GUILHERME
DE ALMEIDA
Foto ilustrativa de Guilherme de Almeida - Acervo da Casa Guilherme de Almeida - Site: www.casaguilhermedealmeida.org.br |
O mês de
julho, principalmente em São Paulo, é convencionado intitular: “Mês Guilherme de Almeida”, devido às datas de
nascimento (24/7/1890) e morte (11/7/1969), do Poeta paulista eleito “Príncipe
dos Poetas Brasileiros” em 1958, que nasceu em Campinas, mesma cidade do
compositor e maestro Carlos Gomes, que também nasceu no mês de julho, dia 11,
do ano de 1836.
O Blog Retalhos do
Modernismo, desde 2008, tem disponibilizado várias postagens sobre
Guilherme de Almeida, como podem ser acessadas nos links adicionados no final
desta postagem. Agora, posta a “Síntese Biográfica de Guilherme de Almeida”,
onde procurou detalhar fatos singulares da vida e da obra do Poeta.
Por ser
uma “Síntese Biográfica”, não contempla todos os dados da vida e da obra do
Poeta, pois seria impossível. Sendo assim, ficará sempre disponibilizada para
novas inserções que venham enriquecer e informar os interessados, estudantes,
pesquisadores e leitores desse Poeta que está no rol dos “Renomados Literatos”
do nosso País.
O Blog Retalhos do
Modernismo não poderia deixar de mencionar que a vida de Guilherme
de Almeida, em ricos detalhes, está disponível na Casa Guilherme de Almeida,
localizada na Rua Macapá, 187 – Perdizes, São Paulo.
O
“museu-casa Guilherme de Almeida” foi oficializado em março de 1979, na
residência onde o Poeta viveu desde 1946 até o ano de sua morte em 1969. Lá se
encontra o acervo de objetos pessoais que pertenceram ao Poeta, mobiliário, sua
biblioteca, fotografias, as cartas passivas e várias obras de arte de artistas
do Modernismo brasileiro. Atualmente a Casa Guilherme de Almeida é administrada
pela Organização Social e Cultural Poiesis,
e oferece ao público várias exposições, oficinas técnicas e saraus. O horário
de funcionamento é:
- De
terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Atividades culturais e educativas: de
terça a sexta-feira, das 19h às 21h, e aos finais de semana, das 10h às 19h.
Contatos: (11) 3673-1883 e 3803-8525. Visitem o site:
(Luiz de Almeida)
SÍNTESE
BIOGRÁFICA
NOTAS:
1 - Em letras azuis: a Síntese Biográfica com dados da vida e obra
de Guilherme de Almeida;
2 – Para facilitar a leitura o
nome Guilherme de Almeida foi digitado apenas como G.A.
na descrição biográfica, conservando o nome completo nos textos de terceiros;
3 – Nos Adendos “Cultural, Brasil
e Geral”, foram descritas informações históricas referentes ao ano indicado;
4 – As referências não
adicionadas no bojo do texto estão descritas na Bibliografia Utilizada para
Pesquisa e na Outras Fontes Pesquisadas, no final da postagem;
5 – O Blog Retalhos do Modernismo disponibiliza, em pdf, a
Síntese Biográfica com outros textos, bastando os interessados solicitarem
através do “Entre em Contato”, janela disponibilizada na página de rosto do
Blog, como também poderão utilizar dessa mesma janela para notificar o Blog
caso sejam encontrados dados incorretos no bojo da Síntese Biográfica e mesmo
sugerir dados inexistentes.
1890
–
24 de julho: nasce Guilherme de Andrade e Almeida, filho de Estevam de
Araújo Almeida (professor de Direito, júris consulto e filósofo) e Angelina de
Andrade Almeida, em Campinas (SP). Foi batizado na cidade de Limeira (SP), onde a família se encontrava fugida do surto de
febre amarela que se alastrava em Campinas;
Adendo Cultural: 11 de janeiro: nasce em São
Paulo Oswald de Andrade.
Adendo Brasil: Com a Proclamação da República
em 15/11/1889, o Brasil deixou de ser governado por um monarca para ser
governado por um presidente da República, pois nosso país passou a ser uma
República Federativa. Assim o primeiro presidente republicano foi o Marechal
Manuel Deodoro da Fonseca (1827-92), que governaria até 1891. 30 de maio: foi
entregue ao Governo o esboço da nova Constituição que, de 10 a 18 de junho
realizou minuciosa revisão, efetuada, em especial, por Rui Barbosa, melhorando
sua redação e modificando sua estrutura. 15 de setembro: realizaram-se as
eleições em todos os estados brasileiros. 15 de novembro: instalou-se a
Assembleia Constituinte, no Rio de Janeiro, no Paço da Boa Vista. A nova
Constituição seria promulgada no ano seguinte. Foi promulgado o Código Penal
Brasileiro, antes da Constituição. O governo, para incentivar a política de
imigração estrangeira, para substituir a mão-de-obra escrava, conseguiu a
entrada no país de aproximadamente 184 mil imigrantes, maioria se dirigindo ao
Estado de São Paulo.
1891
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Brasil: O Rio de Janeiro, com seus 522
mil habitantes, constituía o único grande centro urbano. 24 de fevereiro:
promulgada a primeira Constituição Republicana Brasileira, que estabeleceu os
três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, harmônicos e independentes
entre si. Após a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi
convocada Assembleia para elaboração de uma Constituição e realização das
eleições para Assembleia Constituinte. Em 25 de fevereiro aconteceu a primeira
eleição presidencial do Brasil e foi indireta, desobedecendo a Constituição
recém-formada. Foram candidatos à presidência: Marechal Deodoro da Fonseca,
Prudente de Morais (1841-1902), Marechal Floriano Peixoto (1839-95) e José
Higino Duarte Pereira (1847-1901). À vice-presidência se candidataram: o
Almirante Eduardo Wandenkolk (1839-1902) e Marechal Floriano Peixoto. Foi
eleito para presidente: Marechal Deodoro da Fonseca, com 129 votos contra 97,
atribuídos ao paulista Prudente de Morais. A vice-presidência ficou com
Marechal Floriano Peixoto. 3 de novembro: Deodoro fecha o Congresso, prometendo
para o futuro novas eleições e uma revisão na Constituição. 23 de novembro:
Deodoro renuncia. Com a renúncia, Floriano Peixoto assumiu a presidência e
governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o
final do mandato, em 1894.
1892 (Nada encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 20 de março: nasce em S. Paulo,
Menotti Del Picchia, literato modernista. 30 de maio: em Fortaleza (CE), na Rua
Formosa (atualmente Barão do Rio Branco), Antônio Salles (Moacir Jurema,
1868-1940) e outros fundam a “Padaria Espiritual”, cujo artigo primeiro,
dos quarenta e sete do Programa de Instalação, declara o objetivo principal: “I
– Fica organizada, nesta cidade da Fortaleza, capital da Terra da Luz, antigo
Siará Grande, uma sociedade de rapazes de Lettras e Artes denominada – Padaria
Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espirito aos sócios em particular e
aos povos em geral. A Padaria Espiritual pode ter sido o primeiro
movimento com tendências de cunho modernista no Brasil. 27 de outubro: nasce em
Quebrangulo, sertão de Alagoas, o escritor Graciliano Ramos. Nasce em Rio Claro
(SP), Ignácio da Costa Ferreira, desenhista e pintor que ficou mais conhecido
pelo seu pseudônimo: Ferrignac.
Adendo Brasil: No Rio Grande do Sul, em março, é
fundado o Partido Federalista.
1893
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 16 de maio: nasce no Rio de Janeiro, Ronald de
Carvalho (poeta). 9 de outubro: na cidade de S. Paulo, nasce Mário de Andrade,
poeta, ensaísta, romancista, contista, epistolográfico, folclorista, contista,
pesquisador, musicólogo, professor, crítico de arte, cronista, diretor de
cultura, “trezentos, trezentos e cinquenta”, etc.
Adendo Brasil: Iniciava a formação, às margens
do Reio Vaza-Barris, no sertão da Bahia, em uma fazenda abandonada, uma
povoação conhecida como Arraial de Canudos, liderada por Antônio Vicente Mendes
Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro (1830-1897).
1894 (Nada encontrado sobre
G.A.).
Adendo Cultural: No Rio de Janeiro, o autor
teatral Arthur Azevedo (1855-1908) lança campanha para construção de um teatro.
Foi criada Lei Municipal determinando a construção, mas não foi cumprida,
apesar da existência do imposto para arrecadação de fundos, que nunca foi
utilizado.
Adendo Brasil: Prudente de Morais assume a
presidência da República. Fundação da Escola Polytechina de São Paulo.
1895 (Nada encontrado sobre
G.A.).
Adendo Cultural: Nasce na cidade de Itapetininga
(SP), Antonio Gomide, artista plástico, cenógrafo e professor. 26 de julho:
nasce em de São José dos Campos (SP), Cassiano Ricardo Leite, literato que
participará como redator da revista Papel e Tinta, em 1920, juntamente
com G.A.
2 de novembro: nasce em São Paulo, Antonio Paim Vieira, desenhista,
retratista, ceramista, ilustrador, professor de Artes. Participou da Semana de
22.
Adendo Brasil: 29 de junho: Morre Floriano
Peixoto.
1896
–
No colégio da tia Anna de Almeida Barbosa de Campos, na cidade de Rio Claro
(SP), faz seus primeiros estudos;
Adendo Cultural: 25 de fevereiro: nasce em Nova
Friburgo (RJ), Alberto da Veiga Guignard (artista plástico).
1897
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 28 de julho: numa sala do Museu
Pedagogium, Rua do Passeio (RJ), realizou-se a sessão inaugural da Academia
Brasileira de Letras, sob a presidência do escritor Machado de Assis
(1839-1908) e com a presença de dezesseis acadêmicos. O discurso inaugural foi
feito por Joaquim Nabuco (1849-1910).
Adendo Brasil: Janeiro: inauguração do telégrafo submarino entre Rio de Janeiro e
Pernambuco. 22 de setembro: morte do Antonio Conselheiro (Antônio Vicente
Mendes Maciel). Foi líder da comunidade da cidade de Canudos (Bahia), onde
ocorreu a Guerra dos Canudos. Em outubro: fim da Guerra dos Canudos, que
morreram mais de 25 mil pessoas e a cidade de Canudos foi destruída. O escritor
Euclides da Cunha (1866-1909) era repórter do O Estado de S. Paulo e foi
designado para fazer a cobertura dos acontecimentos em Canudos. No livro Os
Sertões, Euclides descreve como era a comunidade de Canudos liderada pelo
beato Antonio Conselheiro. Pudente de Morais era o presidente do Brasil. 12 de
dezembro: Ouro Preto deixou de ser a capital de Minas Gerais, cedendo lugar
para a recém-construída “Cidade de Minas”, que, em 1991, passaria a se chamar
Belo Horizonte.
Adendo Geral: O ilusionista espanhol Enrique
Moya aluga uma sala no número 109 da rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, e ali
instalou o Cinematógrafo Edison, primeiro salão de cinema permanente no Brasil.
O físico inglês Joseph John Thomson (1856-1940) anuncia em 30 de abril, na Royal
Institution, a descoberta do elétron (eletricidade negativa). Até então o
átomo era considerado como a menor parte da matéria. Thomson receberia o Prêmio
Nobel de Física em 1906.
1898
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Dia 15 de
fevereiro, o Teatro São José, construído próximo ao largo de São Gonçalo (hoje
Praça João Mendes), em São Paulo, foi destruído por um incêndio. São Paulo
ficava sem teatro. 12 de março, em Santos (SP), nasce Ribeiro Couto (escritor). 14 de
março: Morre de tuberculose o poeta catarinense, Cruz e Souza, aos 37 anos, na
cidade de Sítio (MG). O poeta é considerado o mais importante escritor
simbolista da literatura brasileira. 4 de agosto: nasce em Pinhal, município de
Santa Maria (RS), Raul Bopp, autor de Cobra Norato. 20 de setembro: nasce em S.
Paulo, Sérgio Milliet, escritor modernista e crítico de artes. .
Adento Brasil: Campos Sales (1841-1913) inicia
seu governo como presidente da República que findará em 1902. Vital Brasil
(1865-1950), no Instituto Bacteriológico de São Paulo, descobre o primeiro soro
eficaz contra a picada de cobras.
Adendo Geral: O físico italiano, Guglielmo Marconi (1874-1937),
durante exposição em Londres patenteou o seu telégrafo sem fio, e mais tarde, a
radiodifusão. Na França, Santos-Dumont (1873-1932), em setembro, passeava pelos
céus de Paris no Santos-Dumont nº 1, um balão com um motor a gasolina e
provido de hélice e leme.
1899
– 14 de julho: Em
Campinas (SP), nasce o irmão de G.A.,
Carlos Tácito Alberto de Almeida
Araújo, o Tácito de Almeida, apelidado de Taci pelos amigos, quarto
filho, do Dr. Estevam e Dona Angelina. Tácito de Almeida participaria
ativamente da Semana de 22, da Revista
Klaxon e também da Revolução Constitucionalista de 32.
Adendo Cultural: Amadeu Amaral
(1875-1929) publica seu primeiro livro Urzes. 16 de junho, no Rio de
Janeiro, nasce Dante Milano (poeta). 10 de Agosto, na cidade de
Amparo da Barra Mansa, Rio de Janeiro, nasce Flávio de Carvalho, artista
plástico.
Adendo Brasil: Sugerido por Adolpho Lutz
(1855-1940), o Governo do Estado de São Paulo criou, na capital, o Instituto
Soroterápico (futuro Butantã), que seria dirigido por Vital Brasil.
Adendo Geral: A Primeira Conferência da Paz
teve lugar em Haia, Holanda, no período que se estendeu de 18 de maio a 19 de
julho. A ela compareceram delegados de 26 países: 20 europeus, ou seja, a
totalidade dos países da Europa na época; quatro asiáticos, China, Japão,
Pérsia e Sião, e dois do continente americano, EUA e México. O Brasil não
enviou nenhum representante.
1900
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Nasce em Belo Horizonte (MG),
Zina Aita, artista plástica modernista, participou da Semana de 22.
Adendo Brasil: Comemorações do IV Centenário
do Descobrimento do Brasil. 7 de maio: em São Paulo, foi inaugurada a
primeira linha de bonde elétrico, com destino ao bairro da Barra Funda, em
substituição as de tração animal.
1901
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Nasce na cidade de
São Paulo, Alcântara Machado (escritor), um dos fundadores da revista Terra
Roxa e Outras Terras. 3 de junho: nasce José Lins do Rego, escritor
paraibano. Em Juiz de Fora (MG), nasce Murilo Mendes (poeta). No Rio de Janeiro
nasce Cecília Meireles (poeta). Ainda em São Paulo, em 19 de maio, nasce Luís
Aranha (poeta bissexto), participante da Semana de 22 e da Revista Klaxon;
Adendo Brasil: 19 de outubro: Santos-Dumont
pilotando o balão nº 6, dá a volta em torno da torre Eiffel, em Paris,
percorrendo 11 quilômetros.
1902
– Estuda no Ginásio de Campinas, depois chamado de
Colégio Culto à Ciência. A família muda-se para São Paulo;
Adendo Cultural: 31 de outubro: nasce em Itabira –
MG, Carlos Drummond de Andrade (poeta), ano que foi publicado Os Sertões,
de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha (1868-1931).
Adendo Brasil: Rodrigues Alves (1848-1919)
assume o poder como presidente do Brasil e começa a reconstruir e sanear o Rio
de Janeiro. Irá governar até 1906.
1903
– Estuda no Colégio São
Bento, matriculando-se no 2º ano, em São Paulo. Necessitou interromper os
estudos, pois contraiu tifo e febre amarela. Chegou a ter perda de memória;
Adendo Cultural: 5 de junho:
início das obras do futuro palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Teatro
Municipal de São Paulo, um projeto de Ramos de Azevedo (1851-1928).
Adendo Brasil: 28 de maio: em São Paulo,
realiza-se o II Congresso Socialista (o I é de 1892), que funda o Partido
Socialista do Brasil. No Rio de Janeiro acontece novo surto de febre amarela.
Também no Rio, em agosto, acontece uma greve geral pela jornada de 8 horas e
por melhores salários. Em novembro: o Acre é incorporado ao Brasil, mediante
indenização à Bolívia de 2 milhões de libras esterlinas, pelo Tratado de
Petrópolis. Oswaldo Cruz (1872-1917) inicia campanha de saneamento para
combater a febre amarela no Rio de Janeiro.
1904
– Doente, é
transferido para continuar seus estudos no Colégio Diocesano São José, Pouso
Alegre (MG), juntamente com o irmão Marco Aurélio, por sugestão do Pe. João
Nery, que chegou a bispo de Campinas;
Adendo Cultural: 15 de julho: nasce na cidade de
Lambari (MG), Henriqueta Lisboa (poeta). Henriqueta falece em 1985.
Adendo Brasil: Inaugurado o primeiro cinema
brasileiro no Rio de Janeiro. 31 de outubro: Aprovada a lei de vacinação
obrigatória contra a varíola. No Rio de Janeiro explode a revolta popular
contra a vacinação obrigatória.
1905
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 2 de janeiro: início das obras
para construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Surge no Rio de Janeiro
a primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos para crianças: O
Tico-Tico. 17 de dezembro: nasce Érico Veríssimo (escritor).
Adendo Brasil: Lançadas as candidaturas para
presidente e vice-presidente de Afonso Pena (1847-1909) e Nilo Peçanha
(1867-1924). A Light, empresa canadense fundada em 1899, começa sua atuação
no Rio de Janeiro. Já atuava na cidade de São Paulo.
1906
- Retorna para São
Paulo e cursa o 5º ano no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos Irmãos Maristas;
Adendo Cultural: Criado em S. Paulo o
Conservatório Dramático e Musical.
Adendo Brasil: No Rio de Janeiro acontece a
Conferência Pan-Americana. Em Taubaté (SP) é assinado o “Convênio de Taubaté”,
visando favorecer os cafeicultores. Início das primeiras greves operárias no
Brasil. 15 de novembro: posse do presidente da República Afonso Pena e o vice
Nilo Peçanha.
Adendo Geral: 23 de outubro: primeiro voo em
avião, o 14-Bis, por Santos-Dumont, em Paris.
1907
–
Forma-se pelo Ginásio Nossa Senhora do Carmo, recebendo o diploma de Bacharel
em Ciências e Letras;
Adendo Cultural: No Rio surge a revista Fon-Fon!,
reduto dos simbolistas. Pablo Picasso (1801-1973) lança o Cubismo.
Adendo Brasil: Em maio: começa uma greve geral
em São Paulo, onde os trabalhadores reivindicam a jornada de 8 horas de
trabalho e aumento salarial. A greve durou um mês. Aprovada a Lei do Serviço
Militar obrigatório.
Adendo Geral: Ocorre a II Conferência de Paz, em Haia, de 15 de
junho a 19 de outubro. Compareceram não só delegações dos Estados que
participaram do primeiro encontro, mas também a Noruega (já, então, separada da
Suécia), Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, República
Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru,
Salvador, Uruguai, Venezuela e Honduras. O Brasil é representado pelo senador
Rui Barbosa (1849-1923).
1908
- 17 de março:
ingressa na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O pai, Dr. Estevam,
era professor na Faculdade;
Adendo Cultural: 29 de setembro: morte de Machado
de Assis, escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras. Nasce o
escritor Guimarães Rosa. No Rio de Janeiro é lançado o filme do cinematógrafo
Pathé, Nhô Anastácio Chegou de Viagem, considerado a primeira comédia
nacional. Surge no Rio a revista Careta, reduto dos parnasianos.
Adendo Brasil: 7 de abril: o socialista Gustavo
de Lacerda (1854-1909), funda a Associação de Imprensa, mais tarde Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), com objetivo de defender a liberdade de expressão
e os interesses dos jornalistas. Em maio: é aprovada a Lei do Serviço Militar
obrigatório, iniciativa do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), então
Ministro da Guerra.
1909
- Publica O Eucalyptus (poesia) no periódico da
Faculdade na revista XI de Agosto,
sob o pseudônimo de Guidal. Esse poema é uma exaltação condoreira à árvore que
dera nova fisionomia à paisagem caipira das cidades onde passou sua infância:
Campinas, Rio Claro, Limeira e Araras;
Adendo Cultural: Lima Barreto
(1881-1922) surge no cenário literário com Recordações do Escrivão Isaías
Caminha. O escritor italiano Filippo Marinetti (1876-1944) lança o Primeiro
Manifesto Futurista. 14 de julho: inauguração do Theatro Municipal do Rio de
Janeiro pelo presidente Nilo Peçanha, com capacidade para 1.739 espectadores.
15 de agosto: assassinato do escritor Euclides da Cunha por Dilermando de Assis.
29 de novembro: Joaquim José de Carvalho (1850-1918) funda a Academia Paulista
de Letras.
Adendo Brasil: 15 de junho: morre
o presidente Afonso Pena. Posse de Nilo Peçanha. Seu governo terminará no ano
seguinte. A campanha para presidência da República, em 1909-10, foi a primeira
efetiva disputa eleitoral da vida republicana. O marechal Hermes da Fonseca,
sobrinho de Deodoro, saiu candidato com o apoio do Rio Grande do Sul, de Minas
Gerais e dos militares. São Paulo, na oposição, lançou a candidatura de Rui
Barbosa, em aliança com a Bahia.
Adendo Geral: Santos-Dumont, em 13 de novembro, em
Paris, apresenta outro avião construído por ele, o Demoiselle, oito
vezes menor que o 14-Bis, e capaz de voar a 96 km por hora.
1910/1911
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 9 de junho
de 1910, nasce em São João da Boa Vista, SP., Patrícia Rehder Galvão, a Pagu.
Amadeu Amaral publica Névoa (poesia). Em 12 agosto de 1911, Oswald de Andrade
(1890-1954), Emílio de Menezes (1866-1918) e João Paulo Lemmo Lemmi, vulgo Voltolino (1884-1926), fundam o semanário humorístico O
Pirralho. Em 1911, Mário de Andrade (1893-1945) ingressa no
Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 12 de setembro: com
apresentação da ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas, é inaugurado o Teatro
Municipal de S. Paulo; 14 de setembro: Morre o poeta Raimundo Correia.
Graça Aranha publica Malazarte. Lima Barreto inicia a publicação de Triste
Fim de Policarpo Quaresma em folhetins pelo Jornal do Comércio do
Rio de Janeiro.
Adendo Brasil: Hermes da Fonseca é
eleito presidente da República, em 1º de março de 1910 e, em 15 de novembro
toma posse, abalando a “política do café com leite” e pondo em prática a
chamada “política das salvações”, visando assim acabar com as oligarquias
cafeeiras e concentrar o poder. Durante o governo de Hermes da Fonseca ocorreu
a Revolta da Chibata (*) no Rio de Janeiro,
de 22 a 27 de novembro. Foi um
levante de cunho social, realizado em subdivisões da Marinha, sediadas no Rio
de Janeiro. O objetivo era por fim às punições físicas a que eram submetidos os
marinheiros, como as chicotadas, o uso da santa-luzia e o aprisionamento em
celas destinadas ao isolamento. Os marinheiros requeriam também uma alimentação
mais saudável e que fosse colocada em prática a lei de reajuste de seus
honorários, já votada pelo Congresso. Hermes da Fonseca governou até 1914. O
ano de 1910 a tuberculose, considerada Mal do Século, matou mais 3 mil
pessoas no Rio de Janeiro.
(*) Santana Mirian, Ilza. In:
http://www.infoescola.com/historia/revolta-da-chibata/ - Acesso em junho/2016.
1912
-
Torna-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de
São Paulo. Inicia a prática da advocacia no escritório do pai e passa a
colaborar com a imprensa. Colabora com o jornal O Pirralho. Nas publicações nesse jornal, juntamente com seu amigo,
o desenhista e caricaturista Ignácio Ferreira da Costa, o Ferrignac
(1892-1958), escreveram o conto A dona de
Pontevel, que foi publicado em três números. Ainda nesse jornal, com o
mesmo Ferrignac, G.A. publicou, quando
ainda estudante de Direito, uma série de contos policiais a que deu o título
geral de As desventuras extraordinárias
de um policial amador. (*)
(*) Almeida, Guilherme. In: Pela
Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Editora
Martins Fontes, São Paulo, 1ª ed., 2004, pp. XIII e XIV.
Adendo Cultural: 12 de setembro: inauguração do
Teatro Municipal de São Paulo. Ronald de Carvalho (1893-1935) publica seu
primeiro livro de poesias: Luz Gloriosa.
Adendo Brasil: Em S.
Paulo, 17 de maio, começam as greves operárias reivindicando aumento de salário
devido o aumento da inflação. Francisco de Paula Rodrigues Alves é o governador
do Estado de São Paulo. Seu governo termina no ano seguinte.
1913
- Na companhia de
Oswald de Andrade e com o pessoal do O
Pirralho, G.A.
havia iniciado vida de boêmio. A mando do pai, Dr. Estevam, viaja para Apiaí
(SP), vale do Ribeira, onde chegou a exercer o cargo de Promotor Interino;
Adendo Cultural: 19 de outubro: nasce no Rio de
Janeiro, Vinícius de Moraes. Mário de Andrade é contratado como professor do
Conservatório de São Paulo, para lecionar História da Música. Menotti Del
Picchia (1892-1988) publica seu primeiro livro de poemas: Poemas
do Vício e da Virtude: 1907-1913. Lasar Segall (1891-1957) faz sua
primeira exposição individual, em São Paulo, inaugurada no dia 2 de março e
encerrada a 5 de abril, à Rua São Bento, 85.
