Zina Aita (Foto 1920)
APRESENTAÇÃO
(Luiz de Almeida)
O blog RETALHOS DO
MODERNISMO é um dos pouquíssimos que postou texto exclusivo com a Síntese
Biográfica e Histórica da artista plástica mineira, nascida em Belo Horizonte
(1900), Zina Aita. O registrador de desempenho e operacionalidade do blog
apresenta a página da Zina Aita com o maior número de visitas e solicitações desta
postagem em pdf, superando páginas sobre a Semana de Arte Moderna, por exemplo.
Independente desses dados tenho recebido ao longo do período da pós-postagem,
uma enorme quantidade de e-mails com solicitações de estudantes e
pesquisadores, sempre buscando mais informações a respeito da citada artista.
Como todos os seguidores do Retalhos
do Modernismo sabem, sempre procuro pesquisar algo mais a respeito das
principais Personagens da Semana de 22 e da Primeira Fase do Modernismo
Brasileiro, independente do segmento artístico. Com essa surpresa
agradabilíssima, fui obrigado a planejar e retomar minhas pesquisas para obter
mais informações a respeito da amiga de Anita Malfatti, Zina Aita, a única
representante mineira na Semana de Arte Moderna de 22, em São Paulo.
Iniciei minha busca
solicitando informações para várias instituições e para vário profissionais
pertinentes. Decepção total. Ninguém responde, como sempre. E sabem o
motivo? Sou “pesquisador autodidata”. Esse é o motivo. É a minha desvantagem.
Creio que nem abrem os e-mails imaginando ser spam.
É isso, sempre foi
e continuará sendo, pelo menos e ao que tudo indica, enquanto eu estiver
solicitando informações aqui no Brasil para instituições que se denominam
“importantes”. Mas nem tudo é tão péssimo assim, pois recebi duas colaborações
importantíssimas. A primeira: efetiva, maravilhosa, de um amigo do Rio de
Janeiro, que gentilmente me enviou três fotos inéditas para o público
brasileiro, de obras da Zina, da sua fase de ceramista (Essas obras inéditas
poderão ser vistas na “Síntese Iconográfica”, parte final). A segunda, ainda em
fase de expectativa: um religioso italiano, que já esteve em Piraju e atualmente
reside em Ravello (Itália), e, mesmo me afirmando que não tem muita
“habilidade” em pesquisas, se prontificou “procurar” alguma informação na
Itália. Vamos esperar.
Quem não é pode
acreditar: “Para um autodidata, tudo é difícil”. Mas não são essas dificuldades
e nem o de sempre: “ser ignorado por algumas instituições,” que me fazem
desanimar. Muito pelo contrário. Estou e estarei sempre lutando contra todos os
obstáculos, pois amo o que faço e, depois que criei o RETALHOS
DO MODERNISMO, criei também o compromisso com seus “seguidores” e desejo
manter minha postura fiel aos objetivos do Blog.
Mesmo não
conseguindo o êxito projetado, busquei o possível e o disponível dentro das
minhas limitações e encontrei outras informações sobre a Zina Aita. Como poderá
ser visto, não são muitas, mas consegui atualizar e “engordar” um pouco mais a
antiga postagem do Blog Retalhos do Modernismo, intitulada: “Zina Aita - A Modernista Mineira Esquecida”.
E, deixando de choramingar, vamos ao que mais importa: Zina Aita.
INTRODUÇÃO
ZINA AITA
(Tereza Aita):
nasceu em Belo Horizonte (MG), no ano de 1900. Foi a única artista
representante do estado de Guimarães Rosa e Drummond que participou da Semana
de Arte Moderna de 22, em São Paulo. Cultivou amizade especial com Anita
Malfatti, Mário de Andrade, Ronald de Carvalho e Manuel Bandeira. Amizade essa,
que no livro organizado pelo Marcos Antonio de Moraes: "Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira" - Editora Edusp, São Paulo -
1ª Edição - 2000, encontramos, por exemplo, uma carta de Bandeira para o Mário,
datada de 23 de fevereiro de 1924 (pp. 115 a 117 e notas 1 e 2), onde poderemos
verificar que havia entre eles uma amizade íntima, pois na referida carta é
relatado assunto que poderemos considerar como “puramente confidencial”,
tratando-se da época, do assunto propriamente dito e, principalmente, dos
envolvidos. Na descrição da Síntese Biográfica, transcrevi, parcialmente, essa
carta, ocupando-me somente do assunto pertinente a Zina Aita.
Como poderemos
também verificar na Síntese Biográfica, a franzina senhorinha Zina Aita teve
uma participação efetiva na Semana de 22, expondo várias obras. Zina também
realizou exposições individuais e participou de muitas exposições coletivas.
Várias das suas obras foram adquiridas por escritores, artistas e gente ligada
à cultura, como: Paulo Prado, Yan de Almeida Prado, Nestor Pestana, Graça
Aranha e Haarberg (escultor).
Zina Aita também
participou de ilustrações gráficas, como as das capas da revista editada no Rio
de Janeiro por Elysio de Carvalho, “América Brasileira: Resenha da
Actividade Nacional”. (Ver texto resumido sobre as ilustrações
realizadas por Zina Aita no tópico “Depoimentos e Comentários”). Após sua
mudança para Nápoles, continuou estudando, participando de exposições e atuou
mais fortemente na arte da cerâmica decorativa, recebendo vários prêmios.
A vida pessoal da
artista é uma incógnita. Data exata do nascimento? Foi casada? Teve filhos?
Data exata do falecimento? Nada, absolutamente nada é encontrado. Catalogação
das obras? Esqueçam. Se esses dados existem e são fidedignos, estão camuflados.
Lamentável.
Infelizmente,
difícil saber o motivo: ZINA AITA "foi e é" considerada como artista
secundária nos estudos e nas referências sobre a Semana de 22 e o Movimento
Modernista. Pouquíssimos pesquisadores e mestres demonstraram preocupação pela
obra e vida dessa artista mineira. Talvez o fato de ter deixado o país venha
colaborar com esse fato (dizem alguns), mas não pode ser uma justificativa
respeitosa. Aracy A. Amaral é uma das únicas mestras da literatura nacional que
traz informações com credenciais sobre Zina.
Concluindo esta
simples introdução, solicito a gentileza do prezado leitor que, caso encontrem
mais informações sobre Zina Aita, e se prontificarem a “engordar” mais um pouco
esta postagem, entre em contato com o RETALHOS DO
MODERNISMO. Por enquanto:
SÍNTESE BIOGRÁFICA E HISTÓRICA DE ZINA AITA
1900 –
Nasce em Belo Horizonte – MG, Tereza Aita;
Adendo Cultural: Nasce em Belém do Pará, Ismael Nery.
Adendo Brasil: Comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil. 7 de maio: em
São Paulo, foi inaugurada a primeira linha de bonde elétrico, que partia do
Largo São Bento com destino ao bairro da Barra Funda.
Adendo Cultural no período de
1901 a 1913:
1901: 17 de maio: nasce em São Paulo, o poeta bissexto Luís Aranha
(faleceu em 1987), participante da Semana de 22 e da Revista Klaxon.
1902: Anita
Malfatti (1889-1964) inicia seus primeiros estudos de desenho e pintura com a
mãe; 25 de julho: foi inaugura a primeira exposição
coletiva nacional de relativa significância realizada em São Paulo, capital,
foi a Exposição de Belas Artes e Artes Industriais, em um edifício localizado
no Largo do Rosário, exposição exibiu 406 trabalhos de pintura, escultura,
artes industriais, cerâmica, cutelaria, desenho, arquitetura e fotografia, de
artistas nacionais e estrangeiros residentes no País. Tarsila do Amaral
(1886-1973), com 16 anos, viaja à Europa com os pais, matriculando-se no
Colégio Sacré-Coeur, em Barcelona, quando inicia suas primeiras experiências
com pintura. 24 de janeiro: nasce em Porto Alegre aquele que seria o
“divulgador da estética modernista” no Rio Grande do Sul, Augusto Meyer.
1903: 5 de junho: início das obras
do futuro palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Teatro Municipal de São
Paulo, um projeto de Ramos de Azevedo. 30 de dezembro: Nascimento do
artista plástico Cândido Portinari, numa fazenda próxima de Brodowski (SP). Com
9 anos, chega ao Brasil, Victor Brecheret (1894-1955).
1904: Inaugurado o primeiro cinema brasileiro no
Rio de Janeiro.
1905: O
artista plástico Lasar Segall (1891-1957) inicia estudos de arte na Academia de
Desenho em Vilna do mestre Lev Antokolski (1872-1942). 2 de janeiro: início das
obras para construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Surge no Rio de
Janeiro a primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos para crianças:
O Tico-Tico. Ano da inauguração da
Pinacoteca do Estado de São Paulo, gestão do presidente paulista Jorge Tibiriçá
Piratininga, com a participação do mecenas e senador estadual Freitas Valle
(1870-1958).
1906: Criado em S. Paulo o Conservatório Dramático e
Musical. Ocorre mudança
na direção da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, com Eliseu Visconti
(1866-1944) sendo eleito para substituir Henrique Bernardelli (1858-1936).
1907:
No Rio surge a revista Fon-Fon! - que
foi o reduto dos simbolistas. O artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973),
(Registrado com o nome: Pablo Diego
José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la
Santísima Trinidad Martyr Patricio Clito Ruíz y Picasso), lança o
Cubismo.
1908: 29 de setembro:
morte de Machado de Assis, escritor e fundador da Academia Brasileira de
Letras. No Rio de Janeiro é lançado o filme do cinematógrafo Pathé, Nhô Anastácio Chegou de Viagem,
considerado a primeira comédia nacional. Surge no Rio a revista Careta, reduto dos parnasianos.
1909: Felipo
Tommaso Emilio Marinetti (1876-1944), escritor italiano, lança o Primeiro Manifesto Futurista no jornal Le Figaro, que irá influenciar os
escritores modernistas, principalmente Oswald de Andrade (1890-1954), ano que
este inicia sua carreira de jornalista. 14 de julho: inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo
presidente Nilo Peçanha (1867-1924) com capacidade para 1.739 espectadores. 15
de agosto: assassinato do escritor Euclides da Cunha. Novembro: Joaquim José de
Carvalho (1850-1918) funda a Academia
Paulista de Letras.
1910: Anita
Malfatti, em agosto, financiada pelo seu tio e padrinho, Jorge Krug (falecido
em 1919), embarca para Alemanha no navio Cap Arcona, chegando a Berlim no dia 7
de setembro. Iniciou os estudos de pintura no ateliê do artista Fritz Burger (1867-1916),
o seu primeiro mestre, onde estudou o “segredo da composição da cor” e as
teorias de subdivisão da cor. Em Londres acontece a primeira Exposição
Pós-Impressionista (Manet e outros pós-impressionistas), organizada por Roger
Fry. Após o manifesto geral dos pintores futuristas, a Igreja da Europa impõe
ao clero um “juramento anti-modernista”. Ano que o expressionismo alemão ganha
força. A Pinacoteca do Estado de São Paulo é constituída oficialmente.
1911: Anita Malfatti matricula-se na Academia Lewin Funcke, cujo
professor era Franz Heinrich Louis Corinth, que utilizava o pseudônimo de Lovis
Corinth (1858-1925), pintor expressionista alemão. Na XXII Exposição da Primavera em Berlim, o termo expressionismo(*)
foi aplicado pela primeira vez. Em
agosto: Oswald de Andrade funda o semanário humorístico O Pirralho. Mário
de Andrade (1893-1945) ingressa no Conservatório Dramático e Musical, em São
Paulo. 12 de setembro: com apresentação
da ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas,
é inaugurado o Teatro Municipal de São
Paulo. A Lei nº 1.271, de 21 de novembro, assinada pelo então presidente do
Estado de São Paulo, dr. Manoel Joaquim de Albuquerque Lins (1852-1926), no seu
bojo, dispõe sobre a organização da Pinacoteca do Estado de São Paulo e, em 14
de dezembro, acontece a I Exposição Brasileira de Belas-Artes.
(*) O Expressionismo é um movimento artístico que procura a expressão
dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação objetiva da
realidade. Este movimento revela o lado pessimista da vida, desencadeado pelas
circunstâncias históricas de determinado momento. A face oculta da
modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram presentes
nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os sentimentos
mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste movimento é a
angústia existencial.
1912: Oswald de
Andrade viaja para a Europa. O Senador José de Freitas Valle, político paulista
influente, passa a receber na sua residência, na Vila Kyrial, toda a
intelectualidade paulista (escritores, músicos, artistas plásticos, arquitetos,
etc.). Oswald de Andrade retorna da Europa com o “Manifesto Futurista” do poeta
italiano Marinetti, publicado pelo jornal Le
Figaro, em 1909. Acontece a
Exposição Futurista em Paris. 22 de abril: Criação do Pensionato Artístico do Estado
de São Paulo, através do Decreto nº 2.234, sociedade que promovia concertos e espetáculos com
virtuosos, conjuntos de câmara e orquestras sinfônicas.
1913: Mário de Andrade é contratado como professor
do Conservatório de São Paulo, para lecionar História da Música. Em março: Lasar
Segall realiza sua primeira exposição em São Paulo, inaugurada no dia 2 de
março e encerrada a 5 de abril, à Rua São Bento, 85. Expos também em Campinas
(SP), em junho, no Centro de Ciências, Letras e Artes. 19 de outubro: Nasce no
Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes.
Adendo
Brasil no período de 1901 a 1913:
1901: 19 de outubro: Santos Dumont (1873-1932),
pilotando o balão nº 6, dá a volta em torno da torre Eiffel, em Paris,
percorrendo 11 quilômetros.
1902: 15 de novembro: Rodrigues Alves (1848-1919) assume o poder e começa a reconstruir
e sanear o Rio de Janeiro. Irá governar até 1906.
1903: 28 de
maio: em São Paulo, realiza-se o II Congresso Socialista (o I é de 1892), que
funda o Partido Socialista do Brasil. No Rio de Janeiro acontece novo surto de
febre amarela. Também no Rio, em agosto, acontece uma greve geral pela jornada
de 8 horas e por melhores salários. Oswaldo Cruz (1872-1917) inicia campanha de
saneamento para combater a febre amarela no Rio de Janeiro.
1904: 31
de outubro: Aprovada a lei de vacinação obrigatória contra a varíola. No Rio de
Janeiro explode a revolta popular contra a vacinação obrigatória. Washington
Luís (1869-1957) é eleito deputado estadual por São Paulo. 15 de novembro:
Rodrigues Alves sancionou a nova lei eleitoral da República, que tomou o n°
1.269, conhecida pelo nome de Lei Rosa e Silva. Essa lei revogou a Lei
Eleitoral n° 35 de 26 de janeiro de 1892.
1905: Lançadas as
candidaturas para presidente e vice-presidente de Afonso Pena (1847-1909) e Nilo Peçanha (1867-1924). A Light, empresa canadense fundada em
1899, começa sua atuação no Rio de Janeiro. Já atuava na cidade de São Paulo. Washington Luís
integrava ativamente a Assembleia Nacional Constituinte defendendo a autonomia
dos municípios frente aos governos estaduais e federal.
