CRONOLOGIA BIOGRÁFICA E ARTÍSTICA
1898 – 20 de setembro, nasce Sérgio Milliet da Costa e Silva, filho de Fernando da Costa e Silva e Aída Milliet, na cidade de São Paulo;
1900 – Morre sua mãe Aída, em São Paulo;
1905 – Frequenta o curso primário no Grupo Escolar Maria José e Escola Americana, em São Paulo;
1909 – Frequenta o curso secundário nos ginásios São Bento e Macedo Soares, em São Paulo;
1912 – Inicia o curso de Ciências Econômicas e Sociais na Escola de Comércio de Genebra – Suíça. É caixeiro de livraria, arquivista da Sociedade das Nações e professor de tango;
1918 – Foi colaborador e diretor da revista Le Carmel e publicou seus primeiros livros de poesia, Par le Sentier e En Singeant;
1922 – Conclui o Curso de Ciências Econômicas e Sociais, em Berna – Suíça. Retorna ao Brasil e liga-se ao Grupo dos Modernistas de São Paulo. Participa com artigos na revista Klaxon;
1923 – Viaja para Bélgica e Paris. traduziu poemas dos modernistas brasileiros na revista francesa LUMIÉRE;
1925 – Retorna ao Brasil, para São Paulo;
1929 – Casa-se com Lourdes Duarte, irmã do jornalista Paulo Duarte;
1930 – Nasce o filho Paulo Sérgio;
1931 – Passa a exercer as funções de bibliotecário da Faculdade de Direito e, secretário e tesoureiro da Escola de Sociologia e Política até 1946;
1932 – Adere ao Movimento Constitucionalista de São Paulo, realizando missões diplomáticas;
1935 – Inicia sua participação na elaboração do projeto do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo;
1937 – Começa a lecionar na Escola de Sociologia e Política em São Paulo. Viaja novamente para Paris e recebe Menção honrosa pelo trabalho realizado na Divisão de Documentação Histórica e Social do Departamento de Cultura de São Paulo. Publica o livro “Poemas”;
1938 – Inicia sua colaboração como crítico de arte e de literatura do jornal O Estado de S. Paulo;
1939 – É eleito membro da Academia Paulista de Letras, cadeira 25, patrono Varnhagen Paulista;
1940 - Dedica-se às artes plásticas publicando Pintores e Pinturas;
1942 – Publica “A Marginalidade da Pintura Moderna”, em São Paulo. Participa da Sala dos Intelectuais da Exposição do Sindicato dos Artistas Plásticos, em São Paulo. Participa da caravana de escritores a Belo Horizonte – MG, a convite do então prefeito Juscelino Kubitschek;
1943 – Publica “Pintura Quase Sempre”. É nomeado diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, além de presidente da Associação Brasileira de Escritores e do Congresso Internacional de Críticos de Arte. Viaja aos Estado Unidos. Publica o livro: “Oh! valsa latejante...1922-1943”;
1945 – Começa a pintar e a fazer portraits – charges, em São Paulo. Inaugura na Biblioteca Municipal de São Paulo a Seção de Arte. Passa a militar a Esquerda Democrática, em São Paulo;
1947 – Candidata-se a vereador pelo Partido Socialista em São Paulo;
1949 – Morre seu filho, em São Paulo. Ë o organizador e diretor artístico do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É condecorado com a Cruz de Cavaleiro da Legião de Honra pelo governo francês, em Paris;
1952 – Viaja para Itália e representa o Brasil na Bienal de Veneza;
1954 – Participa da Comissão de Eventos comemorativos do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Organizador da Cátedra de Estudos Brasileiros da Universidade de Lausanne na Suíça;
1956 – Viaja para Itália e Suíça;
1959 – Publica: “Cartas à dançarina”;
1960 - Publica o livro de crônicas De Ontem, de Hoje, de Sempre;
1962 – Publica o segundo volume do livro De Ontem, de Hoje, de Sempre;
1964 – Lança o livro de crônicas De Cães, de Gatos, de Gente;
1966 – 9 de novembro, falece em São Paulo.