Adendo Brasil: 28 de junho: morre o
ex-presidente Campos Sales.
1914
– Transfere-se para Mogi Mirim (SP), como Promotor
Público Interino. Com o início da Primeira Grande Guerra Mundial, retorna para
São Paulo no mês de Agosto. Através do Consulado Francês, em São Paulo, se
oferece como voluntário para combater nos campos da Europa em defesa da França.
Não conseguiu seu intento. Inicia-se
como Redator do jornal O Estado de S.
Paulo, levado por Júlio Mesquita.
Na redação do jornal, encontra-se com Amadeu Amaral.
Começa então a grande amizade entre os dois escritores;
Adendo Cultural: Morte do poeta
paraibano Augusto dos Anjos. Tem início a Primeira Guerra Mundial. Anita
Malfatti (1889-1964) realiza sua primeira exposição em São Paulo
após seu retorno da Europa, em maio, à Rua 15 de Novembro, nº 26.
Adendo Brasil: 1º de março, Venceslau Brás (1868-1966),
candidato único, elege-se presidente da República e toma posse em 15 de
novembro. É o retorno da política do “café-com-leite”.
Adendo Geral: 28 de
Julho: na Iugoslávia, o Arquiduque austríaco Francisco Ferdinando (1863-) é
assassinado, em Sarajevo, Bósnia, por Gavrilo Princip (1894-1918), nacionalista
sérvio. Esse acontecimento foi um dos estopins da Primeira Grande Guerra que
teve início em 4 de agosto, quando a Alemanha declara guerra à França.
1915
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Lima Barreto publica Numa e a
Ninfa. Cassiano Ricardo (1895-1974) publica Dentro da Noite, seu
primeiro livro de poemas.
Adendo Brasil: Nilo Peçanha toma posse com a
retaguarda das tropas federais. Rodrigues Alves retorna a governar o Estado de
São Paulo. Seu mandato termina no ano seguinte. É aprovado o Código Civil
Brasileiro, disciplinando o Direito privado. 8 de setembro: o gaúcho Pinheiro
Machado, nascido em 8 de maio de 1851, político influente na esfera federal, é
assassinado no Rio de Janeiro.
1916
- Em
parceria com Oswald de Andrade, publica “Théatre
Brésilien” – peças teatrais em francês Mon
Coeur Balance (Meu Coração Balança), cujo primeiro ato é divulgado em A Cigarra, em 19 de janeiro; e Leur Âme (Sua Alma), reproduzida em
parte na revista Vida Moderna, em
março e dezembro. Ganha o primeiro
prêmio no concurso instituído pelo então prefeito Washington Luís (1869-1957) para a escolha do brasão de armas da cidade de São
Paulo. Convidado por Amadeu Amaral integrou o corpo de redatores do Estadinho – edição da noite de O Estado de S. Paulo. 16 de setembro: na
redação de O Estado de S. Paulo, faz
a leitura dos originais do seu primeiro livro Nós, publicado em 1917;
Adendo Brasil: É publicado por Álvaro Bomilcar
(1874-1957) estudo sobre o preconceito de raça no Brasil. Altino Arantes
Marques (1876-1965) assume o governo do Estado de São Paulo.
1917
– O pai, Dr. Estevam,
percebendo que o filho Guilherme estava mais interessado em escrever poemas que
estudar e executar serviços de ordem jurídica, resolveu ajudá-lo na publicação
do seu primeiro livro. Sugeriu, então, uma revisão dos seus versos por um
poeta, jornalista e advogado: Vicente de Carvalho (1866-1924). Escolheu também
um artista português, Correia Dias (1892-1935), para que elaborasse a capa e as
ilustrações do livro. O livro foi editado na Seção de Obras de O Estado de S. Paulo, custeado pelo Dr.
Francisco Morato (1868-1948), amigo e colega do Dr. Estevam no escritório de
advocacia que ambos mantinham à rua XV de Novembro, em São Paulo. Em 6 de junho é publicado seu primeiro livro
de poemas, Nós, com 33 sonetos,
lançado dia 9, com tiragem de 1015 exemplares.
- Juntamente com J. Watsh
Rodrigues (1891-1957), vence o concurso para escolha do brasão da cidade de São
Paulo. Na edição do dia 21 de junho, no O
Estado de S. Paulo, Amadeu Amaral escreveu artigo sobre o livro de estreia Nós, de G.A., conservada a grafia original:
Entre os moços que em S. Paulo se vão iniciando nas
letras não há negar, mau grado e teimoso pessimismo de tantas opiniões, que há
muito talento vigoroso, muito esforço louvável, e uma salutar tendência a
rasgar caminhos novos – o que é ainda uma boa prova de vitalidade. Dois livros
recentíssimos, entre outros, demonstram a justeza dessa observação, um poema
“Moisés”, do sr. Menotti Del Picchia, do qual já nos ocupamos; outro a série de
sonetos a que ora nos referimos. Ambas, obras de autores muitos jovens, ambos
cheios de qualidades, embora muito diversos na índole e na fartura, apartam-se
ambos sensivelmente dos moldes mais correntes e aceitos na poesia nacional de
hoje, revelando, assim duas individualidades autônomas, que se afirmam por sí.
Os sonetos do Sr.
Guilherme de Almeida desenrolam-se em torno de um episódio comum de amor: falam
de ternuras, de cuidados, de sustos, de pequenas nuvens de sonhos, que morrem, de separação e de saudades. Mas
os casos de amor, por muito comuns que sejam, nunca são banais – “O Amor é tema
eterno” -. O amor é interessante, porque, se em cada caso se repetem
eternamente as mesmas emoções, e as mesmas cenas, a maneira de reagir e sentir
é sempre agudamente individual e sempre nova. Os poetas que, como o Sr.
Guilherme de Almeida, experimentam a necessidade de pôr os seus amores em
versos, fazem muito bem em realizar esse desejo, sem dar ouvidos aos conselhos
da crítica adversa aos temas eróticos. Não há temas velhos nem novos, há modos
de sentir e de pensar. O amor é um tema eterno, não tem que ver com o tempo, e
cada poeta de talento que sentir profundamente, há de ter sempre a revelar uma
soma deliciosa de originalidade e de imprevisto, com que nos surpreende, nos
comova e nos encante.
É o que sucede com os
sonetos de “Nós”. O autor soube extrair do seu “caso” uma série de coisas doces
e bonitas que sem serem uma novidade extraordinária, são entretanto
inconfundivelmente pessoais. O coeficiente pessoal do poema é considerado neste
assunto tratado por legiões de poetas: revela-se na linguagem correntía e
singelíssima, no estilo ataviado, sóbrio e leve, na versificação fácil e
sonora, de um ritmo embalador e melancólico, nas imagens felizes que
discretamente refulgem na trama dos versos. Estes sonetos não se parecem com os
sonetos de ninguém, estes versos não têm ressalto nenhum de versos alheios,
postas de lado, naturalmente essas vagas reminiscências e esses ligeiros encontros
que são absolutamente fatais em toda obra humana.
Aí está, expressa uma das
qualidades salientes deste livrinho. Essa qualidade é complementada por uma
outra – a perfeita homogeneidade da série. Cada um dos sonetos, de acôrdo com o
clássico rigor, pode ser considerado à parte, como uma peça única. Entretanto
todos se ligam, não só pelo encadeamento da história que ilustram, senão também
pela admirável afinação mutua do seu fundo sentimental, o emotivo e da sua
forma. Compõem um bloco. Dir-se-ia que foram feitos pela mesma mão, com o mesmo
material. No mesmo ambiente, e de uma assentada. Mas isso não é verdade. Essa
impressão é um efeito de arte – arte que tem sólidas raízes num genuíno
temperamento de poeta e de artista.
Entre os sonetos, é claro
há uns melhores que outros, mais cheios, mais redondos, mais acabados e mais
emocionais. Nenhum deles deixa de ser bem feito e de ter dentro alguma faísca.
Apanhemos alguns, aqui e alí, meio ao acaso, e o leitor se convencerá de que
tem diante de sí um poeta às deveras.
(*)
Na
sequência foram descritos: Soneto XII, Soneto XXV, “Nós” – Soneto XXXIII.
(Ribeiro,
José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço
Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983 – pp. 39-40).
-
Amadeu Amaral, em artigo no O Estado de
S. Paulo, na edição do dia 22, escreveu:
“(...) tu não publicas apenas um livro, tu publicas um livro e triunfas.
Tu lanças um primeiro volume, que mais de um poeta, como este que te fala,
desejaria ter por segundo ou terceiro, ou mesmo por fecho definitivo uma série.
(...)".
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª
Ed., 1983 – p. 37).
-
No Jornal do Commercio, de São Paulo,
na edição de 15 de julho, Veiga Miranda (1881-1936) comenta sobre a obra de G.A., conservada a grafia original:
“A arte de subentender, de evocar toda uma figura a dous traços, de
despertar as mais complexas melodias por duas ou tres notas que nos chegam
disfarçadas, como um éco – é a qualidade fundamental, toda rescendente em
fidalguias e doçura da obra de Guilherme de Almeida”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da
Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 59).
-
6 de agosto: em A Noite, Medeiros e
Albuquerque (1867-1934), comenta sobre a obra de G.A., conservada a grafia original:
“A coleção de 33 sonetos, que Guilherme de Almeida instituiu “Nós”, é um dos mais deliciozos poemas,
que se tem ultimamente publicado...
Do livro de Guilherme de Almeida, as citações se pódem fazer quasi sem
escolha, porque os sonetos que o compõem são excelentes...
Si o livro de Guilherme de Almeida é uma estreia, a estreia não podia
ser mais auspiciosa. Começa vencendo: entra na carreira literaria com um
triumphafor”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da
Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 59).
-
Estudo feito por Sergio Micelli traz excelente análise sobre o livro Nós, descrito parcialmente na sequência:
(...).
O
desfecho desse idílio é marcado por uma inesperada aproximação social: a mulher
madura estabiliza sua situação casando-se com um protetor mais velho da elite e
o poeta-narrador retorna ao mercado matrimonial de seu grupo de origem em busca
de uma parceira compatível. No plano estritamente visual, o rapaz aparece
sozinho ao longe, vendo as folhas caírem das árvores, lembrete do avanço
irresistível de seu envelhecimento social, do desenlace de sua indeterminação
amorosa, enquanto a mulher é mostrada em close, encovada, envelhecida,
sem os atrativos de sua imagem da capa.
Nós reúne 33 sonetos de uma história de
"amor ilícito", envolvendo um rapaz de boa família e uma mulher de
atrativos profissionais. O romance termina em separação, em grande medida em
virtude das assimetrias sociais que vão aos poucos dilatando as tensões entre
os protagonistas. Essa interpretação apóia-se tanto na letra dos sonetos como
na leitura oblíqua dos conteúdos veiculados pelas vinhetas.
A
figura feminina é uma mulher mais velha, experiente, de carnes
"suculentas", seios e cabelos fartos, vistosa e enigmática,
evidenciando diversos traços do que então se considerava uma prostituta de
luxo, quem sabe estrangeira, a exemplo de outros personagens de romances da
época. O rapaz enamorado, alter ego do poeta, parece de
início enfeitiçado, prisioneiro desses encantos de arrastão, imerso numa
condição de virtual sujeição amorosa. Assim, pode-se inclusive interpretar a
seqüência de sonetos em termos de progressão, auge e saturação de sua iniciação
sexual.
O
assunto verdadeiro de Nós é o amor carnal, relatado no estilo contido de
um registro pedagógico, de um manual de higiene social, e cujo desfecho se
amolda aos ditames da conveniência burguesa. Sem rodeios, o enredo é a história
de um romance urbano passageiro entre um rapaz bem nascido e uma "mulher
de programa". Esse rapaz é também o narrador, que tenciona contar uma
experiência de seu passado recente, um relacionamento mundano de "poucos
meses" de sua mocidade.
Os
dois sonetos de abertura introduzem os personagens, salientando a diferença de
idade como a motivação ambivalente tanto da paixão arrasadora como do
afastamento futuro. A libido de ambos é impulsionada pelo jogo de assimetrias
em meio às quais vão se enredando. A juventude dele é compensada pela tarimba
da mulher experimentada, com sua beleza contraposta ao ardor da mocidade. A
atração mútua, afogueada pela diferença de idade, vai se esgarçar com o passar
do tempo, até culminar na separação inevitável. Os dois corações sobrepostos da
primeira vinheta são os velhos da ilustração seguinte, proximidade espacial de
uma união virtual mas socialmente inviável, e estéril, tal como sugerem os
galhos secos da imagem, numa representação crua da reprodução social num
impasse.
(...).
(Micelli, Sergio. In: Experiência social e imaginário literário nos livros de estreia dos modernistas
em São Paulo. http://www.scielo.br/pdf/ts/v16n1/v16n1a10.pdf
- , pp. 187 a 196. Acessado em 2014/16)
Adendo Cultural: Manuel Bandeira (1886-1968) publica seu primeiro livro A Cinza das Horas. Mário
de Andrade, com o pseudônimo de Mário Sobral, publica Há uma gota de sangue
em cada poema. Cassiano Ricardo publica A Frauta de Pã. Menotti
Del Picchia publica: Juca Mulato e Moisés. Ano marcado como o “ano
chave” para o agrupamento dos intelectuais paulistas (entre eles: Mário e
Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida), logo após a exposição da pintora
Anita Malfatti, em S. Paulo, na Rua Líbero Badaró, 111, iniciada no mês de
dezembro e concluída em janeiro de 1918, quando Monteiro Lobato (1882-1948)
publicou no Estadinho, órgão de O Estado de S. Paulo, o artigo “Paranóia
ou Mistificação”, atacando violentamente a jovem artista. Sérgio Milliet (1898-1966)
publica Par le Sentir (Pelo Tato), na
França.
Adendo Brasil: 25 de outubro: os alemães afundam
o navio brasileiro “Macau”. O Brasil declara guerra à Alemanha. Em São Paulo,
greve geral imobiliza todo parque industrial. No Brasil acontece a famosa
“queima” de 3 milhões de sacas de café com alegação de evitar a queda de preços
no mercado internacional.
Adendo Geral: Acontece a Revolução de Outubro,
na Rússia.
1918
-
No Correio Paulistano, na edição de
21 de janeiro, Aristêo Seixas (1881-?), comenta sobre o livro Nós, conservada a grafia original:
“O sr. Guilherme de Almeida, ao que concluimos da leitura dos seus
versos, ficará com o sceptro da poesia lyrica entre nós...”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da
Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 60).
Adendo Cultural: Monteiro Lobato, em maio, adquiri
a Revista do Brasil, que a manteve nos sete anos seguintes, até a
falência dos seus negócios em 1925, totalizando 113 números. Publica Urupês.
18 de dezembro: morre Olavo Bilac. Lima Barreto remete a Monteiro Lobato os
originais do Vida e Morte de M. J. Gonzada de Sá.
Adendo Brasil: A “gripe espanhola” faz milhares
de vítimas. Em São Paulo morrem mais de 8 mil pessoas no mês de outubro. No Rio
de Janeiro, a situação foi mais grave, pois morreram aproximadamente 17 mil
pessoas. Em 1º de março: Rodrigues Alves é eleito presidente e, vitimado pela
epidemia da “gripe espanhola”, falece em 16 de janeiro de 1919, sem tomar
posse. Posse de Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1868-1920), interinamente na
presidência da República. Maria José Rebelo (1891-1936) é aceita no Ministério
do Exterior, tornando-se a primeira mulher diplomata brasileira.
Adendo Geral: Em novembro, com a rendição dos alemães, é
assinado o Armistício, pondo fim à Primeira Grande Guerra.
1919
-
Publica os livros de poemas A Dança das
Horas, com ilustrações de Di Cavalcanti (1897-1976), e Messidor, com capa de J. Wasth Rodrigues. No O Imparcial, de 31 de março (e de 20 de outubro), João Ribeiro
(1860-1934), comenta sobre A Dança das
Horas, conservada a grafia original:
“Temos no autor de “A dança
das horas”, o sr. Guilherme de Almeida, um raro poeta de coração e de
sentimento...
“A dança das Horas” representa
um momento da nossa poesia, na sua feição mais nova. E o sr. Guilherme de Almeida
terá, entre os da sua geração, um nome dos mais distinctos e mais amados...
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. .
Tudo nesse poeta aponta a uma
gloriosa carreira. Ainda não é possivel lobrigar os limites do seu horizonte,
tão vasto parece e, ao longe, tão ennevoado no mysterio de grandes esperanças”.
(Almeida, Guilherme de. In: Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso), publicação no “Appendice” – Opiniões Críticas, Typ. da
Casa Garraux, São Paulo, sd. – p. 60).
- G.A. torna-se padrinho do
casamento in extremis, de Oswald de
Andrade e Maria de Lourdes Castro Dolzani (1900-), conhecida como Daisy, Deise
e Miss Cyclone, em 15 de agosto;
Adendo Cultural: Amadeu Amaral publica
Dialeto Caipira. Mário de
Andrade faz sua primeira viagem a Minas Gerais. Cecília Meireles (1901-64)
publica sua primeira obra literária: Espectros. 22 de fevereiro: Lima
Barreto publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Manuel Bandeira
publica Carnaval. Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti
descobrem o escultor Vitor Brecheret (1894-1955), que havia instalado
seu ateliê no Palácio das Indústrias, em São Paulo, em sala cedida pelo
engenheiro Ramos de Azevedo. Sérgio Milliet publica na França, Le Départ Sur la Pluie (A Partida da Chuva). Ronald
de Carvalho publica o livro de poesias Poemas e Sonetos. Monteiro Lobato
publica Ideias de Jeca Tatu e Cidades Mortas.
Adendo Brasil: 2 de janeiro: Delegação
brasileira parte para a Conferência de Paz, em Versalhes. Epitácio Pessoa
(1865-1942), em eleição extraordinária, vence Rui Barbosa e é eleito
presidente. Toma posse em 28 de julho.
1920
– Publica
O Livro de Horas de Sóror Dolorosa – a
que morreu de amor (poemas).
Adendo Cultural: Victor
Brecheret realiza exposição da primeira maquete do Monumento às Bandeiras,
na Casa Byington, em São Paulo. A artista plástica Tarsila do Amaral
(1890-1973), viaja a Paris.
Cassiano Ricardo publica Jardim das Hespérides (poesia). Menotti Del
Picchia publica As Máscaras e Flama e Argila. Chega ao
Brasil: John Graz (1891-1980), que participa da Semana de Arte Moderna de 1922.
Oswald de Andrade funda a revista
Papel e Tinta com o poeta Menotti Dell Picchia. Lima Barreto publica Histórias
e Sonhos.
Adendo Brasil: A Ford
instala sua primeira fábrica de montagem no Brasil. Nesse mesmo ano, foi
inaugurada a primeira linha de ônibus urbanos de São Paulo. No poder, o
Governador Washington Luís (1869-1957). Seu governo vai terminar em 1924.
7 de
setembro: criada a Universidade do Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa proíbe a
participação de jogadores negros no selecionado brasileiro.
1921
- 9 de janeiro:
comparece no banquete oferecido a Menotti Del Picchia, no Trianon, quando do
lançamento do livro As Máscaras, edição
de luxo ilustrada por Antônio Paim Vieira (1895-1988). Nesse banquete
Oswald de Andrade faz o famoso Discurso
do Trianon, em homenagem a Menotti.
27 de maio: No artigo O Meu Poeta
Futurista, de Oswald de Andrade, no Jornal
do Comércio de S. Paulo, nome de G.A.
é mencionado pelo autor no discorrer do artigo, conforme descrição parcial na
sequência, conservada a grafia original:
“(...).
Para começar – se resumíssemos o
início flutuante da nossa poesia paulista deixando apenas, para futuras seletas
de primitivos, alguns dos nossos consagrados, aquêles versos de Guilherme:
“Flor de asfalto, encantada flor de sêda,
Sugestão de um crepúsculo de outono”...
E daí viéssemos pela obra imortal do
autor de Sóror Dolorosa, prendendo o
outro início da nossa estesia atual e futura à racialidade impressionante de Juca Mulato – o poema do Brasil
paulista – e à épica realidade de Moisés,
repousando assim nas duas personalidades de Menotti e Guilherme o nosso
orgulho de criadores de uma poesia bem nossa, bem filha da São Paulo crepitante
do Centenário...
(...).
Esta arte existe.
Conhecem, além dos mestres calmos que
são Guilherme e Menotti, o meu poeta futurista? (...)”.
(*1)
- 12 de Julho: Oswald
de Andrade, no Jornal do Comércio de S.
Paulo, na crônica Literatura Contemporânea,
demonstrando toda sua oposição para com a literatura passadista e defendendo o
que Mário de Andrade negara, de um “futurismo paulista”, volta a exemplificar G.A., conforme descrição parcial na sequência,
conservada a grafia original:
“(...). Além de Mário de Andrade, há
outros poetas escrevendo originalmente, praticando um tipo nôvo de literatura.
“Felizmente o futurismo de São Paulo – o meu futurismo” – assevera o
articulista – “já deu acordes esplêndidos à lira sagrada de Guilherme de Almeida.
Querem ouvir? E reproduz:
CANÇÕES GREGAS
Epígrafe
Eu perdi minha frauta selvagem
Entre os caniços do lago de vidro.
Juncos inquietos da margem,
Peixes de prata e de cobre brunido,
Que viveis na vida móvel das águas;
Cigarras das árvores altas;
Fôlhas mortas que acordais ao passo alípede das ninfas,
Algas,
Lindas algas limpas:
- Se encontrardes
A frauta que eu perdi, vinde tôdas as tardes,
Debruçardes sôbre ela! E ouvireis os segredos
Sonoros que os meus lábios e os meus dedos
Deixaram esquecidos entre
Os silêncios ariscos do seu ventre.
Que dizem? Um verso de quinze sílabas
perto de outro que só tem uma, e isso feito por Guilherme de Almeida, o
enfeitiçador do Nós! Pois é do seu
primeiro livro, inédito ainda. Porque Guilherme está a par do empolgante
movimento contemporâneo de arte nova e apenas restringe as liberdades da
poesia, à conservação da rima – evoluída que seja – pois que é ela “a única
corda que acrescentamos à lira grega”.
(...)”. (*2)
- Mário da Silva
Brito, no seu livro História do
Modernismo Brasileiro – Antecedentes da Semana de Arte Moderna (*3) faz a seguinte
narração, conservada a grafia original:
“Na casa O Livro, que ficava na Rua 15 de Novembro, de propriedade do Sr.
Jacinto Silva, que franqueava sua casa comercial para exposições de pintura,
conferências e leituras de livros pelos seus autores, Guilherme de Almeida, na
reunião do dia 25 de junho, recitou os poemas do volume Era uma Vez, atraindo para o local uma assistência fidalga e
distinta. Dêsse novo livro, que retrata o espírito de uma sociedade fútil e
mundana, escreve Menotti Del Picchia que é obra “fluida e leve como um aranhol
de ouro, onde as frágeis mariposas da moda, as sentimentais elegantes da época
se prendem fascinadas na deliciosa espontaneidade lírica de suas rimas
aparentemente frívolas, mas profundamente psicológicas e humanas. Há dor
sorridente, há ironias mascaradas de galanteios, há alegrias disfarçadas em
arrufos nesse poema de amor mundano e galante, atual e sensacional, onde se
renova a malícia das batalhas amorosas, em requintes palacianos de frases
inteiramente fúteis, mas pérfidas e profundas. A vida moderna, com seus
“confort”, com seus táxis, com seus telefones – oh! os terríveis e maldosos, os
líricos telefones! – contagiou o lirismo vivo e brilhante dêsse livro escrito
com lágrimas e com sorrisos, emoções acalcadas no artificialismo mundano, onde
a crueldade da vida redobra de violência diante da necessidade de urbanizá-la,
civilizá-la, elegantizá-la... Era uma Vez
é um poema nôvo para nosso ambiente, um grito de libertação ousado, uma
revolta espontânea e corajosa contra o carrancismo, a velharia, o “vieux-jeu”
pomposo dos metros processionais, das fórmulas hieráticas e macabras como
esquife e catafalcos...”.
(*1) Brito, Mário da Silva. In: História do Modernismo Brasileiro –
Antecedentes da Sema de Arte Moderna. Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, 1978, 5ª ed., pp. 227-229.
(*2) Idem, pp. 241-242.
(*3) Idem, pp. 313-315.
Adendo Cultural: Morre o poeta mineiro
Alphonsus de Gruimaraens (1870-). Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes (1899-1986)
voltam da Europa e divulgam os autores europeus de vanguarda. Graça Aranha e
Plínio Salgado (1895-1975) aderem ao modernismo. Graça Aranha publica A
Estética da Vida. Oswald de Andrade lança Mário de Andrade com seu artigo: “O
meu poeta futurista”, na edição do Jornal do Comércio, de 24 de
março. Menotti Del Picchia publica O Pão de Moloch (crônicas) e Laís (romance).
23 de junho: morre no Rio de Janeiro, aos 40 anos, o escritor João do Rio, que
usava o pseudônimo de Paulo Barreto. Ribeiro Couto (1898-1963) publica O
Jardim das Confidências, primeiro livro de poesia.
