De tudo que foi escrito e estudado sobre a obra de Anita Catarina Malfatti (1896-1964), uma observação, mais correto seria dizer “uma assertiva”, o fato da pintora paulistana nascida no dia 2 de dezembro, ser considerada não só a precursora do movimento modernista no Brasil, mas aquela que realmente gerou, traduziu e tornou realidade nas telas o sonho de todos os modernistas, ou seja: “traduziu as cores do Brasil”.
Os estudiosos da Anitoca do Mário (apesar da dificuldade em encontrar tratados contundentes sobre as técnicas utilizadas pela artista e até mesmo ter acesso ao considerável acervo das obras, pois boa parte encontra-se ainda penduradas em paredes residenciais e sob o domínio dos poucos parentes que herdaram o acervo), não desprezam a afirmativa contundente de Aracy Amaral, págs. 173/174 – Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora 34 – 5ª Edição revista e ampliada, feita sobre a obra de Anita Malfatti, apesar de estar fazendo referências aos anos de 1917 e 1922, vale transportar essas afirmativas para os dias de hoje:
Os estudiosos da Anitoca do Mário (apesar da dificuldade em encontrar tratados contundentes sobre as técnicas utilizadas pela artista e até mesmo ter acesso ao considerável acervo das obras, pois boa parte encontra-se ainda penduradas em paredes residenciais e sob o domínio dos poucos parentes que herdaram o acervo), não desprezam a afirmativa contundente de Aracy Amaral, págs. 173/174 – Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora 34 – 5ª Edição revista e ampliada, feita sobre a obra de Anita Malfatti, apesar de estar fazendo referências aos anos de 1917 e 1922, vale transportar essas afirmativas para os dias de hoje:
“O que abalaria o público da Semana nas obras desta pintora seriam, contudo, as mesmas características que estremeceram o ambiente de 1917 nas suas pinturas ‘mais Anita`: a cor descompromissada, o traço-pincelada gestual, o entrosamento do segundo com o primeiro plano numa valorização igualitária de ambos, os diversos planos da figura simplificados conferindo um máximo vigor em sua grafia, a dramaticidade de seu estilo numa exaltação emocional nunca antes vista entre nós e que fazem de telas como O farol e A boba, exemplares, sem dúvida, da melhor pintura até hoje já realizada no Brasil”.
Essa afirmativa, tranquilamente ainda patente nos dias atuais, Anita adquiriu quando ainda aluna dos mestres expressionistas alemães (1911-1917), movimento esse surgido exatamente no início do Século XX, juntamente com o Fovismo, o Cubismo e o Abstracionismo. O Expressionismo alemão caracterizou-se principalmente pelo estilo dinâmico de deformação das imagens. Anita vibrou com as telas alemãs. Foi em busca de aprendizado. Apesar do primeiro mestre de Anita ter sido o retratista Fritz Burger, um dominador da técnica impressionista, sendo que foi ele que a ensinou analisar as cores e fazer experiências com elas, Anita teve outro grande mestre, Lovis Corinth, que o chamou de o “homem de todas a cores”, e foi ele que fez de Anita Malfatti a artista Anita Malfatti que conhecemos. Angela Braga-Torres no seu livro Anita Malfatti – Editora Moderna, 1ª Edição, deixa bem claro que foi nessa fase que Anita começou a pintar o que mais gostava: a figura humana, retratando-a com movimentos vigorosos, passos firmes, em pose audaciosa, ora assombrosa, ora temerosa. Mas, quem ensinou mesmo os segredos da técnica expressionista para Anita foi Ernst Bischoff Kulm, em 1913.
Anita, em janeiro de 1915, parte para Nova York. Nos Estados Unidos, Anita voltou a pintar suas telas com vigor e com movimentos fortes e não se preocupando com a verossimilhança das figuras humanas. Quem ofereceu a Anita essa liberdade foi o pintor e filósofo Homer Boss. Ele orientou Anita para que retomasse sua arte e expressasse o movimento, a força, o vigor do ser humano. Foi aí que Anita começou a definir seu estilo, apesar que o mais apropriado seria dizer: foi aí que Anita começou a sua aproximação do expressionismo.