1906: No
Rio de Janeiro acontece a Conferência Pan-Americana. 1º de maio: é eleito
presidente do estado de São Paulo. Seu governo terminará em maio de 1912. 23 de outubro: primeiro voo em avião por
Santos Dumont, em Paris. Em Taubaté (SP) é assinado o “Convênio de Taubaté”,
visando favorecer os cafeicultores. 15 de novembro: posse do presidente da
República Afonso Pena e o vice Nilo Peçanha. Irão governar até 1909.
1907: Em maio: começa
uma greve geral em São Paulo, onde os trabalhadores reivindicam a jornada de 8
horas de trabalho e aumento salarial. A greve durou um mês.
1908: 7 de abril: o
socialista Gustavo de Lacerda (1854-1909), funda a Associação de Imprensa, mais
tarde Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com objetivo de defender a
liberdade de expressão e os interesses dos jornalistas. Em maio: aprovada é
aprovada a Lei do Serviço Militar obrigatório, iniciativa do marechal Hermes da
Fonseca (1855-1923), então Ministro da Guerra. Manuel Joaquim de Albuquerque
Lins, em 1º de maio, toma posse como presidente do estado de São Paulo.
1909: 15 de junho: morre o presidente Afonso Pena. Posse de Nilo
Peçanha. Seu governo terminará no ano seguinte. A campanha para presidência da
República, em 1909-10, foi a primeira efetiva disputa eleitoral da vida
republicana. O marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, saiu candidato
com o apoio do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e dos militares. São Paulo,
na oposição, lançou a candidatura de Rui Barbosa (1849-1923), em
aliança com a Bahia. Santos Dumont, em 13 de novembro, em Paris, apresenta
outro avião construído por ele, o Demoiselle,
oito vezes menor que o 14-Bis, e
capaz de voar a 96 km por hora.
1910: 1º de março: Hermes da Fonseca vence as eleições
para presidente e em 15 de novembro toma posse, abalando a “política do café
com leite”, pondo em prática a chamada “política das salvações”, visando assim
acabar com as oligarquias cafeeiras e concentrar o poder. Durante
o governo de Hermes da Fonseca ocorreu a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro,
de 22 a 27 de novembro. Foi
um levante de cunho social, realizado em subdivisões da Marinha, sediadas no
Rio de Janeiro. O objetivo era por fim às punições físicas a que eram
submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o uso da santa-luzia e o
aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. Os marinheiros requeriam
também uma alimentação mais saudável e que fosse colocada em prática a lei de
reajuste de seus honorários, já votada pelo Congresso. Hermes da Fonseca
governou até 1914. O ano de 1910 a tuberculose, considerada Mal do Século, matou mais 3 mil pessoas
no Rio de Janeiro.
1911: Ano de
lançamento da pedra fundamental da nova catedral de São Paulo, a Catedral da
Sé, que levaria 41 anos para ser inaugurada. Hermes da Fonseca, eleito presidente da República,
põe em prática a chamada “política das salvações”, visando a acabar com as
oligarquias cafeeiras e a concentrar o poder.
1912: Em S. Paulo, 17 de maio: devido o aumento da
infração, começam as greves operárias reivindicando aumento de salário.
1913: 28 de junho: morre
o ex-presidente Campos Sales.
1914 –
Zina vai com a família para Nápoles – Itália. Inicia seus estudos com Galileo
Chini, na Academia de Belas Artes;
Adendo Cultural: Em Zurique, Nova Iorque e Paris, surgem as primeiras manifestações do Dadaísmo. Lima Barreto (1881-1922)
publica Numa e a Ninfa. Cassiano
Ricardo (1895-1974) publica Dentro da
Noite. Anita
Malfatti, preocupada em conseguir uma bolsa do Pensionato Artístico do Estado
para aprimorar seus estudos em Paris, preparou sua primeira mostra individual,
inaugurada no dia 23 de maio, num salão no primeiro andar da Casa Mappin
Stores, Rua 15 de Novembro, 26, em São Paulo, permanecendo aberta até junho,
com o título: “Exposição de Estudos de
Pintura Annita Malfatti”. Expos 33 obras: gravuras, desenhos, esboços,
aquarelas e óleos. No final do ano, Anita viaja aos Estados Unidos, Nova York,
para continuar seus estudos. 18 de novembro: nasce em Restinga Seca (RS), Iberê
Camargo.
Adendo
Brasil: 15
de janeiro: Washington Luís (1869-1957) toma posse como
prefeito da cidade de São Paulo. Deixará a prefeitura somente em 16 de agosto
de 1919. 1º de março, Venceslau
Brás (1868-1966) elege-se presidente da República e toma posse em 15 de
novembro. É o retorno da política do “café-com-leite”.
Adendo Cultural no período de 1915
a 1917:
1915: No final de 1914, Anita Malfatti
retornara aos EUA. Em
Nova York, matriculou-se na tradicional escola Art Students League, onde teve aulas com Georg Brant Bridgman
(1864-1943) e Dimitri Romanovsky (s.d.–1971). Não teve nenhum interesse em
estudar gravuras e então matriculou-se na Independent
School of Art. Lá conheceu o pintor e filósofo Homer Boss (1882-1956).
1916: Em
agosto, Anita Malfatti retorna ao Brasil. Tarsila do Amaral começa a trabalhar
no ateliê de William Zadig
(1884-1952). No Rio de Janeiro acontece a Exposição Geral de Belas Artes.
1917: Di
Cavalcanti (1897-1976) muda-se para São Paulo e ingressa na Faculdade de
Direito do Largo de São Francisco.
Trabalha como bibliotecário no jornal O Estado de S. Paulo, seu primeiro emprego remunerado. Posteriormente foi promovido a
revisor, e escrevia pequenos textos. Inicia
seu relacionamento com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti,
Menotti Del Picchia (1895-1988), Guilherme de Almeida (1890-1969),
Monteiro Lobato (1882-1948) e outros futuros modernistas paulistas17 de
maio: Freitas Valle dá início ao 1º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial,
terminando em 16 de agosto. Tarsila do Amaral, em São Paulo, estuda com Pedro
Alexandrino (1856-1942). Em 12 de dezembro, Anita Malfatti organiza nova
exposição em sala térrea cedida pelo Conde Lara [Antônio de Toledo Lara – empresário do ramo de café e empreendedor.
Nasceu em Tiete (SP), em 21/12/1864 e faleceu em São Paulo, em 20/4/1935],
na Rua Libero Badaró, 111 – considerada a primeira exposição de Arte Moderna do
Brasil. Expõe 53 obras, maioria com tendência impressionista, obras realizadas
nos Estados Unidos (período: 1915/16), e outras realizadas em São Paulo (período:
1916/17). Também expos algumas obras de pintores amigos norte-americanos. Suas
obras chocaram o público. Na primeira semana vendeu oito obras. Em 20 de
dezembro, Monteiro Lobato publica, na pág. 4, da edição vespertina do jornal O Estado de S. Paulo, o artigo: “A
Propósito da Exposição de Malfatti” (Lobato
transcreveu em 1919 no seu livro “Idéas de Géca Tatú”, Edição da Revista do
Brasil, com o título mais explícito de: Paranoia ou Mistificação? - e
subtítulo: A Propósito da Exposição Malfatti), em Artes e Artistas, artigo
em que condena a mostra com críticas duras e severas. Essa
exposição foi a que serviu para aglutinar os “moços de 22”, dentre eles: Di
Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Brecheret, Guilherme de
Almeida e outros.
Adendo Brasil no período de 1915
a 1917:
1915: Nilo Peçanha toma posse
com a retaguarda das tropas federais. É aprovado o Código Civil Brasileiro,
disciplinando o Direito privado. 8 de setembro: o gaúcho Pinheiro Machado,
nascido em 8 de maio de 1851, político influente na esfera federal, é
assassinado no Rio de Janeiro.
1916: É publicado por
Álvaro Bomilcar (1874-1957) estudo sobre o preconceito de raça no Brasil.
Altino Arantes Marques (1876-1965), em 1º de maio assume como presidente eleito
do estado de São Paulo. Governará até maio de 1920. Promulgado o Código Civil Brasileiro
que fora aprovado em 1915, e Implantado o Serviço Militar Obrigatório no
território nacional.
1917: Em São Paulo, greve
geral imobiliza todo parque industrial. No Brasil acontece a famosa “queima” de
3 milhões de sacas de café com alegação de evitar a queda de preços no mercado
internacional.
1918/1919 –
Zina volta para o Brasil; Expõe no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro;
Adendo Cultural no período de 1918
e 1919:
1918: Em Agosto: acontece
a 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA),
Rio de Janeiro. Cândido Portinari (1903-62) matricula-se na
ENBA, onde já estuda Ismael Nery (1882-1948). Vicente do Rego Monteiro
(1899-1970) expõe em Recife. Anita Malfatti, ressentida com a crítica de
Monteiro Lobato, recua para o impressionismo. Monteiro Lobato, em maio, adquiri
a Revista do Brasil, que a manteve nos sete anos seguintes, até a falência dos seus
negócios em 1925, totalizando 113 números. 18 de dezembro: morre o poeta Olavo Bilac. Tarsila do Amaral,
temporariamente, pinta no ateliê do mestre alemão Georg Elpons.
1919: Acontece no Rio de Janeiro a 26ª Exposição Geral de
Belas Artes, na ENBA, em agosto. Tarsila do Amaral, em definitivo, inicia estudos de pintura com George
Elpons. Vicente
do Rego Monteiro continua com sua exposição em
Recife. Ferrignac (Ignácio da Costa Ferreira – 1892-1958) expõe em Roma. Mário
de Andrade faz sua primeira viagem a Minas Gerais. Cecília Meireles (1901-64) publica sua primeira obra literária: Espectros. Lima Barreto publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Manuel
Bandeira (1886-1968) publica Carnaval. Guilherme
de Almeida publica A Dança das Horas e
Messidor.
Adendo Brasil no período de 1918
e 1919:
1918: A “gripe espanhola” faz milhares de vítimas. Em São Paulo morrem mais de
8 mil pessoas no mês de outubro. No Rio de Janeiro, a situação foi mais grave,
pois morreram aproximadamente 17 mil pessoas. 1º de março: Rodrigues Alves é
eleito presidente e, vitimado pela epidemia da “gripe espanhola”, falece em 16
de janeiro de 1919, sem tomar posse. Posse de Delfim Moreira da Costa Ribeiro
(1868-1920), interinamente na presidência da República. Maria José Rebelo
(1891-1936) é aceita no Ministério do Exterior, tornando-se a primeira mulher
diplomata brasileira.
1919: 2 de janeiro: Delegação brasileira
parte para a Conferência de Paz, em Versalhes. 16 de janeiro: vitimado pela
gripe espanhola, morre, no Rio de Janeiro, Rodrigues Alves. Epitácio Pessoa
(1865-1942), em eleição extraordinária, vence Rui Barbosa e é eleito presidente.
Toma posse em 28 de julho.
1920 – Zina
realiza sua primeira exposição individual “Exposição de Arte Moderna”, no
Palácio do Conselho Deliberativo, em Belo Horizonte. Essa exposição é identificada como um
evento que revela os primeiros traços da modernidade artística em Minas Gerais. Sobre
a sua primeira exposição, Aníbal Matos, edita artigo na Folha de Minas,
em 28 de janeiro, assinando com o pseudônimo de “Fly”. Rodrigo Vivas
Andrade, na sua Tese de Doutorado: “Os Salões Municipais de Belas Artes e Emergência
da Arte Contemporânea em Belo Horizonte: 1960-1969”, pela Universidade Estadual
de Campinas, São Paulo, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, em 2008,
faz uma descrição espetacular sobre a participação de Zina Aita nas Artes em
Minas Gerais, como descrito parcialmente abaixo, cf. páginas: 37 a 41 – ainda:
para maior ênfase nesta Síntese Biográfica, destaco alguns trechos “entre
aspas, em itálico e sublinhado”:
- A
Primeira Exposição Moderna, segundo Cristina Ávila, é “considerada
bizarra pela crítica, obtém, no entanto, comentários positivos no jornal Diário
de Minas em matéria assinada por FLY (pseudônimo de Aníbal Matos)”. (ÁVILA,
1991, p.8).
Hipoteticamente,
o termo “bizarro”, utilizado nos jornais mineiros, refere-se muito mais
a uma quebra da rotina que propriamente a uma desqualificação da mostra desta
pintora, fato que pode ser percebido pela análise do conjunto de matérias
publicadas nos jornais mineiros em 1920. Nesse caso, na própria matéria
assinada por Aníbal Matos, o termo “bizarro” também é utilizado, mas com mesmo
sentido mencionado acima.
Duas
matérias são publicadas no jornal Diário de Minas simultaneamente à
abertura da exposição de Zina Aita, ambas assinadas por Matos. Na primeira, ele
apresenta o ambiente artístico de Belo Horizonte; na segunda matéria,
entrevista Aita. (...).
Aníbal
Matos possui um papel fundamental na Exposição de Arte Moderna de Zina
Aita, pois, além de financiá-la, apresenta a exposição publicando duas matérias
no jornal Folha de Minas. Em sua descrição da capital mineira, Matos
aponta que “a cidade nova e formosa, começa a ter razões de orgulho
dos seus filhos. Já há uma geração moça que poderá, pelo brilho de
inteligência, firmar a sua glória ao lado de outras cidades mineiras”. (FLY, Folha
de Minas, 28/01/1920).
Na
continuação do artigo, o artista faz uma comparação da formação dos artistas
plásticos com profissionais de outras áreas: “nossas escolas superiores já têm
dado bacharéis, médicos e engenheiros nascidos na cidade moça, dos crepúsculos
de ouro”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920). Enfim, conclui que, naquele
momento, estaria surgindo uma artista capaz de produzir o mesmo reconhecimento
no campo das artes que o já existente em outros campos profissionais de Minas
Gerais. Todavia, justamente para um público como o de Belo Horizonte, pouco
familiarizado com questões estéticas, a visita à exposição de Zina Aita
exigiria bastante esforço, pois “É verdade que ainda não atingimos
um grau de perfeita cultura estética; isso não é de admirar, pois, mesmo nas grandes
cidades do Brasil, essa cultura ainda não atingiu o apogeu”. (FLY,
Folha de Minas, 28/01/1920).
Na
década de 1920, a cultura artística, mesmo em cidades como São Paulo, ainda não
era consolidada, mas “isso, porém, não impede que tenhamos uma maioria,
talvez, capaz de admirar com sinceridade e compreensão um certame artístico”
(FLY, Folha de Minas, 28/01/1920), conclui o artigo.
O
cuidado na condução do texto de Aníbal Matos é compreensível, pois dialoga com
uma artista que busca justamente romper com os ideais estéticos defendidos pelo
pintor. Ele reconhece que a pintura de Zina Aita possui características
estéticas diferentes do cenário artístico belo-horizontino. Para Matos “A
senhorita Zina Aita vai apresentar-se com uma pintura bem diversa daquela que o
público está habituado a ver. Isto não quer dizer que Belo Horizonte já não
tenha admirado a arte moderna. Contudo essa apresenta modalidades várias, tendo
a artista patrícia escolhido uma diversa das quais que aqui têm sido exibidas”.
(FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
O
trecho acima pode ser considerado muito mais uma construção retórica que
propriamente um fato confirmado na cena artística de Belo Horizonte. Até a
década de 1920, as exposições realizadas são, na sua maioria, patrocinadas pelo
próprio pintor-colunista e não possuíam nenhuma característica moderna.
Percebe-se, entretanto, a multiplicidade de papéis que Aníbal Matos representa.
Nesse momento, atua como colunista de um jornal e não propriamente um
patrocinador da exposição. Este comentário pode, à primeira vista, parecer
estranho, mas Matos tenta diferenciar as atuações de colunista, pintor e
patrocinador da exposição de Aita. Não se deve entender que Matos produzisse
visões independentes a cada tipo de atuação, apenas possuía a capacidade de
diferenciar os seus campos de atuação.
Após
Matos analisar as condições ideais para a compreensão de uma exposição como a
de Zina Aita, refere-se especificamente às obras apresentadas na exposição.
“Para
muita gente, é de esperar, a pintura impressionista e bizarra da senhorita Zina
Aita será uma aberração, mas somente para os olhos, que não sabem distinguir
Belas Artes de artes menores”. (FLY, Folha de Minas,
28/01/1920).
É
possível reconhecer a habilidade do colunista que, para explicar o aspecto de
diferenciação estética da obra de Zina Aita, acaba por utilizar categorias que
a arte moderna tenta destituir como o conceito de Belas Artes e
as divisões entre artes maiores e menores. Não serão revisadas as modificações
reivindicadas pela arte moderna, mas cabe ressaltar que o conceito
forjado para Belas Artes não faz mais sentido em um programa artístico
que tenta justamente romper com os processos de institucionalização da arte
como ocorria no estilo acadêmico. Tal afirmação mostra-se coerente, se
for considerado que Matos, realmente, conhece as mudanças reivindicadas pela arte
moderna. Para finalizar, Matos informa:
“Essas
opiniões, contudo, não calarão no espírito de pessoas alguma. Estamos certos
que a pintora mineira terá devidamente apreciados os seus trabalhos, e não lhe
faltarão o apoio moral e o êxito material muito justo e compensador de seu
nobre esforço”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
O
primeiro artigo, como foi mencionado anteriormente, resume-se a alguns
comentários sobre o cenário artístico da cidade de Belo Horizonte e faz
referências genéricas à obra de Zina Aita. Na segunda matéria, entretanto, a
entrevista realizada por Aníbal Matos cria um efetivo diálogo com Aita. Matos
assim descreve as primeiras impressões sobre o encontro:
“Procuramos
a pintora a fim de colher algumas informações de sua vida de artista. Em sua
residência, improvisada de ateliê, tivemos ensejo de uma palestra em que
admiramos a sua inteligência viva”. (FLY, Uma
artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Aita
esteve na Itália por seis anos, dividindo-se entre as cidades de Roma,
Florença, Milão e Veneza. Sua formação deve-se em grande parte ao pintor
Galileu Chini, que segundo ela “era célebre decorador e colorista
excepcional. Com ele, após os estudos acadêmicos, continuei a trabalhar.
Galileu Chini mesmo na Academia, esforça-se para que os seus discípulos possam
desenvolver, livremente, seus dotes artísticos. Creio que ele notou em mim
certa originalidade”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha
de Minas 30/01/1920).
A
artista refere-se à possível originalidade contida em sua produção o que
permite que seu entrevistador concorde e afirme que, além de original, possua
muito talento. A autovalorização de Zina Aita parece um indício de insegurança,
contudo compreensível, dada à pressão da entrevista, que estava sendo realizada
por um artista consolidado como Aníbal e, ao mesmo tempo, responsável pela
instituição que estava patrocinando a exposição da pintora. Não se pode
esquecer de que Zina Aita é uma jovem artista de 20 anos que excursiona em um
ambiente artístico alheio à produção artística moderna.
Aita
acabara de realizar uma exposição no Rio de Janeiro, sendo recebida com “franca
simpatia no meio artístico e [suas pinturas] foram objeto de interessantes
discussões” fato que possibilitou que ela enfrentasse “o público e a crítica”.
(FLY, Folha de Minas 30/01/1920). Especificamente sobre a recepção do
público, Zina Aita explica que teria sido “Boa e má. Boa para os
artistas que conhecem a evolução da arte moderna e compreendem as novas
escolas. Má para uma parte do público, para a “burguesia artística” (...). Essa
ficou assombrada, como era de esperar”. (FLY, Uma artista
bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Na
continuação da entrevista, Aníbal Matos realiza, em suas palavras, uma pergunta
embaraçosa ao pedir que Zina Aita compare o ambiente artístico carioca com o de
Belo Horizonte, ao que ela respondeu:
“Aqui...
para lhe falarmos com franqueza, essa “burguesia artística” é bem maior. O
senso estético ainda é privilégio especial. Os artistas são os “bandeirantes”
da nova cruzada de ideal, estilo, é claro, sujeitos não a flechadas dos índios,
mas a pedradas nos olhos (...)”. (FLY, Uma artista
bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Zina
Aita estaria referindo-se a Matos quando menciona a “burguesia artística
mineira”? Este tema embaraçoso é desconstruído por Matos ao afirmar que “isso,
porém, senhorita, não a impressionará. Vemos, com prazer, que o seu
temperamento é combativo”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de
Minas 30/01/1920). Aníbal ainda persiste na discussão sobre o ambiente
artístico mineiro, mencionando sua própria contribuição para o desenvolvimento
das artes em Minas Gerais, ao perguntar: “Mas, em Belo Horizonte, existe uma
Sociedade de Belas Artes?” A resposta de Zina Aita parece pouco espontânea.
“Sim,
é verdade. Essa associação de “heróis” já realizou duas exposições gerais sem o
menor auxílio do governo. É um núcleo de sacrificados que assiste, sem direitos
de defesa, a deturpação do bom gosto e a vitória passageira do mauroço
reacionário dos iconoclastas da arte”. (FLY, Uma
artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Essa
hipótese é levantada, pois se distingue uma mudança no perfil discursivo de
Zina Aita, passando de uma crítica à atuação de uma “burguesia artística” para
a valorização da instituição que a legitimava. A entrevista é encerrada com
informações sobre o estilo da pintora:
“Classificam-me
de orientalista, simbolista e até de futurista. Não sou nada disso, procuro
apenas ser o que me dita o meu senso estético, seguindo os conselhos do meu
mestre”.
(FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas, 30/01/1920).
- Zina Aita também realiza exposição
individual no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e participa ainda da
27ª Exposição Geral de Belas Artes, Rio de Janeiro;
Adendo Cultural: Acontece no Rio de
Janeiro a 27ª Exposição Geral de Belas Artes. Tarsila do Amaral viaja para
Europa fixando-se me Paris e frequenta a Académie
Julian, e estuda com Emile Renard (1873-1951). Em maio: Vicente do Rego
Monteiro, pintor pernambucano, após sua exposição em Recife, expõe em São
Paulo. Em dezembro, Mário de Andrade começa escrever Paulicéia Desvairada. Victor Brecheret realiza exposição da primeira maquete do Monumento
às Bandeiras, na Casa Byington, em São Paulo. Chega ao Brasil: John Graz,
artista plástico suíço, e participa com obra na 27ª Exposição Geral de Belas
Artes. Expõe, em dezembro, no Salão do Cinema Central, em São Paulo, juntamente
com Regina Gomide Graz (1897-1973),
decoradora, esposa de Antônio Gomide (1895-1967). Graz irá participar em 1922, da Semana de Arte
Moderna. Em
6 de dezembro, Menotti Del Picchia, no Correio
Paulistano, escreve o artigo Futurismo,
assinando como Hélios, trazendo à tona a nova estética. Anita Malfatti realiza
nova exposição individual, a terceira, iniciada dia 18 de novembro até 4 de
dezembro, no Clube Comercial de São Paulo, com o objetivo de ganhar uma bolsa
de estudos. O governo reconheceu seu talento, mas quem recebeu a bolsa foi o
escultor Victor Brecheret.
Adendo
Brasil: A Ford instalou sua
primeira fábrica de montagem no Brasil. Nesse mesmo ano, foi inaugurada a
primeira linha de ônibus urbanos de São Paulo. Em 1º de maio, Washington Luís
Pereira de Souza toma posse como presidente eleito do estado de São Paulo. Irá
governar até maio de 1924. 7 de setembro: criada a
Universidade do Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa proíbe a participação de
jogadores negros no selecionado brasileiro.
1921
Adendo Cultural: Sérgio Milliet (1898-1966) e Rubens Borba de Moraes (1899-1986) voltam
da Europa e divulgam os autores europeus de vanguarda. Graça Aranha (1868-1931)
e Plínio Salgado (1895-1975) aderem ao modernismo. Graça Aranha publica A Estética da Vida. 9 de janeiro, realizou-se um banquete no Palácio Trianon,
São Paulo, para comemorar o lançamento da obra “As Máscaras”, de
Menotti Del Picchia. Nesse evento, Oswald de Andrade faz um discurso criticando
os autores passadistas e exaltando a arte moderna. 8 de março: tem início o 2º
Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando
em 15 de junho. Também em março: Anita
Malfatti realiza exposição individual no Vestíbulo do Politeama Rio Branco, em
Santos (SP). É criada em São
Paulo a “Sociedade Paulista de Belas Artes”, com a finalidade de incentivar o
gosto pela arte. Em 27 de maio, Oswald de Andrade, no Jornal do Comercio de São Paulo, o artigo “O Meu Poeta futurista”, envolvendo Mário de Andrade num grande
escândalo. Segundo Mario da Silva Brito: “O poeta (Mário de Andrade) sofre,
então, em nome da literatura moderna, os mesmos vexames sofridos, poucos anos
antes, por Anita Malfatti, em nome da pintura avançada”. Victor Brecheret, em 14 de junho, parte para a França. 23 de junho: morre no Rio de Janeiro, aos 40 anos, o escritor João do
Rio, que usava o pseudônimo de Paulo Barreto. Di Cavalcanti expõe, em novembro, os
desenhos originais do livro Fantoches da
meia-noite, na O Livro, em São
Paulo, Rua 15 de Novembro. Nessa exposição conhece o escritor Graça Aranha,
como também iniciou as conversas com os futuros moços e intelectuais paulistas.
Di Cavalcanti promoveu a aproximação dos modernistas cariocas logo após o
encerramento de sua exposição. Surge definitivamente a ideia de organizar a
Semana de Arte Moderna.
Adendo Brasil: 14 de novembro: morte da princesa Isabel (nasceu em 1846),
no Castelo d´Eu, na França. Artur da Silva Bernardes (1875-1955) é eleito presidente.
1922 –
Participa da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo,
realizada em fevereiro, com os trabalhos: A Sombra, Estudo de Cabeça, Paisagem
Decorativa, Máscaras Siamesas, Aquarium, Figura e Painel Decorativo, além de 25
Impressões. Aracy Amaral no seu Artes Plásticas na Semana de 22, Editora
34, São Paulo, 1998, 5ª Edição, p. 129, afirma: “(...). Quando foi preparada a
Exposição da Semana de Arte Moderna, Zina Aita se encontrava no Rio de
Janeiro”. Nas pp. 135/136, dessa mesma obra, encontramos outra afirmação da
autora mencionando Zina Aita na programação da Semana: “Pintura – Anita
Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Zina Aita, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi,
Regina Graz, John Graz, Castello e outros”. Em março realizou em São Paulo, na
livraria “O Livro”, exposição individual com 46 pinturas, obtendo sucesso de
crítica e venda. Faz ilustrações para a revista Klaxon. Participa ainda da 27ª
Exposição Geral de Belas Artes, no Rio de Janeiro;
Adendo
Cultural: Mário
de Andrade é nomeado para a cátedra de História da Música no Conservatório
Dramático e Musical de São Paulo. Publica Paulicéia
Desvairada. Em fevereiro, em São Paulo, são realizados os festivais da Semana
de Arte Moderna, no Teatro Municipal. Os três dias principais foram:
13, 15 e 17. Era o início do Movimento Modernista no Brasil. O pernambucano
Vicente do Rego Monteiro, teve 10 obras expostas no evento, mas não esteve
presente. Entre os literatos a grande ausência foi a de Manuel Bandeira, na
ocasião estava impossibilitado de viajar do Rio até São Paulo. Da. Olívia
Guedes Penteado (1872-1934), desde 1919 na Europa, retorna a São Paulo depois
da Semana de Arte Moderna, da qual tomou conhecimento através do amigo Paulo
Prado (1869-1943). Inicia-se em 15 de maio, a publicação da Revista Modernista Klaxon, em São Paulo. Com capa criada
por Guilherme de Almeida, Klaxon termina em janeiro de 1923 com as edições
números 8/9. René Thiollier (1882-1968), um dos mecenas da Semana de Arte
Moderna, financiou o aluguel do Teatro Municipal para a realização do evento,
publica seu
primeiro livro O Senhor Dom
Torres. 22
de março: Tem início o 3º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por
Freitas Valle, terminando em 21 de junho. Em junho, Tarsila do Amaral retorna
ao Brasil e, em São Paulo, é apresentada aos modernistas por Anita Malfatti.
Forma-se o “Grupo dos Cinco”, composto por Anita Malfatti, Tarsila do Amaral,
Menotti Del Picchia, Mário e Oswald de Andrade. Em 2 de Agosto é assinado o Decreto Nº 15.596, Ato
de criação do Museu Histórico Nacional. Em setembro acontece em São Paulo o I
Salão da Sociedade Paulista de Belas Artes, no Palácio das Indústrias, e
Tarsila e Anita participam. Em 12 de outubro é inaugurado o Museu Histórico
Nacional. 1º de Novembro: morre no Rio de Janeiro o escritor Lima Barreto. Em novembro:
Tarsila do Amaral parte para a Europa e é aceita no Salon officiel des artistes français. Cândido Portinari expõe pela
primeira vez uma obra sua no Salão Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro.
Mário de Andrade publica Paulicéia
Desvairada.
Adendo Brasil: 5 e 6 de julho:
Revolta do Forte de Copacabana. Os jovens tenentes revoltosos marcham pela Av.
Atlântica e são fuzilados pelas tropas do Governo, escapando da morte apenas
dois tenentes. Dezesseis mortes, dentre elas a de um civil que aderiu à Marcha.
Era o início do “tenentismo”. 7 de setembro: primeira emissão de rádio no
Brasil durante as Comemorações do Centenário da
Independência, realizada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, transmitindo
o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. (Embora
na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o surgimento do
rádio no Brasil é marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco por Oscar
Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919). Realiza-se no Rio
de Janeiro a exposição comemorativa do Primeiro Centenário da Independência.
1923 – Em 2 de fevereiro, Manuel Bandeira escreve a
Mário de Andrade, citando Zina Aita. Na sequência, parte parcial da referida
carta transcrita do livro organizado por Marcos Antonio de Moraes:
Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira, Edusp/IEB, São Paulo,
2ª Edição, 2001, pp. 82, 84; Nota 2: Nota 6, da p. 85:
- Petrópolis, 2 de
fevereiro de 1923.
Mosela 350
Caro Mário.
(...).