1922
- A partir de janeiro,
começa a receber cartas escritas em francês, provindas do Rio de Janeiro, que
somente após um tempo descobriu a remetente: Belkiss Barrozo do Amaral, a Baby,
com quem se casaria. Sai a 2ª edição do livro Nós. Publica Era uma vez...,
editado pelas Oficinas da casa Mayença, de São Paulo, com desenhos de
John Graz. O livro começou a ser distribuído pelas livrarias de São Paulo no
dia 15 de fevereiro, um dos dias de Festival da Semana de Arte Moderna, onde G.A. colabora na organização e participa dos Festivais
com dois poemas: As Galeras e Os Discóbolos, ainda do livro em preparo
Canções Gregas. Participa da criação
da revista Klaxon, fazendo parte da
denominada A Redação, juntamente com
outros klaxonistas: Mário de Andrade,
Rubens Borba de Moraes, Luís Aranha (1901-1987), Couto de Barros (1896-1966),
Tácito de Almeida (1899-1940) e Sérgio Milliet. Logo após a realização dos
Festivais da Semana de Arte Moderna, os “moços” começam a se reunir na Rua
Uruguai, nº 14. Não demorou muito e resolveram mudar a Redação para o
escritório de Tácito de Almeida e Couto de Barros, à Rua Direita, Nº 33, sala
5. Nascia assim o primeiro número da revista Klaxon, a primeira revista modernista pós Semana de Arte Moderna. O
escritório foi apelidado de “escritórinho”, conforme esclarece G.A.:
“Aí nos encontrávamos,
imaginávamos, escrevíamos, desenhávamos, resolvíamos tudo, amistosa e alegrissimamente
sempre”.(*)
(*) Almeida, Guilherme de. O Nosso Klaxon. O Estado de S. Paulo, Edição
de 21-2-1968 ou Brito, Mário da
Silva. O Alegre Combate de Klaxon – O
Primeiro Periódico Modernista – 5º Parágrafo do Prefácio da Edição
Fac-Similar da Secretaria de Cultura Esporte e Turismo do Estado de São Paulo,
1972.
Adendo Cultural: Mário de Andrade
publica Paulicéia Desvairada. Em fevereiro, em São Paulo, são realizados
os festivais da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal. Os
três dias principais foram: 13, 15 e 17. Era o início do Movimento Modernista
no Brasil. Inicia-se em 15 de maio, a publicação da Revista Modernista Klaxon,
em São Paulo. Em 1º de novembro, no Rio de Janeiro, falece o escritor Lima
Barreto. Menotti Del Picchia publica O Homem e a Morte, a novela A
Mulher que Pecou e A Angústia de D. João. Oswald de Andrade publica Os
Condenados, primeiro volume da Trilogia do Exílio. René Thiollier (1882-1968)
publica seu primeiro livro O Senhor Dom Torres. Thiollier foi um dos
mecenas, financiando para os moços modernistas o aluguel do Teatro Municipal de
São Paulo para a realização dos Festivais da Semana de Arte Moderna. Ronald de
Carvalho publica Epigramas Irônicos e Sentimentais.
Adendo Brasil: 5 e 6 de julho: Revolta do Forte
de Copacabana. Os jovens tenentes revoltosos marcham pela Av. Atlântica e são
fuzilados pelas tropas do Governo, escapando da morte apenas dois tenentes.
Dezesseis mortes, dentre elas a de um civil que aderiu à Marcha. Era o início
do “tenentismo”. 7 de setembro: primeira emissão de
rádio no Brasil durante as Comemorações do Centenário da Independência,
realizada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, transmitindo o discurso do
então presidente Epitácio Pessoa. Realiza-se no Rio
de Janeiro a exposição comemorativa do Primeiro Centenário da Independência. (Embora
na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o surgimento do
rádio no Brasil é marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco por Oscar
Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919). Artur da Silva Bernardes
(1875-1955) é eleito presidente da República e assume
a presidência sobestado de sítio. Seu governo termina em 1926. Ano de fundação
do Partido Comunista Brasileiro.
1923
- 16 de abril: no Rio
de Janeiro, fica noivo de Baby. 22 de Abril: Mário de Andrade escreve carta a
Manuel Bandeira onde faz referências às críticas de Francisco Lagreca
(1883-1944) na Folha da Noite,
descrita abaixo, inclusive a Nota de
Rodapé:
São Paulo, 22 [de abril de 1923].
Querido Manuel.
Há muito tempo não
te escrevo!
São Paulo corre
cheia de trabalhos. E à tua espera. É indispensável que venhas a São Paulo, que
desconheces.
Ando cheio de dores
físicas. E morais também. Mas uma coisa muito curiosa é que sofro só pelos
outros. Insultos que recebo, impecilhos que me prejudicam, e toda a possível
procissão de dores morais, sem número, não destroem minha felicidade. Mas
quando vejo o Guilherme atacado por que se aproveitou confiante e honesto duma
poesia alheia para dela fazer um mimo de beleza11. E por dias e dias,
ruins, malditos, estão a chamá-lo de plagiário como a qualquer gatuno sem
talento... (...).
Mário.
(*)
11 – Nota do Rodapé (parcial):
11 O artigo de Sérgio Buarque de Holanda, no Mundo Literário (RJ) de 5 de julho de 1923, na seção “S. Paulo”,
fornece as circunstâncias dos ataques do crítico Francisco Lagreca ao autor de Raça, na “Folha da Noite”: “Um deles levantou uma celeuma enorme porque
descobriu numa poesia de Guilherme de Almeida três palavras que encontrara nas Clansons de Bilits, de Pierre Louys.” (O
espírito e a letra, v. I, p. 167).
(...).
(Moraes,
Marcos Antonio de. In: Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de
Marcos Antonio de Moraes. Coleção Correspondência Mário de Andrade 1.
EDUSP/IEB, 2ª Ed., São Paulo, 2001 – p. 87).
- Em maio, Manuel
Bandeira responde a Mário de Andrade, transcrita aqui somente os parágrafos
onde Manuel dá o seu parecer a respeito da crítica sobre G.A.:
[Rio de Janeiro, maio de 1923].
Meu caro Mário.
Um grande abraço
pelo teu maravilhoso poema e por tudo quanto me mandaste. (...).
(...).
E que direi das tuas
raivas, das tuas tristezas? Sorri com os teus. Os Seixas, os Pattis, os
Lagrecas, os Acacianos Ricardos divertem-me. São burros demais. Os que me dão
raivas, às vezes, são... os amigos. E deles não é bom falar: chame-se a isso
intriga.
Houve nessa questão
do Guilherme uma coisa lamentável: a resposta que ele deu. Não devia ter
respondido e ainda menos daquele modo desastrado. A minha opinião pessoal é que
o poema do Guilherme distingue-se bem do de Louys por outra finalidade de
conceito. Louys sugere apenas a inocência da menina. Guilherme fez sentir o
valor sem preço da virgindade. Guilherme é um poeta assimilar como Raimundo.
Fizeram com este a mesma perfídia e para mim foi o desgosto disto que o fez
emudecer naquela negra neurastenia.
Não posso mais.
Abraços
do Manuel.
Em tempo:
o tal Seixas escreveu que se esperava
fosse o Guilherme o sucessor Vicente de Carvalho e patati e patatá. Acusa o
Guilherme de plagiário. No entanto o Vicente tem nos Poemas e canções uma poesia que é, [pa]ráfrase de uma canção de
Maeterlink, precisamente aquela da qual ele ou o Lagreca afirmou que Guilherme
copiou um verso (“La lampe éteinte et l a porte ouverte...”). E o Vicente não
declarou que é paráfrase.
(...).
(Moraes,
Marcos Antonio de. In: Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de
Marcos Antonio de Moraes. Coleção Correspondência Mário de Andrade 1.
EDUSP/IEB, 2ª Ed., São Paulo, 2001 – pp. 88-91).
- 18 de março ou abril:
Mário de Andrade, em carta a Sergio Milliet, reclamada do sumiço de G.A.:
“(...).
Guilherme, noivo, desapareceu da
existência paulistana”.
(Duarte,
Paulo. In: Mário de Andrade por ele
mesmo. Editora Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia.
2ª ed., São Paulo, 1977 – p. 286)
- 22 de maio: Mário de
Andrade volta a escrever para Manuel Bandeira, mas não faz mais nenhuma
referência ao assunto das cartas anteriores trocadas entre ambos. Nessa ele conta
para Manuel Bandeira que foi G.A.
que falou a ele do aparecimento do “Carnaval”:
São Paulo, 22 [de maio de 1923]
Meu querido Manuel
Tua carta merecia um
grito imediato de agradecimento. Este vem agora unicamente, mas não tardio,
porque eterno. Não imaginas quanto sou sensível à tua amizade e sinceridade.
Deixa-me que e diga com toda a abundância de coração que tu és hoje para mim um
dos meus maiores amigos, isto é um homem junto do qual eu sou eu, ser aberto
que se abandona. Creio nas afinidades eletivas. Sou teu irmão desde uma nunca
esquecida tarde de domingo, em que num táxi o Guilherme disse-me do
aparecimento do Carnaval e recitou de
cor alguns versos esparsos de tua obra. No dia seguinte procurei o livro.
(...).
Mário
E um grande, grande
abraço de gratidão. E vou mandar-te meu retrato. É para troca.
(Moraes,
Marcos Antonio de. In: Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de
Marcos Antonio de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1. EDUSP/IEB,
2ª Ed., São Paulo, 2001 – p. 92).
- Em carta de 16 de
junho para Tarsila do Amaral, que se encontrava em Paris, Mário de Andrade
comunica a pintora sobre o casamento de G.A.:
“(...).
Jornal
Anita, por novembro ou dezembro,
estará em Paris.
Ser-te-á enviado novo número da KLAXON.
Sigo, 19, para a fazenda. Escreverei
uma farsa.
Guilherme de Almeida casa-se. Morará
no Rio.
(...)”.
(Amaral,
Aracy A. In: Correspondência Mário de
Andrade & Tarsila do Amaral II. Organização, introdução e notas Aracy Amaral.
Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001,
p. 75).
- G.A. é nomeado, em 2 de agosto, secretário da Escola
Normal do Brás, em São Paulo, mas não toma posse. 3 de setembro: no
Rio de Janeiro, acontece o casamento com Belkiss Barrozo do Amaral (Baby) e
muda-se para a capital da República, residindo num sobrado alugado Les Glycines, à Rua Júlio de Castilhos,
em Copacabana.
- Escreve dois poemas: Carta
à Minha Noiva, datado de 3 de setembro, em Copacabana. Um poema escrito em
1923 é “O Festim”, que permaneceu
inédito até o ano de 1952;
Adendo Cultural: Menotti Del Picchia publica O
Nariz de Cléopatra (crônicas) e o romance Dente de Ouro. Lima
Barreto publica Bagatelas. Cecília Meireles publica Nunca Mais e
Poema dos Poemas.
Adendo Brasil: 1º de março: morre Rui Barbosa. 21 de abril: Edgard Roquete Pinto (1884-1954) e Henry
Morize (1860-1930), fundam a primeira estação de rádio brasileira, a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro. Em 9 de setembro, falece Hermes da Fonseca. É promulgada a Lei da Imprensa. Rio de Janeiro sofre
intervenção Federal.
Adendo Geral: Constituiu-se a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
1924
-
Publica A Frauta que Eu Perdi (canções
Gregas) e o livro de prosas Natalika.
17 de abril, Manuel Bandeira escreve
carta a Mário de Andrade, carta essa das mais importantes para o entendimento
das rivalidades entre os escritores da época. Segue trecho onde Bandeira faz
referências a G.A.,
transcrita a seguir somente trechos referentes ao poeta, inclusive notas:
Rio de Janeiro, Curvelo 51
17 de abril de 1924.
Mário.
Só hoje chegou às
mãos a tua carta de 1º do corrente. (O Guilherme ignorava o meu
paradeiro e deixou-a na Livraria Leite Ribeiro). (...).
(...).
Não me explico para
desmanchar aquele frio de que viste cercado o meu nome entre os teus amigos.
Sou andarilho polar... acreditem-me se quiserem: não só não pus maldade ali,
mas até o que pus foi um vibrante, alegre e franco espírito de camaradagem.
Discordo de ti, achando que podemos perfeitamente atacar-nos em público e raso.
Fazer o contrário não só é fingimento, visto que de fato divergimos e nos
atacamos, como prejudicial por dar a impressão de que queremos constituir
panelinhas. Pouco me importa a perfídia dos adversários. O ataque de um
adversário diverte-me quando é tolo e estimula-me quando é inteligente. O que
me dói é a perfídia dos amigos. E estou verificando-a todos os dias. Verifiquei-a
a teu propósito. Verifiquei-a a propósito do Guilherme. Muita gente tem inveja
dele e descobriram essa torpíssima maneira de o ferir, contrapondo-lhe o nome
do irmão. Fiquei horrorizado e talhei aquela carapuça, atribuindo a intriga a
quem sabidamente era incapaz de a fazer. Aqui fiz-me encontradiço com o
Guilherme a fim de o prevenir que era tudo mentira. E Guilherme muito
sensatamente respondeu: “Não era preciso dizer!” Não tive escrúpulo em
denunciar a intriga porque estava certo que o Guilherme sente o encanto da
poesia do Tácito e a hipocrisia dos maldizentes para se sentir
diminuído nesse cotejo pérfido. Peço-te que me desculpes junto ao Tácito. Se o
ofendi, foi sem sombra de intenção maldosa, - ao contrário! E se ele acreditou
na sinceridade das minhas palavras, ficarei livre de pena e culpa.
Nunca tomei por
insinceridade, medo ou timidez o [uso] do pseudônimo. Pelo que tomei? Por
ironia! E achei admirável não só o pseudônimo mas até a mesma idéia do
pseudônimo. Carlos Alberto de Araújo! Pura taquinerie
o que fiz. Ofendi-o e peço-lhe perdão. Foi involunariamente7.
(...).
M.
(*)
3, 6 e 7: Notas do Rodapé:
3 Carta não
localizada pela pesquisa.
6 “Avanguardista” de
1922, Tácito de Almeida (1899-1940) timbrou sua pequena produção de
“sombras e meios tons”. O poeta “se curva perante o seu sofrer, entendendo-o
como reflexo da dor maior e antiga do homem”, esclarece Telê Ancona Lopez,
organizadora dos poemas do “Taci”. (“Tácito tempo de passagem”, in: Túnel e poesias modernistas 1922/23,
p. 7). Com o pseudônimo Carlos Alberto Araújo, insere poemas seus em Klaxon, além de tomar para si a resenha
de Paulicéia desvairada. MB não o
esquece na Antologia dos poetas
bissextos: “Era uma alma boníssima, um caráter límpido, uma inteligência
penetrante.” O labor de advogado e a passagem pela política, via Partido
Democrático, emudecem o escritor que, definitivamente, se calaria ao publicar
no primeiro número de Terra Roxa o
conto “Um homem bondoso”. Em 1933, o irmão de Guilherme de Almeida ajuda a
fundar a Escola Livre de Sociologia e Política, aí abraçando a cátedra de
Ciência Política. Em 1940, Tácito defenderia como consultor jurídico a
Federação das Indústrias e da Associação Comercial do Estado de São Paulo.
7 “Fala-se mal dos
outros pelas costas. Cada qual vai fazendo hipocritamente o seu joguinho
pessoal. Oswald chama Guilherme de Almeida de campeão peso-leve da poesia
nacional, e com outros lhe opõe perfìdamente o irmão Tácito, que assina Carlos
Alberto Araújo com receio de perder os clientes de advocacia.” (“Poesia
Pau-Brasil”, Andorinha, andorinha. p.
248).
(Moraes,
Marcos Antonio de. In: Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de
Marcos Antonio de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1. Editoras
EDUSP/IEB, São Paulo, 2ª Ed., 2001, pp. 116/119).
- 30 de abril, três
dias após receber carta de Mário de Andrade, Manuel Bandeira responde e, em
determinado trecho, comenta sobre G.A..
Segue o trecho inclusive as Notas de Rodapé:
Rio de Janeiro, 30 de abril de 1924.
Mário.
Acabo de receber a
sua carta expressa. Conversarei mais devagar sobre ela. Quero, porém, desde
logo dizer umas coisas, desabafar.
(...).
O mais depois.
Sexta-feira última estive em casa do Guilherme. A Senhora tinha estado
indisposta, de sorte que haviam telefonado aos amigos avisando que não
recebiam. Eu e o Peregrino Júnior12, não sabendo de nada,
aparecemos. Gostei que me enrosquei de ficarmos sós. Guilherme leu-me as suas
“Danças”. Encheram-me as medidas. Só me desagradou a alusão ao Jatahy Prado: é
uma associação muito oferecida13. Ela me acudiu imediatamente
e eu fiquei com medo que aparecesse no seu poema: e apareceu! Fiquei safado.
(...).
Abraços do
Manuel
Curvelo 51.
(*)
12 e 13: Notas do Rodapé:
12 O Escritor potiguar João Peregrino de R. Fagundes Júnior (1898-1983)
teve grande atuação na imprensa do Rio de Janeiro, para onde se transferiu em
1920. Tornou-se professor de Medicina e elegeu-se em 1945 para a Academia
Brasileira de Letras, quando foi saudado por MB. Além de estudos médicos
publicou Vida fútil (1923), Histórias da Amazônia (1936), O movimento modernista (ensaio, 1954),
etc.
13 Provavelmente o verso “Compro as revistas do Brasil” apresentava-se na
primeira versão de “Danças” como “a Revista
do Brasil”, merecendo a censura de MB pela explícita referência laudatória
a Paulo Prado, um dos editores do mensário na edição paulista (1916-25). MA
tinha as páginas da Revista do Brasil
franqueadas, e para lá destinou a série “Arte
religiosa no Brasil” (1920), as “Crônicas de Arte” (1923), bem como estudos
esparsos de música e literatura.
(Moraes, Marcos Antonio de. In: Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização, introdução e notas de Marcos Antonio
de Moraes. Coleção: Correspondência Mário de Andrade 1.
Editoras EDUSP/IEB, São Paulo, 2ª Ed., 2001, pp. 121/123).
- 29 de agosto: nasce seu filho Guy Sérgio
Haroldo Estevam Zózimo Barrozo de Almeida. Publica A Frauta que Eu Perdi (canções Gregas) e o ensaio Natalika. No Rio, passa por
dificuldades financeiras. Recebe do pai a sugestão de assumir o cargo de
Promotor Público na cidade de Cascavel, Paraná. Guilherme de Almeida não
aceitou. 22 de outubro: Em carta para Anita Malfatti, Mário de Andrade comenta
sobre G.A.:
“(...) Era terça-feira. Os amigos cá
estiveram Guilherme e mulher também. Gui leu o Meu livro admirável”.
(Andrade,
Mário de. In: Cartas a Anita Malfatti. Editora
Forence, RJ, 1989, 1ª ed. – p. 88).
- Lançada a 2ª edição
de Messidor. G.A. publica na revista Estética, Vol. 1, de setembro, dirigida e administrada por Prudente
de Moraes, neto (1904-77) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-82), o poema Flor de Cinza (Teoria do Amor). Nessa
mesma edição, Prudente de Moraes, neto, publica artigo sobre o livro A Frauta que eu perdi, de G.A., conforme descrição do último parágrafo na
sequência, conservada a grafia original:
Só um poeta moderno? Só Guilherme de
Almeida, artista desnorteador que quando muda de livro é como um actor quando
muda de roupas para representar outro papel. A platéa a principio estranha.
Depois, vai descobrindo sob o disfarce os mesmos traços conhecidos. Em
Guilherme de Almeida, o que desnorteia é a presteza da mudança. Mas sua
personalidade não cabe numa simples nota. Exige um estudo mais longo, que Estética desde já se compromete a
consagrar a esses maravilhoso creador de imagens, ritmos e emoções.
(neto,
Prudente de Moraes. Guilherme de Almeida – A Frauta que eu perdi – Annuario do
Brasil – Rio, 1924. Da Revista Estética. Livraria Odeon, Rio de Janeiro, Vol.
1: p. 94, setembro 1924).
Adendo Cultural: É publicado o
primeiro livro de Rodrigues de Abreu (1897-1927): A Sala dos Passos Perdidos.
Amadeu
Amaral indica na Academia Brasileira de Letras o livro A Sala dos Passos
Perdidos para o prêmio de Poesia do ano. Não conseguindo êxito na sua
propositura Amadeu Amaral pediu demissão de todos os cargos que ocupava na
Academia. Cassiano Ricardo publica A mentirosa de olhos verdes (poesia).
Manuel Bandeira publica o volume Poesias (A cinza das horas, Carnaval,
Ritmo Dissoluto). Menotti Del Picchia publica O Crime Daquela Noite e
Chuva de Pedra. Oswald de Andrade publica Memórias Sentimentais de
João Miramar e o Manifesto da Poesia Pau-Brasil. Inicia-se a Fase
“Pau Brasil” de Oswald de Andrade. Di Cavalcanti elabora a capa de Lozando
Cáqui, de Mário de Andrade. 5 de fevereiro: Blaise Cendrars (1887-1961)
chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, é recebido por Graça Aranha, Ronald de
Carvalho, Prudente de Moraes, neto, G.A.,
Sérgio Buarque de Holanda e outros. No dia seguinte segue para Santos (SP), e
vai para São Paulo, onde é recebido pelos modernistas: Sérgio Milliet, Luís
Aranha, Couto de Barros e Rubens Borba de Moraes. 21 de fevereiro: Cendrars
realiza sua primeira palestra no salão do Conservatório Dramático e Musical, em
São Paulo. Acontece a viagem do grupo modernista: Mário e Oswald de Andrade,
Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais. Em
São Paulo é realizada o “VI Ciclo de Conferências da Vila Kyrial”, com
palestras de Mário e Oswald de Andrade, Blaise Cendrars, Lasar Segall e outros.
19 de junho: Graça Aranha profere na Academia Brasileira de Letras a
conferência “O Espírito Moderno” e, em seguida, desliga-se da Academia.
Pedro Dantas (Pseudônimo de Prudente de Morais, neto) e Sérgio Buarque de
Holanda fundam a revista Estética – a primeira revista é colocada a
venda em setembro. Ribeiro Couto publica Poemeto de
Ternura e Melancolia.
Adendo Brasil: Em março, 31, falece Nilo
Peçanha. Em julho: Revolução Tenentista, de Isidoro Dias Lopes (1865-1949), em São
Paulo. Bombardeio em São Paulo e recuo das tropas até Catanduva, interior de
São Paulo. Carlos de Campos (1866-1927) assume o governo de São Paulo.
1925
-
Publica os livros de poemas: Meu, com
capa de Paim e Encantamento, com capa
de Correia Dias. (Essa obra foi coroada pela Academia Brasileira de Letras).
Publica também: A Flor Que Foi Um Homem –
Narciso, com capa e desenhos de J. Wasth Rodrigues, e Raça. Recebe prêmio pelo livro Encantamento,
concedido pela Academia Brasileira de Letras. 7 de janeiro: em carta, Mário de Andrade escreve para Tarsila do
Amaral, ainda em Paris, narrando que esteve na casa de G.A. Nessa carta Mário descreve o seu estado de
“ressaca” após essa visita à casa do poeta:
São Paulo, 7 de janeiro de 1925.
Tarsila
Escrevo esta sob a ação duma ressaca
danada. Estou com gosto de tacho do Alexandrino na boca que não há meio de
sair. (...). Tudo está virando e separado. Agorinha mesmo uma roda do bonde lá
da Rua das Palmeiras veio correndo, entra que não entra, entrou no meu quarto e
botou tudo de cabeça pra baixo. Estou meio ité, meio zonzo e o curumim rindo na
esquina parece que guaia dentro do meu ouvido que saci em noite de assombração.
Mas careço de pedir uma coisa pra você e por isso largo da cama que não estava
nem boa nem ruim mas porém sempre era uma cama onde a gente fica na maciota sem
mexer com os músculos do corpo nem parafusar com os pensamentos e saudades na
cachola, deixando o bestunto escancarado pra Nosso Senhor espiar lá por dentro
esse angu de maus desejos e bonitos sentimentos do coração com que se trança a
vida dum sujeito deste mundo largo. Você me desculpe se esta carta vai um pouco
misturada das idéias dela mas o-quê que hei de fazer? Estou de ressaca depois
duma noite inteirinha de saracoteio num assustado que o Guilherme de Almeida
inventou na casa dele e como preciso de escrever pra fazer um pedido pra você,
vai esta assim mesmo. (...)”.
(Amaral,
Aracy A. In: Correspondência Mário de
Andrade & Tarsila do Amaral II. Organização, introdução e notas de Aracy
Amaral. Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1999,
1ª Ed. – p. 91).
- G.A., na revista Estética,
janeiro-março, publica Da Gloria
(Solilóquio num dia de chuva). Nessa mesma edição, Mário de Andrade dedica
longo artigo sobre o livro Meu, de G.A. Em A Revista,
periódico modernista mineiro, dirigido por Martins de Almeida e Drummond de
Andrade (1902-87), no seu primeiro número, julho, Mário de Andrade também
escreveu artigo sobre o livro Meu.
Importante descrever um trecho desse artigo, na sequência, conservada a grafia
original:
“(...). Guilherme de Almeida dispõe de
uma maravilhosa expressão technica constituida de palavras ajustadas, de
rythmos precisos, de tonalidades nitidas. Está bem longe de dar aquella
liberdade solta de imagens e de accordes á frase poetica como o faz a corrente
de neo symbolismo contemporâneo. De facto, só essa technica solida do “Meu”
seria capaz de realizar a tranquillização artistica do tumulto de nossa
natureza. É o livro mais uma bella tentativa de equilibrio, em arte, dos
elementos decorativos brasileiros”.
(Andrade,
Mário. Os livros e as idéas – MEU -
Guilherme de Almeida. A Revista. Editora: Typ. do “Diario de Minas”, Bello
Horizonte, Num. I, p. 48, julho 1925).
