sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CULTURA PELA CULATRA: MÁRIO DE ANDRADE NA JOGADA

"REVISTA E" (SESC)
&
LEYLA PERRONE-MOISÉS
&
JOSÉ MIGUEL WISNIK
Na minha querida Piraju – SP, não existe Agência do SESC (Serviço Social do Comércio). Desde o final de 2007, ao adquirir alguns livros de uma Editora da cidade amada do Mário de Andrade, recebi alguns exemplares da “REVISTA E”, cuja Coordenação Geral é do Ivan Paulo Gionnini e o Diretor Responsável é o Miguel de Almeida (se ainda não travou o chip da minha memória, tive o prazer de conhecê-lo na Secretaria de Cultura... é já faz um tempão). Bem, isso não interessa. O que interessa é o seguinte: ao receber de presente o exemplar da citada Revista, de Janeiro/2008 - nº 7, tive a satisfação de ler uma entrevista (págs. 10 a 14), que a escritora Leyla Perrone-Moisés: (autora do livro Vira e Mexe Nacionalismo – Paradoxos do Nacionalismo Literário, pela Companhia das Letras), concedeu via e-mail, que considero uma das entrevistas mais elucidativas que tive oportunidade de ler, exatamente pelo fato da referida entrevistada não se esquivar e nem utilizar invencionices quando o assunto é, por exemplo, a melindrosa comparação entre as ideologias dos Andrades: Mário e Oswald. Uma verdadeira obra a entrevista. Não uma simples obra... Uma obra literária e mais alguma coisa, que este pobre mortal aqui não consegue encontrar palavras mais substanciosas e coloquiais para expressar o verdadeiro significado, principalmente pelo fato de estar estudando o mencionado livro da Leyla – que não é um livro apenas para ser lido, mas estudado e discutido.
Proemiei as linhas acima não apenas para divulgar a entrevista com a Leyla Perrone-Moisés e a Revista E, do SESC. Através da revista cheguei ao site:
www.sescsp.org.br e tive a felicidade de degustar matérias espetaculares e de um ineditismo descomunal. Dentre elas encontrei esta “pérola” de texto do José Miguel Wisnik. Sem pensar, utilizando-me dos artifícios que o sistema informatizado oferece dei um Ctrl+c, pois ela merece ser divulgada em todos os sites, blogs, e-mails, missivas, jornais, etc, et cetera e tal. E aí está à disposição dos visitantes do Blog RETALHOS DO MODERNISMO.


CULTURA PELA CULATRA
(José Miguel Wisnik)


"quando ouço falar em cultura, saco meu revólver" (de um oficial nazista)
"quando ouço falar em cultura, saco meu talão de cheques" (de um empresário)
"quando ouço falar em cultura, escondo meu talão de cheques" (de um outro empresário)

Quando escreveu Macunaíma Mário de Andrade tinha um projeto estético explícito, no qual a rapsódia do "herói sem nenhum caráter" se inscreve: basear a arte brasileira na cultura popular rural. Isso significava pesquisar lendas, provérbios, repentes, reisados, cocos, aboios, congos e congados para fazer do imenso reservatório do folclore rural brasileiro a matéria prima e a referência técnica da cultura letrada.
Mário pôs nesse projeto um empenho normativo e doutrinário, como se pode ver no Ensaio sobre a música brasileira, onde diz que artista no Brasil que não se dedicar à formação de uma cultura de expressão nacional com base no folclore é "pedregulho na botina" a ser jogado fora. Pode-se dizer que seu intuito era encontrar o "caráter" de um Brasil "sem caráter" unindo dois mundos separados por um fosso abissal: o da cultura erudita transplantada de base européia e o das culturas populares espalhadas pelo território brasileiro, que testemunhavam a criação inconsciente do povo através dos séculos de colonização.
Tratava-se, portanto, de unir o popular e o erudito, o oral e o escrito, numa síntese que resultaria ao mesmo tempo de muita pesquisa (coisa que ele diz nos textos programáticos) e do pulo do gato da intuição artística (coisa que ele só diz fazendo, nos textos criativos, fora do alcance dos imitadores epigonais que acreditam nas receitas).
Friso aqui o detalhe decisivo: para o autor de Macunaíma a chave de tudo (que tiraria a produção intelectual da sua irrelevância e a colocaria a serviço de uma causa nacional) estaria no compromisso da cultura letrada com a cultura popular brasileira, entendida necessariamente como cultura rural, artesanal, anônima e coletiva. Exemplificando: os objetos de sua escolha crítica não são propriamente Pixinguinha ou Sinhô, músicos do nascente mercado de música urbano-industrial, mas Chico Antônio, coqueiro repentista do Nordeste; não é o samba carioca mas o samba rural paulista; não é o futebol mas o bumba-meu-boi.
A aposta era discutível, embora isso não fosse evidente nos anos 20: num Brasil que se industrializava, Mário jogou toda a sua intenção programática num projeto de cultura de base artesanal e pré-industrial (até em aparente contradição com o seu próprio Modernismo militante de autor da Paulicéia desvairada).
Pode-se dizer no entanto que essa escolha expressa nele, mais do que um purismo folclórico qualquer (aliás incompatível com as misturas paródicas de Macunaíma), o sentimento de uma encruzilhada parecida com aquela que já se aventou sobre Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda: se o Brasil se moderniza deixa de ser Brasil (porque perde, junto com o atraso, as singularidades secretas de sua formação, expressos no tesouro vivo e perecível da cultura popular); se o Brasil permanece Brasil não se moderniza (e se arrisca a, descolado da cena mundial, perecer de suas feridas abertas e auto-devorantes).
Oswald de Andrade deu a esse dilema uma orientação positiva: devorando o que o devora o Brasil seria, quanto mais moderno, tanto mais Brasil (encontramos formulações parecidas nas considerações de Caetano Veloso sobre o Tropicalismo). Já Mário de Andrade sofre o dilema de uma forma agônica, conflituada e interrogativa.
Pode-se supor, lendo Macunaíma, que ele sentisse ou intuísse que era preciso entrar na modernidade da indústria sem perder a identidade popular forte, difusa e ao mesmo tempo perpetuamente instável num país paradoxalmente vocacionado para a modernidade (porque sua identidade sempre foi inseparável da diferença) e sempre incapaz de tornar-se propriamente moderno (porque, entre outras coisas, não põe e não conhece limites, nem ou principalmente os seus próprios).
Essa é exatamente, aliás, a ferida do herói "sem nenhum caráter", na sua "dialética rarefeita entre não-ser e ser outro": tribal e moderno, selvagem e citadino, "tupi tangendo alaúde", não tem para onde voltar e nem para onde ir. Pode-se mesmo dizer que não sabe como chegar aonde já está, ou ficar onde chegou, no transe em que se despedaça e se transforma em estrela (e em livro).
Dar forma a esse impasse e a esse enigma, ao mesmo tempo agônico e libertador, é um dom de Macunaíma, texto profético - no sentido de que diz cifradamente coisas que a realidade não para de repor.
Agora ao ponto: quando escolheu a cultura popular rural e ostensivamente não-urbana como o Outro salvador da cultura brasileira, Mário tomou como seu modelo a cultura fora-do-mercado, a cultura no avesso da mercadoria, a cultura como o império da não-mercadoria, produzida pelo artista anônimo e coletivo em oposição à "influência deletéria do urbanismo", onde se misturam as influências estrangeiras e os chamativos comerciais e industriais.
Essa oposição ao mercado (embora não formulada nesses termos) o jogava implícita ou explícitamente para um projeto de Estado: o matrimônio com a cultura popular exigiria uma política de Patrimônio, a pesquisa da cultura folclórica faria com que ela fosse trazida para o Museu (obedecendo àquele ditame da ordem das coisas que diz que o destino da arte no capitalismo é necessariamente o mercado ou o museu).
Cifradamente Macunaíma fala, bem a propósito, de um assunto atual: a pedra muiraquitã, amuleto do herói, perdida no mundo tribal, cai no mercado-museu do mercador gigante "comedor de gente". A intriga gira em torno dessa pedra perdida, dotada originalmente de um valor-de-uso mágico (como a arte) e que agora gira em falso e sem lugar, entre o povo, o mercado e o museu. Mário sofreu pessoalmente esse drama, e às vezes suspeita-se mesmo que morreu disso: dejetado do Departamento de Cultura que dirigia, no primeiro tranco do Estado Novo, assiste por outro lado, impotente, à mercantilização crescente da cultura.
Mas a questão é muito mais do que pessoal (embora se concretize sempre em relações pessoais) porque num tempo - o nosso - em a cultura envolveu-se, toda, na esfera do mercado (mídia, marketing, mershandising, patrocínio), e em que nenhum objeto artístico parece poder passar sem a marca de uma logomarca, o projeto fracassado de Mário se realiza exatamente pelo avesso, ferindo a cultura pela culatra.
No outro dia (...) o herói percebeu que xetrara mesmo duma vez e nunca mais que podia aparecer na rua Maranhão porque agora Venceslau Pietro Pietra já o conhecia bem.
Imaginou imaginou e ali pelas quinze horas teve uma idéia. Resolveu enganar o gigante. Enfiou um membi na goela, virou Jiguê na máquina telefone e telefonou pra Venceslau Pietro Pietra que uma francesa queria falar com ele a respeito da máquina negócios. O outro secundou que sim e que viesse agorinha já porque a velha Ceiuci tinha saído com as duas filhas e podiam negociar mais folgado.
A cena está no Capítulo VI de Macunaíma: "A francesa e o gigante". Venceslau Pietro Pietra (mascate imigrante enriquecido, que é também o gigante Piaimã) tem a pedra muiraquitã em seu poder. Macunaíma quer recuperá-la mas já fracassou (literalmente frito) na sua primeira incursão ao palacete da rua Maranhão (da qual só se salvou graças aos proverbiais atributos mágicos do irmão mais velho, Maanape feiticeiro). Agora ataca novamente, não mais como caçador do mato (que enfrentasse numa luta tribal o gigante Piaimã), mas metamorfoseado numa curiosa espécie de homem-de-negócios em travesti: travesti-de-negócios. Tudo pela troca das trocas: trata-se (tratante) de falar a mesma linguagem do negociante novo rico, aproveitando o câmbio favorável de macho para fêmea num roça-roça de sexos implícitos. Voz melíflua e aflauteada pelo "membi" (flauta-tupi) simulado na garganta. O irmão preto Jiguê no papel colonial de "muleque de recado" é transformado, rápido e repente, no objeto urbano-industrial "máquina telefone". Ainda não há secretária executiva bilíngue: o próprio homem de negócios atende, morde a isca e se propõe e dispõe a negociar com a "francesa" em "randevu" folgazão na casa-de-família vazia, que naquele momento é também casa vazia-de-família.
Então Macunaíma emprestou da patroa da pensão uns pares de bonitezas, a máquina ruje, a máquina meia-de-seda, a máquina combinação com cheiro de casca-sacaca, a máquina cinta aromada com capim cheiroso, a máquina decoletê úmida e patchuli, a máquina mitenes, todas essas bonitezas, dependurou dois mangarás nos peitos e se vestiu assim. Pra completar inda barreou com azul de pau campeche os olhinhos de piá que se tornaram lânguidos. Era tanta coisa que ficou pesado mas virou numa francesa tão linda que se defumou com jurema e alfinetou um raminho de pinhão paraguaio no patriotismo para evitar quebranto. E foi no palácio de Venceslau Pietro Pietra. E Venceslau Pietro Pietra era o gigante Piaimã comedor de gente.
A jogada de cena: uma verdadeira parafernália de fetiches femininos em strip-tease às avessas. Já de há muito Macunaíma depreendeu pelo espírito da coisa que na máquina-cidade tudo é "máquina": se no mundo tribal cada coisa que existe é habitada por espíritos míticos, na máquina-cidade cada espírito é habitado por coisas, coisas que fazem coisas e coisas que troca-trocam coisas. É certamente a seus olhos ("olhinhos de piá" agora se quebrando lânguidos sob o efeito da máquina-maquiage) um tipo de animismo um pouco diferente do animismo selvagem: em vez de conjurar e exconjurar os bons e os maus espíritos, as coisas, animadas pelo comércio entre as próprias coisas, são máquinas de trocas trocadas pela máquina-dinheiro. Mas aqui o fetichismo do mundo animista e selvagem se confunde com o fetichismo da máquina-mercadoria, pois é tudo sedução do feitiço e coisa feita. E no caso da cena acima, quando o herói completa seu trans-vestido de "francesa", era tanta coisa feita (maquinaria de feitiço fetichismo fazendo surgir a mulher fatal) que ela mesma se defuma com jurema (planta feiticeira) e se inventa para si um amuleto caprichado ("raminho de pinhão paraguaio") espetado num hipotético lugar metonímico ("o patriotismo"). Fetichismo do amuleto tribal (a muiraquitã), fetichismo da sedução sexual (o travesti), fetichismo da mercadoria (a coleção do gigante negociante colecionador).
(...) Lá chegado encontrou o gigante no portão, esperando. Depois de muitos salamaleques Piaimã tirou os carrapatos da francesa e levou-a para uma alcova lindíssima com esteios de acaricoara e tesouras de itaúba. O assoalho era um xadrez de muirapiranga e pau-cetim. A alcova estava mobiliada com as famosas redes brancas do Maranhão. Bem no centro havia uma mesa de jacarandá esculpido arranjada com louça branco-encarnada de Breves e cerâmica de Belém, disposta sobre uma toalha de rendas tecidas com fibras de bananeira. Numas bacias enormes originárias das cavernas do rio Cunani fumegava tacacá com tucupi, sopa feita com um paulista vindo dos frigoríficos da Continental, uma jacarezada e polenta. Os vinhos eram um Puro de Ica subidor vindo de Iquitos, um Porto imitação, de Minas, uma caiçuma de oitenta anos, champanha de São Paulo bem gelada e um extrato de jenipapo famanado e ruim como três dias de chuva. E inda havia dispostos com arte enfeitadeira e muitos recortados de papel, os esplêndidos bombons Falchi e biscoitos do Rio Grande empilhados em cuias dum preto brilhante de cumaté com desenhos esculpidos a canivete, provindas de Monte Alegre.
As relíquias do Brasil: madeiras nobres da mata, artesanatos norte-nordestinos, culinária indígena e urbano-antropófaga, bebidas e beijus fabricados nos confins da Amazônia, em Minas, em São Paulo, no Sul. O regatão enriquecido Venceslau Pietro Pietra sublimou suas andanças de mascate colecionando o país todo nos ícones indicativos de sua casa-palacete, que se constitui num Brasil em miniatura, e de sua propriedade. A descrição não deixa de ter algo a ver com os próprios saraus e salões de Dona Olívia Guedes Penteado, ou seja, da burguesia industrial do café paulista que patrocinou o Modernismo, e nos quais "a cozinha, de cunho afro-brasileiro, aparecia em almoços e jantares perfeitíssimos de composição" (como nos conta, em outro lugar, o próprio Mário de Andrade). Juntar mercado e museu, indústria e arte, produção e patrocínio, colecionar o Brasil, será um atributo dos Prados, Penteados e Amarais, a oligarquia futurista paulista, mas também mais tarde, de outro modo, da família do conde Matarazzo, aqui propriamente o comerciante imigrante enriquecido cujo sobrenome ficou associado ao mercado (das indústrias) e ao museu (a Bienal de São Paulo). Esse arquétipo e entidade sociológica paulista reencarnar-se-á por sua vez, em tempos de cultura de massa, em Silvio Santos, protótipo do comerciante imigrante enriquecido, resguardado no recesso do seu império empresarial-midiático, detendo em seu poder o sortilégio do amuleto-fetiche da fortuna dentro do Baú da Felicidade (cuja sede cerca literalmente, num cinturão engolidor de propriedade-poder, o Teatro Oficina / Macunaíma) . Algo desse perfil façanhudo, associado a origens e trajetória semelhantes, é por sua vez reconhecível na figura de Paulo Salim Maluf.
Mas não nos confundamos com os vários avatares de Pietro Pietra. No Macunaíma ele faz uma aparição chiquíssima, como acabamos de ver na descrição da alcova.
A francesa sentou numa rede e fazendo gestos graciosos principiou mastigando. Estava com muita fome e comeu bem. Depois tomou um copo de Puro pra rebater e resolveu entrar no assunto de chapéu-de-sol aberto. Foi logo perguntando si o gigante era verdade que possuía uma muiraquitã com forma de jacaré. O gigante foi lá dentro e voltou com um caramujo na mão. E puxou pra fora dele uma pedra verde. Era a muiraquitã! Macunaíma sentiu um frio por dentro de tanta comoção e percebeu que ia chorar. Mas disfarçou bem perguntando si o gigante não queria vender a pedra. Porém Venceslau Pietro Pietra piscou faceiro dizendo que vendida não dava a pedra não. Então a francesa pediu suplicando pra levar a pedra de emprestado pra casa. Venceslau Pietro Pietra mais uma vez piscou faceiro falando que de emprestado não dava a pedra também não.
- Você imagina então que vou cedendo assim com duas risadas, francesa? Qual!
- Mas eu estou querendo tanto a pedra!...
- Vá querendo!
- Pois tanto se me dá como se me dava, regatão!
- Regatão uma ova, francesa! Dobre a língua! Colecionador é que é!
Depois da aparição, tão desejada, da muiraquitã, que tem o condão de despertar as profundas emoções que nela se concentram, vem a negociação, desde o início anunciada. A francesa joga charme e o regatão regateia, recusando. Fetiche contra fetiche num desenho lógico, mas sem moeda de câmbio capaz de trocar muiraquitã e sexo. No impasse, a francesa rebaixa o mercador: "regatão!". Na resposta, o regatão eleva seu preço e revela a nova chave do seu valor: "colecionador é que é!". Trata-se de um "colecionador célebre", como ele se apresenta a seguir, tendo mostrado o exemplário inumerável do seu acervo ("Tinha turquesas esmeraldas berilos seixos polidos, ferragem com forma de agulha, crisólita pingo d’água tinideira esmeril lapinha ovo-de-pomba"... numa lista sem fim de pedras guardadas no seu grajaú sem fundo). Mas não é difícil discernir um sentido simbólico nesse "colecionador" literal: a palavra remete à esfera da arte, e o que eram antes as mercadorias do negociante tornaram-se agora peças de museu, funcionalmente apartadas do corre-corre do mercado e suspensas no valor quase inapreçável de sua aura. À parte as mercadorias, o mercador coleciona como que obras de arte, entre as quais, "jóia da coleção", reina inegociável a pedra muiraquitã (mercadoria que quintessencia o seu valor originário de puro fetiche).
Não há como falar aqui dos qüiproquós que se seguem, quando Venceslau quer cobrar à risca as promessas implícitas da "francesa", que por sua vez afeta surpreender-se com a literalidade do seu Outro ("Será que o gigante imagina que sou francesa mesmo!... Cai fora, peruano senvergonha!").
O fato é que a cena engraçada capta algo da estrutura das relações que se fixaram no mundo cultural que conhecemos, em que museu e mercado passaram a manter uma distinção muito tênue. Só temos a ganhar em reconhecer que "gigante" e "francesa" preenchem as funções de patrocinador e patrocinado, curador e curado, entre os quais as noções de arte e cultura estão muitas vezes no lugar do puro fetiche: sedução recíproca que se esvai no jogo de espelhos da vitrine do marketing cultural. Nesse jogo, os artistas vieram perdendo a capacidade da iniciativa, e a cultura curada tendeu a tornar-se, se não é, uma espécie de doença incurável. Para mim a questão continua sendo: mirar no valor singular de uso e de troca da produção cultural, naquilo em que esse valor é irredutível aos do mercado e do museu, contra toda espetacularidade vazia.
Finalmente, mais um sintoma da atualidade de Macunaíma: o Sesc em São Paulo. Quando a política cultural de Estado tornou-se anódina, inexpressiva ou confundida com o crivo do mercado, o Sesc (Serviço Social do Comércio: grajaú sem fundo da coleção do comerciante) torna-se mercado-museu vivo e agente de uma política cultural onde se misturassem a francesa e o gigante, Piaimã-Macunaíma e Macunaíma-Piaimã. Em algum lugar: muiraquitã.

