NO MUSEU BRASILEIRO DA ESCULTURA
PERÍODO: 11 DE MAIO A 25 DE JULHO
O tema da mulher na arte de Victor Brecheret (1894-1955) ocupa uma posição importante e privilegiada. Com efeito, a figura feminina está presente na maior parte da sua extensa produção, que percorre quase quatro décadas.
A mulher na arte de Brecheret provém da manifestação de arquétipos, na condição definida por C. G. Jung (1875-1961) como modelos do feminino inatos, que servem de matrizes para diferentes desenvolvimentos sensíveis e formais; como fontes últimas dos padrões emocionais de nossos pensamentos, sentimentos, instintos e comportamentos. É um tema recorrente, que vai e volta na trajetória do artista travestido de diferentes formas, materiais e atmosferas emocionais.
A exposição Brecheret – Mulheres de Corpo e Alma quer apresentar o eterno feminino do artista, a sua arte relacionada à anima, o feminino que habita em todo homem e, portanto, no artista escultor, emergindo na sua psique, seus humores, sentimentos, intuições, receptividade ao não racional, à capacidade de amar, à sensibilidade à natureza. Não foi por acaso que Jung, em 1920, definiu a arte como “a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida”.
É importante ressaltar a linhagem escultórica de Brecheret, diferentemente dos escultores que desbastam a pedra no processo de talha direta para a realização de sua obra, como Michelangelo (1475-1564), que preconizava e definia como sendo a verdadeira escultura. Brecheret foi, acima de tudo, um escultor que agregava massa para modelar formas, um incansável modelador da greda, o barro úmido que, habilidosamente, constituía suas esculturas. Há um sentido fortemente feminino, o trabalhar com o barro, com a terra, símbolo direto da grande Mãe, que dá origem às criaturas. Ao mesmo tempo, Brecheret chamava suas esculturas como “suas filhas”, sentindo-se um taumaturgo, um pai criador de suas obras. Preferindo essa criação direta com o barro, Brecheret preocupava-se em dar uma tonalidade quente e singular a suas amadas terracotas e “filhas”. Com cuidado, as banhava com leitelho – soro de leite. Esse líquido esbranquiçado dava um brilho especial às terracotas, clareando as tonalidades, ao mesmo tempo em que os pequenos coágulos brancos se inseriam nas reentrâncias da peça, agregando maior luminosidade. É uma marca diferencial de suas terracotas.
Tanto nas pequenas como nas grandes peças são predominantes os nus femininos, que são gerados pela modelagem da terra, argila úmida, material essencial na obra de Brecheret. A relação é direta com o simbolismo feminino da Terra, como grande Mãe, a deusa Gaia, Geia ou Gê, elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora ilimitada.
Para melhor compreender a arte da escultura do mestre Brecheret, deve-se refletir sobre a verdadeira natureza da escultura. Bem diferente da bidimensionalidade da pintura, a escultura é já tridimensional, a sua função torna-se efetiva em termos de sensação de forma, de movimento para fora, de espaços abertos e fechados. A obra penetra espaços circundantes e compartilha os do próprio observador. Toda escultura estabelece um diálogo entre corpos extremamente forte; entre ela e quem a observa.
A obra escultórica oferece uma oportunidade de contemplação, bem como de prazer sensível por sua presença física, no mesmo espaço do corpo físico do público. Por sua natureza, portanto, é uma arte que apela à sensibilidade e à sensualidade, porque desenvolve imediatos estímulos visuais em relação à forma, ao corpo, à textura, ao movimento no espaço. Usualmente, o caminhar em torno da obra cria novas sensações visuais, emocionais e sensíveis da forma, luz-cor e contemplação do significado. Essa volta em torno da obra gera experiências significativas, em que novas perspectivas aparecem ou a iluminação que escorre sobre os volumes se modifica, e alguma das formas encontra eco em nosso imaginário pessoal. Enfim, a escultura acaba por fascinar com esse jogo sensório de nuances estéticas e psicológicas.
A exposição Brecheret – Mulheres de Corpo e Alma quer apresentar o eterno feminino do artista, a sua arte relacionada à anima, o feminino que habita em todo homem e, portanto, no artista escultor, emergindo na sua psique, seus humores, sentimentos, intuições, receptividade ao não racional, à capacidade de amar, à sensibilidade à natureza. Não foi por acaso que Jung, em 1920, definiu a arte como “a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida”.