1900 – Morre sua mãe Aída, em São Paulo;
1905 – Frequenta o curso primário no Grupo Escolar Maria José e Escola Americana, em São Paulo;
1909 – Frequenta o curso secundário nos ginásios São Bento e Macedo Soares, em São Paulo;
1912 – Inicia o curso de Ciências Econômicas e Sociais na Escola de Comércio de Genebra – Suíça. É caixeiro de livraria, arquivista da Sociedade das Nações e professor de tango;
1918 – Foi colaborador e diretor da revista Le Carmel e publicou seus primeiros livros de poesia, Par le Sentier e En Singeant;
1922 – Conclui o Curso de Ciências Econômicas e Sociais, em Berna – Suíça. Retorna ao Brasil e liga-se ao Grupo dos Modernistas de São Paulo. Participa com artigos na revista Klaxon;
1923 – Viaja para Bélgica e Paris. traduziu poemas dos modernistas brasileiros na revista francesa LUMIÉRE;
1925 – Retorna ao Brasil, para São Paulo;
1929 – Casa-se com Lourdes Duarte, irmã do jornalista Paulo Duarte;
1930 – Nasce o filho Paulo Sérgio;
1931 – Passa a exercer as funções de bibliotecário da Faculdade de Direito e, secretário e tesoureiro da Escola de Sociologia e Política até 1946;
1932 – Adere ao Movimento Constitucionalista de São Paulo, realizando missões diplomáticas;
1935 – Inicia sua participação na elaboração do projeto do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo;
1937 – Começa a lecionar na Escola de Sociologia e Política em São Paulo. Viaja novamente para Paris e recebe Menção honrosa pelo trabalho realizado na Divisão de Documentação Histórica e Social do Departamento de Cultura de São Paulo. Publica o livro “Poemas”;
1938 – Inicia sua colaboração como crítico de arte e de literatura do jornal O Estado de S. Paulo;
1939 – É eleito membro da Academia Paulista de Letras, cadeira 25, patrono Varnhagen Paulista;
1940 - Dedica-se às artes plásticas publicando Pintores e Pinturas;
1942 – Publica “A Marginalidade da Pintura Moderna”, em São Paulo. Participa da Sala dos Intelectuais da Exposição do Sindicato dos Artistas Plásticos, em São Paulo. Participa da caravana de escritores a Belo Horizonte – MG, a convite do então prefeito Juscelino Kubitschek;
1943 – Publica “Pintura Quase Sempre”. É nomeado diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, além de presidente da Associação Brasileira de Escritores e do Congresso Internacional de Críticos de Arte. Viaja aos Estado Unidos. Publica o livro: “Oh! valsa latejante...1922-1943”;
1945 – Começa a pintar e a fazer portraits – charges, em São Paulo. Inaugura na Biblioteca Municipal de São Paulo a Seção de Arte. Passa a militar a Esquerda Democrática, em São Paulo;
1947 – Candidata-se a vereador pelo Partido Socialista em São Paulo;
1949 – Morre seu filho, em São Paulo. Ë o organizador e diretor artístico do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É condecorado com a Cruz de Cavaleiro da Legião de Honra pelo governo francês, em Paris;
1952 – Viaja para Itália e representa o Brasil na Bienal de Veneza;
1954 – Participa da Comissão de Eventos comemorativos do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Organizador da Cátedra de Estudos Brasileiros da Universidade de Lausanne na Suíça;
1956 – Viaja para Itália e Suíça;
1959 – Publica: “Cartas à dançarina”;
1960 - Publica o livro de crônicas De Ontem, de Hoje, de Sempre;
1962 – Publica o segundo volume do livro De Ontem, de Hoje, de Sempre;
1964 – Lança o livro de crônicas De Cães, de Gatos, de Gente;
1966 – 9 de novembro, falece em São Paulo.
COMENTÁRIOS E CRÍTICAS
De Francisco Alambert Júnior:- "Ao contrário da voga/nacionalista de vários matizes que tomou a cultura modernista, principalmente após a Semana, Milliet conservou sempre uma postura desconfiada e até mesmo irônica com a obrigatoriedade de se ter 'as coisas do Brasil' como material obrigatório para se pensar a modernidade, ao contrário do 'ufanista crítico' Oswald de Andrade (como o definiu Roberto Schwartz) ou do otimismo da brasilidade de Mário de Andrade.".