FONTE:
http://www.sescsp.org.br/sesc/sol/index_result.cfm?referencia=201

NOTA: (VALE A PENA ACESSAR)Luiz de Almeida

domingo, 24 de fevereiro de 2008

ZINA AITA: A MODERNISTA MINEIRA ESQUECIDA

ZINA AITA: 
A MODERNISTA MINEIRA ESQUECIDA
(Atualização: Novembro de 2017)
Zina Aita (Foto 1920)


APRESENTAÇÃO
(Luiz de Almeida)

O blog RETALHOS DO MODERNISMO é um dos pouquíssimos que postou texto exclusivo com a Síntese Biográfica e Histórica da artista plástica mineira, nascida em Belo Horizonte (1900), Zina Aita. O registrador de desempenho e operacionalidade do blog apresenta a página da Zina Aita com o maior número de visitas e solicitações desta postagem em pdf, superando páginas sobre a Semana de Arte Moderna, por exemplo. Independente desses dados tenho recebido ao longo do período da pós-postagem, uma enorme quantidade de e-mails com solicitações de estudantes e pesquisadores, sempre buscando mais informações a respeito da citada artista. Como todos os seguidores do Retalhos do Modernismo sabem, sempre procuro pesquisar algo mais a respeito das principais Personagens da Semana de 22 e da Primeira Fase do Modernismo Brasileiro, independente do segmento artístico. Com essa surpresa agradabilíssima, fui obrigado a planejar e retomar minhas pesquisas para obter mais informações a respeito da amiga de Anita Malfatti, Zina Aita, a única representante mineira na Semana de Arte Moderna de 22, em São Paulo.
Iniciei minha busca solicitando informações para várias instituições e para vário profissionais pertinentes. Decepção total. Ninguém responde, como sempre.  E sabem o motivo? Sou “pesquisador autodidata”. Esse é o motivo. É a minha desvantagem. Creio que nem abrem os e-mails imaginando ser spam.
É isso, sempre foi e continuará sendo, pelo menos e ao que tudo indica, enquanto eu estiver solicitando informações aqui no Brasil para instituições que se denominam “importantes”. Mas nem tudo é tão péssimo assim, pois recebi duas colaborações importantíssimas. A primeira: efetiva, maravilhosa, de um amigo do Rio de Janeiro, que gentilmente me enviou três fotos inéditas para o público brasileiro, de obras da Zina, da sua fase de ceramista (Essas obras inéditas poderão ser vistas na “Síntese Iconográfica”, parte final). A segunda, ainda em fase de expectativa: um religioso italiano, que já esteve em Piraju e atualmente reside em Ravello (Itália), e, mesmo me afirmando que não tem muita “habilidade” em pesquisas, se prontificou “procurar” alguma informação na Itália. Vamos esperar.
Quem não é pode acreditar: “Para um autodidata, tudo é difícil”. Mas não são essas dificuldades e nem o de sempre: “ser ignorado por algumas instituições,” que me fazem desanimar. Muito pelo contrário. Estou e estarei sempre lutando contra todos os obstáculos, pois amo o que faço e, depois que criei o RETALHOS DO MODERNISMO, criei também o compromisso com seus “seguidores” e desejo manter minha postura fiel aos objetivos do Blog.
Mesmo não conseguindo o êxito projetado, busquei o possível e o disponível dentro das minhas limitações e encontrei outras informações sobre a Zina Aita. Como poderá ser visto, não são muitas, mas consegui atualizar e “engordar” um pouco mais a antiga postagem do Blog Retalhos do Modernismo, intitulada: Zina Aita - A Modernista Mineira Esquecida. E, deixando de choramingar, vamos ao que mais importa: Zina Aita.

INTRODUÇÃO

ZINA AITA (Tereza Aita): nasceu em Belo Horizonte (MG), no ano de 1900. Foi a única artista representante do estado de Guimarães Rosa e Drummond que participou da Semana de Arte Moderna de 22, em São Paulo. Cultivou amizade especial com Anita Malfatti, Mário de Andrade, Ronald de Carvalho e Manuel Bandeira. Amizade essa, que no livro organizado pelo Marcos Antonio de Moraes: "Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira" - Editora Edusp, São Paulo - 1ª Edição - 2000, encontramos, por exemplo, uma carta de Bandeira para o Mário, datada de 23 de fevereiro de 1924 (pp. 115 a 117 e notas 1 e 2), onde poderemos verificar que havia entre eles uma amizade íntima, pois na referida carta é relatado assunto que poderemos considerar como “puramente confidencial”, tratando-se da época, do assunto propriamente dito e, principalmente, dos envolvidos. Na descrição da Síntese Biográfica, transcrevi, parcialmente, essa carta, ocupando-me somente do assunto pertinente a Zina Aita.
Como poderemos também verificar na Síntese Biográfica, a franzina senhorinha Zina Aita teve uma participação efetiva na Semana de 22, expondo várias obras. Zina também realizou exposições individuais e participou de muitas exposições coletivas. Várias das suas obras foram adquiridas por escritores, artistas e gente ligada à cultura, como: Paulo Prado, Yan de Almeida Prado, Nestor Pestana, Graça Aranha e Haarberg (escultor).
Zina Aita também participou de ilustrações gráficas, como as das capas da revista editada no Rio de Janeiro por Elysio de Carvalho, “América Brasileira: Resenha da Actividade Nacional”. (Ver texto resumido sobre as ilustrações realizadas por Zina Aita no tópico “Depoimentos e Comentários”). Após sua mudança para Nápoles, continuou estudando, participando de exposições e atuou mais fortemente na arte da cerâmica decorativa, recebendo vários prêmios.
A vida pessoal da artista é uma incógnita. Data exata do nascimento? Foi casada? Teve filhos? Data exata do falecimento? Nada, absolutamente nada é encontrado. Catalogação das obras? Esqueçam. Se esses dados existem e são fidedignos, estão camuflados. Lamentável.
Infelizmente, difícil saber o motivo: ZINA AITA "foi e é" considerada como artista secundária nos estudos e nas referências sobre a Semana de 22 e o Movimento Modernista. Pouquíssimos pesquisadores e mestres demonstraram preocupação pela obra e vida dessa artista mineira. Talvez o fato de ter deixado o país venha colaborar com esse fato (dizem alguns), mas não pode ser uma justificativa respeitosa. Aracy A. Amaral é uma das únicas mestras da literatura nacional que traz informações com credenciais sobre Zina.
Concluindo esta simples introdução, solicito a gentileza do prezado leitor que, caso encontrem mais informações sobre Zina Aita, e se prontificarem a “engordar” mais um pouco esta postagem, entre em contato com o RETALHOS DO MODERNISMO. Por enquanto:

SÍNTESE BIOGRÁFICA E HISTÓRICA DE ZINA AITA
 
1900 – Nasce em Belo Horizonte – MG, Tereza Aita;
Adendo Cultural: Nasce em Belém do Pará, Ismael Nery.
Adendo Brasil: Comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil. 7 de maio: em São Paulo, foi inaugurada a primeira linha de bonde elétrico, que partia do Largo São Bento com destino ao bairro da Barra Funda.

Adendo Cultural no período de 1901 a 1913:
1901: 17 de maio: nasce em São Paulo, o poeta bissexto Luís Aranha (faleceu em 1987), participante da Semana de 22 e da Revista Klaxon.
1902: Anita Malfatti (1889-1964) inicia seus primeiros estudos de desenho e pintura com a mãe; 25 de julho: foi inaugura a primeira exposição coletiva nacional de relativa significância realizada em São Paulo, capital, foi a Exposição de Belas Artes e Artes Industriais, em um edifício localizado no Largo do Rosário, exposição exibiu 406 trabalhos de pintura, escultura, artes industriais, cerâmica, cutelaria, desenho, arquitetura e fotografia, de artistas nacionais e estrangeiros residentes no País. Tarsila do Amaral (1886-1973), com 16 anos, viaja à Europa com os pais, matriculando-se no Colégio Sacré-Coeur, em Barcelona, quando inicia suas primeiras experiências com pintura. 24 de janeiro: nasce em Porto Alegre aquele que seria o “divulgador da estética modernista” no Rio Grande do Sul, Augusto Meyer.
1903: 5 de junho: início das obras do futuro palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Teatro Municipal de São Paulo, um projeto de Ramos de Azevedo. 30 de dezembro: Nascimento do artista plástico Cândido Portinari, numa fazenda próxima de Brodowski (SP). Com 9 anos, chega ao Brasil, Victor Brecheret (1894-1955).
1904: Inaugurado o primeiro cinema brasileiro no Rio de Janeiro.
1905: O artista plástico Lasar Segall (1891-1957) inicia estudos de arte na Academia de Desenho em Vilna do mestre Lev Antokolski (1872-1942). 2 de janeiro: início das obras para construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Surge no Rio de Janeiro a primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos para crianças: O Tico-Tico. Ano da inauguração da Pinacoteca do Estado de São Paulo, gestão do presidente paulista Jorge Tibiriçá Piratininga, com a participação do mecenas e senador estadual Freitas Valle (1870-1958).
1906: Criado em S. Paulo o Conservatório Dramático e Musical. Ocorre mudança na direção da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, com Eliseu Visconti (1866-1944) sendo eleito para substituir Henrique Bernardelli (1858-1936).
1907: No Rio surge a revista Fon-Fon! - que foi o reduto dos simbolistas. O artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973), (Registrado com o nome: Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Martyr Patricio Clito Ruíz y Picasso), lança o Cubismo.
1908: 29 de setembro: morte de Machado de Assis, escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras. No Rio de Janeiro é lançado o filme do cinematógrafo Pathé, Nhô Anastácio Chegou de Viagem, considerado a primeira comédia nacional. Surge no Rio a revista Careta, reduto dos parnasianos.
1909: Felipo Tommaso Emilio Marinetti (1876-1944), escritor italiano, lança o Primeiro Manifesto Futurista no jornal Le Figaro, que irá influenciar os escritores modernistas, principalmente Oswald de Andrade (1890-1954), ano que este inicia sua carreira de jornalista. 14 de julho: inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo presidente Nilo Peçanha (1867-1924) com capacidade para 1.739 espectadores. 15 de agosto: assassinato do escritor Euclides da Cunha. Novembro: Joaquim José de Carvalho (1850-1918) funda a Academia Paulista de Letras.
1910: Anita Malfatti, em agosto, financiada pelo seu tio e padrinho, Jorge Krug (falecido em 1919), embarca para Alemanha no navio Cap Arcona, chegando a Berlim no dia 7 de setembro. Iniciou os estudos de pintura no ateliê do artista Fritz Burger (1867-1916), o seu primeiro mestre, onde estudou o “segredo da composição da cor” e as teorias de subdivisão da cor. Em Londres acontece a primeira Exposição Pós-Impressionista (Manet e outros pós-impressionistas), organizada por Roger Fry. Após o manifesto geral dos pintores futuristas, a Igreja da Europa impõe ao clero um “juramento anti-modernista”. Ano que o expressionismo alemão ganha força. A Pinacoteca do Estado de São Paulo é constituída oficialmente.
1911: Anita Malfatti matricula-se na Academia Lewin Funcke, cujo professor era Franz Heinrich Louis Corinth, que utilizava o pseudônimo de Lovis Corinth (1858-1925), pintor expressionista alemão. Na XXII Exposição da Primavera em Berlim, o termo expressionismo(*) foi aplicado pela primeira vez. Em agosto: Oswald de Andrade funda o semanário humorístico O Pirralho. Mário de Andrade (1893-1945) ingressa no Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 12 de setembro: com apresentação da ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas, é inaugurado o Teatro Municipal de São Paulo. A Lei nº 1.271, de 21 de novembro, assinada pelo então presidente do Estado de São Paulo, dr. Manoel Joaquim de Albuquerque Lins (1852-1926), no seu bojo, dispõe sobre a organização da Pinacoteca do Estado de São Paulo e, em 14 de dezembro, acontece a I Exposição Brasileira de Belas-Artes.
(*) O Expressionismo é um movimento artístico que procura a expressão dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação objetiva da realidade. Este movimento revela o lado pessimista da vida, desencadeado pelas circunstâncias históricas de determinado momento. A face oculta da modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram presentes nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os sentimentos mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste movimento é a angústia existencial. 
1912: Oswald de Andrade viaja para a Europa. O Senador José de Freitas Valle, político paulista influente, passa a receber na sua residência, na Vila Kyrial, toda a intelectualidade paulista (escritores, músicos, artistas plásticos, arquitetos, etc.). Oswald de Andrade retorna da Europa com o “Manifesto Futurista” do poeta italiano Marinetti, publicado pelo jornal Le Figaro, em 1909. Acontece a Exposição Futurista em Paris. 22 de abril: Criação do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, através do Decreto nº 2.234, sociedade que promovia concertos e espetáculos com virtuosos, conjuntos de câmara e orquestras sinfônicas.
1913: Mário de Andrade é contratado como professor do Conservatório de São Paulo, para lecionar História da Música. Em março: Lasar Segall realiza sua primeira exposição em São Paulo, inaugurada no dia 2 de março e encerrada a 5 de abril, à Rua São Bento, 85. Expos também em Campinas (SP), em junho, no Centro de Ciências, Letras e Artes. 19 de outubro: Nasce no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes.