- 16 de outubro: o
poeta e Baby partem para o Rio de Janeiro. G.A. viaja
pelo país (Porto Alegre, Recife, Fortaleza) divulgando o Modernismo. Ainda em
Fortaleza, em 9 de novembro, realiza a conferência: “O Brasil pela revelação da poesia moderna”. Em entrevista à Folha da Manhã, de São Paulo, por
ocasião do lançamento do livro “Meu”,
G.A.
declarou:
- “Meu – tudo o que possa caber dentro
desse pequeno possessivo: minha a inspiração, minha a língua, minha a
escolha... minha também essa pretensão”.
(Almeida,
Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção
de textos, notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam
Pessoa de Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – p. 61).
- Recebe prêmio pelo
livro Encantamento, Menção Honrosa, concedido pela Academia Brasileira
de Letras. No terceiro e último periódico modernista e mineiro, A Revista, do mês de setembro, colabora
com o poema Pyjama;
Adendo Cultural: Inicia-se a Corrente
Verde-Amarela com a participação de G.A., Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Plínio
Salgado. Mário de Andrade publica A Escrava que não é Isaura. Surge em
Belo Horizonte, em junho e começa a circular em julho, o periódico A Revista,
com a direção de Carlos Drummond de Andrade e Martins de Almeida (?), que teve
a duração de apenas três edições. Sérgio Milliet publica com Oswald de Andrade
e Afonso Schimidt (1890-1964) a revista Cultura. Graça Aranha publica O
Espírito Moderno. Cecília Meireles publica Baladas para El-Rei. Oswald de Andrade publica Pau Brasil (poesia).
Adendo Brasil: Acontece na cidade de São Paulo a
primeira edição da corrida de São Silvestre, iniciativa do jornalista Cásper
Líbero (1889-1943). Em julho: a Coluna Miguel Costa-Prestes inicia sua marcha
pelo Brasil.
1926
-
Morre o pai, em 16 de abril, Dr. Estevam de Araújo Almeida e G.A. volta a residir em São
Paulo, no bairro de Santo Amaro. A
convite de Júlio Mesquita (pai), G.A. torna
a fazer parte da redação de O Estado de
S. Paulo e inicia uma série de crônicas sobre cinema (Cinematógrafos), com duas crônicas diárias, assinando-as com
pseudônimo de Guy, hora G, iniciando em janeiro
de 1927. Muda-se para a alameda
Ribeirão Preto, no Morro dos Ingleses, zona central de São Paulo. Escreve dois
ensaios: Do Sentimento Nacionalista na
Poesia Brasileira e Rhythmo, Elemento de Expressão, Tipografia da Casa
Garraux, São Paulo, com os quais concorre, como tese, ao cargo de professor de
Literatura no ginásio do Estado. Não obteve sucesso e tomou posse do cargo de
Secretário da Escola Normal do Brás, cargo esse para o qual havia sido nomeado
antes do seu casamento, em 1923. Em Janeiro, Sérgio Milliet escreve
interessante artigo sobre G.A. e
o livro Raça, descrito a seguir,
conservada a grafia original:
POESIA
Sérgio Milliet
“Três raças se cruzaram, três sangues gotejaram de três crucificados”.
Aí está o símbolo
simples que Guilherme desenvolveu no seu último poema intitulado Raça. Brasil: o branco, o verde, o prêto
misturando-se, confundindo-se num só tronco, formando a cruz malfeita, “a nossa
cruz”, sob o Cruzeiro. E com o desenvolvimento dêsse tema rebatido, Guilherme
conseguiu, ainda, deslumbrar, embebedar de santa poesia, os leitores mais
exigentes, os críticos mais apagados às chapas modernistas. É que êle tocou na
corda musical: na nossa brasilidade.
Eu não sei o que
mais deva admirar nesse extraordinário artista: o classicismo da inspiração, o
modernismo da realização, ou a fusão, num todo perfeito, dessas duas
tendências.
Guilherme atrai os
superlativos. Dá vontade, na gente, de elogiá-lo em italiano, por causa dos
“íssimos”.
Tolhe o senso
crítico. Quando o leio, não me incomodo mais com modernismos nem com
passadismos. Admiro. Gosto ou não gosto. É tudo. Preciso esforçar-me, porém,
para dizer mais do que minha admiração. É meu dever achar defeitos. Vamos ver.
Todos observaram,
com certeza, a predileção que Guilherme tem pelos lugares-comuns, no sentido
elevado da palavra – assuntos gerais, clássicos, já tratados, já esgotados, que
êle renova, originaliza, particulariza, com uma habilidade e uma técnica
espantosas.
Outros há que
conseguem banalizar o original, envelhecer os assuntos novos, estragar os
achados mais extraordinários!
Com Raça,
Guilherme explora um tema perigosíssimo, porque bole com a cousa mais
dificilmente original e modernizável: o patriotismo. Quantos poetas, e dos
melhores, naufragaram nessas águas! Basta citar Verhaeren. Poesia patriótica,
poesia social, ambas se prestam à gradiloquência. Guilherme foi simplesmente
eloqüente. Nem pensou em ser voluntàriamente moderno. Êle sabe que não é
suficiente falar de aeroplanos e de T. S. F. para ser moderno. A modernidade
está tanto no espírito como na forma ou no assunto. O romântico continua
romântico, mesmo pisando o asfalto da Avenida ou passeando à sombra dos
arranha-céus. Com Guilherme é o contrário que se dá. Êle é moderno mesmo quando
freqüenta os gregos. E, principalmente, êle é poeta. Mais do que qualquer outro
de nós, êle é construtivo na sua poesia. É arquiteto.
Oswald e Mário criam
materiais. Guilherme constrói casas, palácios, catedrais. Não me interessa
saber se êle fabricou suas pedras com as próprias mãos ou se as encontrou à
venda.
Os méritos são
iguais, porque um não pode prescindir do outro.
Êste poema, Raça, é sua melhor realização. É a
catedral, depois dos bangalôs de Meu. Tècnicamente
é soberbo. Construído como uma tôrre. Sobe, sobe e vai perder-se no crepúsculo.
É esbelto, tem músculos longos e sem saliências. Não tem partes melhores nem
piores. É um todo muito unido, com as sombras, de vez em quando, das imagens
mais violentas. Não adianta citar versos. É preciso ler o poema todo.
As casas modernas
não têm pormenores que chamem a atenção dos transeuntes e desviem seus olhares
do todo harmonioso. Elas são imensas, grandiosas e discretas, entretanto,
apesar dos 14 andares. Mas, se o transeunte aproximar-se, verá as sombras, verá
que a construção é feita com um conjunto de pormenores minuciosamente
estudados. Assim o poema de Guilherme.
Pode-se criticar Raça, sob o ponto de vista mesquinho dos
modernismos franceses e italianos. Eu nego, porém, qualquer valor a essas
críticas, porque o nosso modernismo tem de ser diferente. E Guilherme é
profundamente brasileiro. Digo mais: paulista.
Toda aquela parte
que começa assim:
“Nós. Branco-verde-prêto: simplicidades-indolências-superstições.
...Nós. O clã fazendeiro. Sombra forte de mangueiras pelo chão; recorte
nítido de bananeiras pele ar; ....demandistas picando fumo e discutindo, rédea
em punho, servidões e divisões de desmarias; safras pendentes, cavalhadas,
geadas, estradas estragadas, invernadas;”
Todo êsse pedaço é
profundamente nosso, de S. Paulo. Isso não é um defeito, porque só se é
brasileiro sendo paulista, como só se é universal sendo do seu país.
Essa é a verdade
indiscutível. Essa é a verdade de Guilherme.
(Milliet,
Sérgio. In: Terra Roxa, São Paulo,
ano I, n.º 1, 20-1-1926, e editado no livro: Almeida, Guilherme de. In: Raça, Livraria José Olympio Editora, RJ,
1972, 2ª Ed. Coleção Sagarana, Vol. Nº 88 - Apêndice, pp. 50/52).
- 21 abril: Mário de
Andrade escreve carta para Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, em Paris,
noticiando o falecimento do Dr. Estevam:
“Paris-dia de Tradentes em 1926
Tarsivaldo,
(...). Sabem, morreu o dr. Estavam de
Almeida e Taci, Gui estão como é de esperar acabunhadíssimos, não se esqueçam
de mandar uma palavrinha para eles.(...)”.
(Amaral,
Aracy A. In: Correspondência Mário de
Andrade & Tarsila do Amaral 2. Organização, introdução e notas de Aracy
Amaral. Coleção Correspondência Mário de Andrade 2. EDUSP/IEB, São Paulo, 1999,
1ª Ed. – p. 96)
- No livro Andorinha, Andorinha de Manuel Bandeira, traz dois textos onde
polemizam João Alphonsus e Manuel Bandeira. Ambos mencionam G.A., como exemplo. A primeira, de João Alphonsus, com
data de 24 de outubro:
“(...).
Já se vai tornando banal e inútil
ironizar o passadismo.
Também banal e inútil explicar tendências do modernismo. A presença do Brasil na nossa poesia modernista se vem acentuando há muito. Se pode mesmo dizer que a ânsia dos nossos poetas modernos é abrasileirar cada vez mais a poesia. Como? As tentativas vão surgindo. Desde os Epigramas Irônicos e Sentimentais, onde tem cheiro de capim-melado, grilos, torpor, resinas, sol queimando couves dos quintais desertos (tão nosso isso como dos hortelões da outra banda), mangas, abacaxis, etc. O Sr. Ronald de Carvalho fala dessas coisas com a mesma naturalidade com que poetou vindimas, pâmpanos, polilhas de cisterna, lampiões cochilando nas pontes, névoas, choupos nos Poemas e Sonetos. E recentemente alfareros chiquillas, fura-véus, xales, nichos, jarabes, em Toda a América. Puro intelectualismo. Mas sinceridade nas intenções pelo menos. Já é vantagem. Como Guilherme de Almeida no Meu e Raça. No Raça ele resolve com uma simplicidade de pasmar o nosso complicadíssimo problema etnológico. É o triângulo: o português, o ardor caravelejante e negrejante; o índio, com a indolência indomável e o arco; o negro, com o bodum resignado e as superstições cantadas. Isso posto em versos gostosos, com rebuscamentos que informe de Mário de Andrade me contou ser gongorismo”.
Também banal e inútil explicar tendências do modernismo. A presença do Brasil na nossa poesia modernista se vem acentuando há muito. Se pode mesmo dizer que a ânsia dos nossos poetas modernos é abrasileirar cada vez mais a poesia. Como? As tentativas vão surgindo. Desde os Epigramas Irônicos e Sentimentais, onde tem cheiro de capim-melado, grilos, torpor, resinas, sol queimando couves dos quintais desertos (tão nosso isso como dos hortelões da outra banda), mangas, abacaxis, etc. O Sr. Ronald de Carvalho fala dessas coisas com a mesma naturalidade com que poetou vindimas, pâmpanos, polilhas de cisterna, lampiões cochilando nas pontes, névoas, choupos nos Poemas e Sonetos. E recentemente alfareros chiquillas, fura-véus, xales, nichos, jarabes, em Toda a América. Puro intelectualismo. Mas sinceridade nas intenções pelo menos. Já é vantagem. Como Guilherme de Almeida no Meu e Raça. No Raça ele resolve com uma simplicidade de pasmar o nosso complicadíssimo problema etnológico. É o triângulo: o português, o ardor caravelejante e negrejante; o índio, com a indolência indomável e o arco; o negro, com o bodum resignado e as superstições cantadas. Isso posto em versos gostosos, com rebuscamentos que informe de Mário de Andrade me contou ser gongorismo”.
- 30 de outubro:
Manuel Bandeira responde João Alphonsus. Essa resposta de Bandeira vem nas
páginas sequentes ao texto do Alphonsus, com o título: “Carta-Aberta a João Alphonsus”, cujo trecho que segue Bandeira
menciona G.A.:
(...).
Eu não disse, João Alphonsus, que você
lê mal? Não deixei passar “Jorobatel” no “Losango”: assinalei-a como estupenda.
Gostos... Todo mundo sabe da minha admiração por Mário de Andrade. Pouco me
importa que você ou outro qualquer venha com “ora porquês!”. Você falou muito
no capim-melado, nas resinas, nos alfareros, nas chiquillas, nos jarabes do
Ronald, na pasmosa simplicidade com que o Guilherme resolveu em Raça o nosso
“complicadíssimo problema etnológico”... Mas quem marcou você não foi Guilherme
nem Ronald: Foi Mário. Por isso gosto do Mário. É ali na piririca. Marca até os
fortes como você.
(Bandeira,
Manuel. In: Andorinha, Andorinha.
Editora José Olympio, RJ, 1986, 2ª Ed. – pp. 192 e 195).
Adendo Cultural: António de Alcântara Machado
(1901-35) publica em São Paulo, “Pathé-Baby”, prefaciado por Oswald de Andrade e com ilustrações de
Paim. Alcântara Machado, Paulo Prado (1869-1943) e Couto de Barros, lançam a
revista Terra Roxa e Outras Terras, em São Paulo. Cassiano
Ricardo publica Vamos Caçar Papagaios. Mário de Andrade publica Losango Cáqui, poesia
e Primeiro andar, contos. Menotti Del Picchia publica Toda
Nua (contos). Graça Aranha publica Futurismo: Manifesto de Marinetti e
seus companheiros. Ronald de Carvalho publica Toda a América. Plínio
Salgado publica A Anta e o Curupira, a ficção O Estrangeiro
e Discurso às Estrelas (crônicas). Ribeiro Couto publica Um Homem na
Multidão.
Adendo Brasil: 15 de novembro: posse de
Washington Luís na presidência. Getúlio Vargas (1883-1954) é nomeado ministro
da Fazenda. Surge o Partido Democrático (PD), em São Paulo.
1927
- 27 de janeiro: estreia
com a coluna Cinematógrafos, no O Estado de S. Paulo. “Censura à censura”
é a primeira da série de crônicas sobre a sétima arte. Aline Irich, em “Guilherme de Almeida e a construção da identidade
paulista”, na sua dissertação ao
Programa de Pós-graduação em Literatura Brasileira do Dep. de Letras Clássicas
e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São
Paulo, 2007, coletou 1.066 crônicas escritas em Cinematógrafos, entre 1927 e 1932, descritas nas páginas 53 a 75. 14 de julho: colabora com o Diário Nacional, com a seção “Pela
Cidade”, com o pseudônimo de Urbano
– São 120 crônicas em 1927, que podem ser lidas na edição preparada por
Frederico Ozanam Pessoa de Barros, Pela
Cidade, pp. 5 a 208, editora Martins Fontes, São Paulo, 2004. Sai a 2ª Edição de A Dança das Horas e de Era
uma vez... e a 3ª edição de Nós.
Colabora na edição nº 4, de dezembro, da
revista Verde, de Cataguazes (MG),
dirigida por Henrique de Resende, Martins Mendes (?-?) e Rosário Fusco
(1910-77), com o texto “L’oiseau Bleu”;
Adendo Cultural: Em março, o poeta Rodrigues de
Abreu entrega os originais do livro Casa Destelhada para o poeta
Cassiano Ricardo, que se prontifica a imprimi-lo pela Editora Hélios Ltda.,
doando a edição toda ao autor. Primeira vinda do criador do Manifesto
Futurista (1909), o escritor, poeta, político egípcio-italiano, Felippo
Godoy Tommaso Marinetti, ao Brasil. Chega ao Rio de Janeiro e faz palestra no
Teatro Lírico, sendo apresentado por Graça Aranha. Blaise Cendrars faz sua
segunda viagem ao Brasil. Mário de Andrade publica Clã do Jabuti e Amar,
Verbo Intransitivo. Mário de Andrade entra como crítico de arte no Diário
Nacional, de São Paulo. Menotti Del Picchia publica O Curupira e o Carão
(em colaboração com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado). Menotti
publica também Poemas de Amor e Por Amor do Brasil (discursos
parlamentares). Oswald de Andrade publica Primeiro
Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade e O Romance do Exílio II. A
Estrela de Absinto, com capa de Victor Brecheret. Alcântara Machado publica
Brás, Bexiga e Barra Funda. 24 de novembro, vítima de
tuberculose, morre o Poeta Rodrigues de Abreu, em Bauru (SP), sendo sepultado
no Cemitério da Saudade daquela cidade. Sérgio Milliet publica Poemas
Análogos.
Adendo Brasil: Washington Luís é eleito
presidente. Getúlio Vargas é eleito deputado federal. Júlio Prestes de
Albuquerque (1882-1946) é eleito para o governo de São Paulo.
1928
-
Entra para a Academia Paulista de Letras, ocupando a vaga de seu pai, cadeira
nº. 22, patrono João Pereira Monteiro Júnior. Dá início à série de crônicas na
coluna A Sociedade, no O Estado de S. Paulo, que entre 1929 e 1932, foi um total de 624 crônicas, conforme
menciona Aline Irich, nas págs. 92 a 102, da sua dissertação (obra já citada
acima, 1927). Sai a 2ª edição de Livro de horas de Soror Dolorosa. 8 de
novembro: Cinema foi a última crônica
da série Crônicas de Urbano, no Diário Nacional – São 196 crônicas em
1928, que podem ser lidas na edição preparada por Frederico Ozanam
Pessoa de Barros, Pela Cidade, pp. 208 a 531, editora Martins Fontes, São Paulo, 2004. A partir de 8 de agosto, G.A. passou a cuidar de uma nova sessão do
jornal, chamada “Canto Literário”, no
qual reproduzia pequenos trechos de vário autores e as traduções que ia fazendo
dos Pequenos poemas em prosa de
Charles Baudelaire, sem contudo, se identificar como seu tradutor.(*) As publicadas
posteriormente por esse jornal foram assinadas com vários outros pseudônimos,
como: Sub-Urbano e Inter-Urbano;
(*) Almeida, Guilherme de. In: Pela Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de
Barros. Editora Martins Fontes, São Paulo, 2004, 1ª ed. p. 427, Nota 75).
Adendo Cultural: Em São Paulo, 1º de maio, é
publicada a Revista de Antropofagia, primeira fase – direção de Oswald
de Andrade, Alcântara Machado e Raul Bopp (1884-1984), o “Manifesto
Antropófago” de Oswald de Andrade, composto de 52 parágrafos. Cândido
Portinari (1903-48) ganha o prêmio de viagem à Europa pelo SNBA. Tarsila do
Amaral pinta o quadro Abapuru. Como lançamento do Manifesto
Antropófago, desencadeia o Movimento Antropofágico de Oswald de
Andrade e Raul Bopp. Mário de Andrade viaja para o Nordeste, recolhendo vasto
material da cultura popular, e publica: Ensaio Sobre a Música Brasileira. Mário
publica também um dos livros mais lidos e discutidos até hoje: Macunaíma, o
Herói sem Nenhum Caráter. Paulo Prado publica Retrato do Brasil.
Cassiano Ricardo publica Martim-Cererê. Alcântara Machado publica Laranja
da China. Menotti Del Picchia publica República dos Estados Unidos do
Brasil e O Momento Literário Brasileiro. Tarsila do Amaral expõe em
Paris. Anita Malfatti realiza mostra em São Paulo. Vicente do Rego Monteiro
(1899-1970) realiza sua segunda mostra individual em Paris. José Américo de
Almeida (1887-1980) publica A Bagaceira. Ribeiro Couto publica Canções
de Amor.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas toma posse no
governo do Rio Grande do Sul. Nesse ano (1928), o Brasil era o país com a maior
dívida externa da América Latina.
1929
-
Publica Simplicidade, nova coletânea
de poemas e Gente de Cinema (prosa).
Dia 31 de julho é empossado na Academia Paulista de Letras e é saudado por
Spencer Vampré (1888-1964). Sai a 3ª edição de Messidor;
Adendo Cultural: Morre o escritor e amigo de G.A., Amadeu Amaral. Anita Malfatti realiza
mostra individual em São Paulo. O filósofo Hermann Keyserling (1880-1946) vem a
São Paulo e é recebido pelos modernistas. Seu pensamento exerce influência em
Mário e Oswald de Andrade. No Rio de Janeiro, Di Cavalcanti e Ismael Nery
(1900-34) realizam exposição. Tarsila do Amaral realiza sua primeira exposição
individual em São Paulo, no edifício Glória, início da Rua Barão de
Itapetininga, nº 6 (*). 17 de março:
Oswald de Andrade lança a “Segunda dentição” da Revista de Antropofagia.
Em 18 de julho, vernissage da exposição individual de Tarsila no Palace Hotel,
Rio de Janeiro, à Av. Rio Branco. O artista plástico Alberto da Veiga Guignard
(1896-1962) retorna ao Brasil. Mário de Andrade publica: Compêndio de
História da Música. Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral perdem a fortuna;
o casal se separa.
(*) Amaral, Tarsila do. Tarsila Cronista. Org. Aracy Amaral.
EDUSP/IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001, nota 70, p. 43.
Adendo Brasil: O preço do café no mercado
internacional cai, provocando a falência de inúmeros fazendeiros brasileiros.
Lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República.
Adendo Geral: Quebra (Crash) da Bolsa de Nova
York.
1930
-
6 de março: é eleito para a Academia Brasileira de Letras, onde passa a ocupar
a cadeira nº 15, sob a égide de Gonçalves Dias (1823-64), fundada por Olavo Bilac (1865-1918),
cadeira vaga desde a morte de Amadeu Amaral. Foi empossado em 21 de junho, e Olegário Mariano (1889-1958) fez a réplica
ao seu discurso. No jantar oferecido pelos amigos, foi elaborado um
cardápio onde foi impresso a seguinte frase:
“Os amigos de Guilherme de Almeida resolvem
comê-lo, antes que a Academia o faça”.
Foto ilustrativa do site da ABL - www.academia.org.br |
- Para
conhecer o discurso de posse realizado por G.A., entre neste link:
Sai
a 4ª edição de Nós, antes da posse,
em 9 de março, quando o poeta foi eleito. Mário de Andrade escreve no Diário Nacional, em 9 de março, o artigo
que segue parcialmente o primeiro e último parágrafo, conservada a grafia
original:
GUILHERME DE ALMEIDA
Foi bem geral nos meios
literários malditos, o espanto causado pela eleição de Guilherme de Almeida
para substituir Amadeu Amaral, na Academia Brasileira de Letras. Acho esse
espanto pueril porque afinal das contas a Academia Brasileira, sendo de Letras,
como lhe determina o nome, e provam alguma tradição bonita e muitos atos, está
claro que de vem em longe há-de chamar para si, literatos também. É o que tem
feito estes últimos tempos elegendo a figura nobre e grandemente culta de
Afonso de Taunay e agora Guilherme de Almeida.
(...).
Por tudo quanto encerra, de dignificação e de prêmio, a eleição a uma
Academia, Guilherme de Almeida merece o lugar que agora ocupa. No momento
presente, não vejo na literatura brasileira, uma organização mais integral de
poeta que a dele: lirismo, grande faculdade imaginativa, artista incomparável.
Personalidade fixa, nenhuma vagueza psicológica, cultura adequada e aquele
pingo ácido de liberdade em relação aos homens e às coisas, que é parte pela
qual os poetas verdadeiros são incomensuráveis pro metro humano. Louros ele já
colhera por si. Faltava é que pelas escurezas malditas um holofote batesse
nele. Agora bateu. E Guilherme de Almeida está vivendo em toda a sua grandeza
merecida.
Mário
de Andrade
(Andrade, Mário de. In: Taxi e Crônicas no Diário Nacional. Estabelecimento de Texto, Intr.
e Notas de Telê Porto Ancona Lopez. Livraria Duas Cidades/Secretaria de Cultura
Ciência e Tecnologia. São Paulo, 1976, pp.195-196).
Adendo Cultural: Mário de Andrade publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate
de Males, poesia. Manuel Bandeira publica: Libertinagem. Carlos
Drummond de Andrade estreia com Alguma Poesia. Menotti Del Picchia
publica O Amor de Dulcinéia e A República 3.000 (romance). Ano da
fundação da Associação Brasileira de Música, por Luciano Gallet (1893-1931).
Cassiano Ricardo publica Canções da Minha Ternura (poesia). Tarsila do
Amaral participa da mostra de uma Casa Modernista de Gregori Warchavichik
(1896-1972), na rua Itápolis, no bairro paulistano do Pacaembu (*).
(*) Ribeiro, Maria Isabel Blanco. In:
Tarsila do Amaral. Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros. Folha de
S. Paulo & Instituto Itaú Cultural. 1ª ed. São Paulo, 2013, p. 26.
Adendo Brasil: 25 de
maio: o dirigível Graf Zeppelin chega no Rio de Janeiro. Acontece a chamada Revolução
de 30. O estopim aconteceu em 26 de julho, quando João Pessoa (1878-),
presidente da Paraíba, foi assassinado em uma confeitaria do Recife por João
Dantas (1888-1930), um de seus adversários políticos. A Revolução estourou em
Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, em 3 de outubro. 24 de outubro: Washington
Luís é deposto pelos chefes das forças armadas. Eleições presidenciais. Júlio
Prestes (1882-1946) é eleito. Getúlio Vargas aplica golpe e assume o poder e,
em 3 de novembro toma posse como chefe do Governo Provisório. Começa assim a
“Era Vargas”, que permaneceria no poder por quinze anos, sucessivamente como
chefe de um governo provisório, presidente eleito pelo voto indireto e ditador.
Seria deposto em1945, voltaria à presidência pelo voto popular em 1950, não
chegando a completar o mandado ao suicidar-se em 1954. Em novembro, 14 e 21,
foram criados os Ministérios da Educação e do Trabalho.
