quarta-feira, 1 de agosto de 2012

LUÍS ARANHA: COCTAILS PUBLICADO NA ESPANHA


COCKTAILS DE LUÍS ARANHA:
PUBLICADO NA ESPANHA
Luís Aranha -
Foto Reprodução

Em 2009, na postagem “Luís Aranha: Poeta Modernista Bissexto”, não fazia a mínima ideia do quanto sua obra era respeitada... Fora do Brasil. Aqui, até mesmo na Paulicéia, pouco se lê e pouquíssimo se comenta do Luís Aranha. Deixa a impressão que ele foi apenas um luís ninguém. Uma vergonha.
Após a postagem acima referida:  http://literalmeida.blogspot.com.br/search?q=luis+aranha – recebi várias correspondências dos que descobriram Luís Aranha, outros trocando ideias a respeito da obra e muitos solicitando mais informações sobre o livro Cocktails, organizado por Nelson Ascher, publicado em 1984, Editora Brasiliense. Não poderia ser diferente: minha satisfação foi imensa, deleitante. Foi, para mim, a certeza de que o Retalhos estava cumprindo com seus objetivos.  
Em outubro de 2010, outra agradável surpresa: Cocktails era publicado pela Editora Francesa “La Nerthe”, de Toulon, com tradução e prefácio do meu dileto amigo Antoine Chareyre – que no mesmo período publicou Poèmes Mordernistes & Autres Écrits Anthologie 1921/1932, do modernista Sérgio Milliet – notícias também divulgadas aqui no Retalhos.
E, se no Brasil ainda são poucos aqueles que sabem a respeito da pessoa e pouquíssimos os que leram algum dos poemas do modernista Luís Aranha (não incluo aqui os leitores e seguidores do Retalhos do Modernismo), muitos na França conhecem, e agora, para nossa alegria: a Espanha já está conhecendo e lendo. Recebi do editor francês Antoine Chareyre, a primeira edição bilíngue do Cocktails, publicação da Editora La Isla de Siltolá, Sevilha, 2012, tradução e notas de Marie Christine del Castillo, prefácio de Juan Manuel Bonet. Segundo a tradutora: Luís Aranha, em Cocktails, é o modernista brasileiro “brilhante e divertido”.

Editora La Isla de Siltolá

No site da editora: www.siltola.es – poderemos encontrar a postagem de apresentação da publicação de Cocktails, e num dos links o comentário a respeito dessa edição espanhola. Vale a pena conferir em: http://siltola.blogspot.com.br/2012/07/luis-aranha-en-la-prensa.html - e-mail da Editora La Isla de Siltolá: silola@gmail.com .
Para nós, brasileiros, fica a triste observação: Quase para completar três décadas, a publicação de Cocktails pela Brasiliense – permanece na primeira edição. E mais: É dificílimo encontrar nas livrarias. No prólogo da edição espanhola, Juan Manuel Bonet diz que a edição brasileira do Cocktails foi encontrada por eles num sebo, em São Paulo, ao preço de dez reais. Conclusão: a edição brasileira de Cocktails só é encontrada mesmo nos sebos. Inacreditável o descaso das nossas livrarias para com o Luís Aranha e com o valorosíssimo trabalho do Nelson Ascher. Aí vem alguém e diz: Não encontramos Cocktails mesmo, pois ninguém conhece Luís Aranha. E eu pergunto: Será que isso acontece somente com Luís Aranha e com o Cocktails? Quais seriam os motivos da não publicação das edições “atualizadas” das obras, por exemplo, do Guilherme de Almeida? (Nós, Messidor, Simplicidade, Rosamor, Você, Livro de Horas de Sóror Dolorosa, A Flauta que eu perdi, Encantamento, etc...?). Sem esquecermos que o mesmo fato acontece com algumas obras do Menotti Del Picchia, com todas do René Thiollier, e as de outros e mais outros? Fica aqui esse questionamento do Retalhos.
Voltando ao Cocktails publicado pela editora espanhola, não recebi ainda nenhuma informação se alguma das grandes livrarias daqui estará comercializando essa edição. Equanto isso fica registrada apenas aqui no   Retalhos do Modernismo a maravilhosa publicação bilíngue do Cocktails para os espanhóis.
Concluindo: Cravo todos os louvores à Editora La Isla de Siltolá; nossos elogios ao belíssimo trabalho da tradutora Marie Christine del Castillo e também ao autor do prefácio maravilhoso, Juan Manuel Bonet.

OS AMORES DO VENTO        

Sobre a prata lisa do lago                
Deslizando nos pequeninos pés,         
Vi a figura branca da brisa               
Esconder-se nos juncos da ribeira...  

Vento violento que a procuras,         
Quando passaste por ali                  
Os juncos deitaram-se sobre ela,      
Ocultando-a de ti... 

LOS AMORES DEL VIENTO

Sobre la plata lisa del lago
Deslizándose sobre sus pequeños pies,
Vi la figura blanca de la brisa
Esconderse entre los juncos de la ribera...

Viento violento que la buscas, 
Cuando pasastes por allí
Los juncos se tendieron sobre ella,
Ocultándotela...


    (Poema pp. 168/169 do Cocktails, edição espanhola – bilíngue).

(Luiz de Almeida)