É importante ressaltar a linhagem escultórica de Brecheret, diferentemente dos escultores que desbastam a pedra no processo de talha direta para a realização de sua obra, como Michelangelo (1475-1564), que preconizava e definia como sendo a verdadeira escultura. Brecheret foi, acima de tudo, um escultor que agregava massa para modelar formas, um incansável modelador da greda, o barro úmido que, habilidosamente, constituía suas esculturas. Há um sentido fortemente feminino, o trabalhar com o barro, com a terra, símbolo direto da grande Mãe, que dá origem às criaturas. Ao mesmo tempo, Brecheret chamava suas esculturas como “suas filhas”, sentindo-se um taumaturgo, um pai criador de suas obras. Preferindo essa criação direta com o barro, Brecheret preocupava-se em dar uma tonalidade quente e singular a suas amadas terracotas e “filhas”. Com cuidado, as banhava com leitelho – soro de leite. Esse líquido esbranquiçado dava um brilho especial às terracotas, clareando as tonalidades, ao mesmo tempo em que os pequenos coágulos brancos se inseriam nas reentrâncias da peça, agregando maior luminosidade. É uma marca diferencial de suas terracotas.
Tanto nas pequenas como nas grandes peças são predominantes os nus femininos, que são gerados pela modelagem da terra, argila úmida, material essencial na obra de Brecheret. A relação é direta com o simbolismo feminino da Terra, como grande Mãe, a deusa Gaia, Geia ou Gê, elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora ilimitada.
Para melhor compreender a arte da escultura do mestre Brecheret, deve-se refletir sobre a verdadeira natureza da escultura. Bem diferente da bidimensionalidade da pintura, a escultura é já tridimensional, a sua função torna-se efetiva em termos de sensação de forma, de movimento para fora, de espaços abertos e fechados. A obra penetra espaços circundantes e compartilha os do próprio observador. Toda escultura estabelece um diálogo entre corpos extremamente forte; entre ela e quem a observa.
A obra escultórica oferece uma oportunidade de contemplação, bem como de prazer sensível por sua presença física, no mesmo espaço do corpo físico do público. Por sua natureza, portanto, é uma arte que apela à sensibilidade e à sensualidade, porque desenvolve imediatos estímulos visuais em relação à forma, ao corpo, à textura, ao movimento no espaço. Usualmente, o caminhar em torno da obra cria novas sensações visuais, emocionais e sensíveis da forma, luz-cor e contemplação do significado. Essa volta em torno da obra gera experiências significativas, em que novas perspectivas aparecem ou a iluminação que escorre sobre os volumes se modifica, e alguma das formas encontra eco em nosso imaginário pessoal. Enfim, a escultura acaba por fascinar com esse jogo sensório de nuances estéticas e psicológicas.
Curadoria: Daisy Peccinini
Museu Brasileiro da Escultura
Avenida Europa, 218 - São Paulo – Brasil.
De terça a domingo das 10:00 as 19:00 hr.
TELEFONE: 11 2594-2601
Avenida Europa, 218 - São Paulo – Brasil.
De terça a domingo das 10:00 as 19:00 hr.
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FONTE: SITE DO MuBE
Olá, Luiz!
ResponderExcluirMuito interessante o post.Muito rico em informações e detalhes acerca da arte de esculpir.
Gosto de tudo relacionado às Artes e, a escultura - assim como a pintura - também me fala de poesia.
Não sei mesmo onde possa não haver poesia...
Aproveito para parabenizá-lo pelo
"CERTIFICADO TOPBLOG NA ÁREA "CULTURA"".
Muito justo e merecido!
Um abraço da amiga,
Taninha
Taninha:
ResponderExcluirAgradeço muitíssimo pela Tua postagem e pela parabenização.
Quanto ao texto postado sobre a exposição do Brecheret, o fiz pelo fato de achar que aqui no Estado de São Paulo, Brecheret não é reconhecido e valorizado como merece e por toda sua obra que deixou espalhada na Capital. É sempe assim.
Vou ficar na torcida para que essa exposição perambule e Você possa visitá-la aí no Rio.
Abraço terno e fraterno - e:
"ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!"
Luiz