1931
-
São publicados novos livros de G.A.: Você, com desenhos de Anita Malfatti: Carta à Minha Noiva e Poemas
Escolhidos (Seleção de poemas). Sai
a 4ª Edição de Messidor. G.A.
participa do segundo número da Revista
Nova (sob a direção de Paulo Prado, Mário de Andrade e António de Alcântara
Machado), editada em 15 de junho, com o texto: O Canto dos Brinquedos. Nesse ano, em São Paulo, foi constituído o
grupo da Liga de Defesa Paulista,
reunindo pessoas contrárias ao governo getulista, dentre eles: escritores,
intelectuais, fazendeiros e profissionais liberais, tais como Tácito de
Almeida, irmão de G.A. Texto de Saulo Ferra, na revista Paulistania, nº 78 (órgão oficial do
Clube Piratininga de São Paulo, entidade fundada em 1934, de que o poeta foi um
dos sócios-fundadores), faz um depoimento sobre o funcionamento desse órgão,
mencionando G.A., descrito parcialmente na sequência:
Um grupo de paulistas corajosos,
irmãos Guilherme e Tácito de Almeida, fundou a Liga de Defesa Paulista, cuja
finalidade era lutar pela libertação de São Paulo, das garras da ditadura.
(...)
Em fins de julho de 1932, uma notícia
inesperada explodiu como uma bomba e veio transformar os planos e precipitar os
acontecimentos. Os jornais noticiaram que o Gen. Klinger se rebelara contra o
ditador, em Mato Grosso, e marchava à frente de 6 mil homens, através de nosso
território.(...)
A Liga de Defesa Paulista tomou logo
posição e convocou uma reunião que se realizou à noite no Clube Comercial, a
qual foi muito concorrida. Foi uma reunião memorável. O entusiasmo guerreiro
dominou inteiramente a assembleia. (...). A assembleia naquela noite aclamou Guilherme
de Almeida como presidente e elegeu o conselho composto de 40 membros (...)
A Liga de Defesa Paulista, entrou
logo em ação. Instalada na rua Barão de Itapetininga (...).
(Irich,
Alice. In: Guilherme de Almeida e a
construção da identidade paulista. Dissertação Pós-graduação em Literatura
Brasileira do Dep. de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2007).
Adendo Cultural: Oswald de Andrade e Patrícia
Galvão (Pagu – 1910-62) fundam o jornal O Homem do Povo. 26 de janeiro:
morre no Rio de Janeiro o escritor Graça Aranha, deixando inacabada a obra O
Meu Próprio Romance (edição póstuma ainda em 1931). 15 de março: Mário de
Andrade, Paulo Prado e Alcântara Machado lançam a Revista Nova. 24 de maio:
Villa-Lobos (1887-1959), na cidade de S. Paulo, organiza a primeira
concentração orfeônica, sob o nome de Exortação Cívica, que teve a participação
de mais de 12 mil vozes. Em 15 de junho, Tarsila do Amaral, em Moscou, no Museu
de Arte Moderna Ocidental, realiza conferência tematizando “Arte no Brasil”.
21 de outubro: Villa-Lobos realiza novo concerto em S. Paulo, regendo uma
orquestra com 500 executantes. Manuel Bandeira é nomeado presidente do Salão
Nacional de Belas Artes. Menotti Del Picchia publica A Crise da Democracia
(pesquisas de política e de sociologia contemporânea). Raul Bopp publica Cobra
Norato, com capa de Flávio de Carvalho (1899-1973). Cassiano Ricardo
publica Deixa Estar, Jacaré. Plínio Salgado publica O Esperado.
Adendo Brasil: 18 de abril: através do Decreto
nº 19.890, institui-se o ensino obrigatório de Canto Orfeônico nas escolas do
Município do Rio de Janeiro. 12 de outubro, data do descobrimento da América:
inauguração da estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro.
1932
-
Participa da Revolução Constitucionalista, pegando em armas. Serviu no Batalhão
da Liga da Defesa Paulista. Dirigiu o
Jornal das Trincheiras, distribuído
aos soldados no próprio campo de batalha. Nesse jornal, G.A. foi o redator dos 14 periódicos oficiais, distribuídos
nas áreas de combate, entre 14 de agosto e 25 de setembro de 32.
Foto ilustrativa - Guilherme com mascote (1932) - Site: www.jornalrol.com.br |
- Publica Cartas
Que Eu Não Mandei (poemas) e Eu e
Você (poemas), tradução de Toi et Moi
de Paul Géraldy (1885-1983).
Traduz e publica Gitanjáli, de Tagore
(1861-1941). Mário de Andrade,
em carta enviada a Paulo Duarte (1899-1984), em 5 de agosto de 1932, cuja
temática é a Revolução Constitucionalista, assim escreveu sobre G.A.:
(...). O Fernando está em Camanducaia
e já entrou em fogo. O Carlos agora está em Itapira e viveu os combates de Ouro
Fino. E tenho ainda dois afilhados no sul, além dos amigos da L.D.P. que estão
em Cunha. Ontem ainda pegaram um prisioneiro, um marinheiro, notícia que ainda
tem mais graça quando contada por mim, que ando dizendo prá tôda gente que foi
o Guilherme de Almeida que prendeu o marinheiro... (...)”.
(Duarte,
Paulo. In: Mário de Andrade por ele
mesmo. Editora Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia,
São Paulo, 1977, 2ª Ed. – p. 146).
- Saí a 2ª Edição dos
livros: Cartas a Minha Noiva e Você. Com a derrota de São Paulo, G.A. é
preso no dia 10 de outubro e enviado para a Casa de Detenção no Rio de Janeiro,
em consequência do seu apoio à rebelião paulista. É exilado, em 5 de novembro,
para a Europa (Portugal), onde passa 8 meses e viaja pela Itália, França e
Inglaterra. Em 22 de dezembro foi recebido com todas as honras na Academia das Ciências de Lisboa pelo
poeta Leitão de Barros (1896-1967). No final de seu discurso, Leitão de Barros,
conclui com a seguinte observação:
“(...) o poeta que luta, de armas na
mão, por uma causa oportuna ou inoportuna, útil ou inútil, mostra ser
claramente, indiscutivelmente, um idealista extreme – e que a sua poesia, a sua
faculdade poética, assentam em bases de inabalável solidez, porque nasce de uma
sôfrega sede de altura e de um profundo anseio de superar as inércias
quotidianas, as cobardias e as hesitações que nos diminuem”.
(Almeida,
Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção
de textos, notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam
Pessoa de Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – p. 61).
- Nessa viagem à
Europa, G.A. encontra-se com o presidente deposto Washington
Luís e viajam pela França, onde visitam os castelos do Loire;
Adendo Cultural: 1º de fevereiro: criado o
Serviço Técnico e Administrativo de Música e Canto Orfeônico, através do
Decreto Municipal nº 3.763, subordinado à Diretoria Geral de Instrução do
Distrito Federal. 24 de novembro: inaugurado o Clube dos Artistas Modernos
(CAM), à Rua Pedro Lessa, nº 2, em São Paulo, sob a presidência de Flávio de
Carvalho, com a participação de Antonio Gomide (1895-1967), Di Cavalcanti e
Carlos Prado (1908-92). Tarsila do Amaral regressa a São Paulo e é presa por
dois meses no Presídio do Paraíso, por sua viagem à União Soviética. Menotti
Del Picchia publica A Tormenta (romance). Raul Bopp
publica Urucungo (poemas negros).
Adendo Brasil: 23 de maio: em manifestação na
cidade de S. Paulo, morrem os estudantes Mário “Martins” de Almeida (1901-),
Euclydes Bueno “Miragaia” (1911-), “Dráusio” Marcondes de Souza (1917-),
Antonio Américo “Camargo” Andrade (1901-) e Orlando de Oliveira “Alvarenga”
(1899-1932). As iniciais de seus nomes comporão a sigla “M.M.D.C.A”, estandarte
do movimento constitucionalista. 9 de julho: Inicio da Revolução
Constitucionalista. 23 de julho: suicídio de Santos-Dumont. Em outubro: logo
após a Revolução Constitucionalista, Plínio Salgado e outros intelectuais
fundam em São Paulo a AIB (Ação Integralista Brasileira). Criado o novo Código
Eleitoral: estabelece o voto secreto e o direito das mulheres a votarem e serem
votadas.
1933
–
No final de julho: retorna do exílio em rápida passagem pelo Rio de Janeiro.
Instala-se na Rua Pamplona, em São Paulo. Inicia dois programas semanais na Rádio Cruzeiro do Sul: Momento Lírico (sobre poesia) e Preview da Semana (sobre cinema). Em novembro: nas oficinas da Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, naquela ocasião
localizada à Rua Xavier de Toledo, 72, São Paulo (SP), é publicado seu livro: O Meu Portugal (prosa), reunindo suas
reflexões do exílio. Nesse livro o próprio G.A. fez
questão da dedicatória, como segue, na íntegra:
A
PORTUGAL
- O AMIGO CERTO DO
MOMENTO INCERTO –
ÁQUELLE PORTUGAL
A QUE EU VOU DAR O
PEQUENO E
ENORME ADJECTIVO
QUE APENAS SE DÁ AO QUE
SE QUER TOANTO QUANTO A
SI MESMO;
“MEU”,
- HOMENAGEM
DE MINHA GRATIDÃO E DE
MINHA SAUDADE.
G. de A.
-
Escreve o poema Nossa Bandeira, integrante de um Hinário que não chegou realizar. Esse
poema foi escrito na noite de 2 para 3 de novembro, quando já da volta do
exílio, tomou conhecimento de um artigo que relatava uma projetada
“Constituição Getulina”, que vedaria aos Estados o uso de insígnias próprias:
brasões de armas, hinos, bandeiras – queimadas quatro anos depois (4 de
dezembro de 1937), em cerimônia presidida por Vargas, na esplanada do Russell,
no Rio de Janeiro (*).
(*) Almeida, Guilherme de. In: Literatura Comentada. Seleção de textos,
notas estudos biográfico, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de
Barros. Abril Educação, São Paulo, 1982, 1ª Ed. – Nota 62, p. 90.
Adendo Cultural: Primeira exposição de arte
moderna da SPAM, em 28 de março, em São Paulo. Segunda exposição da SPAM é
realizada no Rio de Janeiro com a participação de Cândido Portinari, Di
Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard e outros. Menotti Del Picchia publica A
Revolução Paulista através de um testemunho do Gabinete do Governador; Jesus;
Viagens de João Peralta e Pé de Moleque (história infantil) e Poesias
(seleção de versos escolhidos por ele). Sai a 2ª edição de A República 3.000,
de Menotti Del Picchia, com o título A Filha do Inca. Oswald de Andrade publica Serafim Ponte Grande
(escrito entre 1924/28). Pagu publica o romance Parque Industrial
assinando com o pseudônimo de Mara Lobo. Mário de Andrade publica Música
Doce Música. Plínio Salgado publica O Cavaleiro de Itararé e Voz
do Oeste.
Adendo Brasil: 15 de novembro: instalação da
Assembleia Nacional Constituinte.
1934
(Nada
foi encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: 9 de junho: morre em São Paulo,
Da. Olívia Guedes Penteado, nascida em 12/3/1872. Da. Olívia foi uma das
maiores incentivadoras dos artistas modernistas paulistas. Ano de fundação da
USP – Universidade de São Paulo. Portinari realiza sua primeira Exposição
Individual na Galeria Itá, em São Paulo. 28 de novembro: morre o
escritor Coelho Neto, nascido em 21/2/1864. Mário de Andrade publica Belazarte (contos) e Música,
Doce Música (crítica). Oswald de Andrade publica a peça teatral O Homem
e o Cavalo e Os romances do Exílio III. A Escada Vermelha, último
volume da Trilogia do Exílio. Drummond de Andrade
publica Brejo das Almas.
Adendo Brasil: 13 de março: no Congresso
Nacional, a primeira deputada brasileira ocupa a tribuna, a médica paulista
Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982). Gustavo Capanema (1900-85) assume o
Ministério da Educação e Saúde. 14 de julho: promulgação da Terceira
Constituição do Brasil. É instituída, no rádio, a “Hora do Brasil”. Em
15 de julho, pelo voto indireto da Assembleia Nacional Constituinte, Getúlio
Vargas foi eleito presidente da República, devendo exercer o mandato até 3 de
maio de 1938. Armando de Salles Oliveira (1887-1945), engenheiro e jornalista,
funda a USP (Universidade de São Paulo) com a incorporação da Escola
Politécnica de São Paulo.
1935
–
Exerce os cargos de Secretário da Escola Normal Padre Anchieta, chefe da
Divisão de Expansão Cultural do Departamento Municipal de Cultura, e secretário
do Conselho Estadual de Bibliotecas. Publica A Casa, palestra pronunciada em
30 de novembro, no salão do Club Piratininga, e dedicada aos alunos do Ginásio
Bandeirantes;
Adendo Cultural: Cândido Portinari é premiado
pelo Instituto Carneggie por sua obra: O Café. Mário de Andrade organiza
e dirige o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, fundando a Discoteca
Pública Municipal, a Orquestra Sinfônica, O Quarteto Haydn, o Trio São Paulo e
o Coral Paulistano. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo. 15 de
fevereiro: morre no Rio de Janeiro, vítima de desastre automobilístico, o
Príncipe dos Trovadores Brasileiros: Ronald de Carvalho. 14 de abril: morre no
Rio de Janeiro, em consequência de uma operação de apendicite, o escritor
paulista António de Alcântara Machado, deixando o inacabado o romance: Mana
Maria. Menotti Del Picchia publica O Despertar de São Paulo (Episódios
do século XVI e do século XX da Terra Bandeirante); Pelo Divórcio; Soluções
Nacionais e Poemas. Sérgio Milliet publica o romance Roberto.
Adendo Brasil: O levante comunista comandado
por Luiz Carlos Prestes (1898-1990) é derrotado pelo governo. É decretada a Lei
de Segurança Nacional. Assis Chateaubriand (1892-1968) inaugura a Rádio Tupi.
1936
-
Publicação de Poetas de França,
tradução, livro bilíngue, e Suíte
Brasileira, traduzido da terceira parte do livro Quatre Continents, de Luc
Durtain (1881-1959). Encontra-se com o cônsul japonês no Brasil, Kozo Ichige (1894–1945). Nesse mesmo
ano começou a escrever "haicais em português";
Adendo Cultural: Victor Brecheret, em São Paulo,
inicia a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e
que é inaugurado em 1953, na Praça Armando Salles de Oliveira. 4 de fevereiro:
Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) funda o Conservatório Brasileiro de Música,
que dirigirá até morrer. Segunda vinda de Felippo Godoy Tommaso Marinetti, ao
Brasil. É recebido em São Paulo pelos primeiros modernistas. Em 4 de julho,
através do Ato Municipal nº 1.146, é criado o Departamento de Cultura de São
Paulo, projeto de Mário de Andrade. Mário de Andrade publica A Música e a canção populares no Brasil, ensaio crítico-bibliográfico. Menotti Del Picchia
publica Kalum, o Mistério do Sertão (romance), João Peralta e Pé de
Moleque no País das Formigas. Sai a publicação póstuma de Mana Maria,
de Alcântara Machado. Manuel Bandeira publica Estrela da Manhã.
Adendo Brasil: 12 de setembro: Entra no ar a
Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
1937
-
É eleito presidente da Associação Paulista de Imprensa, cargo que exerceu até
1939. Em dezembro: chefiou a Missão Cultural do Serviço de Cooperação
Intelectual do Ministério das Relações Exteriores para a inauguração da Herma a
Olavo Bilac, em Montevidéu, Uruguai. Com a promulgação da
Carta Constitucional de 1937, pelo Estado Novo, regime implantado por Getúlio
Vargas após um golpe de Estado, ficou proibido o uso de símbolos regionais, tornando-se
obrigatório para todo o país apenas o uso da bandeira, hino e escudo nacionais.
A bandeira paulista, portanto, não podia ser mais hasteada. Onze anos depois,
pela nova Constituição Federal outorgada em 1946, estado e municípios
recuperaram o direito de ostentar seus símbolos. Na prática, São Paulo já tinha
sua bandeira, mas até então nenhum oficial a havia legitimado. A 27 de novembro
daquele ano, um decreto-lei estadual, oficializou-a. O poema de G.A. homenageia a volta da bandeira do seu Estado aos
paulistas, com “À SANTIFICADA”,
conforme descrita na sequência:
À
SANTIFICADA
Guilherme de Almeida
Voltas ao nosso reduto
com sete tarjas de luto,
seis faixas brancas de paz
e teu penacho vermelho:
e São Paulo dobra
ao beijo que tu lhe dás!
com sete tarjas de luto,
seis faixas brancas de paz
e teu penacho vermelho:
e São Paulo dobra
ao beijo que tu lhe dás!
Vens... Tu foste a condenada,
a réproba incinerada
que de um ímpio ato de fé
deixa na História um resumo:
negro carvão, branco fumo
vermelha flama de fé!
a réproba incinerada
que de um ímpio ato de fé
deixa na História um resumo:
negro carvão, branco fumo
vermelha flama de fé!
Retemperou-se a fogueira:
vens como vinha a "bandeira"
da fornalha do sertão;
santificou-se o suplício:
repetiu-se o sacrifício
de Joana d'Arc em Ruão
vens como vinha a "bandeira"
da fornalha do sertão;
santificou-se o suplício:
repetiu-se o sacrifício
de Joana d'Arc em Ruão
Voltas a nós, vigilante
mãe, esposa, irmã, amante,
noiva e filha! Voltas, pois
é preciso que e prove
que existiu um dia nove
de julho de trinta e dois;
mãe, esposa, irmã, amante,
noiva e filha! Voltas, pois
é preciso que e prove
que existiu um dia nove
de julho de trinta e dois;
e há uma velha Faculdade
que, ensinando a mocidade,
com esta foi que aprendeu;
e houve um brasão mameluco
que disse "Non ducor, duco!"
e um São Paulo que disse "eu"
que, ensinando a mocidade,
com esta foi que aprendeu;
e houve um brasão mameluco
que disse "Non ducor, duco!"
e um São Paulo que disse "eu"
e houve uma noite de heroísmo
que marcou o teu batismo
de glória: e por isso é que
tens quatro letras gravadas
nas quatro estrelas douradas
do topo MMDC!...
que marcou o teu batismo
de glória: e por isso é que
tens quatro letras gravadas
nas quatro estrelas douradas
do topo MMDC!...
Já a garoa, o nosso incenso,
beija o teu pano suspenso
ao teu mastro, que é uma cruz!
Vês, é um altar em cada casa
sobre a qual estendes a asa
rajada de sombra e luz!
Fala! É preciso que fales
de tudo: de Fernão Sales,
de Cunha, Túnel, Buri,
de Eleutério, da Pedreira,
do soldado e da trincheira
que só falavam de ti!
beija o teu pano suspenso
ao teu mastro, que é uma cruz!
Vês, é um altar em cada casa
sobre a qual estendes a asa
rajada de sombra e luz!
Fala! É preciso que fales
de tudo: de Fernão Sales,
de Cunha, Túnel, Buri,
de Eleutério, da Pedreira,
do soldado e da trincheira
que só falavam de ti!
Lembra a mulher da cantina
do hospital e da oficina:
beleza do Nosso Bem!
E as crianças, num sorriso,
jurando: "Se for preciso
nós partiremos também."
do hospital e da oficina:
beleza do Nosso Bem!
E as crianças, num sorriso,
jurando: "Se for preciso
nós partiremos também."
Recorda a Campanha de Ouro
acumulando um tesouro
que nunca se esgotará!
Depois, a prisão, o exílio,
a saudade, o nobre auxílio
da mão distante que dá!
acumulando um tesouro
que nunca se esgotará!
Depois, a prisão, o exílio,
a saudade, o nobre auxílio
da mão distante que dá!
E agora... Agora, de novo
abençoando este meu povo
que tanto soube esperar,
esperança dos Paulistas,
bandeira das treze listas
desfraldadas em cada lar,
abençoando este meu povo
que tanto soube esperar,
esperança dos Paulistas,
bandeira das treze listas
desfraldadas em cada lar,
reza a oração que dizia:
Preto e branco...a noite e o dia:
Pois dia e noite estarei,
como o Apóstolo Soldado,
gente Paulista ao teu lado,
"pola ley e pola grey!"...
Preto e branco...a noite e o dia:
Pois dia e noite estarei,
como o Apóstolo Soldado,
gente Paulista ao teu lado,
"pola ley e pola grey!"...
Adendo Cultural: 13 de janeiro: Através da Lei nº
378, é criado o SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
Lei que foi regulamentada através do Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro. 4 de
maio: morre no Rio de Janeiro, Noel Rosa, vítima de tuberculose. 25 de maio:
inaugurado no grill-room do Esplanada Hotel, o 1º São de Maio, criado
por Quirino da Silva, com organização de Geraldo Ferraz (1905-79), Paulo
Ribeiro de Magalhães (?-?) e Flávio de Carvalho. Com música de
Villa-Lobos, Humberto Mauro (1897-1983) lança seu filme “O Descobrimento do
Brasil”. Mário de Andrade promove pelo Departamento de Cultura de São Paulo
o Primeiro Congresso de Língua Nacional Cantada. Acontece em São Paulo a
1ª Mostra da Família Artística Paulista, constituída majoritariamente com obras
do Grupo Santa Helena. Manuel Bandeira publica Poesias Escolhidas. Mário
de Andrade publica O samba rural paulista, folclore. Menotti Del Picchia publica Ensaio de
Exposição do Pensamento Bandeirante. Oswald de
Andrade publica O Rei da Vela e A Morta. Sérgio Milliet publica Poemas.
Manuel Bandeira publica Crônicas da Província do Brasil (crônicas). Plínio
Salgado publica Geografia Sentimental: poemas esparsos.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas, autorizado pelo
Congresso, outorgou nova Constituição – de caráter nitidamente fascista. Nomeou
interventores para todos os Estados, extinguiu os partidos políticos e
determinou a supressão dos direitos individuais. 10 de novembro: “Golpe de
Estado”. Tropas da polícia militar cercam o Congresso e impediram a entrada dos
congressistas. À noite, Vargas anunciou uma nova fase política e a entrada em
vigor de uma “Carta” constitucional. Era o início do Estado Novo, que duraria
até 1945, apoiado pela classe média e pela burguesia, com Getúlio Vargas no
poder. O Congresso é dissolvido. Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968),
Ministro da Justiça, redige uma nova Constituição, de inspiração fascista.
Inicia a supressão dos partidos políticos, prisões, rigidez na censura,
restrição à liberdade de imprensa, pena de morte par crimes contra a ordem pública
e a organização do Estado.
1938
-
Publica Acaso, volume de poesias.
Torna-se Chefe da Divisão de Expansão Cultural do Departamento Municipal de
Cultura de São Paulo, permanecendo até 1941;
Adendo Cultural: 27 de junho: É realizado em São
Paulo o 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel. Mário de Andrade é exonerado do
Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e muda-se para o Rio de Janeiro,
assumindo o cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito
Federal. Leciona Filosofia e História da Arte. Menotti Del Picchia publica Kummunká
(Romance brasileiro). Manuel Bandeira publica Lira dos Cinquent’anos.
Adendo Brasil: Não foi realizada eleição
presidencial que foi impedida pela proclamação do Estado Novo. Ela foi impedida
pela proclamação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, golpe que manteve
Getúlio Vargas no poder até 1945.
1939
-
Publica O Jardineiro, tradução de
Rabindranath Tagore (poemas em prosa);
Adendo Cultural: Cândido Portinari trabalha nos
murais do Ministério da Educação. Participa do V Salão do Sindicato e realiza
exposição individual. Mário de Andrade, no Rio de Janeiro, assume a chefia da
Seção do Instituto Nacional do Livro. Realiza-se no Salão Eldorado, no subsolo
do Automóvel Clube, na Rua Libero Badaró, em São Paulo, a Segunda Exposição da
Família Artística Paulista. Mário de Andrade publica Namoros com a Medicina, estudos
sobre folclore. Oswald de Andrade publica A Estrela de Absyntho (fragmento)
e Dom Casmurro. Manuel Bandeira publica Noções de História das
Literaturas. Cecília Meireles publica Viagem.
Adendo Brasil: É criado o DIP – Departamento
de Imprensa e Propaganda, órgão de censura aos meios de comunicação.
Adendo Geral: Início da Segunda Grande Guerra Mundial, em
setembro.
1940
-
27 de janeiro: no Teatro Boa Vista, em São Paulo, lê a peça O Estudante
Poeta. Na edição nº 9, de 12 de março, em Notícias Diversas, da Revista
da Academia Paulista de Letras, pp. 140-141, sai o artigo: “O Jardineiro”, de Tagore, tradução de Guilherme de Almeida. Em 3 de setembro,
morre seu irmão Tácito de Almeida. Na
Revista da Academia Paulista de Letras, nº 11, de 12 de setembro, pag. 173, na
sessão Notas Diversas traz a seguinte nota:
- É com profundo pesar que
registramos aqui o falecimento do notável advogado paulista dr. Tácito de
Almeida, irmão do nosso presado confrade sr. Guilherme de Almeida, ocorrido no
dia 3 de setembro, nesta Capital.
O extinto, que contava 40 anos de
idade, deixou um grande claro na sociedade paulistana onde era muito bem quisto
pelas suas qualidades de coração e espírito.
Como puro idealista emprestou a
melhor de suas atividades físicas e intelectuais no movimento
constitucionalista de 1932, tendo sido um dos organizadores do batalhão da Liga
de Defesa Paulista que lutou em Cunha com bravura.