As contrariedades encontradas pela artista quando do seu retorno ao Brasil, tanto por parte da família como também dos críticos de arte da burguesia paulistana, fizeram com que Anita escondesse suas obras com cores fortes, figuras com distorções e pinceladas matizadas, passando a pintar temas regionais, retratos, paisagens contendo luz, sombra e volume, distanciando assim do estilo expressionista e adentrando-se no estilo mais realista. Depois da crítica de Monteiro Lobato, em 20 de dezembro de 1917, “A propósito da exposição de Malfatti” (diga-se aqui que Lobato escreveu essa crítica orientado por Nestor Rangel Pestana que havia tido alguma desavença com os Malfattis), Anita isolou-se. Voltou estudar em 1919. Frequentou aulas no ateliê do artista Pedro Alexandrino, onde conheceu Tarsila do Amaral.
Com o passar do tempo Anita foi “suavizando” suas cores, mas nunca deixou suas pinceladas tomarem rumos do classicismo. Nos anos finais da sua vida, Anita, no auto-exílio na chácara em Diadema, elaborou suas obras consideradas as mais ingênuas. Para entender bem o que se passou com Anita Malfatti, temos que mergulhar nos estudos e nas teorias daquela que foi (faleceu no primeiro semestre de 2007), uma das maiores especialistas na matéria "Malfatti": Marta Rossetti Batista. Historiadora de arte, membro da Diretoria do IEB, autora de vários livros sobre a pintora Anita Malfatti, dentre eles o mais significativo, editado em 1985, cujo título é: “Anita Malfatti no Tempo e no Espaço”.
Anita, em janeiro de 1915, parte para Nova York. Nos Estados Unidos, Anita voltou a pintar suas telas com vigor e com movimentos fortes e não se preocupando com a verossimilhança das figuras humanas. Quem ofereceu a Anita essa liberdade foi o pintor e filósofo Homer Boss. Ele orientou Anita para que retomasse sua arte e expressasse o movimento, a força, o vigor do ser humano. Foi aí que Anita começou a definir seu estilo, apesar que o mais apropriado seria dizer: foi aí que Anita começou a sua aproximação do expressionismo.
As contrariedades encontradas pela artista quando do seu retorno ao Brasil, tanto por parte da família como também dos críticos de arte da burguesia paulistana, fizeram com que Anita escondesse suas obras com cores fortes, figuras com distorções e pinceladas matizadas, passando a pintar temas regionais, retratos, paisagens contendo luz, sombra e volume, distanciando assim do estilo expressionista e adentrando-se no estilo mais realista. Depois da crítica de Monteiro Lobato, em 20 de dezembro de 1917, “A propósito da exposição de Malfatti” (diga-se aqui que Lobato escreveu essa crítica orientado por Nestor Rangel Pestana que havia tido alguma desavença com os Malfattis), Anita isolou-se. Voltou estudar em 1919. Frequentou aulas no ateliê do artista Pedro Alexandrino, onde conheceu Tarsila do Amaral.
Com o passar do tempo Anita foi “suavizando” suas cores, mas nunca deixou suas pinceladas tomarem rumos do classicismo. Nos anos finais da sua vida, Anita, no auto-exílio na chácara em Diadema, elaborou suas obras consideradas as mais ingênuas. Para entender bem o que se passou com Anita Malfatti, temos que mergulhar nos estudos e nas teorias daquela que foi (faleceu no primeiro semestre de 2007), uma das maiores especialistas na matéria "Malfatti": Marta Rossetti Batista. Historiadora de arte, membro da Diretoria do IEB, autora de vários livros sobre a pintora Anita Malfatti, dentre eles o mais significativo, editado em 1985, cujo título é: “Anita Malfatti no Tempo e no Espaço”.
Matéria importante de Angélica Moraes, publicada quando da Retrospectiva Anita Malfatti e seu Tempo, realizada no MAM, com o patrocínio da Petrobrás, mostra exatamente como Marta Rossetti analisou Anita Malfatti:
(...).
