uma cosmogonia vária, leque de rumos que surpreende e fascina.
Em suas mãos de demiurgo o verso é criatura fecundante, processo transmutável e encantatório, ouro espiritual que vai agir na sensibilidade do leitor.
Foi um homem raro, nascido da cultura e da velha cepa de guerreiros e navegadores que gravaram no livro de linhagens o brasão dos Almeidas e Andrades maternos, descendentes dos velhos Camargos bandeirantes.
Sua poética surge das ondas de um mar português e é embalado pelo Acalanto de Bartira.
Entre cantares de amigo e sonetos dos mais belos do idioma, entre Canções Gregas e evocações da Raça, o peregrino do encanto atravessa a vida em sua via de romeiro de Compostela.
Lírico e épico, participante e metafísico, o cavaleiro andante luta por sua terra e por sua dama.
O mês das neblinas é a síntese numinosa da existência do cantor de nossas glórias. Nele nasceu e nele viveu apaixonadamente o 9 de Julho.
Na saga de sua existência, o voluntário de 32 coloca o fuzil e a pena a serviço de uma causa.
Em sua panóplia, a língua portuguesa brilha um brilho antigo e renovado.
Quando em 1962 levei Jorge Mautner à sua casa, o encontro produziu tamanha impressão no jovem escritor que exclamou, ao despedir-se:
- Mas esse homem é um bruxo!
Sim, Guilherme era um Iniciado e a Poesia sua Ciência Sagrada!
(Bomfim, Paulo. In: Revista Cult, São Paulo, ano 6, n. 15, p. 64-65, 2006).
RELAÇÃO SINTETIZADA DAS OBRAS DE GUILHERME DE ALMEIDA MENCIONADAS NO BOJO DA SÍNTESE BIOGRÁFICA

1917
Nós (poesia)
1919
A dança das horas (poesia)
Messidor (poesia)
1920
Livro de horas de Sóror Dolorosa (poesia)
1922
Era uma vez... (poesia)
1924
A frauta que perdi - Canções gregas (poesia)
Natalika (Ensaio)
1925
Encantamento (poesia)
Raça (poesia)
Meu (poesia)
A flor que foi um homem – Narciso (poesia)
1926
Do sentimento nacionalista na poesia brasileira (ensaio)
Ritmo, elemento de expressão (ensaio)
1929
Simplicidade (poesia)
Gente de cinema (prosa)
1931
Você (poesia)
Carta à minha noiva (poesia)
Poemas escolhidos (poesia)
1932
Cartas que eu não mandei (poesia)
Eu e você, de Paul Géraldy (tradução)
O gitanjali, de Rabindranath Tagore (tradução)
1933
O meu Portugal (prosa)
1935
A casa (prosa)
1936
Poetas de França, vários autores (tradução)
Suíte brasileira, de Luc Durtain (tradução)
1938
Acaso (poesia)
1939
O jardineiro, de Rabindranath Tagore (tradução)
1941
O sonho de Marina (infantil)
João Pestana, de Hans Christian Andersen (tradução)
1942
Cartas do meu amor
João Felpudo, de Heinrich Hoffmann (tradução)
1943
O amor de Bilites, de Pierre Löuys (tradução)
Pinocchio, de Walt Disney (tradução)
O camundongo e outras histórias, de Wilhelm Busch (tradução)
Corococó e Caracacá, de Wilhelm Busch (tradução)
O fantasma lambão, de Wilhelm Busch (tradução)
O macaco e o moleque, de Wilhelm Busch (tradução)
1944
Tempo
Paralelamente a Paul Verlaine (tradução)
Flores das "Flores do Mal", de Charles Baudelaire (tradução)
Gonçalves dias e o romantismo (ensaio)
1946
A mosca, de Wilhelm Busch (tradução)
Uma oração de criança, de Rachel Field (tradução)
1947
Poesia vária
1948
Histórias, talvez... (prosa)
Palavras de Budha, de Pierre Salet (tradução)
1949
A cartola, de Wilhelm Busch (tradução)
1950
Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre (tradução)
1951
O anjo de sal
1952
Toda a poesia (em 6 volumes)
Antígone, de Sófocles (tradução)
1953
Baile de formatura (prosa)
1954
Acalanto de Bartira
Na festa de São Lourenço (partes em tupi e castelhano do Auto de José de Anchieta) (tradução)
1956
Camoniana
1957
Pequeno romanceiro
1961
Rua
Jornal de um amante, de Simon Tygel (tradução)
1962
Cosmópolis (prosa)
A fugitiva, de Rabindranath Tagore (tradução)
1964
Os frutos do tempo, de Simon Tygel (tradução)
1965
Rosamor
Arcanum, de Niles Bond (tradução)
Festival, de Simon Tygel (tradução)
História de uma escada, de Antonio Buero Vallejo (tradução)
A importância de ser prudente, de Oscar Wilde (tradução)
Orfeu, de Jean Cocteau (tradução)
Lembranças de Berta, de Tennesse Williams (tradução)
Eurídice, de Jean Anouilh (tradução)
1967
Meus versos mais queridos
1968
Os sonetos de Guilherme de Almeida
S.D.
A formiguinha viajeira, de Constancio C. Virgil (tradução)