Adendo Cultural: Em São Paulo é fundado o Clube
de Cinema São Paulo e a Empresa Cinematográfica Atlântica. Villa-Lobos realiza
Concentração orfeônica no estádio do Vasco da Gama, reunindo aproximadamente 42
mil vozes de crianças estudantes. Nessa concentração aconteceu uma grande
ovação ao presidente Vargas, fato esse que desagradou completamente os
intelectuais da época. Manuel Bandeira é eleito membro da Academia Brasileira
de Letras. Realiza-se no Rio de Janeiro, a 3ª Exposição da Família Artística Paulista,
com apresentação de Sérgio Milliet. Primeira publicação de Poesias Completas,
de Manuel Bandeira. Menotti Del Picchia publica Salomé (romance); Contos
(Obras Completas I). Sérgio Milliet publica Pintores e Pintura. Drummond de Andrade publica Sentimento do Mundo.
Adendo Brasil: O governo institui o “salário
mínimo”.
1941
–
Publica Cartas do Meu Amor, com capa
e desenhos de Noemia (1912-92); Sonhos de
Marina e a tradução de João Pestana,
de Hans Christian Andersen (1805-75), ambos
de histórias infantis. Inicia, com João Santana, uma série de traduções de
clássicos da literatura infantil. Trabalha na versão portuguesa do filme A Marquesa de Santos. Torna-se Oficial
de Gabinete do Interventor Fernando Costa (1886-1946), permanecendo até 1943.
Na edição nº 15, de 12 de setembro, da Revista
da Academia Paulista de Letras, pp. 155 a 157, publica: Tagore.
Adendo Cultural: Mário de Andrade, novamente em
São Paulo, inicia seus trabalhos no SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional). Publica A Nau Catarineta e
Música do Brasil (história e folclore). Com o volume Poesias,
inicia sua ligação com a Livraria Martins Editora. Oswald de Andrade relança o
volume Os Condenados, dividido em três partes: Alma, A Estrela de
Absinto, A Escada. Sérgio Milliet publica O Sal da Heresia
(ensaio) e o romance Duas Cartas do Meu Destino.
Adendo Brasil: 28 de Agosto: entra no ar, pela
Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o jornal “Repórter Esso”, na voz de
Romeu Fernandez (datas ?), anunciando o ataque de aviões da Alemanha à
Normandia, durante a Segunda Grande Guerra.
1942
-
Traduz: João Felpudo, de Heinrich
Hoffmann (1809-94). Na edição nº 17, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 29 a 32, publica o
artigo: François Villon em português,
e nas pp. 154 a 156, publica Noite de São
João. Na edição nº 18, de 12 de junho, pp. 13 a 15, publica o artigo Guinhentismo. Nessa mesma edição, pp.
152 a 157, em Notas Diversas, é
publicado Uma Grande Data Literária – O
jubileu de Guilherme de Almeida, contendo a biografia parcial e a
bibliografia do Poeta. Na edição nº 19, de 12 de setembro, pp. 5 a 8, publica o
artigo: A França Poética. Na edição
nº 20, de 12 de dezembro, pp. 5 a 10, publica o artigo: O Homem livre de 1974 – sobre o primeiro Centenário do Nascimento de
Winston Churchill. Nessa mesma edição, p. 173, é publicado em Notas Diversas: “João Felpuldo” – de H. Hoffman – Versão brasileira de Guilherme de
Almeida.
Adendo Cultural: Em março é fundada a Sociedade
Brasileira de Escritores, sob a presidência de Sérgio Milliet; vice: Mário
de Andrade. No Rio de Janeiro, Mário de Andrade, em 30 de abril, realiza a
Conferência “O Movimento Modernista”, no Salão de Conferências da
Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores, e em São Paulo, no auditório
da Faculdade de Direito. Oswald de Andrade publica Cântico
dos Cânticos para Flauta e Violão (poesia). Sérgio Milliet publica Fora
de Forma e Marginalidade da Pintura Moderna. Cecília Meireles publica Vaga Música. Drummond de Andrade publica
Poesias.
Adendo Brasil: Brasil declara guerra à
Alemanha.
1943
-
28 de janeiro: deixa a redação do O
Estado de S. Paulo. Torna-se diretor dos jornais: Folha da Manhã e Folha da
Noite, permanecendo até 1945. Lança O
Amor de Bilitis, livro de poesia de Pierre Louys (1870-1925) (tradução).
Torna-se Secretário do Conselho Estadual de Bibliotecas e Museus de São Paulo,
permanecendo até 1948. Publica Pinocchio,
tradução do livro de Carlo Collodi (1826-90); O Camundongo e Outras Histórias, Corococó e Caracacá, O Fantasma Lambão e O Macaco e o Moleque, de Wilhelm Busch (1832-1908). Na edição nº
22, de 12 de junho, da Revista da
Academia Paulista de Letras, pp. 4 e 5, publica: Cântico do Natal de Varsóvia, poema original e traduzido, do poeta
polonês Stanislaw Balinski (1898-1984). Na edição nº 24, de 12 de dezembro, pp.
5 a 9, publica: Descobrimento de Vila
Rica – um roteiro da viagem feita pelo Poeta;
Adendo Cultural: Sérgio Milliet assume a direção
da Biblioteca Municipal de São Paulo e apresenta projeto de arquivo e documentação
de arte sobre papel, dando início a um acervo de desenhos e gravuras originais
que pudessem ser guardados em pastas, permitindo o fácil acesso a pesquisadores
e historiadores de arte. Cassiano Ricardo publica O Sangue das Horas (poesia).
Mário de Andrade inicia a publicação das Obras
Completas, Aspectos da Literatura brasileira, Os Filhos da
Candinha, O Baile das Quatro Artes e Obra Imatura, esta
reunindo Há uma gota de sangue em cada poema, contos selecionados de Primeiro
andar e A escrava que não é Isaura. Oswald de Andrade publica Marco
Zero I (A Revolução Melancólica). Sérgio Milliet publica A
Pintura Norte-Americana e o livro de poemas Oh Valsa Latejante...
Poemas (1922-1943).
Adendo Brasil: 13 de maio, Getúlio Vargas e o
ministro da educação Gustavo Capanema, assinam o Decreto-Lei nº 5480,
implantando oficialmente o Curso de Jornalismo. Julho: surge a CLT
(Constituição das Leis Trabalhistas). Criação da Força Expedicionária
Brasileira (FEB).
1944
–
Publica Flores das “Flores do Mal”,
de Charles Baudelaire (1821-67), volume de poemas traduzidos (edição bilíngue),
Gonçalves Dias e o romantismo (prosa), e os poemas
de Parallèlement (Paralelamente), do
poeta francês Paul Verlaine (1844-1866).
Publica também: Tempo (seleção de
poemas), com introdução de Jamil Almansur Haddad (1914-88), ilustrações de
Quirino (1902-93) e capa de Walter Lewy (1905-95). Na introdução da primeira
edição de Tempo, Haddad escreveu,
conforme descrito parcialmente na sequência, conservada a grafia original:
(...).
Coroamento do ciclo, “Tempo” é o livro
por excelência em virtude de sua representatividade. É a concha onde se escuta
o mar, é repercussão viva, é eco nítido. (...). Está em “Tempo” todo o ciclo
evolutivo dêsse poeta desde a aurora lírica com “Simplicidade”, chegando por
fim ao ocaso de “Acaso”, crepúsculo que vale apenas por mais um marco no tempo
e é outra luz como a aurora.
(Haddad, Jamil Almansur. In: Introdução do livro Tempo,
de Guilherme de Almeida. Editora Flama, São Paulo, 1944, 1ª ed.).
-
Compõe para a Força Expedicionária Brasileira a Canção do Expedicionário, musicada por
Spartaco Rossi (1910-1993), letra, como segue:
Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
(Estribilho):
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
(Estribilho)
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
(Estribilho)
Você sabe de onde eu venho?
E de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
(Estribilho)
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz!
(Estribilho)
-
Na edição nº 27, de 12 de setembro, da Revista
da Academia Paulista de Letras, pp. 5 a 9, publica o texto traduzido de Nietzsche
(1844-1900): A Sombra Humana – “Sketch”.
Na edição nº 28, de 12 de dezembro, pp. 5-6, publica: Discurso à beira de um berço.
Adendo Cultural: Mário de Andrade publica O
Empalhador de Passarinho. A Livraria Martins Editora inicia a publicação
das Obras Completas de Mário de Andrade. Sérgio Milliet publica Pintura
Quase Sempre e o primeiro volume de Diário Crítico, antologia de dez
volumes publicados até 1959. Segunda publicação de Poesias Completas de
Manuel Bandeira.
Adendo Brasil: A Força Expedicionária
Brasileira embarca para a Itália, com 25 mil homens e o Brasil entra na Guerra.
1945
-
Trabalha na fundação do Jornal de São
Paulo. O primeiro número aparece em 10 de abril. Em maio, o jornal é
temporariamente fechado pelo Estado Novo (ditadura de Vargas), até junho. Nesse
período escreve Folhinha (crônicas),
no jornal Folha de São Paulo,
assinando com o pseudônimo “G. de A.”. Na edição nº 32, de 12 de dezembro, da Revista da Academia Paulista de Letras,
p. 5, publica a crônica: Florença, etc...
Na p. 146, publica a crônica: Ser
Paulista;
Adendo Cultural: 22 de janeiro: acontece, em São
Paulo, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, no Teatro
Municipal. Ainda em Janeiro: Sérgio Milliet inaugura a Secção de
Arte na Biblioteca Municipal de São Paulo, o primeiro acervo público de arte
moderna brasileira. 25 de fevereiro: na cidade de S. Paulo, vítima de ataque
cardíaco, morre Mário de Andrade. 4 de março: morre no Rio de Janeiro, o compositor
e regente carioca Antônio Francisco Braga (1868-1945), que nasceu em 15 de
março de 1868. 14 de julho: Villa-Lobos funda a Academia Brasileira de
Música (ABM) e torna-se seu primeiro presidente. A ABM foi criada nos
moldes da Academia Francesa. É uma instituição cultural sem fins lucrativos.
Compõe-se de 40 acadêmicos. Villa compõe a Bachianas Brasileiras n.º 9,
a Fantasia para violoncelo e orquestra, o Quarteto de Cordas n.º 9.
Nos Estados Unidos, rege a Sinfônica de Boston em programa “só Villa-Lobos”. 11
de dezembro, Anita Malfatti encerrava sua exposição no Instituto dos
Arquitetos, à Rua 7 de Abril, em São Paulo. Oswald de Andrade publica Ponta de Lança, A
Arcádia e a Inconfidência e Poesias Reunidas, com capa de Lasar
Segall. Cecília Meireles publica Mar Absoluto. Drummond de Andrade
publica A Rosa do Povo.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas renuncia, sob
pressão militar. Café Filho (1899-1970) assume o poder. Extinguiu-se o Estado
Novo. Surgem os partidos: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Social
Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Novas eleições, em 2 de
dezembro, é eleito presidente o general Eurico Gaspar Dutra (1885-1974).
Adendo Geral: 21 de fevereiro: Conquista de Monte Castelo pela
Força Expedicionária Brasileira (FEB). Morte de Hitler (suicídio em 30 de
abril). Em maio: Fim da Segunda Grande Guerra na frente Europeia (em agosto no
Pacífico). 6 de Agosto: os Estados Unidos lançam duas bombas atômicas sobre o
Japão. Em setembro: rendição do Japão e o fim definitivo da Segunda Grande
Guerra. Foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas).
1946
-
Muda-se para a casa da Rua Macapá, 187. A chamada Casa da Colina foi
transformada em Casa Museu Guilherme de Almeida, após a sua morte. Colabora no Diário
de São Paulo, com as crônicas Ontem, Hoje e Amanhã. Traduz e publica
o livro infantil A Mosca, de Wilhelm Busch, e também a tradução de Uma
oração de criança, de Rachel Fields (1894-1942). Setembro: No
hasteamento da bandeira paulista sobre o túmulo de Pedro de Toledo, G.A. foi convidado a
participar do cerimonial declamando seu poema A Santidade. Na edição nº
33, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras, pp. 4-5,
publica: Confuciana – tradução de “Lung-yu”, a bíblia de Confúcio
(551-479 a.C.). Na edição nº 34, de 12 de julho, p.4, publica o poema Álibi,
dedicado a René Thiollier. Na edição nº 35, de 12 de setembro, pp. 96 a 100,
são publicadas: Alma Paulista (9 de julho de 1946) e À Santificada,
de G.A. Nessa mesma edição,
pp. 165 a 172, são publicadas as reportagens de vários jornais da época, sobre
o Bailado Brasileiro “Yara”, de autoria de G.A., Francisco Mignone
(1897-1986) e Portinari. Na edição Nº 36, de 12 de dezembro, pp. 4-5, publica a
crônica Chegada;
Adendo Cultural: 7 de outubro: a Academia Brasileira
de Música foi reconhecida de utilidade pública por Decreto Federal. Oswald de Andrade publica Marco Zero II (Chão). Manuel
Bandeira publica Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos.
Mário de Andrade publica Lira Paulistana Seguida d’O Carro da Miséria.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse do presidente Eurico Gaspar Dutra. Inicia-se o
período de democratização do país. 18 de setembro: promulgada a quinta
Constituição do Brasil. O governo cria o SESI (Serviço social da Indústria) e o
SESC (Serviço Social do Comércio). Através de Decreto Presidencial são fechados
todos os cassinos no Brasil e a proibição de todo tipo de “jogo de azar”.
Adendo Geral: Início, na Argentina, da ditadura Juan Domingo
Perón (1895-1974). Início da guerra no Vietnã do Norte.
1947
–
25 de janeiro: retorna à redação de O Estado de S. Paulo. Publica Poesia
Vária. Recebe a Comenda Cavaleiro de Legião de Honra da França, em
Campos do Jordão (SP). Torna-se redator do Diário de S. Paulo,
permanecendo até 1957. Na edição nº 38, de 12 de junho, da Revista da
Academia Paulista de Letras, p. 4, publica a crônica: Poema de Amor.
Na edição nº 39, de 12 de setembro, pp. 4 a 6, publica: Oração aos mortos de
32. Na edição nº 40, de 12 de dezembro, pp. 6 a 8, publica o artigo: Aventura
com Rabelais;
Adendo Cultural: Os artistas plásticos John Graz
e Antônio Gomide expõem em conjunto, em galeria da Rua Barão de Itapetininga,
São Paulo. 6 de julho: a Academia Brasileira de Música é instituída como Órgão
Técnico Consultivo do Governo Federal, através de Decreto. Publicado livro do
poeta Jorge de Lima (1895-1953), Poemas Negros, com doze ilustrações de
Lasar Segall. Cassiano Ricardo publica Um dia depois do outro (poesia).
Adendo Brasil: Em maio: o Supremo Tribunal Federal cassa o registro do PCB. Em São
Paulo, apoiado pelos comunistas, Adhemar de Barros (1901-69) elege-se
governador.
1948
-
Publica o livro de prosas: Histórias,
Talvez... (prosa). Publica a tradução de Palavras de Budah, de Pierre Salet (?-?). Encerra sua carreira de Secretário do Conselho
Estadual de Bibliotecas e Museus. É nomeado chefe de gabinete do prefeito Lineu
Prestes (1896-1958). Na edição nº 41, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras,
pp. 4-5, publica a crônica: Presente de
Aniversário. Na edição nº 42, de 12 de junho, pp. 4 a 8, publica seu
discurso em versos que, inaugurando o retrato de Amadeu Amaral na galeria dos
imortais da Academia Brasileira de Letras, pronunciou, em junho de 42: A Glória de Amadeu. Na edição nº
43, de 12 de setembro, p. 172, publica a crônica: Tarde de Chuva;
Adendo Cultural: Manuel Bandeira publica Mafuá
do Malungo, a terceira publicação de Poesias Completas (os livros
anteriores e Belo Belo) e Poesias Escolhidas. Criação do
Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro. O Museu de Arte Moderna de São
Paulo foi constituído oficialmente, por escritura pública, em 15 de julho. Seu
fundador: Assis Chateaubriand, juntamente com o arquiteto italiano Pietro Maria
Bardi (1900-99) e a arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-92). 4 de julho:
morre o escritor Monteiro Lobato. 20 de setembro: morre em SP, Ernani Braga,
músico, compositor e intérprete de Villa-Lobos. É publicado o livro póstumo de
Lima Barreto: Clara dos Anjos. Drummond de
Andrade publica Poesia até Agora.
Adendo Brasil: Em janeiro: uma lei aprovada
pelo Congresso Nacional determinou a cassação dos mandatos dos deputados,
senadores e vereadores eleitos pela legenda do PCB, medidas essas que levaram o
partido à clandestinidade.
Adendo Geral: Gandhi (1869-), líder pacifista indiano é
assassinado em seu país.
1949
-
Ao lado de Franco Zampari (1898-1966), ajuda a fundar o Teatro Brasileiro de
Comédia (TBC). Traduz o livro infantil A
Cartola, de Whilhelm Busch. Na edição nº 45, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras,
pp. 4-5, G.A. publica a crônica: Em torno de Keats. Na edição nº 46, de
12 de junho, pp. 4 a 7, publica o artigo sobre o livro do poeta francês Hector
Klat: Sainte Maman. Na edição nº 47,
de 12 de setembro, pp. 5 a 7, é publicado o discurso de G.A. realizado em 29 de agosto, no auditório
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, da Universidade Católica de São Paulo. Nessa
mesma edição, em Notas Diversas, pp. 144-145, foi publicado o discurso do
Consul da França, Sr. Robert Valeur, quando da condecoração com a Cruz da
Legião de Honra a G.A.. Na edição nº 48, de
12 de dezembro, p. 5, publica a crônica: Do
Sonho;
Adendo Cultural: 8 de março: abertura da sede
oficial do Museu de Arte Moderna, em São Paulo. Anita Malfatti realiza
retrospectiva no MASP, em São Paulo. É criada a Associação Brasileira de
Críticos de Arte (ABCA), tendo Sérgio Milliet como um dos seus fundadores e
o seu primeiro presidente. Cecília Meireles publica Retrato
Natural.
Adendo Geral: A Alemanha é dividida e formam-se a República
Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) e a República Democrática Alemã
(Alemanha Oriental).
1950
-
Traduz Huis Clos, com o título Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul
Sartre (1905-80). Inaugura seu escritório à Rua Barão de
Itapetininga, local que foi utilizado para o encontro com amigos, onde recebia
desde acadêmicos, jornalistas e estudantes. Candidata-se a deputado estadual
pelo Partido Republicano, mas não é eleito. Na edição nº 50, de 12 de junho, da Revista
da Academia Paulista de Letras, pp. 5-6,
publica a crônica: 23 de Maio.
Na edição nº 51, de 12 de setembro, pp. 5-6, publica a crônica: O olhar e o livro, sobre o livro do
filósofo e poeta francês Paul Valéry (1871-1945);
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica A
Face Perdida e Poemas Murais. Oswald de
Andrade publica A Crise da Filosofia Messiânica (aprofundamento dos
temas antropofágicos). Sérgio Milliet publica Poema do 30º Dia.
Adendo Brasil: 18 de setembro: às 22 h, em S.
Paulo, Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi e o primeiro programa da
televisão brasileira. 3 de outubro: Getúlio Vargas é eleito presidente, obtendo
3.849.040 votos (49% dos votos válidos.
Adendo Geral: Eclode a Guerra da
Coreia. Perón é reeleito na Argentina.
1951
-
Entrega ao público novo volume de poemas intitulado O Anjo de Sal. Sérgio Milliet, no seu Diário Crítico - 1915, com data de 12 de dezembro, descreve longa
análise do O Anjo de Sal, descrito
parcialmente em seguida, conservada a grafia original:
(...).
Vejo neste livro de Guilherme de Almeida, o inicio de uma renovação
formal, o primeiro passo talvez para uma depuração que pode assinalar o
nascimento de uma poesia profundamente subjetiva e muito rica de humanidade.
Vejo assim nesta fase da produção poetica de Guilherme uma procura de
autenticidade que não hesita em despir o verso de quaisquer concessões ou
complacencias, embora ainda se depare de quando em quando com aquela atividade
ludica a que não raro se entregou o autor no passado.
(Milliet, Sergio. In: Diário Crítico de Sérgio Milliet – 1951. Introdução de Antônio
Cândido. Martins Editora & USP, São Paulo, 2ª ed. Vol. VIII, São Paulo,
p.129).
-
3 de dezembro: Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barroso de Almeida, filho
único de G.A. e Baby, casa-se com
Marina de Queiroz Aranha. Na edição nº 52, de 12 de março, da Revista da Academia Paulista de Letras,
pp. 4-5, publica a crônica: O Club.
Na edição nº 53, de 12 de junho, pp. 5-6, publica o artigo: De Paulo Prado (Por ocasião de seu
falecimento). Na edição nº 54, de 12 de setembro, pp. 5 a 7, é publicada a
saudação feita por G.A. durante o banquete de
14 de setembro, no Blub Homs, oferecido pela Casa de Portugal, aos componentes
da embaixada universitária de Coimbra. Na edição nº 55 de 12 de dezembro, pp.
50 a 54, publica: A Estrela Abolida
(Fragmento inicial de um poema inédito); Adendo Cultural: 20 de outubro: inaugurada em S. Paulo a I Bienal Internacional de
Artes Plásticas, no edifício Trianon (atualmente o edifício do MASP), na
Avenida Paulista, com obras de vários artistas modernistas. Drummond de Andrade publica A Mesa e Claro Enigma.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse de Getúlio
Vargas como presidente do Brasil.
Adendo Geral: Perón é eleito presidente da Argentina.
1952
-
É publicada A Antígone de Sófocles
(497 ou 496-405 ou 406 a.C.), tradução da tragédia grega, edição bilíngue;
Adendo Cultural: Manuel Bandeira publica Opus
10. O artista Plástico Alberto da Veiga Guignard organiza o 7º
Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, na prefeitura. Tarsila
do Amaral recebe o 2º Prêmio Nacional de Pintura, no valor de Cr$ 50.000,00,
quando da participação na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Cassiano Ricardo publica 25 Sonetos. Cecília
Meireles publica Amor em Leonoreta e 12 Noturnos da Holanda e o Aeronauta.
Drummond de Andrade publica Viola de Bolso (I).
Adendo Brasil: A Igreja Católica cria a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Adendo Geral: Chega ao fim a Guerra da Coreia.
1953
-
Com seis volumes na primeira edição, é publicada Toda a Poesia, reunindo o conjunto de sua obra poética. Publica Baile de Formatura (prosa), com
ilustrações de Renato Zamboni, editado pelo Departamento de Saúde de São Paulo.
Diálogos adicionais do filme Sinhá Moça,
com Carlos Vergueiro (1920-68), pela Cia. Vera Cruz;
Adendo Cultural: 20 de março: morre o escritor
Graciliano Ramos, consagrado como o maior romancista brasileiro depois de
Machado de Assis. Em maio, concorrendo com a produção cinematográfica de 26
países, o filme brasileiro: O Cangaceiro é premiado no Festival de
Cannes, na França, dirigido por Vitor de Lima Barreto (1906-82). Sérgio Milliet
publica Quinze Poemas. Cecília Meireles
publica Romanceiro da Inconfidência.
Adendo Brasil: Início das transmissões da TV
Rio (Canal 13) e a TV Record (Canal 7), de S. Paulo. É criada a Petrobras,
projeto enviado por Vargas ao Congresso em 1951.
Adendo Geral: Morte do ditador Russo, Josef Stálin, nascido em
1878.
1954
– 12 de fevereiro:
aposenta-se do cargo de secretário da Escola Normal do Brás. 21 de agosto: É nomeado
para a presidência da Comissão do IV
Centenário da Cidade de São Paulo. Publica
Acalanto de Bartira, com capa de
Renato Zamboni, vinhetas de abertura e fecho de Victor Brecheret e ornatos de
Guidal. Publica Na Festa de São Lourenço, tradução em
versos nas partes tupi e castelhana, do auto de José de Anchieta (1534-97).
Dimitri Ismailovitch (1892-1976), desenha o retrato de G.A. (Lápis sobre papel):
Foto ilustrativa - Acervo Casa Guilherme de Almeida. |
Adendo Cultural: 22 de outubro: morre o escritor
Oswald de Andrade, na cidade de S. Paulo. Oswaldo estava escrevendo um
livro de memórias Um Homem sem Profissão: sob Ordens de Mamãe, que
deixou incompleto. Manuel Bandeira publica Itinerário de Pasárgada.
Adendo Brasil: 25 de janeiro: iniciam-se as
Comemorações do IV Centenário da cidade de S. Paulo. Vargas propõe projeto para
criação da Eletrobrás. 23 de agosto: assinado por 27 generais do Exército, um
manifesto exigindo a renúncia de Vargas. 24 de agosto: de manhã, em seus
aposentos no palácio do Catete, Getúlio Vargas se suicida com um tiro no
coração. Posse de João Café Filho, vice-presidente. Em outubro: Jânio da Silva
Quadros (1917-92) vence Adhemar de Barros e é eleito governador de São Paulo.
Adendo Geral: Final da Guerra do Vietnã.
1955
-
Publicado a segunda edição de Toda a
Poesia, pela editora Martins, São Paulo, em 7 volumes;
Adendo Cultural: 17 de dezembro: falece em São
Paulo, Victor Brecheret. Anita Malfatti apresenta no MASP a mostra Tomei a
Liberdade de Pintar a Meu Modo. Manuel Bandeira publica 50 Poemas
Escolhidos pelo Autor. Cecília Meireles publica Pequeno
Oratório de Santa Clara e Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro.