Francisco Alambert Júnior (crítico)
De Quirino da Silva:- "Desde que passou a pintar, seu conceito sobre pintura se modificou. A tal ponto compreendeu o problema pictórico que o seu primeiro gesto foi afastar-se da crítica de artes plásticas. Aos seus amigos íntimos, mormente pintores, dizia repetidas vezes: ´Se soubessem como é difícil pintar, não escreveriam tanto sobre pintura´. Em ´Considerações Inatuais´, Sérgio, entre outras coisas, diz: ´Sempre me pareceu ridículo acreditar o crítico no valor normativo de suas elucubrações. Pior é considerar-se ele um ser superior que existiria mesmo sem o artista...´ Mais adiante, assegura: ´A função da arte é exprimir a emoção através da qual nos elevamos acima do vulgo, participamos do humano profundo que é na realidade o divino´. Poderia prolongar-se nesta nota sobre Sérgio. Foi ele um e muitos. Sua vida - sempre ilustrada por humano traço - esplendeu sem o colorido do fogo-fátuo... Partiu o nosso amigo, partiu sem avisar a ninguém, de um instante para outro e sem atoarda publicitária. Partiu acompanhado do grande silêncio."
(in HOMENAGEM a Sérgio Milliet. Apresentação de José Geraldo Vieira e Quirino da Silva. São Paulo: MAM, 1969).
De Carlos Soulié do Amaral:- "A característica mais marcante da personalidade de Sérgio Milliet enquanto crítico e pensador, foi sua permanente preocupação com o caráter e com a ética. As duas palavras talvez tenham muito a ver com sua formação genebrina. Quando o conheci, em 1963, ele mantinha uma coluna semanal no jornal O Estado de S. Paulo, por onde deixava vazar suas reflexões sob o título De ontem, de hoje, de sempre.
Numa delas, confessou: "Libertado da obrigação de criticar, avesso à polêmica das escolas, só me abalanço agora ao comentário quando me deparo com qualidades que me agradam particularmente: honestidade de propósito e personalidade; só me interesso pela obra quando percebo em seu autor a vontade de passar por essa porta estreita que conduz à realização, quando vejo que escreve, desenha, pinta, esculpe ou compõe, por necessidade interior, sem concessões." A referida honestidade de propósito implica a sinceridade da exteriorização de valores, de posicionamentos éticos. A ausência de concessões implica uma expressão individual de caráter, de personalidade. Sérgio Milliet sempre alertou que o fazer artístico depende do domínio técnico, do manejo do metiê, das regras de composição e do conhecimento de soluções já asseguradas, para que o artista possa realizar, com mais naturalidade, a expressão de suas intenções, para que a forma seja um recurso e uma ferramenta do projeto interior."
(Amaral, Carlos Soulié do. [1998]. Sérgio Milliet, um intérprete da cultura brasileira. O Estado de S. Paulo, 24 out. 1998).
De Mário da Silva Brito:- "Nos últimos anos, já aposentado do funcionalismo e desinteressado da crítica literária (que abandonou), da obrigação profissional de escrever sobre livros e ideias, passou a compor artigos e crônicas de liberta e desgarrada fantasia. Neles captava cenas e situações do cotidiano, flagrantes do momento que passa. Neles falava de cães vira-latas, de gatos capciosos, da esquiva e ardilosa Elysée, de amigos de bar, de horas vadias de praia. Ou então evocava velhos tempos, especialmente amigos antigos, como Brecheret e Tarsila, para citar apenas dois. Eram trabalhos redigidos ao correr da pena e construídos ao sabor da associação de ideias ou de imagens. Alguns foram recolhidos no livro de memórias De Ontem de Hoje, de Sempre - talvez o seu melhor trabalho, isoladamente considerado, e aquele em que melhor se revela como homem."
(Brito, Mário da Silva. [1969]. Quase verbete de Sérgio Milliet. In: ___. Ângulo e Horizonte.p.87-91).
UM JEITO SINGULAR DE VER AS ARTES
Leila Kiyomura Moreno
Um pensador singular. Didático. Discreto e aberto à compreensão dos movimentos, correntes, ideias. E sempre reticente às grandes certezas. É com esta postura que o crítico Sérgio Milliet marcou presença na cultura brasileira. Para lembrar a sua trajetória pelas artes e homenagear os cem anos de seu nascimento, será realizado o simpósio "Modernidade e Crítica no Século XX: Literatura e Artes Plásticas". O evento irá acontecer entre os dias 21 a 24 no Memorial da América Latina.
"Através de palestras e debates, a programação pretende analisar a contribuição da crítica de artes plásticas e de literatura ao longo do século XX", explica Lisbeth Rebollo Gonçalves, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP e integrante da comissão organizadora. "Iremos enfocar especialmente a época da modernização artística dos primeiros 50 anos do século no Brasil, estabelecendo confrontos com a experiência de outros países da América Latina."