PUBLICAÇÕES PÓSTUMAS

1990
Castro Alves: O artista (ensaio)
Poemas paulistas de Guilherme de Almeida
1993
Os melhores poemas de Guilherme de Almeida
1996
Haicais completos
1997
Antígone de Sófocles, em Três Tragédias gregas (tradução)
2003
O pião (infantil, a partir de poema extraído de Encantamento)
2004
Pela cidade, seguido de Meu roteiro sentimental da cidade de S. Paulo
2006
Tênis (infantil, a partir de poema extraído de Encantamento)
2010
Margem (poesia)
A poesia d'Os sertões (ensaio), em Poética de Os sertões
2016
Cinematographos de Guilherme de Almeida: antologia da crítica cinematográfica

ALGUMAS FOTOS DE GUILHERME DE ALMEIDA
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado
Guilherme e Baby - Acervo: Unicamp - Site: www.centrodememoria.unicamp.br
Baby, Guilherme e o filho Guy, em 1938.

Ex-Libreis de Guilherme de Almeida - In:  Meus Versos Mais Queridos.  Tecnoprint-RJ.sd. p. 11 - Restaurado pelo proceso digital
Guilherme de Almeida, por Ferrignac - In:  Meus Versos Mais Queridos.  Tecnoprint-RJ.sd. p. 28 - Restaurado pelo proceso digital 
Guilherme de Almeida por Lasar Segall - Acervo: Casa Guilherme de Almeida
 
Baby, por Lasar Segall, 1927 - In: Catálogo da exposição Segal Realista, p. 93


Caricatura de Guilherme de Almeida, publicada no "D. Quixote, RJ.
 FOTOS DE CAPAS DE ALGUNS LIVROS DE GUILHERME DE ALMEIDA
DO ACERVO RETALHOS DO MODERNIMO

















 

Esta foto é do site da Casa Guilherme de Almeida
 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NA PESQUISA