// No outro dia
tive o prazer de ver o seu rosto distendido num riso feliz em uma fotografia
que me foi mostrada pela Zina Aita (2). Sabe se ela está morando aqui? (Mais
uma razão para você vir a Petrópolis). Ainda está muito magrinha.
(...).
// Adeus. Um abraço
do
Manuel.
Nota 2: A pintora Zina Aita (1900-1958) foi apresentada ao grupo modernista de
São Paulo por Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho. (...). Liga-se de amizade a
Anita Malfatti, com quem se encontrará em 1924, em Nápoles, onde Zina, por
circunstâncias familiares se instalará definitivamente. Em 1927, a pintora
parece ter se afastado do grupo brasileiro. MA comenta em carta de 26 de
dezembro a Anita Malfatti, que estudava em Paris: “Perdi mesmo inteiramente de
comunicação Zina Aita e nem sei onde está. Será que ainda está em Nápoles?”.
(...). (Ver nesta Síntese Biográfica: 1927 – Adendo).
- Zina participa de exposição
coletiva no 1.º Salão da Primavera, no Rio de Janeiro. As capas das edições 22
(outubro) e 23 (novembro) da revista América Brasileira: resenha da
Actividade Nacional, editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro,
estampam desenhos de Zina. Retorna para Nápoles;
Adendo Cultural: 21 de março: Tem
início o 4º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas
Valle, terminando em 20 de junho. O ano de 1923 foi quando realmente o
Modernismo no Brasil começou a ter seu momento áureo. Tarsila do Amaral, em
Paris, estuda com o pintor cubista e também escultor André Lhote (1885-1962),
na escola de Monstparnasse. Frequenta o curso de Albert Gleizes (1881-1953),
teórico do cubismo, e estagia no ateliê de Fernand Léger. Nesse ano ela pinta A Negra. Em agosto: Anita Malfatti viaja para a França (Paris) para cursar
desenho, onde encontram-se outros artistas brasileiros: Di Cavalcanti,
Brecheret, Rego Monteiro (1899-1970), Sérgio Milliet, Antônio Gomide e Tarsila.
Lasar Segall muda-se para o Brasil, residindo na cidade de São Paulo. No final
do ano, dezembro, Tarsila retorna ao Brasil. Realiza-se no Rio de Janeiro o “I
Salão da Primavera”.
Adendo
Brasil: 1º
de março: morre Rui Barbosa. 21 de abril: Edgard Roquete Pinto
(1884-1954) e Henry Morize (1860-1930), fundam a primeira estação de rádio
brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 9 de setembro, falece
Hermes da Fonseca.
1924 –
Viaja para o Rio de Janeiro. 23 de
fevereiro, Manuel Bandeira escreve carta para Mário de Andrade, onde menciona Zina
Aita. Na sequência, parte parcial da referida carta transcrita do livro
organizado por Marcos Antonio de Moraes: Correspondência Mário de Andrade
& Manuel Bandeira, Edusp/IEB, São Paulo, 2ª Edição, 2001, pp. 115/116;
Nota 1: Nota 2, da p. 117:
Rio de Janeiro, 23
de fevereiro
Mário,
(...).
// Embarcou Zina
Aita hoje. Almoço no Heins.
Agora:
O que lhe contaram
de Anita não era intriga. Houve de fato um mal-entendido entre vocês dois. Ela
está apaixonada por você e esperava que você se definisse no sentido em que
você não tinha intenção. Escreveu-lhe uma carta em outubro falando claramente
no assunto e não teve resposta de sua parte. Está agitada e balança entre:
Amor-próprio
ofendido, se você recebeu a carta e não quis responder; apreensão de que a carta
tenha ido parar a outras mãos que não as suas.
Estas coisas soube
por Zina, a quem Anita pediu segredo de tudo isso. A carta que Zina escreveu a
você, perguntando notícias de Anita era para provocar de sua parte uma
referência à recepção da tal carta. (Ver Nota 1, no final deste adendo).
Contei a Zina a
nossa conversa aí, citando as suas palavras: “Anita não podia esperar isso de
minha parte pois desde o começo defini a minha posição com ela. Gosto muito
dela como amiga e camarada.” Mais ou menos.
Zina acha também
que Anita se enganou e tomou talvez por palavras de amor as mesmas de afeto que
você manda a outras amigas, como a ela própria Zina.
Zina indagou de mim
se de fato você não gostava da Anita de outra maneira e eu respondi que isso se
depreendia da nossa conversa aí. E que dada essa conversa, certamente você não
tinha recebido tal carta.
Zina quis muito
escrever-lhe sobre isto, mas o segredo pedido por Anita, embaraçava-a. Eu pedi
licença para escrever contando tudo. Convenci-a que era melhor assim.
Você reflita sobre
o caso e se achar que deve escrever a Zina, faça-o para Posta Restante,
Nápoles.
Não escreva a Anita
diretamente, pois não sei o que Zina dirá a ela. Anita espera-a em Roma para
saber de alguma coisa sobre a carta, sobre você, etc. Aconselhei, e não sei se
fiz mal, que Zina tirasse essa ideia da cabeça da outra, explicando-lhe a sua
atitude.
Outra coisa: um
antigo professor de Anita contou a Zina que ela era casada. Zina indagou de mim
se sabia alguma coisa. Anita nunca falou nisso. Também a intimidade delas é
recente e começou a propósito de você. Quando Anita passou para a Europa, Zina
percebeu que ela ia apaixonada por você.
E foi tudo. Abraços
para você de Zina e
do Manuel.
Curvelo 51.
Nota 1:
“Tens tido
notícias da Anita? Notícias frescas?” Indaga Zina em carta a MA. Demonstra na
missiva um interesse exagerado, incitando o destinatário: “E que diz ela de
interessante? Eu não recebi mais nada depois das primeiras impressões. Que
ingrata! Imagino; tenho até certeza de encontrar-me com ela, ou em Florença ou
em Roma”. Para que o interlocutor fosse obrigado a tocar no assunto, Zina pede
“se fosse possível gostaria que perguntasses pelo telefone à mãe dela se posso
ser útil em alguma coisa.” (Rio de Janeiro, 23 jan. 1924). (Arquivo MA, Série
Correspondência).
- Em 30 de março: ao chegar
em Nápoles, Zina enviou cartão postal para MA:
“Nápoles, 30 mar.
1924./ (...) Chegamos bem depois de uma viagem deliciosa! (...) Estamos morando
n’um lugar esplêndido (recorda S. Teresa) e tencionamos ficar definitivamente.
Dou o endereço: via Antonina Ravaschieri – 3º Palazzo Lemme – Vomero – Napoli.
Tenho esperança em não ser esquecida. Os planos e mil projetos, com a querida
Anitinha já estão combinados!!! (...)”.
(Texto parcial da Nota 79, p. 169 do livro: Mário de Andrade – Cartas
a Anita Malfatti – Edição organizada por Marta Rossetti Batista, Editora
Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1ª Ed. 1989).
- Em 25 de Agosto: Mário de
Andrade, em carta a Anita Malfatti, conforme descrito no livro Mário de
Andrade – Cartas a Anita Malfatti – Edição organizada por Marta Rossetti
Batista, Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1ª Ed. 1989, p. 84,
menciona:
S. Paulo 25 de
Agosto
Anitinha
(...).
//(...). É
engraçado! a pintura brasileira hoje está dependendo das mulheres e nas mãos
delas! Tu, Tarsila e Zina sempre caminhando, enquanto os homens decaem. (...).
// Um grande abraço
do sempre
Mário
- Em 17 de setembro: em carta
de Mário de Andrade a Anita Malfatti, no mesmo livro: Mário de Andrade –
Cartas a Anita Malfatti, p. 85, mencionando Zina:
Anita
(...). Viste Zina?
Nunca mais me escreveu. No entanto respondi-lhe o cartão de despedidas. (...).
//Abraços, Abraços,
Abraços
Mário
Bateu a hora,
ouviu?
- Ainda em cartas datadas de
5 e 22 de outubro para Anita Malfatti: Mário volta a perguntar de Zina Aita,
conforme descrição no livro já mencionado da Marta Rossetti Batista, p. 86: Em
5 de outubro: “(...).
Qual a direção de Zina Aita? (...)”. Em 22 de outubro, p. 89: “(...). Manda-me a direção de Zina Aita e abraços teus.
(...)”.
- As capas das edições 27
(março) e 30 (junho) da revista América Brasileira: resenha da Actividade
Nacional, editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro, estampam desenhos
de Zina Aita. Nesse mesmo ano, Zina viaja para Florença (Itália) e Paris
(França). Fixa residência em Nápoles. Dirige fábrica de cerâmica;
Adendo Cultural: 5 de fevereiro:
Blaise Cendrars chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, é recebido por Graça
Aranha, Ronald de Carvalho (1893-1935), Prudente de Moraes, neto (1904-77),
Guilherme de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) e outros. No dia
seguinte segue para Santos (SP). Em Santos é recepcionado por Sérgio Milliet,
Luís Aranha (1901-87) e Rubens Borba de Moraes. As autoridades brasileiras impediram
o desembarque de Cendrars porque ele não tinha um braço. Nenhum imigrante
mutilado podia adentrar o solo brasileiro nessas condições, ainda que
resultantes de um ferimento de guerra. Horas depois, com a intervenção de Paulo
Prado, Cendrars desembarcou e vai para São Paulo, onde é recebido por outros
modernistas, entre eles, Couto de Barros (1896-1966). 8 de fevereiro: Lasar
Segall abre à visitação pública do seu ateliê, à Rua
Oscar Porto, nº 31, em São Paulo, onde recebe a visita de modernistas, entre
eles Da. Olívia Guedes Penteado, o senador Freitas Valle, Godofredo da Silva
Telles (1888-1980), dr. José Manuel de Azevedo Marques (1865-1943), entre
outros. Em março, na Rua Álvares Penteado, 24, Segall realiza Exposição
Individual. 21 de fevereiro: Cendrars
realiza sua primeira conferência na casa do senador Freitas Valle e outra no
salão do Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 9 de março: Tem
início o 5º e último Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por
Freitas Valle, terminando em 17 de junho. Em abril: Oswald de Andrade lança o
“Manifesto Pau-Brasil”. 23 de março: Segall realiza Exposição Individual à rua
Álvares Penteado, 24, em São Paulo e retorna a Berlim. Acontece a viagem do
grupo modernista: Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Blaise
Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais. Em São Paulo é realizado o “VI
Ciclo de Conferências da Vila Kyrial”, com palestras de Mário e Oswald de
Andrade, Blaise Cendrars, Lasar Segall e outros. 19 de junho: Graça Aranha profere
na Academia Brasileira de Letras a conferência “O Espírito Moderno” e, em seguida, desliga-se da Academia. Com a
eclosão da revolução de Isidoro Dias Lopes em São Paulo, contra o governo
central da República, Tarsila e Oswald se refugiam com sua família na Fazenda
Sertão, propriedade do pai de Tarsila. Setembro: foi lançada no Rio de Janeiro,
a revista Estética, fundada por
Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes, neto. No exterior, em Paris,
Vicente do Rego Monteiro realiza sua primeira exposição individual, na Galerie
Fabre. Tarsila regressa, em setembro a Paris. Zina Aita deixa o Brasil
fixando-se em Nápoles (Itália). Anita Malfatti participa do Salão de Outono de
Paris, no Grand Palais e também participa da Exposition d’Art Latin Américain,
no Musée Galleria.
Adendo
Brasil:
Em março, 31, falece Nilo Peçanha. 1º de maio: Carlos de Campos (1866-1927) é o
presidente eleito do estado de São Paulo. Em julho: Revolução Tenentista, de
Isidoro Dias Lopes (1865-1949), em São Paulo. Bombardeio em São Paulo e recuo
das tropas até Catanduva, interior de São Paulo. Após a ocupação do centro da
cidade pelas forças rebeldes, Carlos de Campos refugiara em Guaiaúna, pequena
estação de trens, próxima à Vila Matilde. O presidente da República, Artur
Bernardes determinou o bombardeio da capital, a despeito dos esforços do
prefeito e de lideranças civis, que tentaram evitar a tragédia. A Revolução
teve início no dia 5 de julho e termina no dia 23.
1925 – 30 de novembro, em carta de Mário de Andrade a Anita
Malfatti, conforme descrito no livro Mário de Andrade – Cartas a Anita
Malfatti, da Marta Rossetti Batista, pp. 85/86 e Nota 147, p. 181,
encontramos:
S. Paulo 30-XI-925
Abraços
Anitoca.
(...). Ontem tive
um alegra. Recebi carta da Zina com um esboço a ólio de grade frescura. (147)
Como ela é gentil no colorido, não? Você não me tinha mandado contar que ela
estivera em Paris... Feia! (...).
//(Não reli nem
corrigi. Tou cansado.)
Abraços
Mário
Nota 147 (p. 181): Trata-se, talvez, da obra de Zina Aita – Friso, (1925? 1928?),
guache, 24,3 x 24 cm (Cat.15), que integra a Col. MA (MRB e YSL – Col. MA,
p.11).
Adendo
Cultural:
Ano de fundação da Escola de Belas Artes de São Paulo. Ano também de fundação
da Biblioteca Municipal de São Paulo, à Rua Sete de Setembro, 37. Foi aberta ao
público em 1926. Tarsila do Amaral regressa ao Brasil, em fevereiro e retorna a
Paris em dezembro. Tarsila Ilustra o livro Pau Brasil (poesia), de Oswald de Andrade. Da. Olívia Guedes Penteado
cria em seu palacete, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua
Conselheiro Nébias, São Paulo, o Salão de Arte Moderna, com a reforma de uma
antiga cocheira. Lasar Segall realizou a decoração do local, que ficou
conhecido como “Pavilhão Modernista”. No Rio de Janeiro, em agosto, acontece a 32ª
Exposição Geral de Belas Artes. Mário de Andrade publica a Escrava que não é Isaura. Vicente do
Rego Monteiro realiza em Paris, na Galerie Fabre, sua primeira exposição
individual.
Adendo
Brasil: Acontece na
cidade de São Paulo a primeira edição da corrida de São Silvestre, iniciativa
do jornalista Cásper Líbero (1889-1943). Em julho: a Coluna Miguel
Costa-Prestes inicia sua marcha pelo Brasil. Washington Luís assumiu o posto de
Senador por São Paulo.
1926
Adendo Cultural: Tarsila do Amaral faz
a 1ª exposição individual em Paris, na Galerie Percier, em 7 de julho,
apresentado 17 obras feitas entre 1923 e 1926. Após a exposição Tarsila retorna
ao Brasil. Mário de Andrade começa a escrever Macunaíma. Anita Malfatti expõe no Salão da Sociedade dos
Artistas Independentes – aberto em março. Primeira vinda do
criador do Manifesto Futurista (1909), o escritor, poeta, político
egípcio-italiano, Felippo Godoy Tommaso Marinetti, no Brasil. Chega ao Rio de
Janeiro e faz palestra no Teatro Lírico, sendo apresentado por Graça Aranha. Blaise Cendrars faz sua segunda viagem ao Brasil. Mário de Andrade
publica Primeiro Andar e Losango cáqui. Oswald de Andrade e
Tarsila casam-se em 30 de outubro. De 20 de novembro a 5 de dezembro, Anita
Malfatti realiza exposição individual na Galerie André, rue des Saints-Pères,
que foi inaugurada com uma vernissage no dia 19, com a presença do embaixador
brasileiro Luís Martins de Souza Dantas (1876-1954). Ano de fundação da revista
Terra Roxa, em São Paulo. Victor Brecheret faz sua primeira exposição individual em São Paulo,
Rua São João, 187-A, iniciada em 4 (ou 7?) de dezembro. Ano do lançamento
do Manifesto Regionalista, no
Nordeste, tendo na liderança: Gilberto Freyre (1900-87).
