SÉRGIO MILLIET
O Blog RETALHOS DO MODERNISMO conseguiu foto inédita de Sérgio Milliet. Fiel aos seus objetivos primeiros, posta cópia da referida foto para o conhecimento dos seus seguidores e para o deleite de todos os amantes da literatura nacional, leitores de Sérgio Milliet e também do nosso grande romancista Erico Veríssimo - ambos na foto. Êxtase.
Flagrante (s/ data) com a presença de SÉRGIO MILLIET, quando da visita do escritor Érico Veríssimo à sede da União Brasileira de Escritores (UBE), São Paulo. (Da esquerda para a direita): Ibiapaba Martins, Oliveira Ribeiro Neto, Henrique L. Alves, Érico Veríssimo, SÉRGIO MILLIET e Raimundo de Menezes.
(Foto original: Acervo da Biblioteca do Blog e Exposição RETALHOS DO MODERNISMO)
Para a foto não ficar solitária nas páginas do RETALHOS, transcrevo parcialmente texto do Sérgio Milliet evidenciando obras de Érico Veríssimo, datado de 20 de Dezembro de 1951, editado no Vol. VIII (1981) do Diário Crítico de Sérgio Milliet, pelas editoras Martins & amp; Edusp. (Luiz de Almeida).
Dezembro, 20 - Não me arrisco ainda a emitir uma opinião sobre a trilogia de Érico Veríssimo. – “O tempo e o Vento”. Surpreendeu-me agradavelmente o primeiro voluma (O Continente) e não me desilude o segundo (O retrato).
O que me parece caracterizar a parte inicial da trilogia é a forma sinfônica do romance. Em “O Continente” os cento e cinquenta anos da historia da constituição de duas famílias e da criação da cidade de Santa Fé assinalam o arcabouço dentro do qual se desenvolve o “alegro” da vida turbulenta e brilhante do Capitão Cambará. As variações numerosas e os diversos “movimentos” se conjugam de modo da dar-nos uma peça literária rica e sugestiva. Quanto ao miolo da obra, tem-se, paralelamente ao desejo de revelar ao leitor as raízes da atualidade social rio-grandense, a intenção de fixar alguns tipos humanos específicos em conflito fecundo. (...).
Em “O retrato” passa-se da sinfonia ao concerto, com os “tutti” inicial e final e o solo biográfico do dr. Rodrigo Cambará, bisneto de seu homônimo do primeiro volume. Essa vida agitada, e por momentos apaixonantes, desenrola-se, em seus pormenores, de 1909 a 1915, desde a campanha civilista, portanto até a Grande Guerra. Entretanto, graças aos trechos dos principio e do fim, amplia-se a biografia até a queda de Getúlio Vargas, com a sugestão de ter o herói participado da Revolução de 30 alçando-se a uma posição politica elevada em rápida e feliz ascensão. (...).
Passando da analogia musical para a analogia pictórica perceberíamos na obra de Érico Veríssimo uma intenção visível de realizar um afresco histórico-social em forma de trip-tico, que nos conduzisse da colonização, que nos conduzisse da colonização açoriana do sul ao predomínio do Rio Grande na politica atual, tudo se explicando pelo desenvolvimento econômico da região e pela formação moral, temperada nas guerras e revoluções da fronteira. (...).
A maior qualidade de Érico Veríssimo é o dom de interessar. Seu romance apaixona. Leem-se de um folego as 600 paginas de “O retrato”. Ora a curiosidade do leitor inteligente não se desperta sem motivo a este, nessa alentada trilogia está na veracidade do enredo de par com a humanidade das personagens. À exceção dos três ou quatro heróis a quem o autor encomendou seus sermões políticos e filosóficos, todos os outros são indivíduos de carne e osso, estudados minuciosamente em sua psicologia e cujas ações não a contradizem.
(Milliet, Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet – Vol. VIII. Introdução de Antônio Cândido. 2ª Ed. Martins & Edusp - São Paulo, 1981. Pp. 132/134).
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