“A revolucionária que chocou São Paulo no final da primeira década do século com seus vigorosos quadros expressionistas da estirpe de O Homem Amarelo e A Onda não parece ser a mesma que pintou, entre os anos 40 e 50, o simplório Bailinho. Neste, sequer se reconhece a sólida colorista influenciada pelo fauvismo: as cores, baixas e terrosas, são empastadas e medíocres. Hoje, o que choca em Malfatti é a figuração canhestra de Bailinho quando se sabe que ela foi uma das discípulas mais aplicadas de Homer Boss na Independent School of Art (Nova York, entre 1915 e 1916). A musculatura tensa e vigorosa dos nus que traçava a carvão naquela época cedem lugar a uma figura central masculina que pouco difere de um espantalho recheado de palha”.
“A revolucionária que chocou São Paulo no final da primeira década do século com seus vigorosos quadros expressionistas da estirpe de O Homem Amarelo e A Onda não parece ser a mesma que pintou, entre os anos 40 e 50, o simplório Bailinho. Neste, sequer se reconhece a sólida colorista influenciada pelo fauvismo: as cores, baixas e terrosas, são empastadas e medíocres. Hoje, o que choca em Malfatti é a figuração canhestra de Bailinho quando se sabe que ela foi uma das discípulas mais aplicadas de Homer Boss na Independent School of Art (Nova York, entre 1915 e 1916). A musculatura tensa e vigorosa dos nus que traçava a carvão naquela época cedem lugar a uma figura central masculina que pouco difere de um espantalho recheado de palha”.
Marta Rossetti, nas entrelinhas disse, nada mais nada menos que:
“Anita, na última fase da vida de pintora, talvez por receio de não conseguir sobreviver numa sociedade que havia rejeitado seu estilo, desistiu das pinceladas vigorosas, da mistura de cores diretamente sobre a tela, dos perfis musculosos, das cores fortes e carregadas de violência, como tinha aprendido com o fauvismo e com o expressionismo”.
“Anita Malfatti, simplesmente escondeu no ateliê da sua mente criadora, a revelação da cor, que um dia, na Alemanha, certo artista lhe apresentou. Anita mudou seu estilo, o mesmo que a revelou nos meados dos anos 1915/16, e que sacudiu os críticos paulistanos em 1917, parindo assim o sonho dos modernistas Mário e Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Menotti Del Picchia, Guilherme e Tácito de Almeida, Ronald de Carvalho, Paulo Duarte e outros. O resultado final desse parto foi que esses modernistas viram seus sonhos tornarem realidade nacional com a realidade com a realização da Semana de Arte Moderna de 22”.
Seria o mencionado acima, tanto nas declarações de Marta Rossetti, quanto na minha humilde dedução, teorias simplistas, caso não conhecêssemos esta declaração de Anita:
"Um belo dia, fui com uma colega ver uma grande exposição de pintura moderna. (“uma colega” – provavelmente uma das irmãs Shalders que foram para Berlim com Anita, em 1910). Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tinta e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista (com certeza esse artista era Lowis Corinth, que tornaria professor de Anita) não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta.
Pensei, o artista está certo, a luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz.
Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores".(Almeida, Paulo Mendes de – in De Anita ao Museu – Editora Perspectiva – Coleção Debates, 1976 – Pág. 14).
Anita nasceu para as cores. Sua mãe, Eleonora Elisabeth Krug, foi pintora. Mesmo Anita tendo a necessidade de intervenção cirúrgica em seu braço direito, isso aos 3 anos, devido a um defeito congênito, seu braço não ficou perfeito, esse problema não a impediu de levar uma vida alegre e saudável. Ela herdou de sua família o interesse pela arte e pelas cores, basta saber que aos 13 anos iniciou estudos de pintura. Sua obra, O Burrinho – óleo sobre tela, 1909 – com apenas 10 anos, obra essa que hoje faz parte do acervo de Doris M. Malfatti, percebe-se que a garotinha Anita já possuía uma tendência para o uso de cores fortes. Anita foi professora de pintura. Na Alemanha, estudou pintura exaustivamente. Então, sem muito esforço, deduz-se que ela conhecia e dominava toda a composição teórica sobre “cores”, desde a dispersão de luz, o espectro solar, a cor de um corpo, as cores da natureza, as cores primárias ou fundamentais, as cores binárias ou secundárias, as complementares, as cores terciárias e as neutras, as teorias do tom, da gama e da nuança, quais eram as cores denominadas quentes e frias, a harmonia das cores, etc, etc., ou seja, conhecia as teorias do físico inglês Newton, e seu famoso disco com as sete cores do espectro solar.