Adendo
Brasil: Washington
Luís assume a presidência no dia 15 de novembro.
1927 – 26 de dezembro, em carta de Mário de Andrade a
Anita Malfatti, conforme descrito no livro Mário de Andrade – Cartas a Anita
Malfatti, citado, pp. 135/136, encontramos:
S. Paulo, 26-XII-27
Anitoca,
(...).
//(...). Perdi
mesmo inteiramente de comunicação Zina Aita e nem sei onde está. Será que inda
está em Nápoles? Acho que ela vai ficar contente com a lembrança minha. (...).
//(...).
Mário
Adendo Cultural: A 15 de janeiro,
Antônio Gomide fez uma de suas poucas exposições individuais: “Exposição
Antônio Gomide - Afrescos e Pinturas”, em antiga galeria da Avenida São João,
187. Anita Malfatti participa do Salão
dos Independentes, em janeiro e fevereiro. Participa também do Salão da
Tuileries, em abril e do Salon D’Outomme, em Paris. Mário de Andrade, Da.
Olívia Guedes Penteado, Dulce (filha de Tarsila) viajam ao Nordeste e Norte do
Brasil, chegando até Iquitos, no Peru. Oswald de Andrade publica Primeiro Caderno de Poesias de Oswald de
Andrade, com capa de Tarsila do Amaral. Em São Paulo, na Rua Santa Cruz, nº
325, Vila Mariana, o arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972) constrói a
primeira Casa Modernista do Brasil, que passa ser sua residência. Os jardins da
casa foram projetados pela esposa do arquiteto, Mina Klabin (1896-1969). Mário
de Andrade entra como crítico de arte no Diário
Nacional, de São Paulo. Lasar Segall naturaliza-se brasileiro e realiza
exposição individual em São Paulo, à Rua Barão de Itapetininga, 50. Mário de
Andrade publica o romance: Amar, Verbo
Intransitivo. René Thiollier, o mecenas da Semana de 22, publica O Homem da Galeria: ecos de uma época. Flávio de Carvalho (1899-1973) apresenta projeto ao concurso para o
palácio do governo, em São Paulo. Cícero Dias (1907-2003) realiza sua primeira
exposição individual no Rio de Janeiro. 25
de janeiro: nasce no Rio de Janeiro o maestro, compositor, cantor, pianista e
violonista, Antônio Carlos Jobim. 24 de novembro: falece, em Bauru (SP), o
poeta Rodrigues de Abreu. Em Cataguases, MG, surge a revista Verde com o Manifesto do Grupo Verde de Cataguases, com intuito principal de “Abrasileirar o Brasil”. No Rio de
Janeiro, Tasso da Silveira (1895-1968) lança a revista Festa.
Adendo
Brasil: Getúlio Vargas (1883-1954) é eleito deputado federal. 27 de abril: falece o presidente do estado de
São Paulo, Carlos de Campos. Nesse mesmo dia, Antonio Dino da Costa Bueno,
então presidente do senado estadual, assume o poder até 14 de julho, quando
Júlio Prestes de Albuquerque torna-se Presidente eleito. Seu governo terminará
em outubro de 1930. Fundação do Partido Democrático, com a participação
de Mário de Andrade. A Constituição do
Rio Grande do Norte concede, pela primeira vez no país, o direito de voto às
mulheres.
Adendo Cultural no período de
1928 e 1929:
1928: Lasar Segall realiza exposição individual, em julho, no Rio de Janeiro, no Palace
Hotel. Segall viaja e passa a residir em Paris. Tarsila pinta Abaporu e presenteia a Oswald de Andrade, no aniversário deste. Foi
essa obra que deu ideia a Oswald de Andrade, juntamente com Raul Bopp
(1898-1984), elaborar um manifesto denominado Antropófago, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em 1º de maio, que contava também com a
participação do escritor Alcântara Machado (1901-35). Tarsila realiza, em
Paris, sua terceira exposição individual na Galerie Percier. Anita Malfatti
participa da 39ª Exposition Societé des Artists Indépendantes, em Paris, no
Grand Palais. Em setembro: Anita retorna ao Brasil, partindo de Marselha, a
bordo do “Mendoza”, em 10 de setembro, aportando no Brasil no dia 27. Vicente do Rego Monteiro realiza sua segunda
mostra individual em Paris. Mário de Andrade publica Ensaio sobre a Música Brasileira e seu livro mais famoso e
polêmico: Macunaíma. Paulo Prado publica Retrato do Brasil. Cassiano Ricardo publica Martim-Cererê. Alcântara Machado publica Laranja da China. Anita Malfatti realiza mostra em São Paulo.
1929: 1º de Fevereiro: Anita Malfatti abre sua
mostra individual numa sobre loja na Rua Libero Badaró, nº 20, em São Paulo,
permanecendo até 9 de março. Tarsila do Amaral
realiza sua primeira exposição individual em São Paulo, no edifício Glória,
início da Rua Barão de Itapetininga, nº 6 e no Rio de Janeiro, no Palace Hotel.
Mário
de Andrade, Paulo Prado e Antônio de Alcântara Machado (1901-1935) rompem
amizade com Oswald de Andrade. Oswald de Andrade separa-se de Tarsila e inicia
relacionamento com Patrícia Galvão, Pagu (1910-62). Em maio, Portinari faz sua
primeira exposição individual, no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Em junho,
embarca para a França. No Rio de Janeiro, Ismael Nery realiza
exposição. O artista plástico Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) retorna ao
Brasil. Cândido Portinari realiza sua primeira exposição individual, com 25
retratos, no Palace Hotel do Rio de Janeiro e em seguida embarca para a França
retornando ao Brasil somente em 1931. 7 de setembro: Ismael Nery realiza sua
primeira exposição individual no Palace Theatre, em Belém do Pará.
Adendo Brasil no período de 1928
e 1929:
1928: 25
de janeiro: Getúlio Vargas toma posse como governador do Rio Grande do Sul. 3
de dezembro: “Cobriu a manhã gloriosa de hoje o luto do maior desastre da
aeronáutica brasileira” – essa era a manchete da edição vespertina do Globo de 3 de dezembro de 1928, que
relatava uma tragédia ocorrida no Rio de Janeiro: a queda de hidroavião da
Kondor Syndicate, ocupado por amigos de Santos Dumont. Em homenagem ao Pai da
Aviação, que voltava da Europa para o Brasil, o grupo resolvera sobrevoar o
navio SS Cap Arcona que trazia Dumont a bordo para despejar pétalas de rosas.
Mas o aparelho caiu perto do chamado Parcel das Feiticeiras, na altura da Ilha
das Cobras, e afundou. Entre passageiros, tripulantes e socorristas, morreram
14 pessoas.
1929: Acontece o Crack da
Bolsa de Nova York e o preço do café no mercado internacional cai, provocando a
falência de inúmeros fazendeiros brasileiros. Lançamento da candidatura de
Getúlio Vargas à presidência da República, em julho, pelo vice-governador do
Rio Grande do Sul, João das Neves.
1930 – Zina
viaja para Roma, Milão e Veneza. Expôs a sua cerâmica em Monza e depois em
Florença, onde obteve um prêmio. Em Faenza, mereceu o Prêmio ao Assunto Sacro;
Adendo Cultural: A Casa Modernista,
de Gregori Warchavchik, à Rua Itápolis 119, no bairro Pacaembu, em São Paulo, é
aberta à visitação pública, em março, com a “Exposição de uma Casa Modernista”,
entre 26 de março e 15 de abril, com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di
Cavalcanti, Victor Brecheret, Antônio Gomide, Cícero Dias e Celso Antônio. Tarsila
do Amaral é indicada por Júlio Prestes como conservadora da Pinacoteca do
Estado de São Paulo, permanecendo até outubro, perdendo o emprego após a queda
do governo de Prestes. Lúcio Costa (1902-98) assume a direção da Escola
Nacional de Belas Artes. Drummond de Andrade (1902-87) publica seu primeiro
livro Alguma Poesia. Brecheret
realiza Mostra Individual em São Paulo. Vicente do Rego Monteiro participa na
Galerie Zak, em Paris, da Première
Exposition du Groupe Latino-Américain de Paris. Manuel Bandeira publica: Libertinagem. O Poeta Guilherme de
Almeida é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ano da fundação da
Associação Brasileira de Música, por Luciano Gallet (1893-1931).
Adendo Brasil: Em 1º de maio
ocorrem eleições para presidente e vice-presidente da República. O
vice-presidente, João Pessoa, na chapa formada pelos opositores dos paulistas
que tinha Getúlio Vargas como candidato principal, foi assassinado na Paraíba
no dia 26 de julho, agravando a crise política. O movimento de insurreição que saiu
do Rio Grande do Sul fez com que o ainda presidente Washington Luís fosse
deposto pelas forças armadas no dia 24 de outubro, colocando uma Junta
Governativa Provisória formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e
Isaías de Noronha no poder. Assim, em outubro deflagra-se a
Revolução, que encerra a República Velha. Júlio Prestes (1882-1946) é eleito
Presidente do Brasil. A 15 de novembro instala-se o Governo Provisório,
presidido por Getúlio Vargas que assume o poder através de Golpe permanecendo
até 1945. Em novembro, 14 e 21, foram criados os Ministérios da Educação e do
Trabalho.
Adendo Cultural no período de
1931 até 1938:
1931: 26 de janeiro: morre no Rio de Janeiro o
escritor Graça Aranha. 15 de março: Mário de Andrade, Paulo Prado e
Alcântara Machado lançam a Revista Nova.
Através
do Decreto nº 4.965, de 11 de abril, em São Paulo, é dissolvido o Pensionato
Artístico e criado o Conselho de Orientação Artística. 24 de maio: Villa-Lobos, na cidade de S.
Paulo, organiza a primeira concentração orfeônica, sob o nome de Exortação
Cívica, que teve a participação de mais de 12 mil vozes. Em 15 de junho,
Tarsila do Amaral, que estava em Moscou juntamente com o médico Osório César
(1895-1979), realiza exposição individual e a conferência “A Arte no Brasil”, no Museu de Arte Moderna Ocidental. O arquiteto
Lúcio Costa assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes. Em setembro: Anita
Malfatti, Manuel Bandeira, Portinari e outros, participam do júri da 38º
Exposição Geral de Belas Artes, inaugurada em 1º de setembro, denominado Salão Revolucionário ou Salão de 31 e ainda Salão dos Tenentes, no Rio de Janeiro, com organização do arquiteto
Lúcio Costa. Participam do Salão
Revolucionário: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Antônio Gomide, Brecheret,
Candido Portinari, Cícero Dias, Flávio de Carvalho, Guignard, Ismael Nery, John
Graz, Regina Graz, Lasar Segall e outros. Oswald de Andrade e Patrícia Galvão (Pagu),
fundam o jornal O Homem do Povo. Em
novembro: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Vignon, em Paris.
1932: Tarsila do Amaral, em março, regressa a São
Paulo. É presa por dois meses no Presídio do Paraíso (São Paulo), por sua
viagem à União Soviética no ano anterior. Portinari faz mostra individual no
Palace Hotel, Rio de Janeiro. Lasar Segall, depois de viagem, retorna ao
Brasil, São Paulo, onde fixa residência, à Rua Afonso Celso. 23 de novembro: Em
São Paulo, na residência do arquiteto Gregori Warchavchik, Anita Malfatti
participa da fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Além de Anita
outros modernistas estiveram presentes na reunião de formação da SPAM, tais
como: Mário de Andrade, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral, John Graz e Lasar
Segall. Dentre os objetivos da SPAM eram: realizar reuniões, conferências e
exposições, todos para promoverem as Artes. A primeira exposição acontecerá em
abril de 1933. 24 de novembro:
inaugurado o Clube dos Artistas Modernos (CAM), à Rua Pedro Lessa, nº 2, em São
Paulo, sob a presidência de Flávio de Carvalho e com a participação de Di
Cavalcanti, Antônio Gomide e Carlos Prado.
1933: Tarsila do Amaral
realiza no CAM (Clube dos Artistas Modernos), palestra sobre “Arte Proletária na União Soviética”.
Mário Pedrosa (1900-81) realiza conferência dobre “As Tendências Sociais da Arte e Kaethe Kollwitz”, conferência essa
considerada um marco para a moderna crítica de arte brasileira. Mário de
Andrade redige a apresentação da “Primeira
Exposição de Arte Moderna da SPAM” – Sociedade Pró-Arte Moderna. No Palace
Hotel no Rio de Janeiro, em outubro, Tarsila do Amaral realiza uma primeira
retrospectiva. 28 de abril: falece em São Paulo, o jornalista Nestor Rangel
Pestana. É aprovado o Decreto regulamentando o “Salão Paulista de Belas Artes”,
através da Sociedade Paulista de Belas Artes (esta criada em 1921). Em Agosto: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Em novembro: no
auge de sua curta existência, o CAM apresenta o primeiro espetáculo do Teatro
de Experiência criado por Flávio de Carvalho – iniciativa inspirada pelo teatro
surrealista de Antonin Artaud - era a peça Bailado do Deus Morto,
um teatro-dança de grande radicalismo, anticlerical, contestadora da ordem
burguesa e de seus valores. Seu elenco incluía atores e sambistas, em um
formato altamente inovador, cheio de experimentalismos que misturava
técnicas retiradas do teatro expressionista, dança moderna, e teatro
clássico grego. Após apenas três apresentações, o teatro é interditado pela
polícia e o espetáculo censurado. O evento marca o fim das atividades do CAM,
que sem outras formas de levantar fundos, se dispersa.
1934: Em janeiro: Acontece o I Salão Paulista de
Belas Artes, em São Paulo, na Rua 11 de Agosto. 9 de junho: morre em São Paulo,
Da. Olívia Guedes Penteado, vítima de apendicite. Em dezembro, Portinari realiza
sua primeira Exposição Individual na Galeria
Itá, em São Paulo. 6 de abril: falece no Rio de Janeiro, Ismael Nery, sete
meses antes de completar 34 anos. 21 de novembro:
morre o escritor Coelho Neto.
1935:
Mário de Andrade inicia a
organização do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e cria a primeira
Discoteca Pública. Foi nomeado, a 31 de maio, chefe da Divisão de Expansão
Cultura e Diretor do Departamento Municipal de cultura de São Paulo. A equipe
que trabalhou com Mário: Sérgio Milliet, Diretor da Divisão de Documentação
Histórica e Social, e Rubens Borba Alves de Moraes, que ficara com a Divisão de
Bibliotecas. 15 de fevereiro: falece no Rio de Janeiro, acidente
automobilístico, o escritor Ronald de Carvalho. O crítico de arte, Virgílio
Maurício (1892-1937), cria o Grupo Almeida Júnior. Um primeiro Grupo com esta
denominação fora criado em 1928 por Torquato Bassi (1880-1967) – e tinha como
objetivos: realizar exposições temporárias anuais com obras dos membros da
entidade, promover conferências artísticas e ainda perpetuar a memória de
Almeida Júnior. Foram feitas no mínimo duas exposições em 1936 e outra no ano
seguinte. Alguns dos membros fundadores são: Samuel Ribeiro (1882-1952) –
presidente de honra –, Lucy Citti Ferreira (1911-2008), Anita Malfatti,
Georgina de Albuquerque (1885-1962), José Wasth Rodrigues e outros. 14 de
abril: falece no Rio de Janeiro o escritor Antônio de Alcântara Machado.