O simpósio pretende destacar as realizações da crítica de artes plásticas e literatura, abrindo para questões atuais. Neste contexto, será lembrada a coerência do pensamento de Sérgio Milliet. "Esta reunião tem uma importância científica muito grande", observa Lisbeth. "Vale acentuar que são poucos os estudos sobre crítica de artes plásticas, não existindo um trabalho que sistematize as contribuições deste século. Os resultados do evento podem então tornar-se produto fundamental para uma pesquisa específica."
Os debates contarão com a participação de especialistas em artes plásticas, literatura e história da USP e de outras universidades do País e da América Latina. A comissão científica reúne os pesquisadores Carlos Guilherme Mota, Regina Campos e Lisbeth Rebollo Gonçalves (da USP). E a comissão organizadora é integrada por Fábio Magalhães e Marina Heck (do Memorial da América Latina), Francisco Alambert (da Unesp) e Silvia Quintanilha Macedo (das Faculdades Integradas de Osasco).
CRÍTICO HÁBIL
"Talvez seja este escritor o único verdadeiro crítico de pintura que tenhamos atualmente. Ele reúne ao hábil e sempre presente manejo das ideias estéticas gerais, o conhecimento histórico e técnico do seu assunto”.
A definição é de Mário de Andrade. Na avaliação do escritor e crítico, Sérgio Milliet tinha um olhar inusitado sobre as artes. Não se deixava influenciar por movimentos, tendências. "Ele parte sempre de um evento do cotidiano: dos salões modernos, dos temas tratados em conferência por companheiros intelectuais, de assertivas correntes na opinião pública, de livros que lê ou cabe resenhar, construindo, a partir daí, sua reflexão", observa Lisbeth.
O projeto crítico de Milliet tem como meta, segundo a pesquisadora, introduzir a compreensão da arte moderna na comunidade. "Procurava priorizar o fato artístico, a formação dos artistas e a informação do público. Neste caso, preocupando-se em romper definitivamente as barreiras do gosto estabelecido, de forma a abrir condições para o acolhimento e para o interesse pela arte do presente”.
Em seus artigos, Milliet se posicionava como um observador atento. Sua preocupação quando apresentava uma exposição, por exemplo, era de chamar a atenção para os detalhes dos trabalhos. "Suas matérias serviam como uma espécie de roteiro para as pessoas observarem melhor o conteúdo das obras", conta Lisbeth. "Toma posição de quem oferece meios para compreender o fenômeno em pauta. Define conceitos, explica. É mediador. Avalia sem julgar, considerando os prós e os contras”.
FONTE DE TESES
O olhar do paulista Sérgio Milliet da Costa e Silva sobre as artes é o tema das teses defendidas por Lisbeth Rebollo, Regina Campos, Francisco Alambert e Silvia Quintanilha. Desde o ano passado, os quatro pesquisadores vêm se mobilizando para lembrar o centenário do crítico e poeta em diversos eventos. "Nossa preocupação é resgatar a sua contribuição na cultura brasileira", observa Alambert. "Estamos vivendo um momento atípico da falência das ideias. Um tempo de dúvidas, de novas certezas. Daí ser muito importante lembrar Milliet e mostrar a sua postura reflexiva que o destaca como uma figura sempre contemporânea”.
A pesquisadora Silvia lembra Sérgio Milliet como uma figura conciliadora, que registrou, com empenho e discrição, as décadas borbulhantes de 20, 30 e 40. "Era chamado de homem-ponte. Ele não gostava do apelido, mas foi atribuído porque realmente atuou como uma espécie de elo entre a geração modernista e os novos artistas que apareceram nas décadas de 30 e 40. Foi um grande animador cultural”.
Regina apresentou o pensamento de Milliet em sua tese de doutorado no Departamento de Letras Modernas, em 1990. "Milliet era uma pessoa extremamente curiosa. Estava sempre atento ao trabalho dos novos poetas, dos novos pintores. Tinha um olhar de caleidoscópio", define brincando. "Ele escrevia conversando com o leitor. Acreditava na inteligência do interlocutor e seus textos se colocavam contra os donos da verdade. Suas críticas ao trabalho de Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, por exemplo, ficaram na história. Sua grande meta era fazer avançar o Brasil e a sua cultura”.