Adendo Brasil no período de 1901 a 1913:
1901: 19 de outubro: Santos Dumont (1873-1932), pilotando o balão nº 6, dá a volta em torno da torre Eiffel, em Paris, percorrendo 11 quilômetros.
1902: 15 de novembro: Rodrigues Alves (1848-1919) assume o poder e começa a reconstruir e sanear o Rio de Janeiro. Irá governar até 1906.
1903: 28 de maio: em São Paulo, realiza-se o II Congresso Socialista (o I é de 1892), que funda o Partido Socialista do Brasil. No Rio de Janeiro acontece novo surto de febre amarela. Também no Rio, em agosto, acontece uma greve geral pela jornada de 8 horas e por melhores salários. Oswaldo Cruz (1872-1917) inicia campanha de saneamento para combater a febre amarela no Rio de Janeiro.
1904: 31 de outubro: Aprovada a lei de vacinação obrigatória contra a varíola. No Rio de Janeiro explode a revolta popular contra a vacinação obrigatória. Washington Luís (1869-1957) é eleito deputado estadual por São Paulo. 15 de novembro: Rodrigues Alves sancionou a nova lei eleitoral da República, que tomou o n° 1.269, conhecida pelo nome de Lei Rosa e Silva. Essa lei revogou a Lei Eleitoral n° 35 de 26 de janeiro de 1892.
1905: Lançadas as candidaturas para presidente e vice-presidente de Afonso Pena (1847-1909) e Nilo Peçanha (1867-1924). A Light, empresa canadense fundada em 1899, começa sua atuação no Rio de Janeiro. Já atuava na cidade de São Paulo. Washington Luís integrava ativamente a Assembleia Nacional Constituinte defendendo a autonomia dos municípios frente aos governos estaduais e federal.
1906: No Rio de Janeiro acontece a Conferência Pan-Americana. 1º de maio: é eleito presidente do estado de São Paulo. Seu governo terminará em maio de 1912. 23 de outubro: primeiro voo em avião por Santos Dumont, em Paris. Em Taubaté (SP) é assinado o “Convênio de Taubaté”, visando favorecer os cafeicultores. 15 de novembro: posse do presidente da República Afonso Pena e o vice Nilo Peçanha. Irão governar até 1909.
1907: Em maio: começa uma greve geral em São Paulo, onde os trabalhadores reivindicam a jornada de 8 horas de trabalho e aumento salarial. A greve durou um mês.
1908: 7 de abril: o socialista Gustavo de Lacerda (1854-1909), funda a Associação de Imprensa, mais tarde Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com objetivo de defender a liberdade de expressão e os interesses dos jornalistas. Em maio: aprovada é aprovada a Lei do Serviço Militar obrigatório, iniciativa do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), então Ministro da Guerra. Manuel Joaquim de Albuquerque Lins, em 1º de maio, toma posse como presidente do estado de São Paulo.
1909: 15 de junho: morre o presidente Afonso Pena. Posse de Nilo Peçanha. Seu governo terminará no ano seguinte. A campanha para presidência da República, em 1909-10, foi a primeira efetiva disputa eleitoral da vida republicana. O marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, saiu candidato com o apoio do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e dos militares. São Paulo, na oposição, lançou a candidatura de Rui Barbosa (1849-1923), em aliança com a Bahia. Santos Dumont, em 13 de novembro, em Paris, apresenta outro avião construído por ele, o Demoiselle, oito vezes menor que o 14-Bis, e capaz de voar a 96 km por hora.
1910: 1º de março: Hermes da Fonseca vence as eleições para presidente e em 15 de novembro toma posse, abalando a “política do café com leite”, pondo em prática a chamada “política das salvações”, visando assim acabar com as oligarquias cafeeiras e concentrar o poder. Durante o governo de Hermes da Fonseca ocorreu a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, de 22 a 27 de novembro. Foi um levante de cunho social, realizado em subdivisões da Marinha, sediadas no Rio de Janeiro. O objetivo era por fim às punições físicas a que eram submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o uso da santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. Os marinheiros requeriam também uma alimentação mais saudável e que fosse colocada em prática a lei de reajuste de seus honorários, já votada pelo Congresso. Hermes da Fonseca governou até 1914. O ano de 1910 a tuberculose, considerada Mal do Século, matou mais 3 mil pessoas no Rio de Janeiro.
1911: Ano de lançamento da pedra fundamental da nova catedral de São Paulo, a Catedral da Sé, que levaria 41 anos para ser inaugurada. Hermes da Fonseca, eleito presidente da República, põe em prática a chamada “política das salvações”, visando a acabar com as oligarquias cafeeiras e a concentrar o poder.
1912: Em S. Paulo, 17 de maio: devido o aumento da infração, começam as greves operárias reivindicando aumento de salário.
1913: 28 de junho: morre o ex-presidente Campos Sales.

1914 – Zina vai com a família para Nápoles – Itália. Inicia seus estudos com Galileo Chini, na Academia de Belas Artes;
Adendo Cultural: Em Zurique, Nova Iorque e Paris, surgem as primeiras manifestações do Dadaísmo. Lima Barreto (1881-1922) publica Numa e a Ninfa. Cassiano Ricardo (1895-1974) publica Dentro da Noite. Anita Malfatti, preocupada em conseguir uma bolsa do Pensionato Artístico do Estado para aprimorar seus estudos em Paris, preparou sua primeira mostra individual, inaugurada no dia 23 de maio, num salão no primeiro andar da Casa Mappin Stores, Rua 15 de Novembro, 26, em São Paulo, permanecendo aberta até junho, com o título: “Exposição de Estudos de Pintura Annita Malfatti”. Expos 33 obras: gravuras, desenhos, esboços, aquarelas e óleos. No final do ano, Anita viaja aos Estados Unidos, Nova York, para continuar seus estudos. 18 de novembro: nasce em Restinga Seca (RS), Iberê Camargo.
Adendo Brasil: 15 de janeiro: Washington Luís (1869-1957) toma posse como prefeito da cidade de São Paulo. Deixará a prefeitura somente em 16 de agosto de 1919. 1º de março, Venceslau Brás (1868-1966) elege-se presidente da República e toma posse em 15 de novembro. É o retorno da política do “café-com-leite”.

Adendo Cultural no período de 1915 a 1917:
1915: No final de 1914, Anita Malfatti retornara aos EUA. Em Nova York, matriculou-se na tradicional escola Art Students League, onde teve aulas com Georg Brant Bridgman (1864-1943) e Dimitri Romanovsky (s.d.–1971). Não teve nenhum interesse em estudar gravuras e então matriculou-se na Independent School of Art. Lá conheceu o pintor e filósofo Homer Boss (1882-1956).
1916: Em agosto, Anita Malfatti retorna ao Brasil. Tarsila do Amaral começa a trabalhar no ateliê de William Zadig (1884-1952). No Rio de Janeiro acontece a Exposição Geral de Belas Artes.
1917: Di Cavalcanti (1897-1976) muda-se para São Paulo e ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.  Trabalha como bibliotecário no jornal O Estado de S. Paulo, seu primeiro emprego remunerado. Posteriormente foi promovido a revisor, e escrevia pequenos textos. Inicia seu relacionamento com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia (1895-1988), Guilherme de Almeida (1890-1969), Monteiro Lobato (1882-1948) e outros futuros modernistas paulistas17 de maio: Freitas Valle dá início ao 1º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, terminando em 16 de agosto. Tarsila do Amaral, em São Paulo, estuda com Pedro Alexandrino (1856-1942). Em 12 de dezembro, Anita Malfatti organiza nova exposição em sala térrea cedida pelo Conde Lara [Antônio de Toledo Lara – empresário do ramo de café e empreendedor. Nasceu em Tiete (SP), em 21/12/1864 e faleceu em São Paulo, em 20/4/1935], na Rua Libero Badaró, 111 – considerada a primeira exposição de Arte Moderna do Brasil. Expõe 53 obras, maioria com tendência impressionista, obras realizadas nos Estados Unidos (período: 1915/16), e outras realizadas em São Paulo (período: 1916/17). Também expos algumas obras de pintores amigos norte-americanos. Suas obras chocaram o público. Na primeira semana vendeu oito obras. Em 20 de dezembro, Monteiro Lobato publica, na pág. 4, da edição vespertina do jornal O Estado de S. Paulo, o artigo: “A Propósito da Exposição de Malfatti” (Lobato transcreveu em 1919 no seu livro “Idéas de Géca Tatú”, Edição da Revista do Brasil, com o título mais explícito de: Paranoia ou Mistificação? - e subtítulo: A Propósito da Exposição Malfatti), em Artes e Artistas, artigo em que condena a mostra com críticas duras e severas. Essa exposição foi a que serviu para aglutinar os “moços de 22”, dentre eles: Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Brecheret, Guilherme de Almeida e outros.

Adendo Brasil no período de 1915 a 1917:
1915: Nilo Peçanha toma posse com a retaguarda das tropas federais. É aprovado o Código Civil Brasileiro, disciplinando o Direito privado. 8 de setembro: o gaúcho Pinheiro Machado, nascido em 8 de maio de 1851, político influente na esfera federal, é assassinado no Rio de Janeiro.
1916: É publicado por Álvaro Bomilcar (1874-1957) estudo sobre o preconceito de raça no Brasil. Altino Arantes Marques (1876-1965), em 1º de maio assume como presidente eleito do estado de São Paulo. Governará até maio de 1920. Promulgado o Código Civil Brasileiro que fora aprovado em 1915, e Implantado o Serviço Militar Obrigatório no território nacional.
1917: Em São Paulo, greve geral imobiliza todo parque industrial. No Brasil acontece a famosa “queima” de 3 milhões de sacas de café com alegação de evitar a queda de preços no mercado internacional.

1918/1919 – Zina volta para o Brasil; Expõe no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro;
Adendo Cultural no período de 1918 e 1919:
1918: Em Agosto: acontece a 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), Rio de Janeiro. Cândido Portinari (1903-62) matricula-se na ENBA, onde já estuda Ismael Nery (1882-1948). Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) expõe em Recife. Anita Malfatti, ressentida com a crítica de Monteiro Lobato, recua para o impressionismo. Monteiro Lobato, em maio, adquiri a Revista do Brasil, que a manteve nos sete anos seguintes, até a falência dos seus negócios em 1925, totalizando 113 números. 18 de dezembro: morre o poeta Olavo Bilac. Tarsila do Amaral, temporariamente, pinta no ateliê do mestre alemão Georg Elpons.
1919: Acontece no Rio de Janeiro a 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na ENBA, em agosto. Tarsila do Amaral, em definitivo, inicia estudos de pintura com George Elpons. Vicente do Rego Monteiro continua com sua exposição em Recife. Ferrignac (Ignácio da Costa Ferreira – 1892-1958) expõe em Roma. Mário de Andrade faz sua primeira viagem a Minas Gerais. Cecília Meireles (1901-64) publica sua primeira obra literária: Espectros. Lima Barreto publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Manuel Bandeira (1886-1968) publica Carnaval. Guilherme de Almeida publica A Dança das Horas e Messidor.

Adendo Brasil no período de 1918 e 1919:
1918: A “gripe espanhola” faz milhares de vítimas. Em São Paulo morrem mais de 8 mil pessoas no mês de outubro. No Rio de Janeiro, a situação foi mais grave, pois morreram aproximadamente 17 mil pessoas. 1º de março: Rodrigues Alves é eleito presidente e, vitimado pela epidemia da “gripe espanhola”, falece em 16 de janeiro de 1919, sem tomar posse. Posse de Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1868-1920), interinamente na presidência da República. Maria José Rebelo (1891-1936) é aceita no Ministério do Exterior, tornando-se a primeira mulher diplomata brasileira.
1919: 2 de janeiro: Delegação brasileira parte para a Conferência de Paz, em Versalhes. 16 de janeiro: vitimado pela gripe espanhola, morre, no Rio de Janeiro, Rodrigues Alves. Epitácio Pessoa (1865-1942), em eleição extraordinária, vence Rui Barbosa e é eleito presidente. Toma posse em 28 de julho.

1920 – Zina realiza sua primeira exposição individual “Exposição de Arte Moderna”, no Palácio do Conselho Deliberativo, em Belo Horizonte. Essa exposição é identificada como um evento que revela os primeiros traços da modernidade artística em Minas Gerais. Sobre a sua primeira exposição, Aníbal Matos, edita artigo na Folha de Minas, em 28 de janeiro, assinando com o pseudônimo de “Fly”. Rodrigo Vivas Andrade, na sua Tese de Doutorado: “Os Salões Municipais de Belas Artes e Emergência da Arte Contemporânea em Belo Horizonte: 1960-1969”, pela Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, em 2008, faz uma descrição espetacular sobre a participação de Zina Aita nas Artes em Minas Gerais, como descrito parcialmente abaixo, cf. páginas: 37 a 41 – ainda: para maior ênfase nesta Síntese Biográfica, destaco alguns trechos “entre aspas, em itálico e sublinhado”:

- A Primeira Exposição Moderna, segundo Cristina Ávila, é “considerada bizarra pela crítica, obtém, no entanto, comentários positivos no jornal Diário de Minas em matéria assinada por FLY (pseudônimo de Aníbal Matos)”. (ÁVILA, 1991, p.8).
Hipoteticamente, o termo “bizarro”, utilizado nos jornais mineiros, refere-se muito mais a uma quebra da rotina que propriamente a uma desqualificação da mostra desta pintora, fato que pode ser percebido pela análise do conjunto de matérias publicadas nos jornais mineiros em 1920. Nesse caso, na própria matéria assinada por Aníbal Matos, o termo “bizarro” também é utilizado, mas com mesmo sentido mencionado acima.
Duas matérias são publicadas no jornal Diário de Minas simultaneamente à abertura da exposição de Zina Aita, ambas assinadas por Matos. Na primeira, ele apresenta o ambiente artístico de Belo Horizonte; na segunda matéria, entrevista Aita. (...).
Aníbal Matos possui um papel fundamental na Exposição de Arte Moderna de Zina Aita, pois, além de financiá-la, apresenta a exposição publicando duas matérias no jornal Folha de Minas. Em sua descrição da capital mineira, Matos aponta que a cidade nova e formosa, começa a ter razões de orgulho dos seus filhos. Já há uma geração moça que poderá, pelo brilho de inteligência, firmar a sua glória ao lado de outras cidades mineiras”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
Na continuação do artigo, o artista faz uma comparação da formação dos artistas plásticos com profissionais de outras áreas: “nossas escolas superiores já têm dado bacharéis, médicos e engenheiros nascidos na cidade moça, dos crepúsculos de ouro”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920). Enfim, conclui que, naquele momento, estaria surgindo uma artista capaz de produzir o mesmo reconhecimento no campo das artes que o já existente em outros campos profissionais de Minas Gerais. Todavia, justamente para um público como o de Belo Horizonte, pouco familiarizado com questões estéticas, a visita à exposição de Zina Aita exigiria bastante esforço, pois É verdade que ainda não atingimos um grau de perfeita cultura estética; isso não é de admirar, pois, mesmo nas grandes cidades do Brasil, essa cultura ainda não atingiu o apogeu”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
Na década de 1920, a cultura artística, mesmo em cidades como São Paulo, ainda não era consolidada, mas “isso, porém, não impede que tenhamos uma maioria, talvez, capaz de admirar com sinceridade e compreensão um certame artístico” (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920), conclui o artigo.
O cuidado na condução do texto de Aníbal Matos é compreensível, pois dialoga com uma artista que busca justamente romper com os ideais estéticos defendidos pelo pintor. Ele reconhece que a pintura de Zina Aita possui características estéticas diferentes do cenário artístico belo-horizontino. Para Matos A senhorita Zina Aita vai apresentar-se com uma pintura bem diversa daquela que o público está habituado a ver. Isto não quer dizer que Belo Horizonte já não tenha admirado a arte moderna. Contudo essa apresenta modalidades várias, tendo a artista patrícia escolhido uma diversa das quais que aqui têm sido exibidas”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
O trecho acima pode ser considerado muito mais uma construção retórica que propriamente um fato confirmado na cena artística de Belo Horizonte. Até a década de 1920, as exposições realizadas são, na sua maioria, patrocinadas pelo próprio pintor-colunista e não possuíam nenhuma característica moderna. Percebe-se, entretanto, a multiplicidade de papéis que Aníbal Matos representa. Nesse momento, atua como colunista de um jornal e não propriamente um patrocinador da exposição. Este comentário pode, à primeira vista, parecer estranho, mas Matos tenta diferenciar as atuações de colunista, pintor e patrocinador da exposição de Aita. Não se deve entender que Matos produzisse visões independentes a cada tipo de atuação, apenas possuía a capacidade de diferenciar os seus campos de atuação.
Após Matos analisar as condições ideais para a compreensão de uma exposição como a de Zina Aita, refere-se especificamente às obras apresentadas na exposição.
Para muita gente, é de esperar, a pintura impressionista e bizarra da senhorita Zina Aita será uma aberração, mas somente para os olhos, que não sabem distinguir Belas Artes de artes menores”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
É possível reconhecer a habilidade do colunista que, para explicar o aspecto de diferenciação estética da obra de Zina Aita, acaba por utilizar categorias que a arte moderna tenta destituir como o conceito de Belas Artes e as divisões entre artes maiores e menores. Não serão revisadas as modificações reivindicadas pela arte moderna, mas cabe ressaltar que o conceito forjado para Belas Artes não faz mais sentido em um programa artístico que tenta justamente romper com os processos de institucionalização da arte como ocorria no estilo acadêmico. Tal afirmação mostra-se coerente, se for considerado que Matos, realmente, conhece as mudanças reivindicadas pela arte moderna. Para finalizar, Matos informa:
Essas opiniões, contudo, não calarão no espírito de pessoas alguma. Estamos certos que a pintora mineira terá devidamente apreciados os seus trabalhos, e não lhe faltarão o apoio moral e o êxito material muito justo e compensador de seu nobre esforço”. (FLY, Folha de Minas, 28/01/1920).
O primeiro artigo, como foi mencionado anteriormente, resume-se a alguns comentários sobre o cenário artístico da cidade de Belo Horizonte e faz referências genéricas à obra de Zina Aita. Na segunda matéria, entretanto, a entrevista realizada por Aníbal Matos cria um efetivo diálogo com Aita. Matos assim descreve as primeiras impressões sobre o encontro:
Procuramos a pintora a fim de colher algumas informações de sua vida de artista. Em sua residência, improvisada de ateliê, tivemos ensejo de uma palestra em que admiramos a sua inteligência viva”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Aita esteve na Itália por seis anos, dividindo-se entre as cidades de Roma, Florença, Milão e Veneza. Sua formação deve-se em grande parte ao pintor Galileu Chini, que segundo ela “era célebre decorador e colorista excepcional. Com ele, após os estudos acadêmicos, continuei a trabalhar. Galileu Chini mesmo na Academia, esforça-se para que os seus discípulos possam desenvolver, livremente, seus dotes artísticos. Creio que ele notou em mim certa originalidade”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
A artista refere-se à possível originalidade contida em sua produção o que permite que seu entrevistador concorde e afirme que, além de original, possua muito talento. A autovalorização de Zina Aita parece um indício de insegurança, contudo compreensível, dada à pressão da entrevista, que estava sendo realizada por um artista consolidado como Aníbal e, ao mesmo tempo, responsável pela instituição que estava patrocinando a exposição da pintora. Não se pode esquecer de que Zina Aita é uma jovem artista de 20 anos que excursiona em um ambiente artístico alheio à produção artística moderna.
Aita acabara de realizar uma exposição no Rio de Janeiro, sendo recebida com “franca simpatia no meio artístico e [suas pinturas] foram objeto de interessantes discussões” fato que possibilitou que ela enfrentasse “o público e a crítica”. (FLY, Folha de Minas 30/01/1920). Especificamente sobre a recepção do público, Zina Aita explica que teria sido “Boa e má. Boa para os artistas que conhecem a evolução da arte moderna e compreendem as novas escolas. Má para uma parte do público, para a “burguesia artística” (...). Essa ficou assombrada, como era de esperar”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Na continuação da entrevista, Aníbal Matos realiza, em suas palavras, uma pergunta embaraçosa ao pedir que Zina Aita compare o ambiente artístico carioca com o de Belo Horizonte, ao que ela respondeu:
Aqui... para lhe falarmos com franqueza, essa “burguesia artística” é bem maior. O senso estético ainda é privilégio especial. Os artistas são os “bandeirantes” da nova cruzada de ideal, estilo, é claro, sujeitos não a flechadas dos índios, mas a pedradas nos olhos (...)”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Zina Aita estaria referindo-se a Matos quando menciona a “burguesia artística mineira”? Este tema embaraçoso é desconstruído por Matos ao afirmar que “isso, porém, senhorita, não a impressionará. Vemos, com prazer, que o seu temperamento é combativo”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920). Aníbal ainda persiste na discussão sobre o ambiente artístico mineiro, mencionando sua própria contribuição para o desenvolvimento das artes em Minas Gerais, ao perguntar: “Mas, em Belo Horizonte, existe uma Sociedade de Belas Artes?” A resposta de Zina Aita parece pouco espontânea.
Sim, é verdade. Essa associação de “heróis” já realizou duas exposições gerais sem o menor auxílio do governo. É um núcleo de sacrificados que assiste, sem direitos de defesa, a deturpação do bom gosto e a vitória passageira do mauroço reacionário dos iconoclastas da arte”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas 30/01/1920).
Essa hipótese é levantada, pois se distingue uma mudança no perfil discursivo de Zina Aita, passando de uma crítica à atuação de uma “burguesia artística” para a valorização da instituição que a legitimava. A entrevista é encerrada com informações sobre o estilo da pintora:
Classificam-me de orientalista, simbolista e até de futurista. Não sou nada disso, procuro apenas ser o que me dita o meu senso estético, seguindo os conselhos do meu mestre”. (FLY, Uma artista bellorizontina. Folha de Minas, 30/01/1920).