Cândido Portinari, na exposição do Instituto Carnegie, Pittsburg (EUA),
conquista Menção Honrosa com a obra Café.
1936: Em São Paulo acontece o IV Salão
Paulista de Belas Artes. Victor Brecheret, em São Paulo, inicia a execução do
Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e que é inaugurado em
1953 na Praça Armando Salles de Oliveira. 4 de fevereiro: Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) funda o Conservatório Brasileiro
de Música, que dirigirá até morrer. Segunda vinda de Felippo Godoy Tommaso
Marinetti, ao Brasil. É recebido em São Paulo pelos primeiros modernistas. Em 4
de julho, através do Ato Municipal nº 1.146, é criado o Departamento de Cultura
de São Paulo, projeto de Mário de Andrade. Luiz Martins, na época parceiro de
Tarsila do Amaral, realiza na Associação dos Artistas Brasileiros, Rio de
Janeiro, a conferência “A Pintura Moderna
no Brasil”. Chega a São Paulo, o artista plástico italiano, Ernesto De
Fiori (1884-1945).
1937: 13 de janeiro:
Através da Lei nº 378, é criado o SPHAN – Serviço
de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Lei que foi regulamentada
através do Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro. Victor Brecheret regressa
definitivamente ao Brasil, em São Paulo. 25 de maio: inaugurado no grill-room do Esplanada Hotel, o I Salão de Maio, criado por Quirino da Silva (1897-1981), com organização
de Geraldo Ferraz (1905-81), Paulo Ribeiro de Magalhães, Flávio de Carvalho e
Madeleine Roux. Mário
de Andrade promove, pelo Departamento de Cultura de São Paulo, o Primeiro Congresso de Língua Nacional
Cantada. Acontece em São Paulo a 1ª Mostra da Família Artística Paulista,
constituída majoritariamente com obras do Grupo Santa Helena. Tem origem o Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, como
associação de classe, visando contribuir para a profissionalização da atividade
artística. Anita Malfatti realiza Exposição individual no Palace Hotel,
Rio de Janeiro. Anita também participa da 1ª Exposição da Família Artística
Paulista, ao lado de Bonadei (1906-74), Volpi, dentre outros do Grupo Santa
Helena, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1938: Acontece em São
Paulo o II Salão de Maio, em 27 de junho, no Esplanada Hotel. Na ocasião, Mário
de Andrade adquiriu a obra de Guignard: “A
Família do Fuzileiro Naval”. Mário de Andrade é exonerado do Departamento
Municipal de Cultura de São Paulo e muda-se para o Rio de Janeiro, assumindo o
cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal.
Leciona Filosofia e História da Arte.
Acontece
o IV Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo. Anita Malfatti realiza duas exposições individuais: uma no
seu próprio ateliê, na Rua Ceará, 219, São Paulo. Lasar Segall representa
oficialmente o Brasil no Congresso Internacional de Artistas Independentes
realizado em Paris.
Adendo Brasil no período de 1931
até 1938:
1931: 18 de abril: através
do Decreto nº 19.890, institui-se o ensino obrigatório de Canto Orfeônico nas
escolas do Município do Rio de Janeiro. 12 de outubro: inauguração da estátua
do Cristo Redentor, Rio de Janeiro.
1932: 23 de maio: em manifestação na cidade de S. Paulo, morrem os estudantes
Mário “Martins” de Almeida (1901-32), Euclydes Bueno “Miragaia” (1911-32),
“Dráusio” Marcondes de Souza (1917-32), Antonio Américo “Camargo” Andrade
(1901-32) e Orlando de Oliveira “Alvarenga” (1899-1932). As iniciais de seus
nomes comporão a sigla “M.M.D.C.A”, estandarte do movimento constitucionalista.
9 de
julho: Inicio da Revolução
Constitucionalista. 23 de julho: suicídio de Santos Dumont.
1934: 13
de março: no Congresso Nacional, a primeira deputada brasileira ocupa a
tribuna, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982). Gustavo
Capanema (1900-85) assume o Ministério da Educação e Saúde. 16 de julho:
promulgação da Terceira Constituição do Brasil. É instituída, no rádio, a “Hora do Brasil”. Ano de fundação da USP
– Universidade de São Paulo, ocasião que foi implantada a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, com a vinda de professores franceses. A Escola
Politécnica de São Paulo é incorporada à USP. Em 1934, durante a interventoria
de Armando Sales, foi nomeado prefeito da capital de São Paulo, Fábio da Silva
Prado (1887-1963).
1935: O levante comunista
comandado por Luiz Carlos Prestes (1898-1990) é derrotado pelo governo. A
Constituição Estadual de São Paulo altera o título de Presidente do Estado para
Governador do Estado. Eleito para o
governo de São Paulo, Armando de Salles Oliveira. Seu governo terminara em
dezembro de 1926.
1936: 12 de setembro: Entra no ar a Rádio
Nacional do Rio de Janeiro.
1937: 5 de janeiro: José Joaquim Cardoso
de Mello Neto (1883-1965), assume o governo de São Paulo até 10 de novembro, quando
ocorre o golpe de Estado, onde caiu toda situação política dominante em São
Paulo. Getúlio Vargas, autorizado pelo Congresso, outorgou nova Constituição –
de caráter nitidamente fascista. Nomeou interventores para todos os Estados,
extinguiu os partidos políticos e determinou a supressão dos direitos
individuais. Instaurado o Estado Novo, que duraria até 1945, apoiado pela
classe média e pela burguesia. O Congresso é dissolvido. Francisco Luís da
Silva Campos (1891-1968), Ministro da Justiça, foi quem redigiu a nova
Constituição, de inspiração fascista.
1939 – Zina
participa do Concurso Nacional Italiano de Arte Sacra. Duas obras suas de arte
sacra foram adquiridas pelo Museu Internacional de Cerâmica de Faenza;
Adendo
Cultural: Acontece
em São Paulo o Salão Paulista de Belas Artes e o 2º Salão da Família Artística
Paulista, no Automóvel Clube. Cândido Portinari trabalha nos murais do
Ministério da Educação e participa do V Salão do Sindicato e realiza exposição
individual. Mário de Andrade assume, no Rio de Janeiro, a chefia da Seção do
Instituto Nacional do Livro. O III Salão de Maio tem sua última edição, devido
desavenças entre Flávio de Carvalho e a comissão organizadora.
Adendo Brasil: É criado o DIP – Departamento de
Imprensa e Propaganda, órgão de censura aos meios de comunicação.
Adendo Cultural no período de
1940 até 1949:
1940: Em março: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Neumann-Williard, de Nova
Iorque. Em São Paulo é fundado o Clube de
Cinema São Paulo e a Empresa Cinematográfica Atlântica. Villa-Lobos realiza
Concentração orfeônica no estádio do
Vasco da Gama, reunindo aproximadamente 42 mil vozes de crianças estudantes.
Nessa concentração aconteceu uma grande ovação ao presidente Vargas, fato esse
que desagradou completamente os intelectuais da época. Manuel Bandeira é eleito
membro da Academia Brasileira de Letras. Realiza-se no Rio de Janeiro, a 3ª
Exposição da Família Artística Paulista, com apresentação de Sérgio Milliet. Em dezembro, 17,
acontece o 7º Salão Paulista de Belas Artes em São Paulo.
1941: Anita Malfatti é
eleita presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Mário de
Andrade retorna do Rio e inicia seus trabalhos na seção paulista do SPHAN –
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
1942: Em março é fundada a “Sociedade Brasileira
de Escritores”, sob a presidência de Sérgio Milliet e vice Mário de Andrade. Em
Abril: Mário de Andrade realiza a famosa conferência “O Movimento Modernista”, no Salão de Conferências da Biblioteca do
Ministério das Relações Exteriores (Itamarati), no Rio de janeiro. 19 de julho:
falece em São Paulo, Pedro Alexandrino.
1943: Anita Malfatti
participa da Exposição de Arte Moderna, em Belo Horizonte (MG), no Edifício
Mariana, em maio. Participa também da exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e
Diplomático do Salão Itamaraty, no Rio de Janeiro, e na exposição Anti-Eixo, na
Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Mário de Andrade
escreve extenso ensaio sobre o artista plástico Lasar Segall. 3 de outubro:
falece em São Paulo, Paulo Prado. Sérgio
Milliet assume a direção da Biblioteca Municipal de São Paulo e apresenta
projeto de arquivo e documentação de arte sobre papel, dando início a um acervo
de desenhos e gravuras originais que pudessem ser guardados em pastas,
permitindo o fácil acesso a pesquisadores e historiadores de arte. Segall
realiza exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de
Janeiro. Segall publica o álbum de gravuras Mangue, com desenhos feitos
em 1924, composto de 42 reproduções em zincografia, três xilogravuras originais
e uma litografia, com textos de Jorge de Lima (1886-1953), Mário de Andrade e
Manuel Bandeira – onde focalizou a zona de meretrício do Rio de Janeiro.
1944: Realiza-se, em Belo
Horizonte – MG, a primeira Exposição de
Pintura Moderna em Minas, no governo do prefeito Juscelino Kubitschek
(1902-76). Inaugura-se o Curso de Artes Visuais de Guignard. O Museu Nacional
de Belas Artes do Rio de Janeiro realiza exposição de pintura brasileira e
norte-americana. Em novembro, em Londres, acontece exposição coletiva de
pintores brasileiros. Anita Malfatti expõe no VIII Salão do Sindicato dos
Artistas Plásticos. Participa também
de outras exposições coletivas: de Artes Plásticas, no ABI, Rio de Janeiro; no
Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, na Galeria Prestes
Maia; na de Pintura Moderna Brasileira & Norte-Americana, também na Galeria
Prestes Maia. A Livraria Martins Editora inicia a publicação
das Obras Completas de Mário de
Andrade.
1945: Janeiro: Sérgio Milliet inaugura a Secção de Arte na Biblioteca
Municipal de São Paulo, o primeiro acervo público de arte moderna brasileira. 22 de janeiro, em
São Paulo, acontece o Primeiro Congresso
Brasileiro de Escritores. 25 de fevereiro, Mário de Andrade vem a falecer
de ataque cardíaco, na sua casa, em São Paulo. 24 de abril: falece em São
Paulo, o artista plástico italiano Ernesto De Fiori. O palacete de Da. Olívia
Guedes Penteado, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua Conselheiro
Nébias, São Paulo, foi demolido, destruindo uma das obras-primas de Lasar
Segall, de 1925. Em novembro: Anita Malfatti realiza exposição individual em
São Paulo, na Rua 7 de Abril, no Instituto dos Arquitetos, no Edifício Esther,
com algumas obras nitidamente impressionistas.
1946: Em
fevereiro: na Biblioteca Municipal do Rio de Janeiro, acontece a “Exposição de
Retratos de Mário de Andrade”. Acontece no Chile exposição de Arte Brasileira
organizada por Berto Udler. Acontecem em São Paulo o Salão do Sindicato
dos Artistas Plásticos e o Salão Paulista de Belas Artes, ambos na Galeria
Prestes Maia; e Exposição Homenagem
Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá. 7 de outubro: a Academia Brasileira de Música foi
reconhecida de utilidade pública por Decreto Federal.
1947: Os
artistas plásticos John Graz e Antônio Gomide expõem em conjunto, em galeria da
Rua Barão de Itapetininga, São Paulo. 6
de julho: a Academia Brasileira de Música é instituída como Órgão Técnico
Consultivo do Governo Federal, através de Decreto. Cândido Portinari,
perseguido pelo governo Dutra, exila-se no Uruguai. 2 de julho: tem início o
Museu de Arte de São Paulo (MASP), à Rua 7 de abril, 230, através do empresário e jornalista Francisco de Assis Chateaubriand
Bandeira de Mello (1892-1968) e o crítico de arte italiano Pietro Maria Bardi (1900-99). Também em julho, Cândido Portinari realiza sua primeira
exposição individual em Buenos Aires (Argentina), no Salón Penser.
1948: Lasar Segall viaja aos Estados
Unidos e, em março, realiza Exposição Individual na Galeria Artistas Americanos Associados (Associated American Artists Galleries), Nova York e, em maio, na União Pan-Americana, Washington. É realizada no
Teatro Municipal de São Paulo, Exposição
Coletiva de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo. Criação do
Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro. O Museu de Arte Moderna de São
Paulo foi constituído oficialmente, por escritura pública, em 15 de julho. 4 de
julho: morre o escritor Monteiro Lobato. São
realizadas duas Mostras Retrospectivas sobre Di Cavalcanti em São Paulo:
“Emiliano Di Cavalcanti 30 Anos de Pintura: 1918-1948”, no Instituo dos
Arquitetos do Brasil e no MASP.
1949: 8 de março: abertura da sede oficial do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, à Rua 7 de abril. O MASP da Av. Paulista será inaugurado em 7 de
novembro de 1968, projetado pela arquiteta italiana Lina Bo (1914/92), esposa
de Pietro Maria Bardi. Acontece
a Primeira Retrospectiva de Anita Malfatti no MASP, São Paulo. Acontece em
Salvador (Bahia), o 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia. Em
19 de junho, em São Paulo, falece o desenhista e arquiteto Antônio Garcia Moya.
Tem início o acervo da Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina que será
inaugurada em 1951.
Adendo Brasil no período de 1940
até 1949:
1941: 28 de Agosto: entra no ar, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o
jornal “Repórter Esso”, na voz de
Romeu Fernandez (? - ?), anunciando o ataque de aviões da Alemanha à Normandia,
durante a Segunda Grande Guerra.
1942: Vargas vai declarar guerra à Alemanha.
1943: Vargas é
pressionado e o Brasil declara guerra ao Eixo. Implantado, oficialmente, no
Brasil, o Curso de Jornalismo, através do Decreto-Lei Nº 5480, de 13 de maio,
pelo então presidente Vargas e pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema.
1944: A Força
Expedicionária Brasileira embarca para a Itália, com 25 mil homens e o Brasil
entra definitivamente na Guerra.
1945: O Partido Comunista
Brasileiro (PCB), única organização que, mesmo na clandestinidade, se
identificava com a resistência à ditadura e com as ideias libertárias, catalisa
grande parte desse processo. Artistas e intelectuais aglutinam-se em torno de
suas propostas transformadoras e lança candidato próprio à presidência da
República. O PCB, após 18 anos de ação clandestina, em novembro, consegue
registro em termos definitivos. Fim da ditadura Vargas. Extinguiu-se o Estado Novo. Novas eleições, em 2 de dezembro, eleito
presidente o general Eurico Gaspar Dutra (1883-1974).