Deixando a técnica básica e original da teoria das cores, Anita estudo e conheceu as tendências estéticas e as técnicas das diversas “correntes” artísticas europeias, tais como o Fovismo ou Fauvismo, o Cubismo e o Expressionismo – correntes ou “movimentos” esses que a cativaram.
Para entendermos o estilo da arte de Malfatti, precisamos dissertar os conceitos básicos de cada uma das correntes que a influenciaram, independente, neste momento, pensarmos em qual fase da pintora cada uma dessas correntes foi mais evidente.
FAUVISMO OU FOVISMO:- é uma corrente artística do início do século XIX, que se situa entre 1901 e 1906, associada à pintura caracterizada pela busca da máxima expressão pictórica. O nome desta corrente deve-se a Louis Vauxcelles que apelidou os artistas numa exposição, em 1905, em Paris, no Salão de Outono, como “age aux fauves” (jaula de feras, em português), pois havia ali a estátua convencional de um menino rodeada de pinturas neste novo estilo, o que o levou a dizer que aquilo lhe lembrava um Donattelo entre as feras. Este título inicialmente com o caráter depreciativo manteve-se. Gauguin, Van Gogh, Georges Braque, Andre Derain, Henry Matisse e Cézanne foram os seus principais intervenientes.
Os princípios deste movimento artístico eram:
· Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos; · Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias; · A cor pura deve ser exaltada; · As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.
Pensei, o artista está certo, a luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz.
Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores".(Almeida, Paulo Mendes de – in De Anita ao Museu – Editora Perspectiva – Coleção Debates, 1976 – Pág. 14).
AS CORRENTES ARTÍSTICAS COMPARTILHADAS POR MALFATTI
Anita nasceu para as cores. Sua mãe, Eleonora Elisabeth Krug, foi pintora. Mesmo Anita tendo a necessidade de intervenção cirúrgica em seu braço direito, isso aos 3 anos, devido a um defeito congênito, seu braço não ficou perfeito, esse problema não a impediu de levar uma vida alegre e saudável. Ela herdou de sua família o interesse pela arte e pelas cores, basta saber que aos 13 anos iniciou estudos de pintura. Sua obra, O Burrinho – óleo sobre tela, 1909 – com apenas 10 anos, obra essa que hoje faz parte do acervo de Doris M. Malfatti, percebe-se que a garotinha Anita já possuía uma tendência para o uso de cores fortes. Anita foi professora de pintura. Na Alemanha, estudou pintura exaustivamente. Então, sem muito esforço, deduz-se que ela conhecia e dominava toda a composição teórica sobre “cores”, desde a dispersão de luz, o espectro solar, a cor de um corpo, as cores da natureza, as cores primárias ou fundamentais, as cores binárias ou secundárias, as complementares, as cores terciárias e as neutras, as teorias do tom, da gama e da nuança, quais eram as cores denominadas quentes e frias, a harmonia das cores, etc, etc., ou seja, conhecia as teorias do físico inglês Newton, e seu famoso disco com as sete cores do espectro solar.
Deixando a técnica básica e original da teoria das cores, Anita estudo e conheceu as tendências estéticas e as técnicas das diversas “correntes” artísticas europeias, tais como o Fovismo ou Fauvismo, o Cubismo e o Expressionismo – correntes ou “movimentos” esses que a cativaram.
Para entendermos o estilo da arte de Malfatti, precisamos dissertar os conceitos básicos de cada uma das correntes que a influenciaram, independente, neste momento, pensarmos em qual fase da pintora cada uma dessas correntes foi mais evidente.