Drummond de Andrade publica Fazendeiro do Ar e
Poesia até Agora, Viola de Bolso (II) e Soneto de Buquinagem.
Adendo Brasil: 3 de outubro: Juscelino
Kubitschek de Oliveira (1902-76) é eleito Presidente, obtendo 36% dos votos
válidos. O coronel Mamede (1916-98) sugere um golpe militar que impeça a posse
de Juscelino. O marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott (1894-1984) dá
um golpe preventivo contra o presidente em exercício e Carlos Luz (1894-1961),
para garantir a posse de Juscelino.
Adendo Geral: Queda do governo de Perón na Argentina.
1956
-
Reunindo 26 sonetos no mais puro estilo clássico, é entregue ao público seu
livro Camoniana, com apresentação de
Afrânio Peixoto (1876-1947);
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica João
Torto e a Fábula e O Arranha-céu de Vidro. Manuel Bandeira publica Obras
Poéticas (os livros anteriores, menos Mafuá do Malandro) e Frauta
de Papel (crônicas). Cecília Meireles publica Canções
e Giroflé, Giroflá (prosa poética). Drummond de Andrade publica 50
Poemas Escolhidos pelo Autor.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse de
Juscelino Kubitschek, como presidente do Brasil. Setembro: o Congresso aprova o
projeto de lei para construção de Brasília.
Adendo Geral: A União Soviética invade a Hungria.
1957
– É publicado Pequeno Romanceiro (versos), 1200
exemplares numerados, com desenhos de Gomide, e De Tempos Idos. Deixa a redação do Diário de S. Paulo e volta a escrever no O Estado de S. Paulo com crônicas. Eco ao Longo de Meus Passos é o título geral da última série de
suas crônicas;
Adendo Cultural: Zina Aita realiza a exposição
individual “Ceramiche di Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em
Nápoles, Itália. Participa da exposição coletiva “Mostra do Presépio”,
no Palácio Braschi, em Roma. Participa da exposição coletiva “Manifestação
de Arte Nacional”, no Palácio Real, em Nápoles. 2 de Agosto: Lasar Segall,
vítima de enfermidade cardíaca, falece em sua casa, na Rua Afonso Celso, em São
Paulo. Foi sepultado no Cemitério Israelita de Vila Mariana, São Paulo.
Cassiano Ricardo publica Poesia Completas. Manuel Bandeira publica Itinerário
de Pasárgada. Sérgio Milliet publica Alguns Poemas entre Muitos. Cecília Meireles publica Romance de Santa Cecília.
Drummond de Andrade publica Ciclo.
Adendo Brasil: Fevereiro: inicia-se a
construção da nova capital, Brasília, sob a direção dos arquitetos Oscar
Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-98), autor do plano piloto da cidade;
Adendo Geral: A União Soviética lança o Sputnik, primeiro
satélite artificial. É criada a Comunidade Econômica Europeia (Mercado Comum
Europeu).
1958
–
15 de maio: inicia sua colaboração
na revista “Manchete”, com a “Crônica de São Paulo”. 16 de junho: sucedendo
a Olegário Mariano, G.A. foi eleito “Príncipe
dos Poetas Brasileiros”, por consagradora votação, em concurso patrocinado pelo
Correio da Manhã, do Rio de Janeiro,
pela seção Escritores e Livros. G.A. obteve 320 votos (*), Manuel Bandeira:
164, Drummond de Andrade: 121, Vinícius de Moraes: 71, Cassiano Ricardo: 52 e
Mauro Motta: 42;
(*)
(Ribeiro, José António Pereira. In: Guilherme de Almeida – Poeta Modernista.
Traço Editor, São Paulo, 1983, 1ª ed., p. 109).
Adendo Cultural: Janeiro: o escritor, desenhista
e pintor modernista Flávio de Carvalho, escandaliza a elite moralista da cidade
de S. Paulo, desfilando pelo centro da cidade com saiote e meias rendadas de
bailarina, alegando estar criando uma “nova moda masculina” mais adequada ao
clima do país. Como destaque na música: Surge a Bossa Nova, sob a
liderança de João Gilberto (1931-), Roberto Menescal (1937-), Chico Feitosa
(1935-2004), Tom Jobim (1927-94) e Nara Leão (1942-89). Estreia no Teatro de
Arena a peça “Eles Não Usam Black-Time”, de Gianfrancesco Guarnieri
(1934-2006). Falece Ferrignac.
Adendo Brasil: Movimentos políticos de
trabalhadores rurais reivindicam uma reforma agrária radical.
Adendo Geral: Charles de Gaulle (1890-1970) assumi o poder na
França.
1959
-
16 de setembro: recebe oficialmente o título de “Príncipe dos Poetas
Brasileiros” durante um jantar oferecido pelo Presidente Juscelino Kubitschek,
no Palácio das Laranjeiras. Na
edição do A Gazeta de São Paulo, de
19 de setembro, Judas Isgorogota (Agnelo Rodrigues de Melo, poeta e jornalista
– 1901-79), escreveu artigo sobre G.A.,
conforme descrição parcial na sequência, conservada a grafia original:
“O Poeta, eleito pela significativa
preferencia de trezentos e vinte (320) intelectuais – poetas –e prosadores de
mais destacada projeção em todos os centros culturais do país, merece, em
verdade, a alta distinção conferida: Guilherme de Almeida, em toda a sua vida,
em todas as circunstâncias, risonhas ou amargas, tem sidos só e unicamente um
Poeta, um espírito votado à contemplação, mais beneditina e mais pura da Beleza
intangível e eterna, da qual só os eleitos se aproximam através das vibrações
emocionais da Poesia, que é Sentimento e Emoção, Música e Ritmo, Humildade e
Ternura, e perante a qual chegam sòmente aquelas vozes, que, por serem
inspiradas pela pureza, desde a pureza mais cristalina do Pensamento à pureza
mais translucida do idioma que o expresse”.
(...).
(Ribeiro,
José Antonio P. In: Guilherme de Almeida
Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1983, 1ª Ed. – p.118).
- Ainda no A Gazeta, edição de 28 de setembro, em Vamos
Vestir São Paulo de Flores, a jornalista Maria Thereza Cavalheiro publica
entrevista com G.A.,
descrita parcialmente a seguir, conservada a ortografia original:
VAMOS VESTIR SÃO PAULO DE FLORES
Árvore: “Leit-Motiv” do “principe dos
poetas brasileiros”
(...).
- “Minha primeira namorada foi uma
arvore”, começou falando Guilherme de Almeida, a quem procuramos ouvir sobre
esta campanha. E explicou: - “A primeira poesia publicada, quando ainda
estudante de Direito, era dedicada ao “Eucalipto”. Sempre tive paixão pela
arvore. Ela tem sido o “leit-motiv” de meus poemas...”
- “Em “A Dança das Horas”, chamo a uma
criatura “Meu lindo galho de salgueiro”. “Narciso” é todo um livro dedicado a
uma flor.
O DISCURSO NA ACADEMIA
Guilherme de Almeida contou-nos:
- “Meu discurso de recepção na Academia
Brasileira de Letras, para a cadeira da qual é patrono Gonçalves Dias, seu
fundador e primeiro ocupante, seguindo-se Olavo Bilac e Amadeu Amaral, foi todo
construído sobre o tema “Arvore”.
E esclareceu:
- “Na arvore da poesia brasileira,
Gonçalves Dias, apegado à Bilac, pela sua exuberância, pelo seu esplendor, pelo
seu verbalismo e sensualismo, e a floração, é o colorido. Amadeu Amaral é o
futuro. É a poesia do pensamento. E eu, junto a essa arvore, que sou? O simples
caminhante que repousa um pouco à sombra dela, e passa, e vai-se embora, só
pela gloria de passar...”
A ARVORE PREDILETA
Quisemos saber qual a sua arvore
predileta:
- “Aprendi a conhecer as estações pelas
arvores e o ensinei aos poetas brasileiros. Principalmente os plátanos da Praça
da Republica ligam-se, desde então, à minha meninice e à minha juventude. O
plátano é a minha arvore preferida... Ela sofre no nosso clima o que sofre no
seu clima nativo. Em “A Dança das Horas” (Exaltação dos sentidos), fixei em
poesia as estações”.
(...)
E observou:
- “Muitos poetas brasileiros nunca
tiveram noção das estações, rimando “abril” com “primaveril”, quando a
primavera em nosso país é em setembro... Será, talvez, a influencia da poesia
europeia, pois, naturalmente, na Europa, as estações ocorrem em epocas
diferentes”.
ARBORIZAÇÃO DA CIDADE
Guilherme de Almeida lembrou:
- “São Paulo já foi uma cidade muito bem
arborizada. O bairro dos Campos Eliseos era uma maravilha. Visto de longe, as
ruas apenas se adivinhavam – eram só copas de arvores. Alguém, no entanto,
cometeu o crime de liquidar com elas. Todos os que vinham a São Paulo
pasmavam-se ante a beleza da praça da Republica. Agora, as boas especieis estão
morrendo... Tambem a avenida São João foi, outrora, lindamente arborizada”.
Referindo-se ao plantio ao longo das
estradas, frisou que “na rota que vai a Barra do Piraí, o
espetaculo é desolador, pela queimada sistematica que se observa”, e que “maior
carinho deveriam receber tambem nossos parques públicos”.
Comentou:
- “Na Europa – e não posso deixar de
falar na França, Espanha e Portugal – os jardins são verdadeiros templos. No
entanto, temos uma fora belissima. Nossos cultivadores de orquideas são
notaveis. Angelo Rinaldi, por exemplo, é um mestre da arte floral”.
POESIA BOTANICA
Discorrendo sobre o valor dos arranjos
floristicos nos ambientes, o “Principe dos Poetas Brasileiros” observou que “a
arte floral japonesa, a “Ikebana”, é uma maravilha”.
E contou-nos:
- “Havia um grupo de poetas japoneses,
antigamente, que se reunia à rua da Liberdade. Assisti a muitos de seus
encontros. Faziam-se “jogos florais”: era dado um tema (lembro-me que um deles
foi “brisa de primavera”) e uns dois ou três poetas apresentavam os seus
“haikays”. Compoe-se o “haikay” de dezessete silabas e poderia e poderia
defini-lo como “uma anotação poetica e sincera de um momento de elite. Não é
poesia de amor: é estação. O “haikay” é como um verbete de dicionario. E deve
ser, antes de tudo, espontâneo: o “haikay” é obtido como quem pega um inseto em
vôo. Se escapar, escapou, e não se o faz mais. Porque deixa de ser sincero. O
“haikay” se impõe. É ele que vem a nós. Pois bem: uma vez, com surpresa minha,
notei que o tema era dado sobre o jacarandá. Surgiu então uma querela:
discutia-se a época de sua florescencia, indispensavel à composição do
“haikay”, que é, côo disse, antes de tudo, uma poesia de estação. Com maior
espanto meu, um dos japoneses tirou do bolso um dicionario botanico brasileiro
em japonês, para esclarecer a duvida. Pois a poesia japonesa é uma poesia
botanica e os conhecimentos botanicos são indispensaveis ao poeta... Passei
tambem a fazer “haikays”, que eram traduzidos or um interprete, após passar uma
“prova”, que todos julgaram. A poesia, no Japão, é obrigatória. Não importa a
profissão do individuo. Recordo-me que um dos componentes do grupo era
agricultor, outro marceneiro, outro fazia serviços domésticos”.
(...).
Ao nos despedirmos, perguntamos ainda
ao “Príncipe dos Poetas Brasileiros”:
- Gostaria de nos dizer algo sobre a
mulher e a flor?
Ao que ele apenas nos respondeu:
- “Confundem-se...”.
Adendo Cultural: A Sociedade dos Cem Bibliógrafos
edita o volume Pasárgada, de Manuel Bandeira, poemas escolhidos e
ilustrados por Aldemir Martins (1922-2006). Menotti Del Picchia publica sob
o Signo de Polímnia. Sérgio Milliet publica Cartas à Dançarina. Drummond de Andrade publica Poemas.
Adendo Brasil: Na convenção realizada pela UDN em novembro, Jânio Quadros é indicado
para disputar as eleições à presidência da República. O marechal Lott é indicado
pelo PSD.
Adendo Geral: 1º de janeiro: acontece vitória
da Revolução Cubana, derrubando o ditador Fulgêncio Batista (1901-73). Fidel
Castro (1927-), no comando da revolução começou a se inclinar pelo socialismo
comunista. Os Estados Unidos criam a NASA.
1960
- Convidado pelo
Presidente Juscelino Kubitschek para ser o orador oficial na inauguração de
Brasília, concebe a Prece Natalícia a
Brasília, lida no dia 21 de abril. O brasão e a legenda da nova capital (Venturis ventis: “Aos ventos que hão de vir”),
são de autoria de G.A. -
É eleito Presidente de Honra das Comemorações do V Centenário da Morte de D.
Henrique, em Portugal;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Montanha
Russa e A Difícil Manhã. Manuel Bandeira publica em edições de luxo a
Estrela da Tarde e uma seleção de poemas de amor sobre o título de Alumbramentos.
Cecília Meireles publica Metal Rosicler.
Adendo Brasil: Jânio da Silva Quadros é eleito
presidente da República vencendo as eleições com mais de 6 milhões de votos. O
vice-eleito: João Belchior Marques Goulart (1919-76), conhecido pelo apelido de
“Jango”, apesar da sua candidatura a vice fosse pela chapa de Lott. Na época o
eleitor podia votar no candidato a presidente de uma chapa e no candidato a
vice de outra.
Adendo Geral: John Fitzgerald Kennedy (1917-63) é eleito
presidente dos Estados Unidos. Alemães do Leste levantam o Muro de Berlim.
1961
-
Com 25 pequenos poemas focalizando cenas da cidade de São Paulo, é publicado
seu livro de poesia, Rua. Publica Jornal de um amante, tradução do Journal d’un amant, de Simon Tygel;
Adendo Cultural: A Editora do Autor publica Antologia
poética de Manuel Bandeira. Sai a publicação póstuma de Novelas
Paulistanas, de Alcântara Machado, reunindo as obras Brás, Bexiga e
Barra Funda, Laranja da China e Mana Maria. Cecília
Meireles publica Poemas Escritos na Índia.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: Jânio Quadros toma
posse. É o primeiro presidente a tomar posse em Brasília. 25 de agosto:
renúncia de Jânio Quadros. Assume a presidência João Goulart. Ministros
militares tentam impedir a posse de Jango. Leonel Brizola (1922-2004),
governador do Rio Grande do Sul, impede o golpe, com apoio do III Exército.
1962
-
Entrega ao público o volume Cosmópolis,
com carvões de Gomide, reunindo crônicas sobre alguns dos principais bairros de
São Paulo (publicadas originalmente em 1929, pelo jornal O Estado de S. Paulo). Traduz e publica A fugitiva, de Tagore. Começa
a fazer parte do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Recebe a Comenda da Ordem de Santiago da Espada,
de Portugal;
Adendo Cultural: 6 de novembro, morre em São Paulo
a artista plástica Anita Malfatti, aos 75 anos. Cassiano Ricardo publica o
ensaio 22 e a poesia de hoje. Drummond de
Andrade publica Lição de Coisas.
Adendo Brasil: Em São Paulo, Adhemar de Barros
derrota Jânio Quadros na disputa pelo governo do Estado.
1963
(Nada
foi encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Morte do escritor
Ribeiro Couto. A editora José Olympio publica Estrela da Tarde, de
Manuel Bandeira. Cecília Meireles publica Antologia Poética e Solombra.
Drummond de Andrade publica Antologia Poética.
Adendo Brasil: Plesbicito põe fim ao
Parlamentarismo. Greve: 700 mil operários.
Adendo Geral: 3 de Junho: Morre o Papa João XXIII (1881-). 22 de
novembro: o presidente dos Estados Unidos John Kennedy é assassinado.
1964
-
Traduz Os frutos do tempo, de Simon
Tygel. Inicia várias traduções que são publicadas em 1965;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Jeremias
Sem-Chorar e Antologia Poética. 9 de novembro: morre a escritora
Cecília Meireles.
Adendo Brasil: 31 de março: é deflagrado golpe
político-militar afasta João Goulart. Em 1º de abril, enquanto Jango rumava de
Brasília pra Porto Alegre, o presidente do Senado, Auro Soares de Moura Andrade
(1915-82) declarou vago o cargo de presidente da República. Assumiu o cargo o
presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili (1910-75), mas o poder já
estava sob o comando militar. Dez dias depois foi realizada a primeira eleição
do regime militar, garantida pelo Ato Institucional de 9 de abril, o qual
designava o Congresso Nacional como Colégio Eleitoral para definir o presidente
para exercer o cargo até 31 de janeiro de 1966. Concorreram três
marechais: General Humberto de Alencar Castelo Branco (1900-67), Juarez Távora
(1898-1975), e o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra. 15 de abril: Castelo Branco
recebeu 76% de todos os votos, mas abstenção e altas foram altas. Contando
apenas os votos válidos Castelo Branco teve 98,63% dos votos. O Ato
Institucional (AI-I), suspende os direitos políticos de centenas de pessoas.
1965
-
Publica Rosamor (poesia), com capa de
Zamboni e ilustrações de Noemia. Publica as traduções de: Arcanum, de Niles Bond; Festival,
de Simon Tygel, edição bilíngue, com nus de Gomide; Orfeu, de Jean Cocteau (1889-1963); Lembranças de Berta, Tennessee Williams (1911-83), História de uma escada, peça teatral de
Antônio Buero Vallejo (1916-2000) e a peça teatral Eurídice, de Jean Anouilh (1910-87). Pronuncia, na Academia
Brasileira de Letras, a oração comemorativa do centenário de Olavo Bilac;
Adendo Cultural: Cassiano Ricardo publica Poemas
Escolhidos. Manuel Bandeira, com Carlos Drummond de Andrade, organiza o
livro Rio de Janeiro em prosa e verso.
Adendo Brasil: 17 de Outubro: Castelo Branco
baixa o AI-2, estabelecendo que a eleição para presidente e vice-presidente da
República seria realizada pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em
sessão pública e votação nominal, evitando-se assim o voto secreto para
prevenir surpresas. Porém, a medida mais relevante foi a extinção dos partidos
políticos existentes. Permaneceram apenas dois partidos: a Aliança Renovadora
Nacional (Arena), que agrupava partidários do governo militar, e o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), que reunia a oposição. Reforma monetária institui
o cruzeiro novo.
1966
(Nada
encontrado sobre G.A.).
Adendo Cultural: Raul Boop publica Movimentos
Modernistas no Brasil. Manuel Bandeira publica: Estrela da Vida Inteira, Meus
Poemas Preferidos e também os livros de crônicas: Andorinha, Andorinha e
Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas.
Adendo Brasil: 3 de outubro: Segunda Eleição do
Regime Militar no Brasil. Eleito Arthur da Costa e Silva (1902-69). Vários
deputados federais são cassados, o que provoca a reação do Congresso, que é fechado
por um mês, e reconvocado pelo AI-4 para aprovar o novo texto constitucional.
Acontecem eleições para deputados e senadores. São suspensas as eleições
diretas para cargos executivos.
Adendo Geral: Revolução Cultural Chinesa.
1967
-
Publica Os Meus Versos Mais Queridos,
com poemas já conhecidos do grande público. No livro: Guilherme de Almeida Poeta Modernista, traz o seguinte depoimento:
- (...), quando foi homenageado na efeméride em que completava 50 anos –
Jubileu de Ouro – da publicação do seu primeiro livro de versos: “Nós”, ele (G.A.) confidenciou aos amigos:
“Eu tinha 14 anos quando escrevi meus primeiros versos. Um soneto. Tema:
A Morte. Quer dizer que comecei duplamente pelo fim: a fórmula mais difícil (o
soneto) e o tema final de tudo (a Morte)”.
(...).
“Comecei a escrever os sonetos que viriam a formar o meu primeiro livro,
publicado, em Mogi-Mirim no ano de 1914. Terminei-o em são Paulo, em 1916.
Vicente de Carvalho foi o primeiro estranho que leu os meus versos numa noite
desse ano, em sua casa, à rua Barão do Tatuí nº 10, (sabe-se que Guilherme era
avesso a mostrar ou a ler para os outros os seus versos, tendo pudor deles,
guardando-os como jóias raras). Amadeu Amaral, que conheci na redação do
“Estado”, à praça Antonio Prado, prédio “Martinico”, na sessão pública de 16 de
setembro de 1916. Notável coincidência, anota Guilherme, eu nesse mesmo dia, 16
de setembro, em 1959, era eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.
(Ribeiro, José Antonio P. In: Guilherme de Almeida Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª
Ed., 1983 – pp. 34-35).
-
Traduz e publica a edição bilíngue, com capa de Renato Zamboni: Os Frutos do Tempo, de Simon Tygel. Meu Roteiro Sentimental da Cidade de S.
Paulo, conforme nota 1, p. 535, do livro: Pela Cidade, edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de
Barros, Martins Fontes, São Paulo, 1ª ed. 2004: “(Esse
roteiro) é uma apaixonada declaração de amor a São Paulo, atendendo a um
pedido da Companhia Telefônica Brasileira, que pretendia divulgar nas páginas
das listas telefônicas distribuídas entre seus assinantes”.
-
Compõe o Cântico jubilar para o advento
da Rosa de Ouro, comemorativo da outorga dessa insígnia à Basílica Nacional
de Aparecida pelo para Paulo VI (1897-1978);
Adendo Cultural: Drummond de Andrade
publica Versiprosa, José & outros e Uma Pedra no Meio do
Caminho: biografia de um poema.
Adendo Brasil: Janeiro: Castelo Branco forçou os
congressistas aprovarem a nova Constituição. Em março: Artur Costa e Silva toma
posse. 18 de julho: Castelo Branco morre quando o avião do Exército em que
viajava, chocou-se no ar com um Jato da FAB (Força Aérea Brasileira). Carlos
Marighella (1911-69) forma a Aliança de Libertação Nacional (ALN). Surgem o
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Vanguarda Popular Revolucionária
(VRP).
Adendo Geral: 8 de outubro: Che Guevara (1928-)
é capturado na Bolívia e assassinado no dia seguinte.
1968
-
Publica Os Sonetos de Guilherme de
Almeida, com capa de Renato Zamboni, com poemas publicados anteriormente em
vários livros;
Adendo Cultural: 13 de outubro: falece o Poeta
Manuel Bandeira, no Rio de Janeiro. Menotti Del Picchia publica O Deus sem
Rosto (poesia). Drummond de Andrade publica Boitempo
e a Falta que Ama.
Adendo Brasil: 13 de dezembro: Costa e Silva
baixa o AI-5, fecha o Congresso e cassa o mandato de diversos deputados.
Adendo Geral: Martin
Luther King (1929-), o líder pacifista negro e Prêmio Nobel da Paz, em 1964, é
assassinado em Memphis, Estados Unidos.
1969 – 11
de julho: às 3h56m da madrugada, Guilherme
de Almeida morre em sua casa, na Rua Macapá, vítima de uremia. Às 8h30m do
dia de sua morte o corpo foi transportado, por um carro do Corpo de Bombeiros,
com escolta de lanceiros da Força Pública, para a Academia Paulista de Letras.
O sepultamento, com honras militares, se deu às 11h do dia seguinte, e seus
despojos se encontram no Obelisco e Mausoléu do Soldado Constitucionalista de
32, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O Poeta foi o primeiro
constitucionalista a ser sepultado nesse local e ocupa o espaço dedicado aos
grandes heróis do Movimento de 1932.
- O poeta Oliveira
Ribeiro Neto (1908-89), então presidente da Academia Paulista de Letras,
discursou após Menotti Del Picchia e assim finalizou:
Foto do funeral de Guilherme de Almeida - Site: http://www.tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br - acesso em 2015 |
“Silêncio! Calem-se
os tambores. Ajoelhai-vos todos, que na estrada de luz surge a Musa de
Anchieta, a Virgem Maria, Tupan Ci Porangetê, a Mãe de Deus Formosíssima, que
estende a mão divina ao Poeta que vacila. É Nossa Senhora da Porta do Céu, que
lhe entrega as Chaves do Reino. Silêncio! A Academia Paulista de Letras se
prosterna. De joelhos, São Paulo; de joelhos, Brasil”.
(Cavalheiro,
Maria Thereza. In: “Guilherme de Almeida: o Poeta de São Paulo – III.
Jornal D.O. Leitura, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Nº 90, de
8/11/1989, p. 7).
Adendo Histórico -
G.A.:
1 - Além da Comenda da
Ordem de Santiago da Espada (Portugal), de 1962, recebeu em vida várias
condecorações de governos estrangeiros, tais como: Grande Oficial da Coroa da
Hungria, Caravana da Legião de Honra da França, Grande Oficial da Ordem Militar
de Cristo de Portugal, Comenda da Ordem de Mérito da Síria, Medalha de Ouro e
diploma da 1ª Classe dos Beneméritos da Escola de Cultura e de Arte (Itália),
Comenda da Ordem da Arte e das Letras (França), Grande Oficial da Ordem do
Infante D. Henrique (Portugal), entre outras. Foi membro do Seminário de
Estudos Galegos, de Santiago de Compostela, Membro da Unión Cultural Universal do Alcácer de Sevilha, e do Instituto de
Coimbra (Portugal). G.A. distinguiu-se também com heraldista. É autor dos
brasões-de-armas das seguintes cidades: São Paulo (SP), Petrópolis (RJ), Volta
Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e
Embu (SP). Compôs também um hino a Brasília, quando a cidade foi inaugurada.
