DI CAVALCANTI
SÍNTESE BIOGRÁFICA E HISTÓRICA
Ilustração 1
Pintar
bem está ao alcance de todos, mas exprimir alguma coisa, transmitir uma emoção
é privilégio de poucos.
(Di Cavalcanti)
Introdução:
A área das Artes Plásticas brasileira está comemorando
os 120 anos do nascimento de Di Cavalcanti (modernista,
pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, desenhista, jornalista, cenógrafo,
escritor e advogado). Foi o fomentador para a realização da Semana de Arte
Moderna de 22.
Existem muitas biografias de Di, mas o Retalhos do
Modernismo resolveu desenvolver sua síntese biográfica e histórica,
principalmente para não fugir dos propósitos do Blog que, dentre outras,
procura relembrar os participantes da Semana de Arte Moderna de 22 e seus
principais Personagens, fomentar a pesquisa, auxiliar estudantes e interessados
na busca de dados dos literatos, artistas plásticos, músicos e mecenas da
primeira fase do modernismo brasileiro. Sendo assim, não poderia deixar passar
em branco essa comemoração.
Di Cavalcanti é considerado um dos maiores
representantes brasileiros dentre os artistas plásticos. Ele conseguiu deixar
nas suas telas, com muita cor, a imagem do carnaval, das mulatas, dos
pescadores cariocas, etc. Foi um artista preocupado com o “brasileirismo”.
Sempre esteve atento às falcatruas políticas da época. Começou a desenvolver
seu talento muito cedo e pintou até o final da vida. Denise Mattar, curadora e
organizadora do livro "Di Cavalcanti - Conquistador de lirismo",
afirma:
- “Estimasse que Di Cavalcanti tenha produzido 9 mil
obras, entre 1916 e 1976”.(1)
Não necessitando acrescentar mais nada, pois a própria
“Síntese Biográfica e Histórica” irá trazer ao leitor uma visão da vida desse
grande artista carioca e brasileiro.
Luiz de Almeida
Sobre a Síntese Biográfica e
Histórica
1 – Em letras azuis está a síntese
biográfica de Di Cavalcanti;
2 – Para facilitar a descrição e a leitura,
salvo em descrição de terceiros, o nome de Di Cavalcanti foi abreviado para DC, em vermelho;
3 – Também para cada período, foi escolhida
pelo autor da Síntese, uma obra que representasse o período;
4 – Em todos os anos da vida de DC, mesmo nos que não foram encontrados dados sobre
ele, foram adicionados dois “Adendos”, o “Cultural” e o “Brasil”, onde foram
adicionados dados relevantes no período nas áreas da Cultura e da Histórica do
Brasil, escolhidos pelo autor da Síntese;
5 – As “Referências” foram numeradas e
estão disponibilizadas no final da Síntese;
6 – Toda ilustração também foi numerada. As
referências das ilustrações estão disponibilizadas no final da Síntese, em:
“Referências das Ilustrações”;
7 – Toda obra utilizada para a pesquisa
está descrita no final da Síntese, em: “Bibliografia”;
8 – Todos os endereços de sites e blogs
utilizados para a pesquisa estão descritos, também no final da Síntese, em:
“Fontes Pesquisadas na Internet”;
9 – Caso o leitor tenha interesse na
Apostila da Síntese, basta solicitar através do “Entre em Contato”, janela
disponibilizada no lado direito superior do Blog. O Blog Retalhos do Modernismo
envia por e-mail, em pdf, sem nenhum ônus;
10 – Caso o leitor encontre algum dado
equivocado ou tenha outros dados e informações sobre DC,
também poderá notificar o Blog através do “Entre em Contato”.