FAUVISMO OU FOVISMO:- é uma corrente artística do início do século XIX, que se situa entre 1901 e 1906, associada à pintura caracterizada pela busca da máxima expressão pictórica. O nome desta corrente deve-se a Louis Vauxcelles que apelidou os artistas numa exposição, em 1905, em Paris, no Salão de Outono, como “age aux fauves” (jaula de feras, em português), pois havia ali a estátua convencional de um menino rodeada de pinturas neste novo estilo, o que o levou a dizer que aquilo lhe lembrava um Donattelo entre as feras. Este título inicialmente com o caráter depreciativo manteve-se. Gauguin, Van Gogh, Georges Braque, Andre Derain, Henry Matisse e Cézanne foram os seus principais intervenientes.
Os princípios deste movimento artístico eram:
· Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos; · Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias; · A cor pura deve ser exaltada; · As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.
A pintura tinha como características:
· Pincelada violenta, espontânea e definitiva; · Ausência de ar livre; · Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à realidade; · Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas; · Pintura por manchas largas, formando grandes planos.
Podemos dizer que essa corrente, surgida na França, alem de primar pelo emprego das cores fortes e pela pureza das cores, seus adeptos, os artistas fauvistas ou fovistas, distinguiram-se também pela utilização de formas mais “vigorosas” e ao mesmo tempo “simplificadas”. O irrealismo da cor e as deformações bruscas das imagens, a negligência do volume e do contorno, colaboraram acintosamente para a definição estética de outras correntes, especialmente a cubista e a expressionista.
Apenas uma nota para elucidar:
- “Você nasceu para simplificar a pintura”, disse-lhe Gustave Moureau, professor de Matisse.
- “Condensação de emoções... constitui um quadro”, assim Matisse explicava sua técnica.
- “Você fala a língua das cores”, disse Renoir, já velho, a Matisse.
- “A cor não nos foi dada para imitar a natureza, mas para expressar nossas próprias emoções”, respondeu Matisse.
- “Quero incendiar a Escola de Belas Artes com meus vermelhos e azuis”, disse Maurice de Vlaminck (1876-1958), pintor francês, o mais autêntico dos fovistas, que adotaria mais tarde o expressionismo.
- “As cores chegaram a ser para nós cartuchos de dinamite”, disse André Derain (1880-1954), pintor francês, que rompeu com o fovismo, em 1908, adaptando-se na corrente cubista.
CUBISMO:- Surgiu oficialmente em 1908, mas nasceu realmente com George Braque e Pablo Picasso, com uma representação de corpo Humano, através de formas geométricas básicas. Utilizavam novamente a arte da simultaneidade. O cubismo foi realmente categorizado como uma “Revolução Estética”.
O objetivo dos cubistas foi reagir contra a pintura ilusionista e o desejo de criar uma arte concebida pela inteligência, reduzida a formas simples, fragmentada, despojando os objetos de sua realidade temporária (perspectiva, claro-escuro) e a adoção da simultaneidade de pontos de observação de um mesmo objeto no plano. O poeta e crítico de arte Apollinaire diz que o cubismo é uma arte de invenção.
Pode-se afirmar que Braque foi um ex-fauvista. Picasso, indubitavelmente, foi o maior expoente do cubismo. No cubismo a pintura vai desvencilhar-se dos vínculos que até então, subjugaram-na ao tema, para conquistar maior liberdade de expressão. A pintura cubista retrata a realidade sobrepondo os vários ângulos de perspectiva, dando o registro simultâneo das diversas faces do objeto. Utiliza-se, para isso, da transparência. Braque e Picasso mostram que o cubismo não tem nada de complicado e explicam: “a natureza representada em um quadro não é seu elemento mais importante – acima dela, fica o próprio quadro, ou seja, a representação”. O cubismo não teve sua representação presa somente na pintura. O Futurismo: manifesto literário lançado em 1909, na Itália, por F.T. Marinetti, foi uma derivação do cubismo.
O tratado das cores no cubismo não difere muito do fovismo, se levarmos em consideração que, no cubismo as cores fortes são utilizadas constantemente, só que sobrepostas; o traçado das imagens, apesar de ter uma linguagem geométrica, ele afronta pela deformação da imagem natural.