- Zina Aita também realiza exposição individual no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e participa ainda da 27ª Exposição Geral de Belas Artes, Rio de Janeiro;
Adendo Cultural: Acontece no Rio de Janeiro a 27ª Exposição Geral de Belas Artes. Tarsila do Amaral viaja para Europa fixando-se me Paris e frequenta a Académie Julian, e estuda com Emile Renard (1873-1951). Em maio: Vicente do Rego Monteiro, pintor pernambucano, após sua exposição em Recife, expõe em São Paulo. Em dezembro, Mário de Andrade começa escrever Paulicéia Desvairada. Victor Brecheret realiza exposição da primeira maquete do Monumento às Bandeiras, na Casa Byington, em São Paulo. Chega ao Brasil: John Graz, artista plástico suíço, e participa com obra na 27ª Exposição Geral de Belas Artes. Expõe, em dezembro, no Salão do Cinema Central, em São Paulo, juntamente com Regina Gomide Graz (1897-1973), decoradora, esposa de Antônio Gomide (1895-1967). Graz irá participar em 1922, da Semana de Arte Moderna. Em 6 de dezembro, Menotti Del Picchia, no Correio Paulistano, escreve o artigo Futurismo, assinando como Hélios, trazendo à tona a nova estética. Anita Malfatti realiza nova exposição individual, a terceira, iniciada dia 18 de novembro até 4 de dezembro, no Clube Comercial de São Paulo, com o objetivo de ganhar uma bolsa de estudos. O governo reconheceu seu talento, mas quem recebeu a bolsa foi o escultor Victor Brecheret.
Adendo Brasil: A Ford instalou sua primeira fábrica de montagem no Brasil. Nesse mesmo ano, foi inaugurada a primeira linha de ônibus urbanos de São Paulo. Em 1º de maio, Washington Luís Pereira de Souza toma posse como presidente eleito do estado de São Paulo. Irá governar até maio de 1924. 7 de setembro: criada a Universidade do Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa proíbe a participação de jogadores negros no selecionado brasileiro.

1921
Adendo Cultural: Sérgio Milliet (1898-1966) e Rubens Borba de Moraes (1899-1986) voltam da Europa e divulgam os autores europeus de vanguarda. Graça Aranha (1868-1931) e Plínio Salgado (1895-1975) aderem ao modernismo. Graça Aranha publica A Estética da Vida. 9 de janeiro, realizou-se um banquete no Palácio Trianon, São Paulo, para comemorar o lançamento da obra As Máscaras, de Menotti Del Picchia. Nesse evento, Oswald de Andrade faz um discurso criticando os autores passadistas e exaltando a arte moderna. 8 de março: tem início o 2º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando em 15  de junho. Também em março: Anita Malfatti realiza exposição individual no Vestíbulo do Politeama Rio Branco, em Santos (SP). É criada em São Paulo a “Sociedade Paulista de Belas Artes”, com a finalidade de incentivar o gosto pela arte. Em 27 de maio, Oswald de Andrade, no Jornal do Comercio de São Paulo, o artigo “O Meu Poeta futurista”, envolvendo Mário de Andrade num grande escândalo. Segundo Mario da Silva Brito: “O poeta (Mário de Andrade) sofre, então, em nome da literatura moderna, os mesmos vexames sofridos, poucos anos antes, por Anita Malfatti, em nome da pintura avançada”. Victor Brecheret, em 14 de junho, parte para a França. 23 de junho: morre no Rio de Janeiro, aos 40 anos, o escritor João do Rio, que usava o pseudônimo de Paulo Barreto. Di Cavalcanti expõe, em novembro, os desenhos originais do livro Fantoches da meia-noite, na O Livro, em São Paulo, Rua 15 de Novembro. Nessa exposição conhece o escritor Graça Aranha, como também iniciou as conversas com os futuros moços e intelectuais paulistas. Di Cavalcanti promoveu a aproximação dos modernistas cariocas logo após o encerramento de sua exposição. Surge definitivamente a ideia de organizar a Semana de Arte Moderna.
Adendo Brasil: 14 de novembro: morte da princesa Isabel (nasceu em 1846), no Castelo d´Eu, na França. Artur da Silva Bernardes (1875-1955) é eleito presidente.  

1922 – Participa da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, realizada em fevereiro, com os trabalhos: A Sombra, Estudo de Cabeça, Paisagem Decorativa, Máscaras Siamesas, Aquarium, Figura e Painel Decorativo, além de 25 Impressões. Aracy Amaral no seu Artes Plásticas na Semana de 22, Editora 34, São Paulo, 1998, 5ª Edição, p. 129, afirma: “(...). Quando foi preparada a Exposição da Semana de Arte Moderna, Zina Aita se encontrava no Rio de Janeiro”. Nas pp. 135/136, dessa mesma obra, encontramos outra afirmação da autora mencionando Zina Aita na programação da Semana: “Pintura – Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Zina Aita, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi, Regina Graz, John Graz, Castello e outros”. Em março realizou em São Paulo, na livraria “O Livro”, exposição individual com 46 pinturas, obtendo sucesso de crítica e venda. Faz ilustrações para a revista Klaxon. Participa ainda da 27ª Exposição Geral de Belas Artes, no Rio de Janeiro;
Adendo Cultural: Mário de Andrade é nomeado para a cátedra de História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Publica Paulicéia Desvairada. Em fevereiro, em São Paulo, são realizados os festivais da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal. Os três dias principais foram: 13, 15 e 17. Era o início do Movimento Modernista no Brasil. O pernambucano Vicente do Rego Monteiro, teve 10 obras expostas no evento, mas não esteve presente. Entre os literatos a grande ausência foi a de Manuel Bandeira, na ocasião estava impossibilitado de viajar do Rio até São Paulo. Da. Olívia Guedes Penteado (1872-1934), desde 1919 na Europa, retorna a São Paulo depois da Semana de Arte Moderna, da qual tomou conhecimento através do amigo Paulo Prado (1869-1943). Inicia-se em 15 de maio, a publicação da Revista Modernista Klaxon, em São Paulo. Com capa criada por Guilherme de Almeida, Klaxon termina em janeiro de 1923 com as edições números 8/9. René Thiollier (1882-1968), um dos mecenas da Semana de Arte Moderna, financiou o aluguel do Teatro Municipal para a realização do evento, publica seu primeiro livro O Senhor Dom Torres. 22 de março: Tem início o 3º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando em 21 de junho. Em junho, Tarsila do Amaral retorna ao Brasil e, em São Paulo, é apresentada aos modernistas por Anita Malfatti. Forma-se o “Grupo dos Cinco”, composto por Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Mário e Oswald de Andrade. Em 2 de Agosto é assinado o Decreto Nº 15.596, Ato de criação do Museu Histórico Nacional. Em setembro acontece em São Paulo o I Salão da Sociedade Paulista de Belas Artes, no Palácio das Indústrias, e Tarsila e Anita participam. Em 12 de outubro é inaugurado o Museu Histórico Nacional. 1º de Novembro: morre no Rio de Janeiro o escritor Lima Barreto. Em novembro: Tarsila do Amaral parte para a Europa e é aceita no Salon officiel des artistes français. Cândido Portinari expõe pela primeira vez uma obra sua no Salão Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Mário de Andrade publica Paulicéia Desvairada.
Adendo Brasil: 5 e 6 de julho: Revolta do Forte de Copacabana. Os jovens tenentes revoltosos marcham pela Av. Atlântica e são fuzilados pelas tropas do Governo, escapando da morte apenas dois tenentes. Dezesseis mortes, dentre elas a de um civil que aderiu à Marcha. Era o início do “tenentismo”. 7 de setembro: primeira emissão de rádio no Brasil durante as Comemorações do Centenário da Independência, realizada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, transmitindo o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. (Embora na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o surgimento do rádio no Brasil é marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco por Oscar Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919). Realiza-se no Rio de Janeiro a exposição comemorativa do Primeiro Centenário da Independência.

1923 Em 2 de fevereiro, Manuel Bandeira escreve a Mário de Andrade, citando Zina Aita. Na sequência, parte parcial da referida carta transcrita do livro organizado por Marcos Antonio de Moraes: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira, Edusp/IEB, São Paulo, 2ª Edição, 2001, pp. 82, 84; Nota 2: Nota 6, da p. 85:

- Petrópolis, 2 de fevereiro de 1923.
Mosela 350

Caro Mário.

(...).
// No outro dia tive o prazer de ver o seu rosto distendido num riso feliz em uma fotografia que me foi mostrada pela Zina Aita (2). Sabe se ela está morando aqui? (Mais uma razão para você vir a Petrópolis). Ainda está muito magrinha.
(...).
// Adeus. Um abraço do

Manuel.

Nota 2: A pintora Zina Aita (1900-1958) foi apresentada ao grupo modernista de São Paulo por Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho. (...). Liga-se de amizade a Anita Malfatti, com quem se encontrará em 1924, em Nápoles, onde Zina, por circunstâncias familiares se instalará definitivamente. Em 1927, a pintora parece ter se afastado do grupo brasileiro. MA comenta em carta de 26 de dezembro a Anita Malfatti, que estudava em Paris: “Perdi mesmo inteiramente de comunicação Zina Aita e nem sei onde está. Será que ainda está em Nápoles?”. (...). (Ver nesta Síntese Biográfica: 1927 – Adendo).

- Zina participa de exposição coletiva no 1.º Salão da Primavera, no Rio de Janeiro. As capas das edições 22 (outubro) e 23 (novembro) da revista América Brasileira: resenha da Actividade Nacional, editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro, estampam desenhos de Zina. Retorna para Nápoles;
Adendo Cultural: 21 de março: Tem início o 4º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando em 20 de junho. O ano de 1923 foi quando realmente o Modernismo no Brasil começou a ter seu momento áureo. Tarsila do Amaral, em Paris, estuda com o pintor cubista e também escultor André Lhote (1885-1962), na escola de Monstparnasse. Frequenta o curso de Albert Gleizes (1881-1953), teórico do cubismo, e estagia no ateliê de Fernand Léger. Nesse ano ela pinta A Negra. Em agosto: Anita Malfatti viaja para a França (Paris) para cursar desenho, onde encontram-se outros artistas brasileiros: Di Cavalcanti, Brecheret, Rego Monteiro (1899-1970), Sérgio Milliet, Antônio Gomide e Tarsila. Lasar Segall muda-se para o Brasil, residindo na cidade de São Paulo. No final do ano, dezembro, Tarsila retorna ao Brasil. Realiza-se no Rio de Janeiro o “I Salão da Primavera”.
Adendo Brasil: 1º de março: morre Rui Barbosa. 21 de abril: Edgard Roquete Pinto (1884-1954) e Henry Morize (1860-1930), fundam a primeira estação de rádio brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 9 de setembro, falece Hermes da Fonseca.

1924 – Viaja para o Rio de Janeiro. 23 de fevereiro, Manuel Bandeira escreve carta para Mário de Andrade, onde menciona Zina Aita. Na sequência, parte parcial da referida carta transcrita do livro organizado por Marcos Antonio de Moraes: Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira, Edusp/IEB, São Paulo, 2ª Edição, 2001, pp. 115/116; Nota 1: Nota 2, da p. 117:

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro
Mário,

(...).
// Embarcou Zina Aita hoje. Almoço no Heins.
Agora:
O que lhe contaram de Anita não era intriga. Houve de fato um mal-entendido entre vocês dois. Ela está apaixonada por você e esperava que você se definisse no sentido em que você não tinha intenção. Escreveu-lhe uma carta em outubro falando claramente no assunto e não teve resposta de sua parte. Está agitada e balança entre:
Amor-próprio ofendido, se você recebeu a carta e não quis responder; apreensão de que a carta tenha ido parar a outras mãos que não as suas.
Estas coisas soube por Zina, a quem Anita pediu segredo de tudo isso. A carta que Zina escreveu a você, perguntando notícias de Anita era para provocar de sua parte uma referência à recepção da tal carta. (Ver Nota 1, no final deste adendo).
Contei a Zina a nossa conversa aí, citando as suas palavras: “Anita não podia esperar isso de minha parte pois desde o começo defini a minha posição com ela. Gosto muito dela como amiga e camarada.” Mais ou menos.
Zina acha também que Anita se enganou e tomou talvez por palavras de amor as mesmas de afeto que você manda a outras amigas, como a ela própria Zina.
Zina indagou de mim se de fato você não gostava da Anita de outra maneira e eu respondi que isso se depreendia da nossa conversa aí. E que dada essa conversa, certamente você não tinha recebido tal carta.
Zina quis muito escrever-lhe sobre isto, mas o segredo pedido por Anita, embaraçava-a. Eu pedi licença para escrever contando tudo. Convenci-a que era melhor assim.
Você reflita sobre o caso e se achar que deve escrever a Zina, faça-o para Posta Restante, Nápoles.
Não escreva a Anita diretamente, pois não sei o que Zina dirá a ela. Anita espera-a em Roma para saber de alguma coisa sobre a carta, sobre você, etc. Aconselhei, e não sei se fiz mal, que Zina tirasse essa ideia da cabeça da outra, explicando-lhe a sua atitude.
Outra coisa: um antigo professor de Anita contou a Zina que ela era casada. Zina indagou de mim se sabia alguma coisa. Anita nunca falou nisso. Também a intimidade delas é recente e começou a propósito de você. Quando Anita passou para a Europa, Zina percebeu que ela ia apaixonada por você.
E foi tudo. Abraços para você de Zina e

do Manuel.
Curvelo 51.

Nota 1:
“Tens tido notícias da Anita? Notícias frescas?” Indaga Zina em carta a MA. Demonstra na missiva um interesse exagerado, incitando o destinatário: “E que diz ela de interessante? Eu não recebi mais nada depois das primeiras impressões. Que ingrata! Imagino; tenho até certeza de encontrar-me com ela, ou em Florença ou em Roma”. Para que o interlocutor fosse obrigado a tocar no assunto, Zina pede “se fosse possível gostaria que perguntasses pelo telefone à mãe dela se posso ser útil em alguma coisa.” (Rio de Janeiro, 23 jan. 1924). (Arquivo MA, Série Correspondência).

- Em 30 de março: ao chegar em Nápoles, Zina enviou cartão postal para MA:

“Nápoles, 30 mar. 1924./ (...) Chegamos bem depois de uma viagem deliciosa! (...) Estamos morando n’um lugar esplêndido (recorda S. Teresa) e tencionamos ficar definitivamente. Dou o endereço: via Antonina Ravaschieri – 3º Palazzo Lemme – Vomero – Napoli. Tenho esperança em não ser esquecida. Os planos e mil projetos, com a querida Anitinha já estão combinados!!! (...)”.
(Texto parcial da Nota 79, p. 169 do livro: Mário de Andrade – Cartas a Anita Malfatti – Edição organizada por Marta Rossetti Batista, Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1ª Ed. 1989).