- Alambert, Francisco. A Semana de 22: A Aventura Modernista no Brasil. Editora Scipione, São Paulo, 2ª ed., 1994;
- Almeida, Guilherme de. Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso). Typ. da Casa Garraux, São Paulo, sd.;
- __________. Meus Versos mais Queridos. Tecnoprint Grafica S.A. Editora, RJ, sd;
- __________. Cartas do Meu Amor. Livraria Martins Editora, São Paulo, Exemplar nº 598, 1941;
- __________. Carta a Minha Noiva. Cia. Editora Nacional, São Paulo, 2ª ed., 1932;
- __________. Tempo. Prefacio de Jamil Almansur Haddad. Editora Flama Ltda. São Paulo, 1944;
- __________. Raça. Livraria José Olympio Editora, RJ, 2ª ed. 1972;
- __________. Guilherme de Almeida. Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Série Literatura Comentada. Editora Abril Educação, São Paulo, 1982;
- __________. Os Melhores Poemas de Guilherme de Almeida. Seleção de Carlos Vogt. Global Editora, São Paulo, 2ª ed., 2001;
- __________. Pela Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Martins Fontes, São Paulo, 1ª ed., 2004;
- __________. Margem: poesia. Apresentação de Marcelo Tápia. Annalumbre Editora, São Paulo, 1ª ed., 2010;
- Amaral, Aracy A. (Org. intr. e notas). Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral II. Edusp & IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001 (Coleção Correspondência Mário de Andrade, 2);
- Amaral, Brenno Ferraz do. A Literatura em São Paulo em 1922. Conselho Estadual de Cultura, da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo. Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1ª ed., 1973;
- Andrade, Mário de. Taxi e Crônicas no Diário Nacional. Org. intr. e notas de Telê Porto Ancona Lopes. Livraria Duas Cidades & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo, 1976;
- __________. Cartas a Anita Malfatti (1921-1939). Org. Marta Rossetti Batista. Editora Forense Universitária Ltda., RJ. 1ª ed., 1989;
- __________. Poesias Completas. Obras Completas de Mário de Andrade. Livraria Martins Editora S.A., São Paulo, 1955;
- Bandeira, Manuel. Andorinha, Andorinha. Editora José Olympio, RJ, 2ª ed. 1986;
- __________. Estrela da vida inteira. Editora Record, RJ/SP, sd;
- Batista, Marta Rossetti & Lopez, Telê Porto Ancona & Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/19 – Documentação. IEB, São Paulo, 1972
- Bomfim, Paulo. Revista Cult, São Paulo, ano 6, n. 15, 2006;
- Bosi, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira - Editora Cultrix, São Paulo, 1992;
- Brito, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro – Antecedentes da Sema de Arte Moderna. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 5ª ed., 1978;
- __________. Poetas Paulistas da Semana de Arte Moderna. Editora Martins & Conselho Estadual de Cultura, São Paulo, 1972;
- __________. Poesia do Modernismo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2ª ed., 1968;
- Candido, Antonio & Castello, Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira – Modernismo. Difel, São Paulo/Rio de Janeiro, 7ª ed., 1979;
- Castello, José Aderaldo. Antologia do Ensaio Literário Paulista – Vol. III. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1ª ed., 1960;
- __________. A Literatura Brasileira – Origens e Unidade (1500-1960). EDUSP, São Paulo, V. II, 2004;
- Castro, Débora Novaes de. In: Hai-Kais ao Sol. Livro Arte, São Paulo, 1995 – pp. 7 a 12;
- Coutinho, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. Ed. Distribuidora de Livros Escolares, Rio de Janeiro, 7ª ed. 1972;
- Duarte, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. Prefácio de Antônio Cândido. Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo, 2ª ed., 1977;
- Faraco, Carlos Emílio & Moura, Francisco Marto. Língua e Literatura. Editora Ática, SP., 5º Ed., 1998;
- Fausto, Boris. História do Brasil. EDUSP, São Paulo, 14ª ed., 2013;
- Góes, Fernando. Panorama da Poesia Brasileira. Vol. V – O Pré-Modernismo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1960;
- Haddad, Jamil Almansur. Introdução do livro: Tempo, de Guilherme de Almeida. Editora Flama, São Paulo, 1944, 1ª ed.).
- Irich, Alice. Guilherme de Almeida e a construção da identidade paulista. Dissertação Pós-graduação em Literatura Brasileira do Dep. de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2007
- Lafetá, João Luiz. 1930: A Crítica e o Modernismo. Duas Cidades, São Paulo, 1974;
- Martins, Wilson. A Literatura Brasileira – Vol. VI, O Modernismo (1916-1945). Editora Cultrix, São Paulo, 1ª ed., 1965;
- Milliet, Sérgio. In: Terra Roxa, São Paulo, ano I, n.º 1, 20-1-1926;
- __________. Panorama da Moderna Poesia Brasileira. Departamento da Imprensa Nacional – Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro. 1ª ed., 1952;
- __________. Diário Crítico de Sérgio Milliet – 1951. Introdução de Antônio Cândido. Martins Editora & USP, São Paulo, 2ª ed. Vol. VIII, 1982;
- Moisés, Massaud. História da Literatura Brasileira. Vol. V – Modernismo (1922 – Atualidade). Editora Cultrix & Edusp, 2ª ed., São Paulo, 1985;
- Moraes, Marcos Antonio de. (Org. Intr. e notas). Correspondência Mário de Andrade e Manuel Bandeira. Edusp & IEB, São Paulo, 2ª ed., 2001 (Coleção Correspondência de Mário de Andrade, 1);
- neto, Prudente de Moraes. Guilherme de Almeida – A Frauta que eu perdi. Annuario do Brasil – Rio, 1924. Da Revista Estética. Livraria Odeon, Rio de Janeiro, Vol. 1: p. 94, setembro 1924;
- Novaes, Israel Dias & Peixoto, Silveira. (Organizadores). Poemas Paulistas de Guilherme de Almeida. Edição dos Autores, São Paulo, 1990;
- Ricardo, Cassiano. Poesias Completas. Livraria José Olympio Editora, RJ., 1957;
- Ribeiro, José Antonio P. Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983;
- Segall, Lasar. Projeto Cultural Artistas do Mercosul. Textos de Vera d’Horta. Produção e editoração do Grupo Velox. Buenos Aires, Argentina, 1999;
- Stegagno-Picchio, Luciana. História da literatura brasileira. Editora Nova Aguilar. RJ. 1997.
(*) Demais fontes mencionadas no bojo da Síntese Biográfica.
NOTA: A maioria das informações dos Adendos Brasil e Geral foram retirados do livro História do Brasil, de Boris Fausto, Ed. EDUSP, São Paulo, 2013.