Síntese Biográfica e Histórica
1897
6 de setembro: Nasce no Rio de Janeiro, na rua Mata-Cavalos
(atualmente Rua Riachuelo), Emiliano Augusto
Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Di Cavalcanti), filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo
(Tenente do Exército. Trabalhava na Guarda do Palácio Imperial) e d. Rosália de
Albuquerque Melo. Era sobrinho do abolicionista José do Patrocínio (1853-1905);
Adendo
Cultural: 28
de julho: numa sala do Museu Pedagogium, Rua do Passeio (RJ), realizou-se a
sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, sob a presidência do
escritor Machado de Assis (1839-1908) e com a presença de dezesseis acadêmicos.
O discurso inaugural foi feito por Joaquim Nabuco (1849-1910). Nasce em
Itapetininga (SP), a decoradora Regina Gomide, irmã do artista plástico Antônio
Gomide (1895-1967). Foi casada com o artista plástico suíço John Graz
(1891-1980).
Adendo
Brasil: Janeiro: inauguração do telégrafo
submarino entre Rio de Janeiro e Pernambuco. 22 de setembro: morte do Antonio
Conselheiro (Antônio
Vicente Mendes Maciel). Nasceu em Quixeramobim (Ceará) em 13 de março de 1830 e
faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro, líder da
comunidade da cidade de Canudos (Bahia), onde ocorreu a Guerra dos Canudos. Em
outubro: fim da Guerra dos Canudos, que morreram mais de 25 mil pessoas e a
cidade de Canudos foi destruída. O escritor Euclides da Cunha (1866-1909) era repórter
do O Estado de S. Paulo e foi
designado para fazer a cobertura dos acontecimentos em Canudos. No livro Os Sertões, Euclides descreve como era a
comunidade de Canudos liderada pelo beato Antonio Conselheiro. Pudente de
Morais (1841-1902) era o presidente do Brasil. 12 de dezembro: Ouro Preto
deixou de ser a capital de Minas Gerais, cedendo lugar para a recém-construída
“Cidade de Minas”, que, em 1991, passaria a se chamar Belo Horizonte.
1898
Adendo
Cultural: Dia 15 de fevereiro, o Teatro São José, construído próximo ao largo de
São Gonçalo (hoje Pça João Mendes), em São Paulo, foi destruído por um
incêndio. São Paulo ficava sem teatro. 12 de março, em Santos (SP):
nasce o escritor Ribeiro Couto (faleceu em 1963). 4 de agosto: nasce em Pinhal,
município de Santa Maria (RS), o poeta Raul Bopp (faleceu em 1984), autor de Cobra Norato. 20 de setembro:
nasce em S. Paulo o escritor modernista, crítico de artes Sérgio Milliet
(faleceu em 1966). 8 de dezembro: nasce em Rio Claro (SP), Yan de Almeida Prado
– irá participar da Semana de 22 com trabalhos realizados conjuntamente com
Antônio Paim Vieira (1895-1988).
Adento Brasil: Campos Sales inicia
seu governo como presidente da República que findará em 1902. Vital Brasil (1865-1950), no Instituto Bacteriológico de São Paulo, descobre
o primeiro soro eficaz contra a picada de cobras.
1899
Adendo Cultural: 14 de julho: nasce em Campinas (SP), o
escritor modernista: Carlos Tácito Alberto de Almeida Araújo (Tácito de
Almeida, faleceu em 1940), irmão do poeta Guilherme de Almeida (1890-1969). 10
de Agosto, na cidade de Amparo da Barra Mansa (RJ): nasce Flávio de Carvalho
(faleceu em 1973), artista plástico. 19 de dezembro: nasce no Recife, Vicente do Rêgo Monteiro, artista
plástico. Faleceu em 1970.
Adendo
Brasil: Sugerido por
Adolpho Lutz (1855-1940), o Governo do Estado de São
Paulo criou, na capital, o Instituto Soroterápico (futuro Butantã), que seria
dirigido por Vital Brasil.
1900
A família se muda para o bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro;
Adendo Cultural: Nasce, em Belo Horizonte (MG), a artista plástica
modernista Zina Aita (faleceu na Itália em 1967). Nasce em Belém do Pará,
Ismael Nery
Adendo Brasil: Comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil. 7 de maio: em
São Paulo, foi inaugurada a primeira linha de bonde elétrico, que partia do
Largo São Bento com destino ao bairro da Barra Funda.