2 – 10 de junho de 1974: O governador Laudo Natel cria
a Lei nº 337, publicado no Diário Oficial v. 84, n. 129, de 11 de julho,
instituindo como hino oficial do Estado de São Paulo, o poema de G.A. “Hino dos Bandeirantes”. Ver a Lei neste link: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1974/lei-337-10.07.1974.html
Adendo Cultural: Drummond de Andrade
publica Reunião (10 livros de poesia).
Adendo Brasil: Em agosto: o presidente Costa e
Silva, foi acometido de uma trombose que o afastou do poder. 31 de agosto:
violando a regra constitucional que apontava como substituto o vice-presidente
Pedro Aleixo (1901-75), através do AI-12, foi instituída uma Junta Militar com
os ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica, Lira Tavares (1905-98),
Augusto Rademaker (1905-85) e Márcio de Sousa e Melo (1906-91), que assumem
temporariamente o poder. 4 de setembro: O MR-8, em conjunto com a ALN,
sequestra o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick
(1908-83), no Rio de Janeiro. No dia 25 de outubro, o Congresso Nacional
foi convocado para eleger o novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici
(1905-85) foi eleito e assumiu o poder no dia 30 de outubro, com promessas de restabelecer
a democracia. Foi a terceira eleição durante o regime militar. A quinta foi em
1974. 4 de novembro: Marighella é assassinado.
Adendo Geral: 20 de julho: O engenheiro
eletrônico norte-americano, Neil Armstrong (1930-2012), comandante da Apolo 11,
é o primeiro homem a pisar na Lua. De Gaulle renuncia à presidência da França.
DEPOIMENTOS SOBRE
GUILHERME DE ALMEIDA
De Mário
da Silva Brito: “O próprio Guilherme de Almeida caracterizava sua obra como
essencialmente rítmica. Definia a Poesia como “ritmo no sentir, no pensar e no
dizer”. Sua tese, é, na verdade, um longo elogio do ritmo poético e afirma o
princípio de que a poesia é constituída de três elementos: palavra, idéia e
ritmo. Parte daí para realizar uma poesia aristocrática, repleta de virtuosismos
técnicos, de musicalidade e pitoresco, em que sobressaem imagens brilhantes,
filhas de adjetivação fulgurante e de riquíssimo vocabulário. “Não conheço
maior criador de imagens em nossa literatura”, dizia Ronald de Carvalho. Sérgio
Milliet, o melhor exegeta da poética de Guilherme de Almeida, salienta-lhe “o
conhecimento profundo da língua, do valor das palavras, de sua riqueza
onomatopaica, do alcance subjetivo de cada letra do alfabeto e das acentuações
variadas ou repetidas” e realça, nele, “o amor aos temas universais, clássicos,
que sabe renovar, sua recusa em cantar a máquina, a guerra, a revolução, os
assuntos em voga sob o rótulo de poesia social”. Manuel Bandeira o tem na conta
de “o maior artista do verso em língua portuguesa”. (...)”.
(Brito,
Mário da Silva. In: Poetas Paulistas da
Semana de Arte Moderna. Editora Martins & Conselho Estadual de Cultura,
São Paulo, 1972, p. 76).
De
Alfredo Bosi: "Guilherme de Almeida pertenceu só episodicamente ao movimento de
22. Não havendo partido do espírito que o animava, também não encontrou nele
pontos definitivos de referência estética. Sua cultura, seu virtuosismo, suas
aspirações morais vinham do passado e lá permaneceram. Remontemo-nos aos
primeiros livros, Simplicidade, Na Cidade de Névoa, Suave
Colheita: os módulos são parnasianos, já atenuados por um neo-simbolismo
que se confessa filho de Verlaine e de Rodenbach ou, na tradição
luso-brasileira, eco de Os Simples e das litanias de Alphonsus. A
temática é toda crepuscular: ouvimos quadras à ´alma triste das ruas´, às
árvores que ´parecem freiras cochichando / nos corredores dos mosteiros, / com
as suas toucas brancas, quando / há névoa no ar´. Do decadismo Guilherme de
Almeida recebeu o tom e certas preferências verbais; do Parnaso, o gosto do soneto
com chaves de ouro (e até chaves de ouro sem soneto...), o domínio absoluto da
métrica portuguesa, o amor à língua que lhe iria inspirar verdadeiros ´tours de
force´. Livros como A Dança das Horas, Livro de
Horas de Sóror Dolorosa, Narciso e Canções Gregas,
compostas antes de 22, revelam os outros aspectos do seu passadismo literário:
o caráter entre sensual e estatizante, a entrega a imagens voluptuosas de fundo
ovidiano, enfim um dandismo que lembra o universo epicurista de Oscar
Wilde."
(Bosi,
Alfredo. In: História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Cultrix, São Paulo, 3ª ed. pp. 420-421).
De
Frederico Ozanam Pessoa de Barros: “Guilherme era capaz de desenvolver, sem deixar cair o interesse do
leitor, os mais variados temas. Justamente aqueles que, por não merecerem, na
sua opinião, a consagração do verso, estão ausentes de sua obra poética: o
dia-a-dia de quem, como ele, tinha de lutar pela sobrevivência; a política; as
variações e a passagem do tempo; os passatempos (cinema, rádio, teatro, futebol,
TV); o amor, a vida; e os tipos e aspectos de uma cidade em contínua mutação.”
(Guilherme
de Almeida. In: Literatura Comentada. Seleção de textos,
notas, estudos biográficos, histórico e crítico por Frederico Ozanam Pessoa de
Barros. Editora Abril Educação, São Paulo, 1982, p. 15).
De Alcy
Gigliotti: Guilherme de Almeida foi, para mim,
talvez um dos maiores poetas românticos do Brasil. Seus versos de amor, de
paixões, de uma dedicação extrema ao ser amado, ultrapassem escolas e vão
situar-se em níveis de imensidade na história poética pátria. Sonetista,
enfeita o escrínio de qualquer antologia que se pretenda com seus catorze
versos de um momento de beleza incomparável (...).
Todos os livros de Guilherme refletem
a musicalidade desse soneto e trazem, em seu bojo, momentos lindos de
felicidade, de esperança, de desesperanças, de esperas e encontros, de todo
esse mundo maravilhoso e às vezes desesperador dos escravos da sensibilidade e
do amor, em todas as suas facetas.
Mas, Guilherme foi também um épico. E
foi ainda, um moderno. E foi um soberbo cultor do haicai. E foi mais depois,
folclorista do verso, cavaleiro andante do verso, historiador em versos,
revolucionário em versos. Mas, foi, sobretudo, um purista, do verso e da
poesia, Não só, contudo. Sua prosa, no mesmo passo, encantou gerações em suas
crônicas curtas e em suas produções literárias de palestra, conferência,
estudos e discursos e... Afinal, Guilherme foi tudo como escritor, mas
visceralmente um poeta, em prosa e em verso.
(...).
As suas rimas, meu Deus! Que
perfeição! (...).
(Gigliotti,
Alcy. Palestra proferida por ocasião da Semana Guilherme de Almeida, no
Centro de Ciências, Letras e Artes, Campinas (SP). Fonte: www.kplus.com.br – Acesso em 2012).
De Paulo Bonfim: Caminhar no milênio evocando Guilherme de Almeida é algo que me deixa
fascinado. O amigo está de tal modo presente nos diálogos de meu caminho, tão
moço entre os que participaram da revolução estética de 22 e da guerra santa de
32 que falar dele em termos do novo século, torna-se exercício de esperança.
(...)
Guilherme foi o companheiro paciente e sábio de
minha adolescência extravagante.
(...).
Noitadas inesquecíveis onde ouvíamos o anfitrião
discorrer sobre os mais diversos assuntos que iam da Grécia clássica à
cibernética, da poesia provençal à botânica e à história, do ocultismo à
heráldica e ao cinema.
Guilherme foi mestre de poesia. Ele e Manuel
Bandeira conheciam o ofício como ninguém.
Num dia em que disse a ele que ritmo é a respiração
do pensamento, ouvi a mais profunda lição sobre o sentido mântrico da rima,
desencadeadora de processos mágicos que faziam o homem e seus chacras entrarem
em comunhão com o corpo vivo do universo.
Na poética do autor de “Nós” há lugar para uma
cosmogonia vária, leque de rumos que surpreende e fascina.
Em suas mãos de demiurgo o verso é criatura
fecundante, processo transmutável e encantatório, ouro espiritual que vai agir
na sensibilidade do leitor.
Foi um homem raro, nascido da cultura e da velha
cepa de guerreiros e navegadores que gravaram no livro de linhagens o brasão
dos Almeidas e Andrades maternos, descendentes dos velhos Camargos
bandeirantes.
Sua poética surge das ondas de um mar português e é
embalado pelo Acalanto de Bartira.
Entre cantares de amigo e sonetos dos mais belos do
idioma, entre Canções Gregas e evocações da Raça, o peregrino do encanto
atravessa a vida em sua via de romeiro de Compostela.
Lírico e épico, participante e metafísico, o
cavaleiro andante luta por sua terra e por sua dama.
O mês das neblinas é a síntese numinosa da
existência do cantor de nossas glórias. Nele nasceu e nele viveu
apaixonadamente o 9 de Julho.
Na saga de sua existência, o voluntário de 32
coloca o fuzil e a pena a serviço de uma causa.
Em sua panóplia, a língua portuguesa brilha um
brilho antigo e renovado.
Quando em 1962 levei Jorge Mautner à sua casa, o
encontro produziu tamanha impressão no jovem escritor que exclamou, ao
despedir-se:
- Mas esse homem é um bruxo!
Sim, Guilherme era um Iniciado e a Poesia sua
Ciência Sagrada!
(Bomfim, Paulo. In: Revista Cult, São Paulo, ano 6, n. 15,
p. 64-65, 2006).
RELAÇÃO SINTETIZADA DAS OBRAS DE GUILHERME DE ALMEIDA
MENCIONADAS NO BOJO DA SÍNTESE BIOGRÁFICA
1917
Nós (poesia)
1919
A dança das horas (poesia)
Messidor (poesia)
1920
Livro de horas de Sóror Dolorosa (poesia)
1922
Era uma vez... (poesia)
1924
A frauta que perdi - Canções gregas (poesia)
Natalika (Ensaio)
1925
Encantamento (poesia)
Raça (poesia)
Meu (poesia)
A flor que foi um homem – Narciso (poesia)
1926
Do sentimento nacionalista na poesia brasileira (ensaio)
Ritmo, elemento de expressão (ensaio)
1929
Simplicidade (poesia)
Gente de cinema (prosa)
1931
Você (poesia)
Carta à minha noiva (poesia)
Poemas escolhidos (poesia)
1932
Cartas que eu não mandei (poesia)
Eu e você, de Paul Géraldy
(tradução)
O gitanjali, de Rabindranath
Tagore (tradução)
1933
O meu Portugal (prosa)
1935
A casa (prosa)
1936
Poetas de França, vários autores
(tradução)
Suíte brasileira, de Luc Durtain
(tradução)
1938
Acaso (poesia)
1939
O jardineiro, de Rabindranath
Tagore (tradução)
1941
O sonho de Marina (infantil)
João Pestana, de Hans Christian
Andersen (tradução)
1942
Cartas do meu amor
João Felpudo, de Heinrich Hoffmann
(tradução)
1943
O amor de Bilites, de Pierre Löuys
(tradução)
Pinocchio, de Walt Disney
(tradução)
O camundongo e outras histórias,
de Wilhelm Busch (tradução)
Corococó e Caracacá, de Wilhelm Busch
(tradução)
O fantasma lambão, de Wilhelm Busch
(tradução)
O macaco e o moleque, de Wilhelm Busch
(tradução)
1944
Tempo
Paralelamente a Paul Verlaine (tradução)
Flores das "Flores do Mal",
de Charles Baudelaire (tradução)
Gonçalves dias e o romantismo (ensaio)
1946
A mosca, de Wilhelm Busch
(tradução)
Uma oração de criança, de Rachel Field
(tradução)
1947
Poesia vária
1948
Histórias, talvez... (prosa)
Palavras de Budha, de Pierre Salet
(tradução)
1949
A cartola, de Wilhelm Busch
(tradução)
1950
Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre
(tradução)
1951
O anjo de sal
1952
Toda a poesia (em 6 volumes)
Antígone, de Sófocles
(tradução)
1953
Baile de formatura (prosa)
1954
Acalanto de Bartira
Na festa de São Lourenço (partes em tupi e
castelhano do Auto de José de Anchieta) (tradução)
1956
Camoniana
1957
Pequeno romanceiro
1961
Rua
Jornal de um amante, de Simon Tygel
(tradução)
1962
Cosmópolis (prosa)
A fugitiva, de Rabindranath
Tagore (tradução)
1964
Os frutos do tempo, de Simon Tygel
(tradução)
1965
Rosamor
Arcanum, de Niles Bond
(tradução)
Festival, de Simon Tygel
(tradução)
História de uma escada, de Antonio Buero
Vallejo (tradução)
A importância de ser prudente,
de Oscar Wilde (tradução)
Orfeu, de Jean Cocteau
(tradução)
Lembranças de Berta, de Tennesse Williams
(tradução)
Eurídice, de Jean Anouilh
(tradução)
1967
Meus versos mais queridos
1968
Os sonetos de Guilherme de Almeida
S.D.
A formiguinha viajeira, de Constancio C.
Virgil (tradução)
PUBLICAÇÕES PÓSTUMAS
1990
Castro Alves: O artista (ensaio)
Poemas paulistas de Guilherme de Almeida
1993
Os melhores poemas de Guilherme de Almeida
1996
Haicais completos
1997
Antígone de Sófocles, em Três Tragédias gregas (tradução)
2003
O pião (infantil, a partir
de poema extraído de Encantamento)
2004
Pela cidade, seguido de Meu roteiro sentimental da cidade de S.
Paulo
2006
Tênis (infantil, a partir
de poema extraído de Encantamento)
2010
Margem (poesia)
Margem (poesia)
A poesia d'Os sertões
(ensaio), em Poética de Os sertões
2016
Cinematographos de Guilherme de Almeida: antologia da crítica cinematográfica
ALGUMAS FOTOS DE GUILHERME DE ALMEIDA
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado |
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado |
Acervo: Casa Guilherme de Almeida - Ver site já mencionado |
Guilherme e Baby - Acervo: Unicamp - Site: www.centrodememoria.unicamp.br |
Baby, Guilherme e o filho Guy, em 1938.
|
Ex-Libreis de Guilherme de Almeida - In: Meus Versos Mais Queridos. Tecnoprint-RJ.sd. p. 11 - Restaurado pelo proceso digital |
Guilherme de Almeida, por Ferrignac - In: Meus Versos Mais Queridos. Tecnoprint-RJ.sd. p. 28 - Restaurado pelo proceso digital |
Guilherme de Almeida por Lasar Segall - Acervo: Casa Guilherme de Almeida |
Baby, por Lasar Segall, 1927 - In: Catálogo da exposição Segal Realista, p. 93 |
Caricatura de Guilherme de Almeida, publicada no "D. Quixote, RJ. |
DO ACERVO RETALHOS DO MODERNIMO
Esta foto é do site da Casa Guilherme de Almeida |
-
Alambert, Francisco. A Semana de 22: A
Aventura Modernista no Brasil. Editora Scipione, São Paulo, 2ª ed., 1994;
- Almeida, Guilherme de. Rhythmo, Elemento de Expressão (These de Concurso). Typ. da Casa
Garraux, São Paulo, sd.;
- __________. Meus
Versos mais Queridos. Tecnoprint Grafica S.A. Editora, RJ, sd;
- __________. Cartas
do Meu Amor. Livraria Martins Editora, São Paulo, Exemplar nº 598, 1941;
- __________. Carta
a Minha Noiva. Cia. Editora Nacional, São Paulo, 2ª ed., 1932;
- __________. Tempo.
Prefacio de Jamil Almansur Haddad. Editora Flama Ltda. São Paulo, 1944;
- __________. Raça.
Livraria José Olympio Editora, RJ, 2ª ed. 1972;
- __________. Guilherme
de Almeida. Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e
crítico por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Série Literatura Comentada.
Editora Abril Educação, São Paulo, 1982;
- __________. Os
Melhores Poemas de Guilherme de Almeida. Seleção de Carlos Vogt. Global
Editora, São Paulo, 2ª ed., 2001;
- __________. Pela
Cidade. Edição preparada por Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Martins
Fontes, São Paulo, 1ª ed., 2004;
- __________. Margem:
poesia. Apresentação de Marcelo Tápia. Annalumbre Editora, São Paulo, 1ª
ed., 2010;
- Amaral, Aracy A. (Org. intr. e notas). Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral II. Edusp
& IEB, São Paulo, 1ª ed., 2001 (Coleção Correspondência Mário de Andrade,
2);
- Amaral, Brenno Ferraz do. A
Literatura em São Paulo em 1922. Conselho Estadual de Cultura, da
Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo. Imprensa Oficial do Estado, São
Paulo, 1ª ed., 1973;
- Andrade, Mário de. Taxi e
Crônicas no Diário Nacional. Org. intr. e notas de Telê Porto Ancona Lopes.
Livraria Duas Cidades & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, São
Paulo, 1976;
-
__________. Cartas a Anita Malfatti
(1921-1939). Org. Marta Rossetti Batista. Editora Forense Universitária
Ltda., RJ. 1ª ed., 1989;
-
__________. Poesias Completas. Obras
Completas de Mário de Andrade. Livraria Martins Editora S.A., São Paulo, 1955;
- Bandeira, Manuel. Andorinha, Andorinha. Editora José
Olympio, RJ, 2ª ed. 1986;
-
__________. Estrela da vida inteira.
Editora Record, RJ/SP, sd;
-
Batista, Marta Rossetti & Lopez, Telê Porto Ancona & Lima, Yone Soares
de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/19
– Documentação. IEB, São Paulo, 1972
- Bomfim, Paulo. Revista Cult, São Paulo, ano 6, n. 15,
2006;
- Bosi, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira
- Editora Cultrix, São Paulo, 1992;
- Brito,
Mário da Silva. História do Modernismo
Brasileiro – Antecedentes da Sema de Arte Moderna. Civilização Brasileira,
Rio de Janeiro, 5ª ed., 1978;
- __________. Poetas
Paulistas da Semana de Arte Moderna. Editora Martins & Conselho Estadual de
Cultura, São Paulo, 1972;
- __________. Poesia
do Modernismo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2ª ed., 1968;
- Candido, Antonio &
Castello, Aderaldo. Presença da
Literatura Brasileira – Modernismo. Difel, São Paulo/Rio de Janeiro, 7ª
ed., 1979;
- Castello, José
Aderaldo. Antologia do Ensaio Literário
Paulista – Vol. III. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1ª ed., 1960;
- __________. A
Literatura Brasileira – Origens e Unidade (1500-1960). EDUSP, São Paulo, V.
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- Castro, Débora Novaes de. In: Hai-Kais ao Sol. Livro Arte, São Paulo, 1995 – pp. 7 a 12;
- Coutinho, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. Ed.
Distribuidora de Livros Escolares, Rio de Janeiro, 7ª ed. 1972;
- Duarte, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. Prefácio
de Antônio Cândido. Hucitec & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia,
São Paulo, 2ª ed., 1977;
- Faraco, Carlos Emílio
& Moura, Francisco Marto. Língua
e Literatura. Editora Ática, SP., 5º Ed., 1998;
- Fausto, Boris. História do Brasil. EDUSP, São Paulo,
14ª ed., 2013;
- Góes, Fernando. Panorama da Poesia Brasileira. Vol. V – O
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- Haddad, Jamil Almansur. Introdução do livro: Tempo,
de Guilherme de Almeida. Editora Flama, São Paulo, 1944, 1ª ed.).
- Irich,
Alice. Guilherme de Almeida e a
construção da identidade paulista. Dissertação Pós-graduação em Literatura
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Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2007
- Lafetá, João Luiz. 1930: A Crítica e o Modernismo. Duas
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- Martins, Wilson. A Literatura
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Milliet, Sérgio. In: Terra Roxa, São
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- __________. Panorama
da Moderna Poesia Brasileira. Departamento da Imprensa Nacional –
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__________. Diário Crítico de Sérgio
Milliet – 1951. Introdução de Antônio Cândido. Martins Editora & USP,
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- Moraes, Marcos
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- neto,
Prudente de Moraes. Guilherme de Almeida
– A Frauta que eu perdi. Annuario do Brasil – Rio, 1924. Da Revista
Estética. Livraria Odeon, Rio de Janeiro, Vol. 1: p. 94, setembro 1924;
- Novaes,
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Ricardo, Cassiano. Poesias Completas.
Livraria José Olympio Editora, RJ., 1957;
- Ribeiro,
José Antonio P. Guilherme de Almeida
Poeta Modernista. Traço Editora, São Paulo, 1ª Ed., 1983;
- Segall, Lasar. Projeto
Cultural Artistas do Mercosul. Textos de Vera d’Horta. Produção e editoração do
Grupo Velox. Buenos Aires, Argentina, 1999;
- Stegagno-Picchio,
Luciana. História da literatura brasileira. Editora Nova Aguilar. RJ.
1997.
(*) Demais fontes mencionadas no bojo da
Síntese Biográfica.
NOTA: A maioria das informações dos
Adendos Brasil e Geral foram retirados do livro História do Brasil, de Boris
Fausto, Ed. EDUSP, São Paulo, 2013.
CATÁLOGOS E PERIÓDICOS:
- A Gazeta. In: Vamos Vestir São Paulo. Maria Thereza Cavalheiro. Edição de
28/9/1959;
-
________. In: Heraldica – Ciência do Passado que constrói o presente. Maria
Thereza Cavalheiro. Edição de 24/1/1962;
-
________. In: Homenagem a Guilherme de Almeida. Maria Thereza Cavalheiro e Maria
Sílvia Montenegro. Notas Sociais, Edição de 25/1/1962;
- Batista, Marta Rossetti. In: Anita Malfatti no tempo e no espaço. Catálogo da obra e documentação.
Editora 34 & Edusp, São Paulo, 1ª ed. – 2006;
- Catálogo da exposição Segall Realista, realização
do Museu Lasar Segall & SESI, São Paulo, curadoria de Tadeu Chiarelli,
2008;
- D.O. Leitura. In: Guilherme de Almeida: o Poeta de São Paulo. Maria Thereza
Cavalheiro. Jornal da Imprensa
Oficial do Estado, São Paulo. Edições 88, 89 e 90, de 8/11, 8/10 e 9/11/1989;
- Paulistania. Órgão Oficial do Clube
Paulistano, São Paulo, nº 77, Ago./72-Nov./73;
- Suplemento “mais!” – Folha de S. Paulo. In: Condenados
à liberdade, de Antonio Medina Rodrigues. Edição de 23/11/1997, p. 13.
OUTRAS FONTES PESQUISADAS:
- www.casaguilhermedealmeida.org.br – último acesso: 2016;
- www.poiesis.org.br – último
acesso: 2016;
- www.academia.org.br – último acesso: 2016;
- www.academiapaulistadeletras.org.br
– último acesso: 2016;
- www.ieb.usp.br – último acesso:
2016;
- www.museusegal.org.br – último
acesso: 2016;
- www.itaucultura.org.br – último
acesso: 2016;
- http://www.infoescola.com/historia/revolta-da-chibata/
- Santana Mirian, Ilza. Acesso em junho/2016;
- http://www.kplus.com.br – Gigliotti, Alcy.
Palestra proferida por ocasião da Semana
Guilherme de Almeida, no Centro de Ciências, Letras e Artes, Campinas (SP).
Fonte: Acesso em 2012;
- http://www.scielo.br/pdf/ts/v16n1/v16n1a10.pdf
- Micelli, Sergio. Experiência social e
imaginário literário nos livros de estreia dos modernistas em São Paulo. Acesso
em 2014/16.
- www.jornalrol.com.br - Acesso em 2016;
- www.jornalrol.com.br - Acesso em 2016;
- www.centrodememoria.unicamp.br - Acesso em 2016;
- http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br
– Acesso desde 2012.
Vejam
também no Blog Retalhos do Modernismo:
http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/02/obra-prima-de-guilherme-de-almeida.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/09/meus-haikais-guilherme-de-almeida.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/guilherme-de-almeida-e-o-discurso-beira.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/guilherme-de-almeida-o-literato.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/revolucao-constitucionalista-e.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/julho-mes-guilherme-de-almeida.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/12/guilherme-de-almeida-escreve-euclides.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2012/10/guilherme-de-almeida-haikais.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/09/meus-haikais-guilherme-de-almeida.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/guilherme-de-almeida-e-o-discurso-beira.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/guilherme-de-almeida-o-literato.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/revolucao-constitucionalista-e.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/07/julho-mes-guilherme-de-almeida.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2009/12/guilherme-de-almeida-escreve-euclides.html
http://literalmeida.blogspot.com.br/2012/10/guilherme-de-almeida-haikais.html
ÚLTIMA
REVISÃO: Por
Luiz de Almeida, em 28 de julho de 2016.
Material sensacional! Envolvente, vai nos levando de um tópico a outro e a outro e a outro mais. E assim vamos conhecendo ainda mais profundamente esse Guilherme que por amor aos versos devia ser parente do Almeida que postou em seu blog um trabalho tão detalhado.
ResponderExcluirAcaba de ser reeditada a transcrição da Antígone de Sófocles feita por Guilherme de Almeida em 1952 para ser encenada pelo TBC.
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