CATÁLOGOS E PERIÓDICOS:

- A Gazeta. In: Vamos Vestir São Paulo. Maria Thereza Cavalheiro. Edição de 28/9/1959;
- ________. In: Heraldica – Ciência do Passado que constrói o presente. Maria Thereza Cavalheiro. Edição de 24/1/1962;
- ________. In: Homenagem a Guilherme de Almeida. Maria Thereza Cavalheiro e Maria Sílvia Montenegro. Notas Sociais, Edição de 25/1/1962;
- Batista, Marta Rossetti. In: Anita Malfatti no tempo e no espaço. Catálogo da obra e documentação. Editora 34 & Edusp, São Paulo, 1ª ed. – 2006;
- Catálogo da exposição Segall Realista, realização do Museu Lasar Segall & SESI, São Paulo, curadoria de Tadeu Chiarelli, 2008;
- D.O. Leitura. In: Guilherme de Almeida: o Poeta de São Paulo. Maria Thereza Cavalheiro. Jornal da Imprensa Oficial do Estado, São Paulo. Edições 88, 89 e 90, de 8/11, 8/10 e 9/11/1989;
- Paulistania. Órgão Oficial do Clube Paulistano, São Paulo, nº 77, Ago./72-Nov./73;
- Suplemento “mais!” – Folha de S. Paulo. In: Condenados à liberdade, de Antonio Medina Rodrigues. Edição de 23/11/1997, p. 13.

OUTRAS FONTES PESQUISADAS:


- www.casaguilhermedealmeida.org.br – último acesso: 2016;
- www.poiesis.org.br – último acesso: 2016;
- www.academia.org.br – último acesso: 2016;
- www.academiapaulistadeletras.org.br – último acesso: 2016;
- www.ieb.usp.br – último acesso: 2016;
- www.museusegal.org.br – último acesso: 2016;
- www.itaucultura.org.br – último acesso: 2016;
- http://www.infoescola.com/historia/revolta-da-chibata/ - Santana Mirian, Ilza. Acesso em junho/2016;
- http://www.kplus.com.br – Gigliotti, Alcy. Palestra proferida por ocasião da Semana Guilherme de Almeida, no Centro de Ciências, Letras e Artes, Campinas (SP). Fonte: Acesso em 2012;
- http://www.scielo.br/pdf/ts/v16n1/v16n1a10.pdf - Micelli, Sergio. Experiência social e imaginário literário nos livros de estreia dos modernistas em São Paulo. Acesso em 2014/16.
- www.jornalrol.com.br - Acesso em 2016;
- www.jornalrol.com.br - Acesso em 2016;
- www.centrodememoria.unicamp.br - Acesso em 2016;
- http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br – Acesso desde 2012. 


Vejam também no Blog Retalhos do Modernismo:

ÚLTIMA REVISÃO: Por Luiz de Almeida, em 28 de julho de 2016.