EXPRESSIONISMO:- Essa corrente é uma tendência estética ocorrida em diversos países do norte europeu, de 1890 a 1930 e não uma escola ou grupo. Os expressionistas acentuam a violência espontânea e revoltada da inspiração, valorizam temas dramáticos e obsessivos, o conflito e a angústia existencial, marcados pela cor exacerbada e pela deformação da figura. Os primeiros expressionistas são representados por Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Ensor, Munch e Hodler. O expressionismo, numa definição mais ampla, engloba todas as manifestações do espírito em revolta. Suas raízes já se formavam no fim do século, num desejo cada vez mais urgente de declarações gritantes para denunciar o desânimo e as loucuras da humanidade. Os expressionistas parecem concordes em sacrificar o desenho ao antidesenho, a composição à anticomposição, a cor à anticor, agridem quem olha, propõem o absurdo, invertem qualquer valor, gostam de tudo que é inverso e perverso.
O tratado das cores no expressionismo carrega todas as tendências das correntes que o antecederam. As pinceladas continuam carregadas de força e a tonalidade é agressiva. Quando a imagem central é suave, o fundo é de coloração violenta, carregada; as laterais ou áreas complementares da obra, pela intensidade da coloração matizada, chega a confundir o observador menos costumado com a leitura das artes plásticas, dando a ele a noção de ser a imagem principal.
O SISTEMA DE CORES DE ANITA MALFATTI
Não podemos teorizar as cores de uma pintura, independente do estilo, da corrente e do seguimento pertinente ao artista e suas obras. No entanto, toda obra, seja ela uma pintura ou uma escultura (vamos nos ater aqui somente nesses dois seguimentos das artes), é passível de determinação quanto ao estilo do artista, corrente pertinente à obra (àquela obra específica), tendências da época, seja tendência genérica, onde consideram-se: a situação mundial, do país do artista, do local onde o artista se encontra – e até mesmo a situação pessoal do artista, do momento que ele vive, independente da formação cultural desse artista - teoria essa defendida por vários estudiosos das artes plásticas. Mas, o objetivo deste tópico são as “cores” nas obras de Anita Malfatti.
Para uma leitura rápida e mais contundente quanto à performance de Anita, ficaremos com a primeira fase artística. Essa tendência creio ter sido por influência do resultado dos estudos feitos por Marta Rossetti. Para melhor entendimento, no decorrer da construção do BLOG, será adicionado um texto com o título: ANITA MALFATTI E A PINTURA MODERNA, de autoria de Contador Borges, que sintetiza objetivamente o nosso tema buscado. Após a leitura do exposto por Borges, recomenda-se que o leitor analise as obras de Anita e faça sua leitura.
NOTA IMPORTANTE:
1 - Marta Rossetti Batista, nos textos sobre Anita Malfatti, comete um equívoco ao afirmar que a artista havia estudado na ACADEMIA REAL DE BERLIM. Provavelmente Marta tenha feito confusão, pois teria que ter escrito ACADEMIA LEWIN FUNCKE e não ACADEMIA REAL.
BIBLIOGRAFIA:-- Amaral, Aracy A. – in Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora 34, 5º Edição, 1998;
- Almeida, Paulo Mendes de – in De Anita ao Museu – Editora Perspectiva – Col. Debates – Artes, 1976;
- Batista, Marta Rossetti. – in Anita Malfatti no Tempo e no Espaço – 1985 – fac símile;
- Civita, Victor. – in Gênios da Pintura – Editora Abril – Edição 1984 – Tomos Moderno I e II.
- Moraes, Angélica de. – in Retrospectiva revela altos e baixos da pioneira da primeira fase do modernismo. Matéria jornalística – sem data e sem identificação da fonte jornalística. .
- Torres, Angela Braga-. – in Anita Malfatti – Editora Moderna, 1ª Edição, 2002 – Mestres das Artes no Brasil;
(Luiz de Almeida – Estudo elaborado para apresentação na Oficina de Leitura das Artes Plásticas Modernistas da Exposição Retalhos do Modernismo).
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