- Em 25 de Agosto: Mário de Andrade, em carta a Anita Malfatti, conforme descrito no livro Mário de Andrade – Cartas a Anita Malfatti – Edição organizada por Marta Rossetti Batista, Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1ª Ed. 1989, p. 84, menciona:

S. Paulo 25 de Agosto

Anitinha

(...).
//(...). É engraçado! a pintura brasileira hoje está dependendo das mulheres e nas mãos delas! Tu, Tarsila e Zina sempre caminhando, enquanto os homens decaem. (...).
// Um grande abraço do sempre

Mário

- Em 17 de setembro: em carta de Mário de Andrade a Anita Malfatti, no mesmo livro: Mário de Andrade – Cartas a Anita Malfatti, p. 85, mencionando Zina:

Anita

(...). Viste Zina? Nunca mais me escreveu. No entanto respondi-lhe o cartão de despedidas. (...).
//Abraços, Abraços, Abraços
Mário
Bateu a hora, ouviu?

- Ainda em cartas datadas de 5 e 22 de outubro para Anita Malfatti: Mário volta a perguntar de Zina Aita, conforme descrição no livro já mencionado da Marta Rossetti Batista, p. 86: Em 5 de outubro: “(...). Qual a direção de Zina Aita? (...)”. Em 22 de outubro, p. 89: “(...). Manda-me a direção de Zina Aita e abraços teus. (...)”.
- As capas das edições 27 (março) e 30 (junho) da revista América Brasileira: resenha da Actividade Nacional, editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro, estampam desenhos de Zina Aita. Nesse mesmo ano, Zina viaja para Florença (Itália) e Paris (França). Fixa residência em Nápoles. Dirige fábrica de cerâmica;
Adendo Cultural: 5 de fevereiro: Blaise Cendrars chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, é recebido por Graça Aranha, Ronald de Carvalho (1893-1935), Prudente de Moraes, neto (1904-77), Guilherme de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) e outros. No dia seguinte segue para Santos (SP). Em Santos é recepcionado por Sérgio Milliet, Luís Aranha (1901-87) e Rubens Borba de Moraes. As autoridades brasileiras impediram o desembarque de Cendrars porque ele não tinha um braço. Nenhum imigrante mutilado podia adentrar o solo brasileiro nessas condições, ainda que resultantes de um ferimento de guerra. Horas depois, com a intervenção de Paulo Prado, Cendrars desembarcou e vai para São Paulo, onde é recebido por outros modernistas, entre eles, Couto de Barros (1896-1966). 8 de fevereiro: Lasar Segall abre à visitação pública do seu ateliê, à Rua Oscar Porto, nº 31, em São Paulo, onde recebe a visita de modernistas, entre eles Da. Olívia Guedes Penteado, o senador Freitas Valle, Godofredo da Silva Telles (1888-1980), dr. José Manuel de Azevedo Marques (1865-1943), entre outros. Em março, na Rua Álvares Penteado, 24, Segall realiza Exposição Individual. 21 de fevereiro: Cendrars realiza sua primeira conferência na casa do senador Freitas Valle e outra no salão do Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 9 de março: Tem início o 5º e último Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando em 17 de junho. Em abril: Oswald de Andrade lança o “Manifesto Pau-Brasil”. 23 de março: Segall realiza Exposição Individual à rua Álvares Penteado, 24, em São Paulo e retorna a Berlim. Acontece a viagem do grupo modernista: Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais. Em São Paulo é realizado o “VI Ciclo de Conferências da Vila Kyrial”, com palestras de Mário e Oswald de Andrade, Blaise Cendrars, Lasar Segall e outros. 19 de junho: Graça Aranha profere na Academia Brasileira de Letras a conferência “O Espírito Moderno” e, em seguida, desliga-se da Academia. Com a eclosão da revolução de Isidoro Dias Lopes em São Paulo, contra o governo central da República, Tarsila e Oswald se refugiam com sua família na Fazenda Sertão, propriedade do pai de Tarsila. Setembro: foi lançada no Rio de Janeiro, a revista Estética, fundada por Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes, neto. No exterior, em Paris, Vicente do Rego Monteiro realiza sua primeira exposição individual, na Galerie Fabre. Tarsila regressa, em setembro a Paris. Zina Aita deixa o Brasil fixando-se em Nápoles (Itália). Anita Malfatti participa do Salão de Outono de Paris, no Grand Palais e também participa da Exposition d’Art Latin Américain, no Musée Galleria.
Adendo Brasil: Em março, 31, falece Nilo Peçanha. 1º de maio: Carlos de Campos (1866-1927) é o presidente eleito do estado de São Paulo. Em julho: Revolução Tenentista, de Isidoro Dias Lopes (1865-1949), em São Paulo. Bombardeio em São Paulo e recuo das tropas até Catanduva, interior de São Paulo. Após a ocupação do centro da cidade pelas forças rebeldes, Carlos de Campos refugiara em Guaiaúna, pequena estação de trens, próxima à Vila Matilde. O presidente da República, Artur Bernardes determinou o bombardeio da capital, a despeito dos esforços do prefeito e de lideranças civis, que tentaram evitar a tragédia. A Revolução teve início no dia 5 de julho e termina no dia 23.
         
1925 – 30 de novembro, em carta de Mário de Andrade a Anita Malfatti, conforme descrito no livro Mário de Andrade – Cartas a Anita Malfatti, da Marta Rossetti Batista, pp. 85/86 e Nota 147, p. 181, encontramos:

S. Paulo 30-XI-925

Abraços
Anitoca.

(...). Ontem tive um alegra. Recebi carta da Zina com um esboço a ólio de grade frescura. (147) Como ela é gentil no colorido, não? Você não me tinha mandado contar que ela estivera em Paris... Feia! (...).
//(Não reli nem corrigi. Tou cansado.)
Abraços
Mário

Nota 147 (p. 181): Trata-se, talvez, da obra de Zina Aita – Friso, (1925? 1928?), guache, 24,3 x 24 cm (Cat.15), que integra a Col. MA (MRB e YSL – Col. MA, p.11).
Adendo Cultural: Ano de fundação da Escola de Belas Artes de São Paulo. Ano também de fundação da Biblioteca Municipal de São Paulo, à Rua Sete de Setembro, 37. Foi aberta ao público em 1926. Tarsila do Amaral regressa ao Brasil, em fevereiro e retorna a Paris em dezembro. Tarsila Ilustra o livro Pau Brasil (poesia), de Oswald de Andrade. Da. Olívia Guedes Penteado cria em seu palacete, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua Conselheiro Nébias, São Paulo, o Salão de Arte Moderna, com a reforma de uma antiga cocheira. Lasar Segall realizou a decoração do local, que ficou conhecido como “Pavilhão Modernista”. No Rio de Janeiro, em agosto, acontece a 32ª Exposição Geral de Belas Artes. Mário de Andrade publica a Escrava que não é Isaura. Vicente do Rego Monteiro realiza em Paris, na Galerie Fabre, sua primeira exposição individual.
Adendo Brasil: Acontece na cidade de São Paulo a primeira edição da corrida de São Silvestre, iniciativa do jornalista Cásper Líbero (1889-1943). Em julho: a Coluna Miguel Costa-Prestes inicia sua marcha pelo Brasil. Washington Luís assumiu o posto de Senador por São Paulo.

1926
Adendo Cultural: Tarsila do Amaral faz a 1ª exposição individual em Paris, na Galerie Percier, em 7 de julho, apresentado 17 obras feitas entre 1923 e 1926. Após a exposição Tarsila retorna ao Brasil. Mário de Andrade começa a escrever Macunaíma. Anita Malfatti expõe no Salão da Sociedade dos Artistas Independentes – aberto em março. Primeira vinda do criador do Manifesto Futurista (1909), o escritor, poeta, político egípcio-italiano, Felippo Godoy Tommaso Marinetti, no Brasil. Chega ao Rio de Janeiro e faz palestra no Teatro Lírico, sendo apresentado por Graça Aranha. Blaise Cendrars faz sua segunda viagem ao Brasil. Mário de Andrade publica Primeiro Andar e Losango cáqui. Oswald de Andrade e Tarsila casam-se em 30 de outubro. De 20 de novembro a 5 de dezembro, Anita Malfatti realiza exposição individual na Galerie André, rue des Saints-Pères, que foi inaugurada com uma vernissage no dia 19, com a presença do embaixador brasileiro Luís Martins de Souza Dantas (1876-1954). Ano de fundação da revista Terra Roxa, em São Paulo. Victor Brecheret faz sua primeira exposição individual em São Paulo, Rua São João, 187-A, iniciada em 4 (ou 7?) de dezembro. Ano do lançamento do Manifesto Regionalista, no Nordeste, tendo na liderança: Gilberto Freyre (1900-87).
Adendo Brasil: Washington Luís assume a presidência no dia 15 de novembro.

1927 – 26 de dezembro, em carta de Mário de Andrade a Anita Malfatti, conforme descrito no livro Mário de Andrade – Cartas a Anita Malfatti, citado, pp. 135/136, encontramos:

S. Paulo, 26-XII-27

Anitoca,

(...).
//(...). Perdi mesmo inteiramente de comunicação Zina Aita e nem sei onde está. Será que inda está em Nápoles? Acho que ela vai ficar contente com a lembrança minha. (...).
//(...).
Mário

Adendo Cultural: A 15 de janeiro, Antônio Gomide fez uma de suas poucas exposições individuais: “Exposição Antônio Gomide - Afrescos e Pinturas”, em antiga galeria da Avenida São João, 187.  Anita Malfatti participa do Salão dos Independentes, em janeiro e fevereiro. Participa também do Salão da Tuileries, em abril e do Salon D’Outomme, em Paris. Mário de Andrade, Da. Olívia Guedes Penteado, Dulce (filha de Tarsila) viajam ao Nordeste e Norte do Brasil, chegando até Iquitos, no Peru. Oswald de Andrade publica Primeiro Caderno de Poesias de Oswald de Andrade, com capa de Tarsila do Amaral. Em São Paulo, na Rua Santa Cruz, nº 325, Vila Mariana, o arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972) constrói a primeira Casa Modernista do Brasil, que passa ser sua residência. Os jardins da casa foram projetados pela esposa do arquiteto, Mina Klabin (1896-1969). Mário de Andrade entra como crítico de arte no Diário Nacional, de São Paulo. Lasar Segall naturaliza-se brasileiro e realiza exposição individual em São Paulo, à Rua Barão de Itapetininga, 50. Mário de Andrade publica o romance: Amar, Verbo Intransitivo. René Thiollier, o mecenas da Semana de 22, publica O Homem da Galeria: ecos de uma época. Flávio de Carvalho (1899-1973) apresenta projeto ao concurso para o palácio do governo, em São Paulo. Cícero Dias (1907-2003) realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. 25 de janeiro: nasce no Rio de Janeiro o maestro, compositor, cantor, pianista e violonista, Antônio Carlos Jobim. 24 de novembro: falece, em Bauru (SP), o poeta Rodrigues de Abreu. Em Cataguases, MG, surge a revista Verde com o Manifesto do Grupo Verde de Cataguases, com intuito principal de “Abrasileirar o Brasil”. No Rio de Janeiro, Tasso da Silveira (1895-1968) lança a revista Festa.
Adendo Brasil: Getúlio Vargas (1883-1954) é eleito deputado federal. 27 de abril: falece o presidente do estado de São Paulo, Carlos de Campos. Nesse mesmo dia, Antonio Dino da Costa Bueno, então presidente do senado estadual, assume o poder até 14 de julho, quando Júlio Prestes de Albuquerque torna-se Presidente eleito. Seu governo terminará em outubro de 1930. Fundação do Partido Democrático, com a participação de Mário de Andrade. A Constituição do Rio Grande do Norte concede, pela primeira vez no país, o direito de voto às mulheres.    

Adendo Cultural no período de 1928 e 1929:
1928: Lasar Segall realiza exposição individual, em julho, no Rio de Janeiro, no Palace Hotel. Segall viaja e passa a residir em Paris. Tarsila pinta Abaporu e presenteia a Oswald de Andrade, no aniversário deste. Foi essa obra que deu ideia a Oswald de Andrade, juntamente com Raul Bopp (1898-1984), elaborar um manifesto denominado Antropófago, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em 1º de maio, que contava também com a participação do escritor Alcântara Machado (1901-35). Tarsila realiza, em Paris, sua terceira exposição individual na Galerie Percier. Anita Malfatti participa da 39ª Exposition Societé des Artists Indépendantes, em Paris, no Grand Palais. Em setembro: Anita retorna ao Brasil, partindo de Marselha, a bordo do “Mendoza”, em 10 de setembro, aportando no Brasil no dia 27. Vicente do Rego Monteiro realiza sua segunda mostra individual em Paris. Mário de Andrade publica Ensaio sobre a Música Brasileira e seu livro mais famoso e polêmico: Macunaíma. Paulo Prado publica Retrato do Brasil. Cassiano Ricardo publica Martim-Cererê. Alcântara Machado publica Laranja da China. Anita Malfatti realiza mostra em São Paulo.
1929: 1º de Fevereiro: Anita Malfatti abre sua mostra individual numa sobre loja na Rua Libero Badaró, nº 20, em São Paulo, permanecendo até 9 de março. Tarsila do Amaral realiza sua primeira exposição individual em São Paulo, no edifício Glória, início da Rua Barão de Itapetininga, nº 6 e no Rio de Janeiro, no Palace Hotel. Mário de Andrade, Paulo Prado e Antônio de Alcântara Machado (1901-1935) rompem amizade com Oswald de Andrade. Oswald de Andrade separa-se de Tarsila e inicia relacionamento com Patrícia Galvão, Pagu (1910-62). Em maio, Portinari faz sua primeira exposição individual, no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Em junho, embarca para a França. No Rio de Janeiro, Ismael Nery realiza exposição. O artista plástico Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) retorna ao Brasil. Cândido Portinari realiza sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel do Rio de Janeiro e em seguida embarca para a França retornando ao Brasil somente em 1931. 7 de setembro: Ismael Nery realiza sua primeira exposição individual no Palace Theatre, em Belém do Pará.

Adendo Brasil no período de 1928 e 1929:
1928: 25 de janeiro: Getúlio Vargas toma posse como governador do Rio Grande do Sul. 3 de dezembro: “Cobriu a manhã gloriosa de hoje o luto do maior desastre da aeronáutica brasileira” – essa era a manchete da edição vespertina do Globo de 3 de dezembro de 1928, que relatava uma tragédia ocorrida no Rio de Janeiro: a queda de hidroavião da Kondor Syndicate, ocupado por amigos de Santos Dumont. Em homenagem ao Pai da Aviação, que voltava da Europa para o Brasil, o grupo resolvera sobrevoar o navio SS Cap Arcona que trazia Dumont a bordo para despejar pétalas de rosas. Mas o aparelho caiu perto do chamado Parcel das Feiticeiras, na altura da Ilha das Cobras, e afundou. Entre passageiros, tripulantes e socorristas, morreram 14 pessoas.
1929: Acontece o Crack da Bolsa de Nova York e o preço do café no mercado internacional cai, provocando a falência de inúmeros fazendeiros brasileiros. Lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República, em julho, pelo vice-governador do Rio Grande do Sul, João das Neves.

1930 – Zina viaja para Roma, Milão e Veneza. Expôs a sua cerâmica em Monza e depois em Florença, onde obteve um prêmio. Em Faenza, mereceu o Prêmio ao Assunto Sacro;
Adendo Cultural: A Casa Modernista, de Gregori Warchavchik, à Rua Itápolis 119, no bairro Pacaembu, em São Paulo, é aberta à visitação pública, em março, com a “Exposição de uma Casa Modernista”, entre 26 de março e 15 de abril, com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Antônio Gomide, Cícero Dias e Celso Antônio. Tarsila do Amaral é indicada por Júlio Prestes como conservadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, permanecendo até outubro, perdendo o emprego após a queda do governo de Prestes. Lúcio Costa (1902-98) assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes. Drummond de Andrade (1902-87) publica seu primeiro livro Alguma Poesia. Brecheret realiza Mostra Individual em São Paulo. Vicente do Rego Monteiro participa na Galerie Zak, em Paris, da Première Exposition du Groupe Latino-Américain de Paris. Manuel Bandeira publica: Libertinagem. O Poeta Guilherme de Almeida é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ano da fundação da Associação Brasileira de Música, por Luciano Gallet (1893-1931).
Adendo Brasil: Em 1º de maio ocorrem eleições para presidente e vice-presidente da República. O vice-presidente, João Pessoa, na chapa formada pelos opositores dos paulistas que tinha Getúlio Vargas como candidato principal, foi assassinado na Paraíba no dia 26 de julho, agravando a crise política. O movimento de insurreição que saiu do Rio Grande do Sul fez com que o ainda presidente Washington Luís fosse deposto pelas forças armadas no dia 24 de outubro, colocando uma Junta Governativa Provisória formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha no poder. Assim, em outubro deflagra-se a Revolução, que encerra a República Velha. Júlio Prestes (1882-1946) é eleito Presidente do Brasil. A 15 de novembro instala-se o Governo Provisório, presidido por Getúlio Vargas que assume o poder através de Golpe permanecendo até 1945. Em novembro, 14 e 21, foram criados os Ministérios da Educação e do Trabalho.