Milliet teve uma trajetória atuante e agitada. Em 1912, quando tinha 14 anos, foi estudar na Suíça. Voltou ao Brasil em 1920, relacionando-se com os jovens intelectuais que organizaram a Semana de Arte Moderna. Participou como poeta junto com Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Renato Almeida, entre outros. "Nos decênios 1930 e 40, foi ampla a produção de Milliet voltada para as artes plásticas", afirma Lisbeth. "Em 1935, atua no Departamento de Cultura do Município de São Paulo, criando, em 1945, a Seção de Arte da Biblioteca Municipal. É também um dos participantes da organização do Museu de Arte Moderna, em 1948-49, e de sua Bienal em 1951”.
A INVENTIVA DOS MEIOS TONS DE REBOLO
(Sérgio Milliet - O Estado de São Paulo, junho de 1961)
- ...Aluguei com Rebolo Gonsales uma casa no Morumbi para os fins de semana. Era quase uma viagem, esse Morumbi de estradas lamacentas e íngremes. Do sensível paisagista suburbano do "Grupo Santa Helena" ao pintor e gravador delicado de hoje vai um longo caminho que ele percorreu sem pressa, assimilando todas as liberdades que pudessem não lhe perturbar a personalidade.
Pela libertação que alcançou, finalmente, pode-se verificar que essa personalidade não era feita sobretudo de ingenuidade, como parecia, e sim de sutileza e de matizamento. Ei-lo numa fase em que a sensualidade da matéria enriquece a economia das formas. A fonte de informação não abandonou seus temas prediletos. Simplificou-os, porém, mais ainda, tornando-os realmente pretextos para a expressão de um temperamento terno, carinhoso, de um lirismo sempre precavido contra os dós do peito. Uma das constantes da arte tem sido a riqueza inventiva, a capacidade de jogar da maneira mais variada possível com uma escala de valores extremamente simples. Uns apelam para os contrastes, outros para os acordes de meios tons. Esta solução, que leva a criação de uma atmosfera, é a que prefere Rebolo. Trata-se de um impressionista, sem dúvida, pelo seu desapego ao desenho, mas um impressionista que renova sua técnica, aproveitando as licença da linguagem de hoje. É, entretanto, um artista bem de São Paulo, tão paulista que até Veneza, de cores variegadas, e Roma, a luminosa, viu com olhos amorosos dos cinzas. Mestre De Fiori referia-se carinhosamente à "sujeira gostosa" das paisagens rebolianas. Mas acrescentava que elas nada tinham de inexperiência, antes resultavam de um conhecimento grande, consciente ou instintivo, do ofício.
Quando nosso artista ganhou o prêmio de viagem à Europa e embarcou para Roma, ficamos todos com receio de que voltasse desnorteado e com sua pureza já bastante conspurcada. Não foi o que aconteceu. Ele viu muito, estudou muito, e soube escolher sem perder sua originalidade.
Pela libertação que alcançou, finalmente, pode-se verificar que essa personalidade não era feita sobretudo de ingenuidade, como parecia, e sim de sutileza e de matizamento. Ei-lo numa fase em que a sensualidade da matéria enriquece a economia das formas. A fonte de informação não abandonou seus temas prediletos. Simplificou-os, porém, mais ainda, tornando-os realmente pretextos para a expressão de um temperamento terno, carinhoso, de um lirismo sempre precavido contra os dós do peito. Uma das constantes da arte tem sido a riqueza inventiva, a capacidade de jogar da maneira mais variada possível com uma escala de valores extremamente simples. Uns apelam para os contrastes, outros para os acordes de meios tons. Esta solução, que leva a criação de uma atmosfera, é a que prefere Rebolo. Trata-se de um impressionista, sem dúvida, pelo seu desapego ao desenho, mas um impressionista que renova sua técnica, aproveitando as licença da linguagem de hoje. É, entretanto, um artista bem de São Paulo, tão paulista que até Veneza, de cores variegadas, e Roma, a luminosa, viu com olhos amorosos dos cinzas. Mestre De Fiori referia-se carinhosamente à "sujeira gostosa" das paisagens rebolianas. Mas acrescentava que elas nada tinham de inexperiência, antes resultavam de um conhecimento grande, consciente ou instintivo, do ofício.
Quando nosso artista ganhou o prêmio de viagem à Europa e embarcou para Roma, ficamos todos com receio de que voltasse desnorteado e com sua pureza já bastante conspurcada. Não foi o que aconteceu. Ele viu muito, estudou muito, e soube escolher sem perder sua originalidade.
Capa do livro: "Sérgio Milliet - 100 anos (Reprodução)
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