DEPOIMENTO INÉDITO
DO ARTISTA
LÍBANO M. CALIL ATALLAH
Após
postar sobre o Manifesto Antropófago = http://literalmeida.blogspot.com.br/2012/04/manifesto-antropofago.html,
recebi mensagem do meu amigo, o artista Líbano Montesanti Calil Atallah, contendo um depoimento
maravilhoso. E por ser um depoimento inédito não poderia deixar de postar aqui
no RETALHOS, pois o “inédito” é um dos seus objetivos principais.
Então, sem mais delongas, segue a referida mensagem, exatamente como recebida:
2 de maio, 2012.
Olá
Luiz de Almeida
Luiz de Almeida
Como tem passado
V.Sa.?
Foi com satisfação
que acessei o seu Blog, para acompanhar a notícia sobre o Manifesto de Oswald
de Andrade.
Dona Tarsila, em
1971, me disse que fez um quadro para impressionar Oswald, era dia de seu aniversário
e ele havia saído. Ela pintou a composição, mas na hora de escolher um título
embasbacou-se. Resolveu então tomar em mãos um dicionário de Tupi Guarany, até hoje muito raro, do Padre Antonio Ruiz
Montoya. Folheou-o rapidamente, primeiro apareceu à palavra abá ou homem, em
seguida continuou folheando, apareceu a palavra purú ou carne humana. Para ela,
Dona Tarsila valeu como “Abá-Purú”, ou "O Homem Que Come Carne Humana”.
Satisfeita com a expressão acabou por adotá-la como título da obra.
Quando
Oswald chegou, em casa, à noite, ela noticiou-lhe sobre a obra dizendo que
havia pintado um quadro para ele. Hora! Então vamos ver. Ela descobriu o quadro
enquanto Oswald surpreso comentou assustado: "Nossa, mas o que é
isso?!", Dona Tarsila é o Abá-Purú. O que vem a ser isso? Perguntou-lhe
Oswald. Homem que come carne humana! Eufórico Oswald imediatamente proclamou o
Movimento Antropofágico, "Então vamos fazer um movimento em torno deste
quadro". O que culminou com o lançamento do manifesto publicado na Revista
Klaxon.
Esse
depoimento foi-me dado pela própria Dona Tarsila eu o levei para minha escola,
em uma fita k7, na época eu ainda estudava na escola Professor Gualter da
Silva, a professora de Educação Artística me deu nota dez. Não podia me
esquecer, eu era mui arteiro, sempre ficava no vermelho. Na verdade não tinha
nem me dado conta do feito. Só mais tarde quando todos nós brasileiros, que
logo ao nascer, já nos acostumamos com a obra “Abá-Purú” e sua autora. O maior
nome da história de nossa arte. Agora o quadro, já viu né, que furo! Vamos ter
que vê-lo lá na Argentina.
Além
disso, o quadro pertencia ao colecionador Érico Stickel, eu convivia com o ele
em seu escritório, na época, instalado na Rua São Francisco, depois transferido
para a Rua Bela Cintra, onde logo em seguida o vendeu. Dr. Érico sentiu a falta
do quadro. Eu Tambien!
Líbano
Montesanti Calil Atallah
Muito bom ver o relato de quem esteve tão perto de Tarsila e seu seu famoso Abápurú, como, aconteceu o Líbano. Gostei muito de ler e ficar sabendo um pouco mais...Abraços Poéticos desta CaipiraciabANA Marly de Oliveira Jacobino
ResponderExcluirDileta Ana:
ResponderExcluirFeliz pela tua visita. Obrigado. O Libano me presenteou com essa pérola. E como é gratificante tomarmos conhecimento de fatos ocorridos na vida dos nossos artistas.
Abraços e: "ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!"
Venho apreciar mais este retalho. Dados importantes e pouco divulgados sobre esta obra que obteve merecida consagração. Significado do nome explicado pela própria Tarsila, sua cunhadora, em episódio que também explica sua influência na antropofagia. Passo a seguir este blog.
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