1946: 31 de janeiro: posse do presidente Eurico
Gaspar Dutra. Inicia-se o período de democratização do país. 18 de setembro:
promulgada a quinta Constituição do Brasil. O governo cria o SESI (Serviço
social da Indústria) e o SESC (Serviço Social do Comércio). Através de Decreto
Presidencial são fechados todos os cassinos no Brasil e a proibição de todo
tipo de “jogo de azar”. É
criada a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
1947: 14 de março:
Adhemar de Barros (1901-69), toma posse como governador de São Paulo. Seu
governo terminará em janeiro de 1951. O Tribunal Superior Eleitoral cancela o
registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
1950 – Zina
realiza exposição individual na Câmara de Comércio de Nápoles – Itália;
Adendo
Cultural:
Tarsila do Amaral realiza retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo,
a convite de seu diretor, Sergio Milliet. Cândido Portinari participa da XXV
Bienal de Veneza, com seis obras.
Adendo
Brasil: 18 de setembro: às 22 h, em São Paulo, foi ao ar o
primeiro programa da televisão brasileira, TV Tupi. 3 de outubro: Getúlio
Vargas é eleito presidente, obtendo 3.849.040 votos (49% dos votos válidos). Os
outros dois concorrentes, Eduardo Gomes (1896-1981), 30%, e Cristiano Machado
(1893-1953), 22%.
1951
Adendo Cultural: Acontece em São
Paulo o 1º Salão Paulista de Arte Moderna. 20 de outubro: inaugurada em S. Paulo a I Bienal de São Paulo, no
edifício Trianon (atualmente o edifício do MASP), na Avenida Paulista, com
obras de vários artistas modernistas.
Adendo
Brasil:
18 de janeiro: Vargas toma posse.
1952 – Zina tem alguns dos seus trabalhos expostos na coletiva “Angelicum”,
em São Paulo;
Adendo Cultural: Acontece em São
Paulo a “Exposição Coletiva comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922”. O
artista Plástico Alberto da Veiga Guignard organiza o 7º Salão de Belas
Artes da Cidade de Belo Horizonte, na Prefeitura de Belo Horizonte – MG.
Tarsila do Amaral recebe o 2º Prêmio Nacional de Pintura, no valor de Cr$
50.000,00, quando da participação na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São
Paulo.
Adendo
Brasil: Vargas
cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de incentivar
a indústria nacional.
1953 –
Retorna ao Brasil e viaja para Teresópolis (RJ) e retorna para a Itália;
Adendo
Cultural:
Em maio, concorrendo com a produção cinematográfica de 26 países, o filme
brasileiro: “O Cangaceiro” é premiado
no Festival de Cannes, na França, dirigido por Vitor de Lima Barreto. O Brasil
todo canta: Mulher Rendeira.
Adendo
Brasil:
Vão para o ar a TV Rio (Canal 13) e a TV Record (Canal 7), de S. Paulo. Através
da Lei n.º 2.004, Vargas cria a Petrobrás, empresa estatal que detinha o
monopólio de exploração e refino do petróleo no Brasil.
1954 – Zina participa com obras na Exposição Coletiva “Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu
de Arte Moderna de São Paulo”, no Museu de Arte Moderna;
Adendo Cultural: Por ocasião das
comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, foi construído o Palácio
das Exposições, no Parque do Ibirapuera, onde acontece a Exposição de História
do Brasil. 22 de outubro: morre o
escritor Oswald de Andrade, na cidade de S. Paulo. Acontece em São Paulo, no
Museu de Arte Moderna, a Exposição Coletiva de Arte Contemporânea.
Adendo
Brasil: 24
de agosto: Vargas recebe um ultimato do ministro da guerra, exigindo seu
afastamento. Isolado no Palácio do Catete, Getúlio Vargas redige seu testamento
e suicida-se. Posse de João Café Filho (1899-1970), vice-presidente.
1955 – Zina participa
de exposição coletiva “Mostra do Meio-Dia”, em Roma – Itália;
Adendo Cultural: Anita Malfatti apresenta no MASP, a
convite de Pietro Maria Bardi, a exposição “Tomei
a liberdade de pintar a meu modo”. Acontece o 4º Salão Paulista de Arte
Moderna, exposição coletiva, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Em julho:
acontece em São Paulo a III Bienal Internacional de São Paulo. No Rio de
Janeiro, sob a coordenação do Itamaraty, em 27 de fevereiro, foi aberta no
Teatro Municipal do Rio, uma das maiores exposição de artes até então. 17 de
dezembro: falece em São Paulo, Victor Brecheret.
Adendo
Brasil: 3 de outubro: Juscelino Kubitschek de Oliveira
(1902-76) é eleito Presidente, obtendo 36% dos votos válidos.
1956 – Zina participa de exposição coletiva “Exposição de
Arte Sacra”, no Palácio Real, em Nápoles;
Adendo
Cultural:
Acontece em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, a exposição “50 anos de
Paisagem Brasileira”.
Adendo
Brasil: 31 de janeiro: posse de Juscelino Kubitschek, como
presidente do Brasil.
1957 – Zina realiza a exposição individual “Ceramiche di
Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles. Participa da
exposição coletiva “Mostra do Presépio”, no Palácio Braschi, em Roma.
Participa da exposição coletiva “Manifestação de Arte Nacional”, no
Palácio Real, em Nápoles;
Adendo
Cultural:
2 de Agosto: Lasar Segall, vítima de enfermidade cardíaca, falece em sua casa,
na Rua Afonso Celso, em São Paulo. Foi sepultado no Cemitério Israelita da Vila
Mariana. Em setembro: acontece na 4ª Bienal do MASP, em São Paulo, a Exposição
Comemorativa Lasar Segall. Em São Paulo, a exposição de Anita Malfatti, de
1917, foi comemorada com uma mostra individual no “Clubinho” com desenhos e
algumas experiências abstratas. Brecheret e Anita Malfatti participam da
exposição coletiva: “Arte Moderna no Brasil”, em Buenos Aires (Argentina), no
Museu de Arte Moderno; ainda na Argentina, em Rosário, no Museu Municipal de
Bellas Artes Juan B. Castagnino; em Santiago do Chile, no Museu de Arte
Contemporáneo; em Lima (Peru), no Museu de Arte de Lima. Rego Monteiro retorna
ao Brasil. Os poetas paulistas Décio Pignatari (1927-2012), Haroldo de Campos
(1929-2003) lançam o "Manifesto
Concretista".
Adendo
Brasil: Fevereiro: inicia-se a construção da nova capital,
Brasília, sob a direção dos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio
Costa, autor do plano piloto da cidade.
Adendo Cultural no período de
1958 até 1960
1958: Janeiro: o
escritor, desenhista e pintor modernista Flávio de Carvalho, escandaliza a
elite moralista da cidade de S. Paulo, desfilando pelo centro da cidade com
saiote e meias rendadas de bailarina, alegando estar criando uma “nova moda
masculina” mais adequada ao clima do país. Março: acontece na Galeria de Artes
das Folhas, São Paulo, exposição Retrospectivas de desenhos e gravuras de Lasar
Segall. Como destaque na música: Surge a Bossa Nova, sob a liderança de João
Gilberto (1931), Roberto Menescal (1937), Chico Feitosa (1935-2004), Tom Jobim
(1927-94) e Nara Leão (1942-89). Estreia no Teatro de Arena a peça “Eles Não Usam Black-Time”, de
Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006). Falecimento do artista plástico Ignácio da
Costa Ferreira (Ferrignac). 14 de fevereiro: falece, em São Paulo, um dos
mecenas dos modernistas, o senador Freitas Valle.
1959: Em setembro:
acontece a V Bienal de São Paulo, com sala especial dedicada a Cândido
Portinari e a Lasar Segall.
1960: Acontece em São
Paulo a Exposição Contribuição da mulher
às artes plásticas no país, no Museu de Arte Moderna, de dezembro até
janeiro de 61.
Adendo Brasil no período de 1958
até 1960:
1960: 21 de Abril: a
capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília. 3 de outubro:
Jânio Quadros (1917-92) é eleito presidente do Brasil e João Goulart (1919-76)
o vice.
1961 – Zina participa de exposição coletiva “Mostra do
Presépio”, no Palácio Real, em Nápoles;
Adendo
Cultural: 21
de janeiro: morre, em Paris, o escritor suíço Blaise Cendrars. Acontece em São
Paulo a VI Bienal Internacional de São Paulo. 16 de fevereiro: falece no Rio de
Janeiro o artista plástico Osvaldo Goeldi. Tarsila realiza retrospectiva na
Casa do Artista Plástico, em São Paulo. Em outubro: acontece no Centro de
Ciências, Letras e Artes, de Campinas (SP), a exposição “Lasar Segall:
gravuras”.
Adendo Brasil: 25 de Agosto:
Renúncia de Jânio Quadros (PTN) da presidência do Brasil. Assumi seu vice, João
Goulart, conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de
esquerda para a então política brasileira. Início do regime parlamentarista,
atribuindo funções do Executivo ao Congresso.
Adendo Cultural no período de
1962 até 1966:
1962: 6 de fevereiro:
falece Cândido Portinari, no Rio de Janeiro. 26 de junho: falece o artista
plástico Alberto da Veiga Guignard. 12 de dezembro: falece em Santos (SP),
Patrícia Galvão, a Pagu. O filme Pagador de Promessas, do cineasta Anselmo Duarte (1920-2009) é o
primeiro filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, na
França.
1963: O Museu de Arte da Prefeitura de Belo
Horizonte (MG), realiza em maio, a exposição: Segall: desenhos e pinturas. Acontece a VII Bienal Internacional de
São Paulo, entre 28 de setembro e 22 de dezembro. Anita Malfatti realiza
exposição individual na Casa do Artista Plástico, em junho, em São Paulo. Anita
foi homenageada na VII Bienal Internacional de Arte de São Paulo, iniciada dia
28 de setembro e encerrada em 22 de dezembro, com uma sala inteiramente
dedicada às suas obras. Foi a última exposição com a presença da pioneira do
modernismo brasileiro, Anita Catarina Malfatti.
1964:
Acontece em Veneza, Itália, a XXXII Bienal. 6 de novembro: falece Anita
Catarina Malfatti, aos 75 anos, na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. 9
de novembro: falece no Rio de Janeiro, Cecília Meireles. Glauber Rocha
(1939-81) lança "Deus e o Diabo na
Terra do Sol", marco do cinema novo.
1966: 9
de novembro: Falece em São Paulo, Sérgio Milliet, escritor e crítico de arte.
Adendo Brasil no período de 1962
até 1966:
1962: O
presidente João Goulart sanciona a Lei que institui o décimo terceiro salário
para todo trabalhador com carteira assinada. A seleção brasileira de futebol
consegue o bicampeonato de futebol no Chile. O Acre
passa a receber a categoria de mais um Estado do Brasil.
1963: 6
de janeiro: Plebiscito escolhe o sistema presidencialista no Brasil, derrotando
o parlamentarismo. Em São Paulo tem início a greve dos 700 mil, envolvendo 78
sindicatos, reivindicando aumento salarial e a unificação das datas base. 1º de
maio: a TV Tupi faz a primeira transmissão em cores da televisão brasileira.
1964: Acontece
o “Golpe Militar”: O estopim para o golpe militar no Brasil aconteceu em março,
quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a
reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado
e a direita em geral organizaram, em São Paulo a "Marcha da Família Com
Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio às
tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios,
garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos
e mensagens. Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder
e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de
Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a presidência
interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai. Em 9 de
abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar que
depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês,
o marechal Castello Branco (1897-1967) foi empossado presidente com um mandato
até 24 de janeiro de 1967. O Regime Militar no Brasil duraria até 1985.
1967 – Participa da “4ª Exposição Nacional de Arte”, em Roma. Zina Aita falece em Nápoles – Itália.
Adendo Cultural: 31 de Agosto:
Falece em Ubatuba (SP), o artista plástico Antônio Gomide. No Museu Lasar
Segall, São Paulo, acontece a exposição “Segall: exposição de obras de
colecionadores”. No MAM, Rio de Janeiro: Exposição Retrospectiva Lasar Segall.
DEPOIMENTOS
E COMENTÁRIOS
De Aracy Amaral: “(...).//Pelo
Rio: Zina Aita e Rêgo Monteiro. //Além de Martins Ribeiro e Leão Velloso,
cujas representações permanecem de difícil levantamento nesta exposição, dois
artistas vindos do Rio de Janeiro trouxeram um sopro fresco com sua pintura
distante do academismo ainda em voga: Zina Aita e Rêgo Monteiro.
A primeira, de família e formação
italianas, nascida em Belo Horizonte, tendo estudado em Florença, de volta ao
Brasil, no Rio de Janeiro conheceu Ronald de Carvalho e Manuel Bandeira, que a
induziram a participar da Semana. Sete trabalhos compõem seu envio. Conhecemos
de 1922 apenas um trabalho seu, o pastel Trabalhadores ou Petrópolis,
que poderia ser também, pelo tema, A sombra, que consta no catálogo,
adquirido em março de 1922 na exposição que a artista faria na primeira semana
desse mês na Livraria O Livro, de Jacinto Silva, por Yan de Almeida Prado. Numa
técnica pós-impressionista, a composição constante de manchas coloridas
justapostas à Vuillard, essa pequena obra parece-nos uma das mais avançadas das
presentes na Semana. Exímia aquarelista, não deixa de causar surpresa, contudo,
em Zina Aita, alguns trabalhos nesta técnica realizados em 1923, alguns de
concepção bastante acadêmica para a autora de trabalho como o precedente.
Todavia, a artista de certa forma permanecia
fiel ao seu mestre Chini, de Florença, de quem herdou pendor para as artes
decorativas, que se expressa em sua ilustração para Klaxon, em 1922, às quais
iria se dedicar durante grande parte de sua vida, após seu retorno à Itália em
1924.
Em relação ao Brasil, entretanto, o seu
contato com o nosso meio artístico se limitou à sua participação histórica na
Semana, e a admiração que suas obras expostas suscitou em vários dos
participantes. Yan de Almeida Prado referiu-se à Zina Aita considerando-a mesmo
como “o melhor da mostra em pintura”.
(...)”.
(Amaral,
Aracy. In: Artes Plásticas na Semana de 22 (Pelo Rio: Zina Aita e Rego
Monteiro) – Editora Perspectiva, Coleção Debates – 3ª Edição, 1976, São Paulo –
Págs. 179 a 183) & Editora 34, São Paulo, 5ª Edição, 1998 (3ª
Reimpressão – 2005, pp. 178 a 180).
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Ainda Aracy Amaral: “ZINA AITA. //Nasceu em Belo Horizonte em 1900, e faleceu em Nápoles em
1967. Sua família, de origem italiana, viajou para a Europa durante a Primeira
Guerra Mundial. Zina Aita estudou em Florença com Galileo Chini, com quem
adquiriu pendor para as artes decorativas, às quais se dedicaria, sobretudo a
partir de 1920. De volta ao Brasil, no Rio, conheceu Ronald de Carvalho, Manuel
Bandeira, Oswald de Andrade (e Tarsila e Vinicius de Morais posteriormente).
Participou da Semana de Arte Moderna em 1922 e ligou-se por laços de amizade, a
partir de então, com Anita Malfatti.