Adendo Cultural no período de 1931 até 1938:
1931: 26 de janeiro: morre no Rio de Janeiro o escritor Graça Aranha. 15 de março: Mário de Andrade, Paulo Prado e Alcântara Machado lançam a Revista Nova. Através do Decreto nº 4.965, de 11 de abril, em São Paulo, é dissolvido o Pensionato Artístico e criado o Conselho de Orientação Artística. 24 de maio: Villa-Lobos, na cidade de S. Paulo, organiza a primeira concentração orfeônica, sob o nome de Exortação Cívica, que teve a participação de mais de 12 mil vozes. Em 15 de junho, Tarsila do Amaral, que estava em Moscou juntamente com o médico Osório César (1895-1979), realiza exposição individual e a conferência “A Arte no Brasil”, no Museu de Arte Moderna Ocidental. O arquiteto Lúcio Costa assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes. Em setembro: Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Portinari e outros, participam do júri da 38º Exposição Geral de Belas Artes, inaugurada em 1º de setembro, denominado Salão Revolucionário ou Salão de 31 e ainda Salão dos Tenentes, no Rio de Janeiro, com organização do arquiteto Lúcio Costa. Participam do Salão Revolucionário: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Antônio Gomide, Brecheret, Candido Portinari, Cícero Dias, Flávio de Carvalho, Guignard, Ismael Nery, John Graz, Regina Graz, Lasar Segall e outros. Oswald de Andrade e Patrícia Galvão (Pagu), fundam o jornal O Homem do Povo. Em novembro: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Vignon, em Paris.
1932: Tarsila do Amaral, em março, regressa a São Paulo. É presa por dois meses no Presídio do Paraíso (São Paulo), por sua viagem à União Soviética no ano anterior. Portinari faz mostra individual no Palace Hotel, Rio de Janeiro. Lasar Segall, depois de viagem, retorna ao Brasil, São Paulo, onde fixa residência, à Rua Afonso Celso. 23 de novembro: Em São Paulo, na residência do arquiteto Gregori Warchavchik, Anita Malfatti participa da fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Além de Anita outros modernistas estiveram presentes na reunião de formação da SPAM, tais como: Mário de Andrade, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral, John Graz e Lasar Segall. Dentre os objetivos da SPAM eram: realizar reuniões, conferências e exposições, todos para promoverem as Artes. A primeira exposição acontecerá em abril de 1933. 24 de novembro: inaugurado o Clube dos Artistas Modernos (CAM), à Rua Pedro Lessa, nº 2, em São Paulo, sob a presidência de Flávio de Carvalho e com a participação de Di Cavalcanti, Antônio Gomide e Carlos Prado.
1933: Tarsila do Amaral realiza no CAM (Clube dos Artistas Modernos), palestra sobre “Arte Proletária na União Soviética”. Mário Pedrosa (1900-81) realiza conferência dobre “As Tendências Sociais da Arte e Kaethe Kollwitz”, conferência essa considerada um marco para a moderna crítica de arte brasileira. Mário de Andrade redige a apresentação da “Primeira Exposição de Arte Moderna da SPAM” – Sociedade Pró-Arte Moderna. No Palace Hotel no Rio de Janeiro, em outubro, Tarsila do Amaral realiza uma primeira retrospectiva. 28 de abril: falece em São Paulo, o jornalista Nestor Rangel Pestana. É aprovado o Decreto regulamentando o “Salão Paulista de Belas Artes”, através da Sociedade Paulista de Belas Artes (esta criada em 1921). Em Agosto: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Em novembro: no auge de sua curta existência, o CAM apresenta o primeiro espetáculo do Teatro de Experiência criado por Flávio de Carvalho – iniciativa inspirada pelo teatro surrealista de Antonin Artaud - era a peça Bailado do Deus Morto, um teatro-dança de grande radicalismo, anticlerical, contestadora da ordem burguesa e de seus valores. Seu elenco incluía atores e sambistas, em um formato altamente inovador, cheio de experimentalismos que misturava técnicas  retiradas do teatro expressionista, dança moderna, e teatro clássico grego. Após apenas três apresentações, o teatro é interditado pela polícia e o espetáculo censurado. O evento marca o fim das atividades do CAM, que sem outras formas de levantar fundos, se dispersa. 
1934: Em janeiro: Acontece o I Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo, na Rua 11 de Agosto. 9 de junho: morre em São Paulo, Da. Olívia Guedes Penteado, vítima de apendicite. Em dezembro, Portinari realiza sua primeira Exposição Individual na Galeria Itá, em São Paulo. 6 de abril: falece no Rio de Janeiro, Ismael Nery, sete meses antes de completar 34 anos. 21 de novembro: morre o escritor Coelho Neto.

1935: Mário de Andrade inicia a organização do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e cria a primeira Discoteca Pública. Foi nomeado, a 31 de maio, chefe da Divisão de Expansão Cultura e Diretor do Departamento Municipal de cultura de São Paulo. A equipe que trabalhou com Mário: Sérgio Milliet, Diretor da Divisão de Documentação Histórica e Social, e Rubens Borba Alves de Moraes, que ficara com a Divisão de Bibliotecas. 15 de fevereiro: falece no Rio de Janeiro, acidente automobilístico, o escritor Ronald de Carvalho. O crítico de arte, Virgílio Maurício (1892-1937), cria o Grupo Almeida Júnior. Um primeiro Grupo com esta denominação fora criado em 1928 por Torquato Bassi (1880-1967) – e tinha como objetivos: realizar exposições temporárias anuais com obras dos membros da entidade, promover conferências artísticas e ainda perpetuar a memória de Almeida Júnior. Foram feitas no mínimo duas exposições em 1936 e outra no ano seguinte. Alguns dos membros fundadores são: Samuel Ribeiro (1882-1952) – presidente de honra –, Lucy Citti Ferreira (1911-2008), Anita Malfatti, Georgina de Albuquerque (1885-1962), José Wasth Rodrigues e outros. 14 de abril: falece no Rio de Janeiro o escritor Antônio de Alcântara Machado. Cândido Portinari, na exposição do Instituto Carnegie, Pittsburg (EUA), conquista Menção Honrosa com a obra Café.

1936: Em São Paulo acontece o IV Salão Paulista de Belas Artes. Victor Brecheret, em São Paulo, inicia a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e que é inaugurado em 1953 na Praça Armando Salles de Oliveira. 4 de fevereiro: Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) funda o Conservatório Brasileiro de Música, que dirigirá até morrer. Segunda vinda de Felippo Godoy Tommaso Marinetti, ao Brasil. É recebido em São Paulo pelos primeiros modernistas. Em 4 de julho, através do Ato Municipal nº 1.146, é criado o Departamento de Cultura de São Paulo, projeto de Mário de Andrade. Luiz Martins, na época parceiro de Tarsila do Amaral, realiza na Associação dos Artistas Brasileiros, Rio de Janeiro, a conferência “A Pintura Moderna no Brasil”. Chega a São Paulo, o artista plástico italiano, Ernesto De Fiori (1884-1945).
1937: 13 de janeiro: Através da Lei nº 378, é criado o SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Lei que foi regulamentada através do Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro. Victor Brecheret regressa definitivamente ao Brasil, em São Paulo. 25 de maio: inaugurado no grill-room do Esplanada Hotel, o I Salão de Maio, criado por Quirino da Silva (1897-1981), com organização de Geraldo Ferraz (1905-81), Paulo Ribeiro de Magalhães, Flávio de Carvalho e Madeleine Roux. Mário de Andrade promove, pelo Departamento de Cultura de São Paulo, o Primeiro Congresso de Língua Nacional Cantada. Acontece em São Paulo a 1ª Mostra da Família Artística Paulista, constituída majoritariamente com obras do Grupo Santa Helena. Tem origem o Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, como associação de classe, visando contribuir para a profissionalização da atividade artística. Anita Malfatti realiza Exposição individual no Palace Hotel, Rio de Janeiro. Anita também participa da 1ª Exposição da Família Artística Paulista, ao lado de Bonadei (1906-74), Volpi, dentre outros do Grupo Santa Helena, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1938: Acontece em São Paulo o II Salão de Maio, em 27 de junho, no Esplanada Hotel. Na ocasião, Mário de Andrade adquiriu a obra de Guignard: “A Família do Fuzileiro Naval”. Mário de Andrade é exonerado do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e muda-se para o Rio de Janeiro, assumindo o cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Leciona Filosofia e História da Arte. Acontece o IV Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo. Anita Malfatti realiza duas exposições individuais: uma no seu próprio ateliê, na Rua Ceará, 219, São Paulo. Lasar Segall representa oficialmente o Brasil no Congresso Internacional de Artistas Independentes realizado em Paris.

Adendo Brasil no período de 1931 até 1938:
1931: 18 de abril: através do Decreto nº 19.890, institui-se o ensino obrigatório de Canto Orfeônico nas escolas do Município do Rio de Janeiro. 12 de outubro: inauguração da estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro.
1932: 23 de maio: em manifestação na cidade de S. Paulo, morrem os estudantes Mário “Martins” de Almeida (1901-32), Euclydes Bueno “Miragaia” (1911-32), “Dráusio” Marcondes de Souza (1917-32), Antonio Américo “Camargo” Andrade (1901-32) e Orlando de Oliveira “Alvarenga” (1899-1932). As iniciais de seus nomes comporão a sigla “M.M.D.C.A”, estandarte do movimento constitucionalista. 9 de julho: Inicio da Revolução Constitucionalista. 23 de julho: suicídio de Santos Dumont.
1934: 13 de março: no Congresso Nacional, a primeira deputada brasileira ocupa a tribuna, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982). Gustavo Capanema (1900-85) assume o Ministério da Educação e Saúde. 16 de julho: promulgação da Terceira Constituição do Brasil. É instituída, no rádio, a “Hora do Brasil”. Ano de fundação da USP – Universidade de São Paulo, ocasião que foi implantada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com a vinda de professores franceses. A Escola Politécnica de São Paulo é incorporada à USP. Em 1934, durante a interventoria de Armando Sales, foi nomeado prefeito da capital de São Paulo, Fábio da Silva Prado (1887-1963).
1935: O levante comunista comandado por Luiz Carlos Prestes (1898-1990) é derrotado pelo governo. A Constituição Estadual de São Paulo altera o título de Presidente do Estado para Governador do Estado. Eleito para o governo de São Paulo, Armando de Salles Oliveira. Seu governo terminara em dezembro de 1926.
1936: 12 de setembro: Entra no ar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
1937: 5 de janeiro: José Joaquim Cardoso de Mello Neto (1883-1965), assume o governo de São Paulo até 10 de novembro, quando ocorre o golpe de Estado, onde caiu toda situação política dominante em São Paulo. Getúlio Vargas, autorizado pelo Congresso, outorgou nova Constituição – de caráter nitidamente fascista. Nomeou interventores para todos os Estados, extinguiu os partidos políticos e determinou a supressão dos direitos individuais. Instaurado o Estado Novo, que duraria até 1945, apoiado pela classe média e pela burguesia. O Congresso é dissolvido. Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968), Ministro da Justiça, foi quem redigiu a nova Constituição, de inspiração fascista.

1939 – Zina participa do Concurso Nacional Italiano de Arte Sacra. Duas obras suas de arte sacra foram adquiridas pelo Museu Internacional de Cerâmica de Faenza;
Adendo Cultural: Acontece em São Paulo o Salão Paulista de Belas Artes e o 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube. Cândido Portinari trabalha nos murais do Ministério da Educação e participa do V Salão do Sindicato e realiza exposição individual. Mário de Andrade assume, no Rio de Janeiro, a chefia da Seção do Instituto Nacional do Livro. O III Salão de Maio tem sua última edição, devido desavenças entre Flávio de Carvalho e a comissão organizadora.
Adendo Brasil: É criado o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão de censura aos meios de comunicação.

Adendo Cultural no período de 1940 até 1949:
1940: Em março: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Neumann-Williard, de Nova Iorque. Em São Paulo é fundado o Clube de Cinema São Paulo e a Empresa Cinematográfica Atlântica. Villa-Lobos realiza Concentração orfeônica no estádio do Vasco da Gama, reunindo aproximadamente 42 mil vozes de crianças estudantes. Nessa concentração aconteceu uma grande ovação ao presidente Vargas, fato esse que desagradou completamente os intelectuais da época. Manuel Bandeira é eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Realiza-se no Rio de Janeiro, a 3ª Exposição da Família Artística Paulista, com apresentação de Sérgio Milliet. Em dezembro, 17, acontece o 7º Salão Paulista de Belas Artes em São Paulo.
1941: Anita Malfatti é eleita presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Mário de Andrade retorna do Rio e inicia seus trabalhos na seção paulista do SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
1942: Em março é fundada a “Sociedade Brasileira de Escritores”, sob a presidência de Sérgio Milliet e vice Mário de Andrade. Em Abril: Mário de Andrade realiza a famosa conferência “O Movimento Modernista”, no Salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores (Itamarati), no Rio de janeiro. 19 de julho: falece em São Paulo, Pedro Alexandrino.
1943: Anita Malfatti participa da Exposição de Arte Moderna, em Belo Horizonte (MG), no Edifício Mariana, em maio. Participa também da exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático do Salão Itamaraty, no Rio de Janeiro, e na exposição Anti-Eixo, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Mário de Andrade escreve extenso ensaio sobre o artista plástico Lasar Segall. 3 de outubro: falece em São Paulo, Paulo Prado. Sérgio Milliet assume a direção da Biblioteca Municipal de São Paulo e apresenta projeto de arquivo e documentação de arte sobre papel, dando início a um acervo de desenhos e gravuras originais que pudessem ser guardados em pastas, permitindo o fácil acesso a pesquisadores e historiadores de arte. Segall realiza exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de Janeiro. Segall publica o álbum de gravuras Mangue, com desenhos feitos em 1924, composto de 42 reproduções em zincografia, três xilogravuras originais e uma litografia, com textos de Jorge de Lima (1886-1953), Mário de Andrade e Manuel Bandeira – onde focalizou a zona de meretrício do Rio de Janeiro.  
1944: Realiza-se, em Belo Horizonte – MG, a primeira Exposição de Pintura Moderna em Minas, no governo do prefeito Juscelino Kubitschek (1902-76). Inaugura-se o Curso de Artes Visuais de Guignard. O Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro realiza exposição de pintura brasileira e norte-americana. Em novembro, em Londres, acontece exposição coletiva de pintores brasileiros. Anita Malfatti expõe no VIII Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos. Participa também de outras exposições coletivas: de Artes Plásticas, no ABI, Rio de Janeiro; no Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, na Galeria Prestes Maia; na de Pintura Moderna Brasileira & Norte-Americana, também na Galeria Prestes Maia. A Livraria Martins Editora inicia a publicação das Obras Completas de Mário de Andrade.
1945: Janeiro: Sérgio Milliet inaugura a Secção de Arte na Biblioteca Municipal de São Paulo, o primeiro acervo público de arte moderna brasileira. 22 de janeiro, em São Paulo, acontece o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores. 25 de fevereiro, Mário de Andrade vem a falecer de ataque cardíaco, na sua casa, em São Paulo. 24 de abril: falece em São Paulo, o artista plástico italiano Ernesto De Fiori. O palacete de Da. Olívia Guedes Penteado, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua Conselheiro Nébias, São Paulo, foi demolido, destruindo uma das obras-primas de Lasar Segall, de 1925. Em novembro: Anita Malfatti realiza exposição individual em São Paulo, na Rua 7 de Abril, no Instituto dos Arquitetos, no Edifício Esther, com algumas obras nitidamente impressionistas.
1946: Em fevereiro: na Biblioteca Municipal do Rio de Janeiro, acontece a “Exposição de Retratos de Mário de Andrade”. Acontece no Chile exposição de Arte Brasileira organizada por Berto Udler. Acontecem em São Paulo o Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos e o Salão Paulista de Belas Artes, ambos na Galeria Prestes Maia; e Exposição Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá. 7 de outubro: a Academia Brasileira de Música foi reconhecida de utilidade pública por Decreto Federal.
1947: Os artistas plásticos John Graz e Antônio Gomide expõem em conjunto, em galeria da Rua Barão de Itapetininga, São Paulo. 6 de julho: a Academia Brasileira de Música é instituída como Órgão Técnico Consultivo do Governo Federal, através de Decreto. Cândido Portinari, perseguido pelo governo Dutra, exila-se no Uruguai. 2 de julho: tem início o Museu de Arte de São Paulo (MASP), à Rua 7 de abril, 230, através do empresário e jornalista Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892-1968) e o crítico de arte italiano Pietro Maria Bardi (1900-99). Também em julho, Cândido Portinari realiza sua primeira exposição individual em Buenos Aires (Argentina), no Salón Penser.
1948: Lasar Segall viaja aos Estados Unidos e, em março, realiza Exposição Individual na Galeria Artistas Americanos Associados (Associated American Artists Galleries), Nova York e, em maio, na União Pan-Americana, Washington. É realizada no Teatro Municipal de São Paulo, Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo. Criação do Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro. O Museu de Arte Moderna de São Paulo foi constituído oficialmente, por escritura pública, em 15 de julho. 4 de julho: morre o escritor Monteiro Lobato. São realizadas duas Mostras Retrospectivas sobre Di Cavalcanti em São Paulo: “Emiliano Di Cavalcanti 30 Anos de Pintura: 1918-1948”, no Instituo dos Arquitetos do Brasil e no MASP.  
1949: 8 de março: abertura da sede oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo, à Rua 7 de abril. O MASP da Av. Paulista será inaugurado em 7 de novembro de 1968, projetado pela arquiteta italiana Lina Bo (1914/92), esposa de Pietro Maria Bardi. Acontece a Primeira Retrospectiva de Anita Malfatti no MASP, São Paulo. Acontece em Salvador (Bahia), o 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia. Em 19 de junho, em São Paulo, falece o desenhista e arquiteto Antônio Garcia Moya. Tem início o acervo da Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina que será inaugurada em 1951.