Logo após a realização da Semana,
na primeira semana de março de 1922, abriu exposição individual de seus
trabalhos em São Paulo na Livraria O Livro, de Jacinto Silva, à rua 15 de
Novembro, apresentando 46 trabalhos. Com grande sucesso de crítica, a artista
teve algumas obras adquiridas por Graça Aranha, Dr. Paulo Prado, Yan de Almeida
Prado, Nestor Rangel Pestana e pelo escultor Wilhelm Haarberg.
Contra sua vontade, mas por
circunstancias de família, foi-se do Brasil em 1924, fixando-se em Nápoles.
Além da pintura, trabalhava muito em aquarela e dedicou-se em seus últimos anos
à cerâmica decorativa, tornando-se conhecida na Itália nesse campo de
atividade.
Em 1930, expôs a sua cerâmica em
Monza e depois em Florença, onde obteve um prêmio. Em Faenza, mereceu o Prêmio
ao Assunto Sacro, participando desse concurso nacional italiano também em 1949,
quando duas obras suas de arte sacra foram adquiridas pelo Museu Internacional
de Cerâmica de Faenza.
Em 1950, participou da exposição
junto à Câmara de Comércio de Nápoles, e em 1951 da Mostra do Ultramar e em
Pompéia. Tomou parte várias vezes nas mostras organizadas pelo “Angelicum”, de
Milão, onde se conserva uma Madonna, de sua autoria.
Participou da exposição do
“Angelicum” em São Paulo em 1952, assim como da “Mostra do Meio-Dia” de Roma,
em 1955, da Exposição de Arte Sacra no Palácio Real de Nápoles, em 1956, da
Mostra do Presépio, no Palácio Braschi, em Roma, e na Manifestação de Arte
Nacional, no Palácio Real de Nápoles em 1957.
Esteve novamente no Brasil em
1953, quando visitou Teresópolis, restando dessa época inúmeros desenhos e
aquarelas sobre motivos vegetais e pássaros brasileiros. De 1956-57 há também
desenhos aquarelados ou aquarelas de paisagens e motivos suíços, frutas e
flores. Todavia, o interesse de sua obra se restringe à sua fase de pesquisa no
início de sua carreira, sendo do ponto de vista artístico desvestida de
qualquer interesse a sua cerâmica decorativa.
Participando intensamente de
exposições na Itália, teve ainda uma exposição individual, “Ceramiche di Zina
Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles, em novembro-dezembro de 1957,
além de ter exibido um presépio segundo a tradição napolitana na “Mostra do
Presépio”, no Palácio Real de Nápoles, em dezembro de 1961. Em Roma, participou
da IV Exposição Nacional de Arte em abril-maio de 1967. De sua primeira fase,
de pintura, tem obras na coleção do Museu de Arte Contemporânea da Universidade
de São Paulo, na coleção Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros
da Universidade de São Paulo, e em várias coleções particulares. Sua obra em
cerâmica encontra-se hoje na Biblioteca Municipal de Forino, província de
Treviso, Itália.
Fontes:
Depoimento e documentação de Oswaldo Ballarin à Autora, a 24 de julho de 1969.
Bibliografia: -
Pietro Girace, in Il Mattino, Nápoles, s.d.
- Catálogo da
“Galleria d’Arte Vanvitelli”, Nápoles, novembro-dezembro de 1957.
- “A exposição de
pintura de Zina Aita”, in A Gazeta, 8 de março de 1922.
(Amaral, Aracy A. In: Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora
34, São Paulo, 5ª Edição revista e ampliada, 1998 – pp. 257/258).
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De Marta Rossetti Batista: "Tanto Sérgio
Milliet quanto Mário de Andrade destacaram sua qualidade de colorista. O
primeiro a vê como moderna na cor, mas realista no desenho. Realmente, nas
aquarelas de 1923 (reproduzidas no livro de Aracy Amaral) e no desenho da
Coleção Mário de Andrade, Zina Aita preservou e valeu-se da perspectiva e do
espaço tradicionalmente construídos - impressão reforçada pelo pouco que se
pode ver na fotografia da individual de 1922. Sérgio Milliet, ao falar de 'um
certo realismo', refere-se a 'telas rebuscadas de interpretação' - talvez, as
resolvidas em técnica impressionista ou pontilhista, à espátula. Mário de
Andrade separa estas obras das outras, a pincel, de "tendência moderna
nenhuma" - e aqui lembramos Retrato de moça, da coleção da família Ronald
de Carvalho, a cabeça em torsão, pinceladas largas, bom colorido, mas não
claramente empenhada em pesquisas novas. Parece-nos evidente, pelos textos de
ambos, um dualismo na produção da jovem Zina Aita. Talvez, os trabalhos a
espátula, caracteristicamente impressionistas ou pontilhistas, fossem suas
experiências mais avançadas em termos de atualização. A reprodução do grande
painel exposto na individual de 1922, que se entrevê na foto, sugere solução
pontilhista. Nessa experimentação a artista teria chegado mesmo a obras bem
sucedidas, como a pintura Petrópolis."
(Jeanne Milde, Zina Aita: 90 anos. Apresentação de Geraldo
Magalhães. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990, p. 27).
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De Walter Zanini: "O que a
pintura de Zina Aita revela é em boa parte consequência de estudos
realizados em Florença, para onde se deslocaram quando adolescente, e
contém assimilações várias do ambiente italiano, do art nouveau, ingredientes
'cerebrais' do modernismo parisiense pós-impressionista, impondo-se mais que
tudo a observância da linha do retour à l'ordre, de largo domínio no decênio de
1920, ou seja, o abandono da ideia de vanguarda e a re-assimilação
da figuratividade de padrões clássicos. Também desde logo se delineara uma
tendência decorativista em sua produção - fruto, é certo, do aprendizado junto
a Galileo Chini - como indicam os títulos de três das oito obras exibidas na
Semana de Arte Moderna: a de nº 47, Paisagem Decorativa, a de nº 48, Máscaras
Siamesas e a de nº 51, Painel Decorativo. O material apresentado se dispersou,
mas a pequena e conhecida cena de operários calçando uma rua, que subsistiu,
documenta o uso de defasada técnica divisionista. Yan de Almeida Prado trouxe o
testemunho de Zina Aita como expositora de 1922 que mais agradou ao público. É
bem provável que para isso concorresse o lado decorativista da pintora, um
traço característico de sua personalidade. Desse interesse que suscitou é
evidência ainda a bem sucedida mostra na livraria de Jacinto Silva. Sua
presença na Semana marcava-se certamente pela não recorrência aos ismos. Ela
remetia-se um pouco atrás, para o seu impulso. Uma aquarela representando um nu
feminino, do ano seguinte, influenciado por Degas, denota suas virtudes de
desenhista, visível em outros trabalhos de 1923, nanquim ou aquarelados. De sua
inspiração em Gustav Klimt e seu refinado sentido decorativo, é, mais tarde,
quando vivia fora do Brasil, o Friso, com imagens de mulheres compungidas, que
dedicou a Mário de Andrade."
(Zanini, Walter. Jeanne Milde, Zina Aita: 90 anos. Apresentação
de Geraldo Magalhães. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990,
pág. 28).
-x-x-x-x-x-x-
De Sérgio Milliet: “(...). //ZINA
AITA, do Rio de Janeiro, mais bizarra que original, amando sobretudo a cor e
moderna sobretudo nisso, pois ela conservou um certo realismo no desenho que
não é de bom quilate.
Algumas telas rebuscadas de interpretação
não me fazem mudar de opinião”.
(Amaral, Aracy A. In: Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora
34, São Paulo, 5ª Edição revista e ampliada, 1998 – pp. 284. Milliet, Sérgio. In:
“Uma Semana de Arte Moderna em São Paulo” - Lumière, ano 3, nº 7,
Antuérpia, 15 abr. 1922 (Seção “Les Arts Plastiques”). Tradução do original por
Marta Rossetti Batista, publicada originalmente na Revista do Instituto de
Estudos Brasileiros, nº 34, São Paulo, 1992).
-x-x-x-x-x-x-
TEXTO RESUMIDO: Segundo descrição
de Maria de Fátima Fonseca Fontes Piazza (Departamento de História – UFSC) e
Clarice Caldini Lemos (Mestranda em História – UFSC), em “A Ilustração na
América Brasileira entre a Tradição e a Modernidade”, 2008, editado na Revista
Esboços, n. 19, da UFSC, Florianópolis, SC, pp.167/168:
“Na edição de número 22, de outubro de
1923, Zina Aita desenhou a mulher de perfil, recurso bastante usado por outro
expoente das artes gráficas do período, o tcheco residente em Paris, Alphonse
Mucha (1860-1939). Os arabescos e a longa cauda do pavão completam a ilustração
da artista, tendo como centro um perfil feminino com longos cabelos e vestido
ondulante. Também, nessa ilustração, a artista está em sintonia com o estilo do
norte-americano que residiu em Londres e Paris, James Mc Neill Whistler
(1834-1903), conhecido por seus pavões. Na capa da edição de número 30, de
junho de 1924, Zina Aita denota a influência da arte japonesa, com elementos
presentes nas gravuras orientais. A tendência nos seus desenhos são motivos
botânicos estilizados, arabescos, ornamentos e símbolos, destacando-se em
algumas capas o medalhão. //Nas capas do número 23, de novembro de 1923, e de
número 27, de março de 1924, os desenhos de Zina Aita acentuam a linha fina
“cauliforme” do escocês Charles Rennie Mackintosh (1668-1928), que era “um
motivo fitomórfico, em que a verticalidade linear de seu desenho abria-se em
padrões de circunvoluções e em diversos elementos articulados”. Mackintosh, bem
como outros representantes da art nouveau, tinha preferência pela
riqueza de padrões em arabescos. //Os artistas gráficos do período, entre os
quais Di Cavalcanti e Zina Aita, foram influenciados pelos trabalhos de
Beardsley, Mucha e Whistler, entre outros.”.
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SINOPSE DO LIVRO PHILIPPE STARCK:
“(...).
Convencida por estes amigos, participou da Semana de 1922. É a artista mais
jovem do grupo, com apenas 22 anos na ocasião. O mais importante registro, na
verdade uma prova - já que os catálogos da Semana não são fontes confiáveis
pelas inúmeras alterações no programa - de sua passagem por São Paulo na época
da Semana, é um retrato tirado na individual que fez na livraria O Livro. Na
foto, ela aprece com Anita Malfatti, com quem manteve contato durante toda a
vida. Segundo conta Aracy Amaral em Artes Plásticas na Semana de 22 (Edusp),
vários modernistas adquiriram obras da artista, como Graça Aranha, Yan de
Almeida Prado e Wilhelm Haarberg. Mas Zina Aita, apesar do diferencial de seus
trabalhos, não era considerada realmente uma modernista. Pendia realmente para
a arte decorativa, com tendência impressionista. Tanto Sérgio Milliet quanto
Mário de Andrade destacaram sua qualidade de colorista. O primeiro a vê como
moderna na cor, mas realista no desenho. (...) Parece-nos evidente, pelos
textos de ambos, um dualismo na arte da jovem Zina Aita, escreve Marta Rossetti
Batista, pesquisadora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), no catálogo da
mostra. Mário de Andrade, três anos depois da Semana, indignado com a colocação
de Ronald de Carvalho sobre a pintora em seu livro Estudos Brasileiros escreve:
Naquela enumeração de artistas modernistas, pôr a Zina Aita em primeiro
lugar? Eu sou amigo da Zina, com ela me carteio até agora, admiro o talento
dela, mas acho impossível numa enumeração pô-la antes de Anita Malfatti. Além
disso (...), a Zina não tem nada de propriamente moderno. O modernismo se
distancia de seu trabalho ainda mais quando é obrigada pela família a retornar
à Itália. Lá, decide se dedicar à cerâmica, tornando-se conhecida no país por
este trabalho, chegando mesmo a receber prêmios. (...)”.
(Judith Carmel-Arthur, tradução de Luis Antonio Araujo – Editora Cosac
& Naify, 2000).
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TEXTO PARCIAL DA “Temporalidades - Revista Discente do Programa de
Pós Graduação em História da UFMG”: “(...). //A
realização da exposição da pintora modernista Zina Aita, de curadoria do
próprio Mattos, através da Sociedade Mineira de Bellas Artes, e as
críticas favoráveis a essa exposição no Diário de Minas (tecidas por Mattos sob
o pseudônimo de FLY) sugerem tentativas, por parte do pintor, de instigar o
interesse do público em geral para as produções artísticas. Esses episódios,
por outro lado, não demonstram uma vontade de Mattos de impedir a atuação dessa
artista na capital mineira.
A exposição de Zina Aita, realizada no Palácio
do Conselho Deliberativo em 1920, é identificada como um evento que revela
os primeiros traços da modernidade artística em Minas, sendo uma experiência
que antecedeu a própria Exposição de Arte Moderna de 1922. Em um momento
adverso às manifestações artísticas revolucionárias, considerando o contexto
provinciano e conservador de Belo Horizonte, a jovem pintora de 20 anos, de
origem italiana e recém chegada de Florença, encontrou em Aníbal Mattos o apoio
necessário para realizar sua exposição caracterizada por muitos como “bizarra”.
Mattos ainda redigiu crítica favorável a
Aita no jornal oficial do Partido Republicano Mineiro, o Diário de
Minas. Nas palavras do próprio Mattos em uma entrevista para o jornal Folha
de Minas em 31 de Dezembro de 1944:
A Sociedade Mineira de Belas Artes
patrocinou, com seus esforços, a 1ª exposição individual de arte moderna nesta
capital e talvez no Brasil. (...) a da artista belorizontina Zina Aita, em uma
das salas do conselho deliberativo. As colunas do Diário de Minas consagraram a
jovem patrícia. A seção de arte do jornal era minha e foi com entusiasmo que
incentivei seu esforço completamente novo no ambiente pacato de Belo Horizonte
de ontem.
Estas informações, de que Aníbal Mattos
promoveu a exposição da jovem Zina Aita e ainda teceu elogios à mesma em sua
coluna de crítica de arte, lançam uma nova luz sobre a figura desse relevante
promotor cultural das artes mineiras. Os memorialistas que resgatam a história
das artes plásticas em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX não
deixaram de exaltar a centralidade da figura de Mattos, que realizou numerosos
feitos no campo intelectual da cidade, como lembrou Fernando Pedro da Silva. O
pintor promoveu várias exposições de Belas Artes, incentivando a atividade
artística local, além de ter reservado espaço permanente em seus artigos no
jornal Diário de Minas, para assuntos inscritos no campo das artes
plásticas. “A imprensa escrita foi importante para a emergência da crítica de
arte e também para o aumento da repercussão dos eventos artísticos que ocorriam
em Belo Horizonte, na medida em que atraíam um numero cada vez maior de
interessados sobre o assunto.”.
(Sarah de Barros Viana Hissa (Mestranda em Antropologia/UFMG) e outros,
in: Aníbal Mattos: fomentador das artes plásticas na Belo Horizonte do início
do século XX - p. 104 - Temporalidades - Revista Discente do Programa de
Pós-graduação em História da UFMG, vol. 2, n.º 2, Agosto/Dezembro de 2010 -
ISSN: 1984-6150 - www.fafich.ufmg.br).
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