Adendo Brasil no período de 1940 até 1949:
1941: 28 de Agosto: entra no ar, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o jornal “Repórter Esso”, na voz de Romeu Fernandez (? - ?), anunciando o ataque de aviões da Alemanha à Normandia, durante a Segunda Grande Guerra.
1942: Vargas vai declarar guerra à Alemanha.
1943: Vargas é pressionado e o Brasil declara guerra ao Eixo. Implantado, oficialmente, no Brasil, o Curso de Jornalismo, através do Decreto-Lei Nº 5480, de 13 de maio, pelo então presidente Vargas e pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema.
1944: A Força Expedicionária Brasileira embarca para a Itália, com 25 mil homens e o Brasil entra definitivamente na Guerra.
1945: O Partido Comunista Brasileiro (PCB), única organização que, mesmo na clandestinidade, se identificava com a resistência à ditadura e com as ideias libertárias, catalisa grande parte desse processo. Artistas e intelectuais aglutinam-se em torno de suas propostas transformadoras e lança candidato próprio à presidência da República. O PCB, após 18 anos de ação clandestina, em novembro, consegue registro em termos definitivos. Fim da ditadura Vargas. Extinguiu-se o Estado Novo. Novas eleições, em 2 de dezembro, eleito presidente o general Eurico Gaspar Dutra (1883-1974).
1946: 31 de janeiro: posse do presidente Eurico Gaspar Dutra. Inicia-se o período de democratização do país. 18 de setembro: promulgada a quinta Constituição do Brasil. O governo cria o SESI (Serviço social da Indústria) e o SESC (Serviço Social do Comércio). Através de Decreto Presidencial são fechados todos os cassinos no Brasil e a proibição de todo tipo de “jogo de azar”. É criada a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
1947: 14 de março: Adhemar de Barros (1901-69), toma posse como governador de São Paulo. Seu governo terminará em janeiro de 1951. O Tribunal Superior Eleitoral cancela o registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

1950 – Zina realiza exposição individual na Câmara de Comércio de Nápoles – Itália;
Adendo Cultural: Tarsila do Amaral realiza retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a convite de seu diretor, Sergio Milliet. Cândido Portinari participa da XXV Bienal de Veneza, com seis obras.  
Adendo Brasil: 18 de setembro: às 22 h, em São Paulo, foi ao ar o primeiro programa da televisão brasileira, TV Tupi. 3 de outubro: Getúlio Vargas é eleito presidente, obtendo 3.849.040 votos (49% dos votos válidos). Os outros dois concorrentes, Eduardo Gomes (1896-1981), 30%, e Cristiano Machado (1893-1953), 22%.

1951
Adendo Cultural: Acontece em São Paulo o 1º Salão Paulista de Arte Moderna. 20 de outubro: inaugurada em S. Paulo a I Bienal de São Paulo, no edifício Trianon (atualmente o edifício do MASP), na Avenida Paulista, com obras de vários artistas modernistas.
Adendo Brasil: 18 de janeiro: Vargas toma posse.

1952
– Zina tem alguns dos seus trabalhos expostos na coletiva “Angelicum”, em São Paulo;
Adendo Cultural: Acontece em São Paulo a “Exposição Coletiva comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922”. O artista Plástico Alberto da Veiga Guignard organiza o 7º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, na Prefeitura de Belo Horizonte – MG. Tarsila do Amaral recebe o 2º Prêmio Nacional de Pintura, no valor de Cr$ 50.000,00, quando da participação na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Adendo Brasil: Vargas cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de incentivar a indústria nacional.

1953 – Retorna ao Brasil e viaja para Teresópolis (RJ) e retorna para a Itália;
Adendo Cultural: Em maio, concorrendo com a produção cinematográfica de 26 países, o filme brasileiro: “O Cangaceiro” é premiado no Festival de Cannes, na França, dirigido por Vitor de Lima Barreto. O Brasil todo canta: Mulher Rendeira.
Adendo Brasil: Vão para o ar a TV Rio (Canal 13) e a TV Record (Canal 7), de S. Paulo. Através da Lei n.º 2.004, Vargas cria a Petrobrás, em­presa estatal que detinha o monopólio de exploração e refino do petróleo no Brasil.

1954 – Zina participa com obras na Exposição Coletiva “Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo”, no Museu de Arte Moderna;
Adendo Cultural: Por ocasião das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, foi construído o Palácio das Exposições, no Parque do Ibirapuera, onde acontece a Exposição de História do Brasil. 22 de outubro: morre o escritor Oswald de Andrade, na cidade de S. Paulo. Acontece em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, a Exposição Coletiva de Arte Contemporânea.
Adendo Brasil: 24 de agosto: Vargas recebe um ultimato do ministro da guerra, exigindo seu afastamento. Isolado no Palácio do Catete, Getúlio Vargas redige seu testamento e suicida-se. Posse de João Café Filho (1899-1970), vice-presidente.

1955 – Zina participa de exposição coletiva “Mostra do Meio-Dia”, em Roma – Itália;
Adendo Cultural: Anita Malfatti apresenta no MASP, a convite de Pietro Maria Bardi, a exposição “Tomei a liberdade de pintar a meu modo”. Acontece o 4º Salão Paulista de Arte Moderna, exposição coletiva, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Em julho: acontece em São Paulo a III Bienal Internacional de São Paulo. No Rio de Janeiro, sob a coordenação do Itamaraty, em 27 de fevereiro, foi aberta no Teatro Municipal do Rio, uma das maiores exposição de artes até então. 17 de dezembro: falece em São Paulo, Victor Brecheret.
Adendo Brasil: 3 de outubro: Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-76) é eleito Presidente, obtendo 36% dos votos válidos.

1956 – Zina participa de exposição coletiva “Exposição de Arte Sacra”, no Palácio Real, em Nápoles;
Adendo Cultural: Acontece em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, a exposição “50 anos de Paisagem Brasileira”.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse de Juscelino Kubitschek, como presidente do Brasil.

1957 – Zina realiza a exposição individual “Ceramiche di Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles. Participa da exposição coletiva “Mostra do Presépio”, no Palácio Braschi, em Roma. Participa da exposição coletiva “Manifestação de Arte Nacional”, no Palácio Real, em Nápoles;
Adendo Cultural: 2 de Agosto: Lasar Segall, vítima de enfermidade cardíaca, falece em sua casa, na Rua Afonso Celso, em São Paulo. Foi sepultado no Cemitério Israelita da Vila Mariana. Em setembro: acontece na 4ª Bienal do MASP, em São Paulo, a Exposição Comemorativa Lasar Segall. Em São Paulo, a exposição de Anita Malfatti, de 1917, foi comemorada com uma mostra individual no “Clubinho” com desenhos e algumas experiências abstratas. Brecheret e Anita Malfatti participam da exposição coletiva: “Arte Moderna no Brasil”, em Buenos Aires (Argentina), no Museu de Arte Moderno; ainda na Argentina, em Rosário, no Museu Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino; em Santiago do Chile, no Museu de Arte Contemporáneo; em Lima (Peru), no Museu de Arte de Lima. Rego Monteiro retorna ao Brasil. Os poetas paulistas Décio Pignatari (1927-2012), Haroldo de Campos (1929-2003) lançam o "Manifesto Concretista".
Adendo Brasil: Fevereiro: inicia-se a construção da nova capital, Brasília, sob a direção dos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa, autor do plano piloto da cidade.

Adendo Cultural no período de 1958 até 1960
1958: Janeiro: o escritor, desenhista e pintor modernista Flávio de Carvalho, escandaliza a elite moralista da cidade de S. Paulo, desfilando pelo centro da cidade com saiote e meias rendadas de bailarina, alegando estar criando uma “nova moda masculina” mais adequada ao clima do país. Março: acontece na Galeria de Artes das Folhas, São Paulo, exposição Retrospectivas de desenhos e gravuras de Lasar Segall. Como destaque na música: Surge a Bossa Nova, sob a liderança de João Gilberto (1931), Roberto Menescal (1937), Chico Feitosa (1935-2004), Tom Jobim (1927-94) e Nara Leão (1942-89). Estreia no Teatro de Arena a peça “Eles Não Usam Black-Time”, de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006). Falecimento do artista plástico Ignácio da Costa Ferreira (Ferrignac). 14 de fevereiro: falece, em São Paulo, um dos mecenas dos modernistas, o senador Freitas Valle.
1959: Em setembro: acontece a V Bienal de São Paulo, com sala especial dedicada a Cândido Portinari e a Lasar Segall.
1960: Acontece em São Paulo a Exposição Contribuição da mulher às artes plásticas no país, no Museu de Arte Moderna, de dezembro até janeiro de 61.

Adendo Brasil no período de 1958 até 1960:
1960: 21 de Abril: a capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília. 3 de outubro: Jânio Quadros (1917-92) é eleito presidente do Brasil e João Goulart (1919-76) o vice.

1961 – Zina participa de exposição coletiva “Mostra do Presépio”, no Palácio Real, em Nápoles;
Adendo Cultural: 21 de janeiro: morre, em Paris, o escritor suíço Blaise Cendrars. Acontece em São Paulo a VI Bienal Internacional de São Paulo. 16 de fevereiro: falece no Rio de Janeiro o artista plástico Osvaldo Goeldi. Tarsila realiza retrospectiva na Casa do Artista Plástico, em São Paulo. Em outubro: acontece no Centro de Ciências, Letras e Artes, de Campinas (SP), a exposição “Lasar Segall: gravuras”.
Adendo Brasil: 25 de Agosto: Renúncia de Jânio Quadros (PTN) da presidência do Brasil. Assumi seu vice, João Goulart, conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de esquerda para a então política brasileira. Início do regime parlamentarista, atribuindo funções do Executivo ao Congresso.

Adendo Cultural no período de 1962 até 1966:
1962: 6 de fevereiro: falece Cândido Portinari, no Rio de Janeiro. 26 de junho: falece o artista plástico Alberto da Veiga Guignard. 12 de dezembro: falece em Santos (SP), Patrícia Galvão, a Pagu. O filme Pagador de Promessas, do cineasta Anselmo Duarte (1920-2009) é o primeiro filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, na França.
1963: O Museu de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte (MG), realiza em maio, a exposição: Segall: desenhos e pinturas. Acontece a VII Bienal Internacional de São Paulo, entre 28 de setembro e 22 de dezembro. Anita Malfatti realiza exposição individual na Casa do Artista Plástico, em junho, em São Paulo. Anita foi homenageada na VII Bienal Internacional de Arte de São Paulo, iniciada dia 28 de setembro e encerrada em 22 de dezembro, com uma sala inteiramente dedicada às suas obras. Foi a última exposição com a presença da pioneira do modernismo brasileiro, Anita Catarina Malfatti.
1964: Acontece em Veneza, Itália, a XXXII Bienal. 6 de novembro: falece Anita Catarina Malfatti, aos 75 anos, na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. 9 de novembro: falece no Rio de Janeiro, Cecília Meireles. Glauber Rocha (1939-81) lança "Deus e o Diabo na Terra do Sol", marco do cinema novo.
1966: 9 de novembro: Falece em São Paulo, Sérgio Milliet, escritor e crítico de arte.

Adendo Brasil no período de 1962 até 1966:
1962: O presidente João Goulart sanciona a Lei que institui o décimo terceiro salário para todo trabalhador com carteira assinada. A seleção brasileira de futebol consegue o bicampeonato de futebol no Chile. O Acre passa a receber a categoria de mais um Estado do Brasil.
1963: 6 de janeiro: Plebiscito escolhe o sistema presidencialista no Brasil, derrotando o parlamentarismo. Em São Paulo tem início a greve dos 700 mil, envolvendo 78 sindicatos, reivindicando aumento salarial e a unificação das datas base. 1º de maio: a TV Tupi faz a primeira transmissão em cores da televisão brasileira.
1964: Acontece o “Golpe Militar”: O estopim para o golpe militar no Brasil aconteceu em março, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio às tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens. Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai. Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco (1897-1967) foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967. O Regime Militar no Brasil duraria até 1985.

1967 – Participa da “4ª Exposição Nacional de Arte”, em Roma. Zina Aita falece em Nápoles – Itália.
Adendo Cultural: 31 de Agosto: Falece em Ubatuba (SP), o artista plástico Antônio Gomide. No Museu Lasar Segall, São Paulo, acontece a exposição “Segall: exposição de obras de colecionadores”. No MAM, Rio de Janeiro: Exposição Retrospectiva Lasar Segall.

DEPOIMENTOS E COMENTÁRIOS

De Aracy Amaral: “(...).//Pelo Rio: Zina Aita e Rêgo Monteiro. //Além de Martins Ribeiro e Leão Velloso, cujas representações permanecem de difícil levantamento nesta exposição, dois artistas vindos do Rio de Janeiro trouxeram um sopro fresco com sua pintura distante do academismo ainda em voga: Zina Aita e Rêgo Monteiro.
A primeira, de família e formação italianas, nascida em Belo Horizonte, tendo estudado em Florença, de volta ao Brasil, no Rio de Janeiro conheceu Ronald de Carvalho e Manuel Bandeira, que a induziram a participar da Semana. Sete trabalhos compõem seu envio. Conhecemos de 1922 apenas um trabalho seu, o pastel Trabalhadores ou Petrópolis, que poderia ser também, pelo tema, A sombra, que consta no catálogo, adquirido em março de 1922 na exposição que a artista faria na primeira semana desse mês na Livraria O Livro, de Jacinto Silva, por Yan de Almeida Prado. Numa técnica pós-impressionista, a composição constante de manchas coloridas justapostas à Vuillard, essa pequena obra parece-nos uma das mais avançadas das presentes na Semana. Exímia aquarelista, não deixa de causar surpresa, contudo, em Zina Aita, alguns trabalhos nesta técnica realizados em 1923, alguns de concepção bastante acadêmica para a autora de trabalho como o precedente.
Todavia, a artista de certa forma permanecia fiel ao seu mestre Chini, de Florença, de quem herdou pendor para as artes decorativas, que se expressa em sua ilustração para Klaxon, em 1922, às quais iria se dedicar durante grande parte de sua vida, após seu retorno à Itália em 1924.
Em relação ao Brasil, entretanto, o seu contato com o nosso meio artístico se limitou à sua participação histórica na Semana, e a admiração que suas obras expostas suscitou em vários dos participantes. Yan de Almeida Prado referiu-se à Zina Aita considerando-a mesmo como “o melhor da mostra em pintura”.
(...)”.
(Amaral, Aracy. In: Artes Plásticas na Semana de 22 (Pelo Rio: Zina Aita e Rego Monteiro) – Editora Perspectiva, Coleção Debates – 3ª Edição, 1976, São Paulo – Págs. 179 a 183) & Editora 34, São Paulo, 5ª Edição, 1998 (3ª Reimpressão – 2005, pp. 178 a 180).

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Ainda Aracy Amaral: “ZINA AITA. //Nasceu em Belo Horizonte em 1900, e faleceu em Nápoles em 1967. Sua família, de origem italiana, viajou para a Europa durante a Primeira Guerra Mundial. Zina Aita estudou em Florença com Galileo Chini, com quem adquiriu pendor para as artes decorativas, às quais se dedicaria, sobretudo a partir de 1920. De volta ao Brasil, no Rio, conheceu Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade (e Tarsila e Vinicius de Morais posteriormente). Participou da Semana de Arte Moderna em 1922 e ligou-se por laços de amizade, a partir de então, com Anita Malfatti.
Logo após a realização da Semana, na primeira semana de março de 1922, abriu exposição individual de seus trabalhos em São Paulo na Livraria O Livro, de Jacinto Silva, à rua 15 de Novembro, apresentando 46 trabalhos. Com grande sucesso de crítica, a artista teve algumas obras adquiridas por Graça Aranha, Dr. Paulo Prado, Yan de Almeida Prado, Nestor Rangel Pestana e pelo escultor Wilhelm Haarberg.
Contra sua vontade, mas por circunstancias de família, foi-se do Brasil em 1924, fixando-se em Nápoles. Além da pintura, trabalhava muito em aquarela e dedicou-se em seus últimos anos à cerâmica decorativa, tornando-se conhecida na Itália nesse campo de atividade.
Em 1930, expôs a sua cerâmica em Monza e depois em Florença, onde obteve um prêmio. Em Faenza, mereceu o Prêmio ao Assunto Sacro, participando desse concurso nacional italiano também em 1949, quando duas obras suas de arte sacra foram adquiridas pelo Museu Internacional de Cerâmica de Faenza.
Em 1950, participou da exposição junto à Câmara de Comércio de Nápoles, e em 1951 da Mostra do Ultramar e em Pompéia. Tomou parte várias vezes nas mostras organizadas pelo “Angelicum”, de Milão, onde se conserva uma Madonna, de sua autoria.
Participou da exposição do “Angelicum” em São Paulo em 1952, assim como da “Mostra do Meio-Dia” de Roma, em 1955, da Exposição de Arte Sacra no Palácio Real de Nápoles, em 1956, da Mostra do Presépio, no Palácio Braschi, em Roma, e na Manifestação de Arte Nacional, no Palácio Real de Nápoles em 1957.
Esteve novamente no Brasil em 1953, quando visitou Teresópolis, restando dessa época inúmeros desenhos e aquarelas sobre motivos vegetais e pássaros brasileiros. De 1956-57 há também desenhos aquarelados ou aquarelas de paisagens e motivos suíços, frutas e flores. Todavia, o interesse de sua obra se restringe à sua fase de pesquisa no início de sua carreira, sendo do ponto de vista artístico desvestida de qualquer interesse a sua cerâmica decorativa.
Participando intensamente de exposições na Itália, teve ainda uma exposição individual, “Ceramiche di Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles, em novembro-dezembro de 1957, além de ter exibido um presépio segundo a tradição napolitana na “Mostra do Presépio”, no Palácio Real de Nápoles, em dezembro de 1961. Em Roma, participou da IV Exposição Nacional de Arte em abril-maio de 1967. De sua primeira fase, de pintura, tem obras na coleção do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na coleção Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, e em várias coleções particulares. Sua obra em cerâmica encontra-se hoje na Biblioteca Municipal de Forino, província de Treviso, Itália.
Fontes: Depoimento e documentação de Oswaldo Ballarin à Autora, a 24 de julho de 1969.

Bibliografia: - Pietro Girace, in Il Mattino, Nápoles, s.d.

- Catálogo da “Galleria d’Arte Vanvitelli”, Nápoles, novembro-dezembro de 1957.

- “A exposição de pintura de Zina Aita”, in A Gazeta, 8 de março de 1922.

(Amaral, Aracy A. In: Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora 34, São Paulo, 5ª Edição revista e ampliada, 1998 – pp. 257/258).

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De Marta Rossetti Batista: "Tanto Sérgio Milliet quanto Mário de Andrade destacaram sua qualidade de colorista. O primeiro a vê como moderna na cor, mas realista no desenho. Realmente, nas aquarelas de 1923 (reproduzidas no livro de Aracy Amaral) e no desenho da Coleção Mário de Andrade, Zina Aita preservou e valeu-se da perspectiva e do espaço tradicionalmente construídos - impressão reforçada pelo pouco que se pode ver na fotografia da individual de 1922. Sérgio Milliet, ao falar de 'um certo realismo', refere-se a 'telas rebuscadas de interpretação' - talvez, as resolvidas em técnica impressionista ou pontilhista, à espátula. Mário de Andrade separa estas obras das outras, a pincel, de "tendência moderna nenhuma" - e aqui lembramos Retrato de moça, da coleção da família Ronald de Carvalho, a cabeça em torsão, pinceladas largas, bom colorido, mas não claramente empenhada em pesquisas novas. Parece-nos evidente, pelos textos de ambos, um dualismo na produção da jovem Zina Aita. Talvez, os trabalhos a espátula, caracteristicamente impressionistas ou pontilhistas, fossem suas experiências mais avançadas em termos de atualização. A reprodução do grande painel exposto na individual de 1922, que se entrevê na foto, sugere solução pontilhista. Nessa experimentação a artista teria chegado mesmo a obras bem sucedidas, como a pintura Petrópolis."
(Jeanne Milde, Zina Aita: 90 anos. Apresentação de Geraldo Magalhães. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990, p. 27).

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De Walter Zanini: "O que a pintura de Zina Aita revela é em boa parte consequência de estudos realizados em Florença, para onde se deslocaram quando adolescente, e contém assimilações várias do ambiente italiano, do art nouveau, ingredientes 'cerebrais' do modernismo parisiense pós-impressionista, impondo-se mais que tudo a observância da linha do retour à l'ordre, de largo domínio no decênio de 1920, ou seja, o abandono da ideia de vanguarda e a re-assimilação da figuratividade de padrões clássicos. Também desde logo se delineara uma tendência decorativista em sua produção - fruto, é certo, do aprendizado junto a Galileo Chini - como indicam os títulos de três das oito obras exibidas na Semana de Arte Moderna: a de nº 47, Paisagem Decorativa, a de nº 48, Máscaras Siamesas e a de nº 51, Painel Decorativo. O material apresentado se dispersou, mas a pequena e conhecida cena de operários calçando uma rua, que subsistiu, documenta o uso de defasada técnica divisionista. Yan de Almeida Prado trouxe o testemunho de Zina Aita como expositora de 1922 que mais agradou ao público. É bem provável que para isso concorresse o lado decorativista da pintora, um traço característico de sua personalidade. Desse interesse que suscitou é evidência ainda a bem sucedida mostra na livraria de Jacinto Silva. Sua presença na Semana marcava-se certamente pela não recorrência aos ismos. Ela remetia-se um pouco atrás, para o seu impulso. Uma aquarela representando um nu feminino, do ano seguinte, influenciado por Degas, denota suas virtudes de desenhista, visível em outros trabalhos de 1923, nanquim ou aquarelados. De sua inspiração em Gustav Klimt e seu refinado sentido decorativo, é, mais tarde, quando vivia fora do Brasil, o Friso, com imagens de mulheres compungidas, que dedicou a Mário de Andrade."
(Zanini, Walter. Jeanne Milde, Zina Aita: 90 anos. Apresentação de Geraldo Magalhães. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990, pág. 28).

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De Sérgio Milliet: “(...). //ZINA AITA, do Rio de Janeiro, mais bizarra que original, amando sobretudo a cor e moderna sobretudo nisso, pois ela conservou um certo realismo no desenho que não é de bom quilate.
Algumas telas rebuscadas de interpretação não me fazem mudar de opinião”.
(Amaral, Aracy A. In: Artes Plásticas na Semana de 22 – Editora 34, São Paulo, 5ª Edição revista e ampliada, 1998 – pp. 284. Milliet, Sérgio. In: “Uma Semana de Arte Moderna em São Paulo” - Lumière, ano 3, nº 7, Antuérpia, 15 abr. 1922 (Seção “Les Arts Plastiques”). Tradução do original por Marta Rossetti Batista, publicada originalmente na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº 34, São Paulo, 1992).

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TEXTO RESUMIDO: Segundo descrição de Maria de Fátima Fonseca Fontes Piazza (Departamento de História – UFSC) e Clarice Caldini Lemos (Mestranda em História – UFSC), em “A Ilustração na América Brasileira entre a Tradição e a Modernidade”, 2008, editado na Revista Esboços, n. 19, da UFSC, Florianópolis, SC, pp.167/168:
“Na edição de número 22, de outubro de 1923, Zina Aita desenhou a mulher de perfil, recurso bastante usado por outro expoente das artes gráficas do período, o tcheco residente em Paris, Alphonse Mucha (1860-1939). Os arabescos e a longa cauda do pavão completam a ilustração da artista, tendo como centro um perfil feminino com longos cabelos e vestido ondulante. Também, nessa ilustração, a artista está em sintonia com o estilo do norte-americano que residiu em Londres e Paris, James Mc Neill Whistler (1834-1903), conhecido por seus pavões. Na capa da edição de número 30, de junho de 1924, Zina Aita denota a influência da arte japonesa, com elementos presentes nas gravuras orientais. A tendência nos seus desenhos são motivos botânicos estilizados, arabescos, ornamentos e símbolos, destacando-se em algumas capas o medalhão. //Nas capas do número 23, de novembro de 1923, e de número 27, de março de 1924, os desenhos de Zina Aita acentuam a linha fina “cauliforme” do escocês Charles Rennie Mackintosh (1668-1928), que era “um motivo fitomórfico, em que a verticalidade linear de seu desenho abria-se em padrões de circunvoluções e em diversos elementos articulados”. Mackintosh, bem como outros representantes da art nouveau, tinha preferência pela riqueza de padrões em arabescos. //Os artistas gráficos do período, entre os quais Di Cavalcanti e Zina Aita, foram influenciados pelos trabalhos de Beardsley, Mucha e Whistler, entre outros.”.
 
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SINOPSE DO LIVRO PHILIPPE STARCK: “(...). Convencida por estes amigos, participou da Semana de 1922. É a artista mais jovem do grupo, com apenas 22 anos na ocasião. O mais importante registro, na verdade uma prova - já que os catálogos da Semana não são fontes confiáveis pelas inúmeras alterações no programa - de sua passagem por São Paulo na época da Semana, é um retrato tirado na individual que fez na livraria O Livro. Na foto, ela aprece com Anita Malfatti, com quem manteve contato durante toda a vida. Segundo conta Aracy Amaral em Artes Plásticas na Semana de 22 (Edusp), vários modernistas adquiriram obras da artista, como Graça Aranha, Yan de Almeida Prado e Wilhelm Haarberg. Mas Zina Aita, apesar do diferencial de seus trabalhos, não era considerada realmente uma modernista. Pendia realmente para a arte decorativa, com tendência impressionista. Tanto Sérgio Milliet quanto Mário de Andrade destacaram sua qualidade de colorista. O primeiro a vê como moderna na cor, mas realista no desenho. (...) Parece-nos evidente, pelos textos de ambos, um dualismo na arte da jovem Zina Aita, escreve Marta Rossetti Batista, pesquisadora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), no catálogo da mostra. Mário de Andrade, três anos depois da Semana, indignado com a colocação de Ronald de Carvalho sobre a pintora em seu livro Estudos Brasileiros escreve: Naquela enumeração de artistas modernistas, pôr a Zina Aita em primeiro lugar? Eu sou amigo da Zina, com ela me carteio até agora, admiro o talento dela, mas acho impossível numa enumeração pô-la antes de Anita Malfatti. Além disso (...), a Zina não tem nada de propriamente moderno. O modernismo se distancia de seu trabalho ainda mais quando é obrigada pela família a retornar à Itália. Lá, decide se dedicar à cerâmica, tornando-se conhecida no país por este trabalho, chegando mesmo a receber prêmios. (...)”.
(Judith Carmel-Arthur, tradução de Luis Antonio Araujo – Editora Cosac & Naify, 2000).

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TEXTO PARCIAL DA “Temporalidades - Revista Discente do Programa de Pós Graduação em História da UFMG”: “(...). //A realização da exposição da pintora modernista Zina Aita, de curadoria do próprio Mattos, através da Sociedade Mineira de Bellas Artes, e as críticas favoráveis a essa exposição no Diário de Minas (tecidas por Mattos sob o pseudônimo de FLY) sugerem tentativas, por parte do pintor, de instigar o interesse do público em geral para as produções artísticas. Esses episódios, por outro lado, não demonstram uma vontade de Mattos de impedir a atuação dessa artista na capital mineira.
A exposição de Zina Aita, realizada no Palácio do Conselho Deliberativo em 1920, é identificada como um evento que revela os primeiros traços da modernidade artística em Minas, sendo uma experiência que antecedeu a própria Exposição de Arte Moderna de 1922. Em um momento adverso às manifestações artísticas revolucionárias, considerando o contexto provinciano e conservador de Belo Horizonte, a jovem pintora de 20 anos, de origem italiana e recém chegada de Florença, encontrou em Aníbal Mattos o apoio necessário para realizar sua exposição caracterizada por muitos como “bizarra”.
Mattos ainda redigiu crítica favorável a Aita no jornal oficial do Partido Republicano Mineiro, o Diário de Minas. Nas palavras do próprio Mattos em uma entrevista para o jornal Folha de Minas em 31 de Dezembro de 1944:
A Sociedade Mineira de Belas Artes patrocinou, com seus esforços, a 1ª exposição individual de arte moderna nesta capital e talvez no Brasil. (...) a da artista belorizontina Zina Aita, em uma das salas do conselho deliberativo. As colunas do Diário de Minas consagraram a jovem patrícia. A seção de arte do jornal era minha e foi com entusiasmo que incentivei seu esforço completamente novo no ambiente pacato de Belo Horizonte de ontem.
Estas informações, de que Aníbal Mattos promoveu a exposição da jovem Zina Aita e ainda teceu elogios à mesma em sua coluna de crítica de arte, lançam uma nova luz sobre a figura desse relevante promotor cultural das artes mineiras. Os memorialistas que resgatam a história das artes plásticas em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX não deixaram de exaltar a centralidade da figura de Mattos, que realizou numerosos feitos no campo intelectual da cidade, como lembrou Fernando Pedro da Silva. O pintor promoveu várias exposições de Belas Artes, incentivando a atividade artística local, além de ter reservado espaço permanente em seus artigos no jornal Diário de Minas, para assuntos inscritos no campo das artes plásticas. “A imprensa escrita foi importante para a emergência da crítica de arte e também para o aumento da repercussão dos eventos artísticos que ocorriam em Belo Horizonte, na medida em que atraíam um numero cada vez maior de interessados sobre o assunto.”.
(Sarah de Barros Viana Hissa (Mestranda em Antropologia/UFMG) e outros, in: Aníbal Mattos: fomentador das artes plásticas na Belo Horizonte do início do século XX - p. 104 - Temporalidades - Revista Discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG, vol. 2, n.º 2, Agosto/Dezembro de 2010 - ISSN: 1984-6150 - www.fafich.ufmg.br).

 
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SÍNTESE ICONOGRÁFICA

Zina em frente a sua exposição em Belo Horizonte em janeiro de 1920, a Primeira Exposição Modernista na cidade.
(Exposição foi organizada por Aníbal Matos. Fonte: Aníbal Mattos e seu tempo. Belo Horizonte 1991. Secretaria Municipal de Cultura - Foto fornecida por Maria Lucia Domas Martins).

Mário de Andrade (sentado no chão) – Anita Maltatti no centro (sentada) e, à sua esquerda, ZINA AITA (sentada) – Exposição de Zina Aita – março de 1922 – São Paulo.
(Foto do Acervo IEB – retirada da Revista “Memória” – n.º 17 – Janeiro/Fevereiro/Março de 1993, pág. 76 – Publicação do Departamento de Patrimônio da Eletropaulo).
Detalhe de Propaganda com descrição das obras de Zina Aita expostas no Teatro Municipal de São Paulo quando da realização da Semana de Arte Moderna de 1922. (As linhas que contornam a descrição da Obras de Zina Aita foram adicionadas por Luiz de Almeida para melhor visualização).
  Capa da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo
- Retrato de Mário de Andrade – 1923
(Desenho original: nanquim s/ papel – 28,1 x 21,9 cm 

– IEB-USP)

Detalhe do Desenho de Zina Aita da figura anterior.

Homens Trabalhando – (A Sombra) – 1922 
(Óleo s/ tela – 22 x 29 cm 
– Col. Yan de Almeida Prado – SP.)

Jardineiro (Mulato) – 1945 
(Óleo s/tela – 66x48 cm)

Sorrento (Tapeçaria) – s/ data


Sem título (1923) - aquarela 27 x 20,5 cm 
- Col. Particular


Friso (1925c.) - guache sobre papel 24,3 x 24.
Inscrição no canto superior direito da obra: 
"Zina Aita - ao Mário de Andrade - Nápoles 1925" 
- Coleção IEB/USP.
Composição - s/data
 
Retrato - s/d - provavelmente 1922
Ilustração para a Revista Klaxon nº 4, 
de Agosto de 1922.
Ícaro (1922) - Col. Particular (SP.)
Estudo (1923) - Aquarela Col. Oswaldo Ballarin-SP.
Ilustração Capa da Revista "América Brasileira: 
Resenha da Actividade Nacional", nº 22,
  editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro, 

Outubro de 1923.
Ilustração Capa da Revista "América Brasileira:
Resenha da Actividade Nacional", nº 23,
  editada por Elysio de Carvalho, Rio de Janeiro, 
Outubro de 1923.
Cerâmica - Arte Sacra (1949) - 
Obra do Acervo do 
Museo Internazionale delle Ceramiche 
in Faenza - Itália.
Verso da obra anterior Cerâmica 
- Arte Sacra (1949), 
com Número e inscrição do 
Acervo do Museu de Faenza.
Cerâmica - Arte Sacra (1949) - 
Obra do Acervo do 
Museo Internazionale delle Ceramiche 
in Faenza - Itália.
Verso da obra anterior Cerâmica 
- Arte Sacra (1949), 
com Número e inscrição do 
Acervo do Museu de Faenza. 


Cerâmica - s/d -  
Museo Internazionale delle Ceramiche 
in Faenza - Itália.

Essa obra foi parcialmente destruída 
no período da Segunda Grande Gerra.
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BIBLIOGRAFIA:

- Andrade, Rodrigo Vivas. Tese de Doutorado: “Os Salões Municipais de Belas Artes e Emergência da Arte Contemporânea em Belo Horizonte: 1960-1969”, pela Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2008;

- Amaral, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22 - Editora 34 - 5ª Edição - 1998;

- Batista, Marta Rossetti & Lima, Yone Soares de. coleção Mário de Andrade – Artes Plásticas, IEB/USP & Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, 2ª Edição (Revista e Ampliada), 1998;

- Boaventura, Maria Eugênia (Org). 22 por 22: A Semana de Arte Moderna Vista Pelos Seus Contemporâneos - Editora Edusp - 1ª Edição - 2000;

- CALDERARO, ADRIANA DA SILVA. A Biografia de Clarice Lispector Refletida em Restos do Carnaval Sob Um Olhar Morfológico. Literatura y Lingüística, número 018, Universidad Católica Silva Henríquez, Santiago, Chile pp. 59-100;

- Cedro, Marcelo. Tese de Mestrado – in ArtCultura, Uberlância, V. 9, n. 14, p.127-142, 2007 - Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) . Professor de História do Centro Universitário Una, de Belo Horizonte/MG, e professor substituto do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

- COLEÇÃO Mário de Andrade: O Modernismo em 50 Obras Sobre Papel. Texto Marta Rossetti Batista. Poços de Caldas: Instituto Moreira Salles, 1993;

- KLAXON – mENSÁRIO DE ARTE MODERNA. Livraria Martins Editora, São Paulo, edição fac-similar, 1976, Introdução de Mário da Silva Brito, coedição com a Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo;

Moraes, Marcos Antonio de (Org). Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira - Editora Edusp - 2ª Edição - 2001;

- Moreira, Lílian Cristane. In: Emílio Moura: Poeta das Gerais. Texto de Doutorado pelo Ppg-Letras Estudos Literários da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), s/d;

- MUSEU DE ARTE MODERNA (org.). Do modernismo à Bienal. Texto Marta Rossetti Batista, Fábio Magalhães, Radhá Abramo. São Paulo: MAM, 1982, p. 167;

- STANGOS, NIKOS. Conceitos da Arte Moderna – com 123 ilustrações. Jorge Zahar Editor, RJ, s/d. Tradução de Álvaro Cabral e Revisão Técnica de Reinaldo Roels;

- Zanini, Walter. Jeanne Milde, Zina Aita: 90 anos. Apresentação de Geraldo Magalhães. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990, pp. 27/28;



SiteS (Acesso em 2008)


(Colaboração: Márcia de Oliveira - Profª. de Literatura e Língua Portuguesa - Fortaleza - Ceará)