1901-1907
Estuda nos Colégios Aldéia Noronha, Militar
e Pio Americano. Tem aula de piano com Judith Levy;
Adendo Cultural no período de 1901
a 1907:
1901: 17 de maio: nasce em São Paulo, o poeta bissexto Luís Aranha
(faleceu em 1987), participante da Semana de 22 e da Revista Klaxon.
1902: Anita
Malfatti (1889-1964) inicia seus primeiros estudos de desenho e pintura com a
mãe; 25 de julho: foi inaugura a primeira
exposição coletiva nacional de relativa significância realizada em São Paulo,
capital, foi a Exposição de Belas Artes e Artes Industriais, em um edifício
localizado no Largo do Rosário, exposição exibiu 406 trabalhos de pintura,
escultura, artes industriais, cerâmica, cutelaria, desenho, arquitetura e
fotografia, de artistas nacionais e estrangeiros residentes no País. Tarsila do Amaral
(1886-1973), com 16 anos, viaja à Europa com os pais, matriculando-se no
Colégio Sacré-Coeur, em Barcelona, quando inicia suas primeiras experiências
com pintura. 24 de janeiro: nasce em Porto Alegre aquele que seria o
“divulgador da estética modernista” no Rio Grande do Sul, Augusto Meyer.
1903: 5 de junho: início das obras
do futuro palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Teatro Municipal de São
Paulo, um projeto de Ramos de Azevedo. 30 de dezembro: Nascimento do
artista plástico Cândido Portinari, numa fazenda próxima de Brodowski (SP). Com
9 anos, chega ao Brasil, Victor Brecheret (1894-1955).
1904: Inaugurado o primeiro cinema brasileiro no
Rio de Janeiro.
1905: O
artista plástico Lasar Segall (1891-1957) inicia estudos de arte na Academia de
Desenho em Vilna do mestre Lev Antokolski (1872-1942). 2 de janeiro: início das
obras para construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Surge no Rio de
Janeiro a primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos para crianças:
O Tico-Tico. Ano da inauguração da
Pinacoteca do Estado de São Paulo, gestão do presidente paulista Jorge Tibiriçá
Piratininga, com a participação do mecenas e senador estadual Freitas Valle
(1870-1958).
1906: Criado em S. Paulo o Conservatório Dramático e
Musical. Ocorre mudança
na direção da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, com Eliseu Visconti
(1866-1944) sendo eleito para substituir Henrique Bernardelli (1858-1936).
1907:
No Rio surge a revista Fon-Fon! - que
foi o reduto dos simbolistas. O artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973),
(Registrado com o nome: Pablo Diego
José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la
Santísima Trinidad Martyr Patricio Clito Ruíz y Picasso), lança o
Cubismo.
Adendo
Brasil no período de 1901 a 1907:
1901: 19 de outubro: Santos Dumont, pilotando o
balão nº 6, dá a volta em torno da torre Eiffel, em Paris, percorrendo 11
quilômetros.
1902: 15 de novembro: Rodrigues Alves (1848-1919) assume o poder e começa a reconstruir
e sanear o Rio de Janeiro. Irá governar até 1906.
1903: 28 de
maio: em São Paulo, realiza-se o II Congresso Socialista (o I é de 1892), que
funda o Partido Socialista do Brasil. No Rio de Janeiro acontece novo surto de
febre amarela. Também no Rio, em agosto, acontece uma greve geral pela jornada
de 8 horas e por melhores salários. Oswaldo Cruz (1872-1917) inicia campanha de
saneamento para combater a febre amarela no Rio de Janeiro.
1904: 31
de outubro: Aprovada a lei de vacinação obrigatória contra a varíola. No Rio de
Janeiro explode a revolta popular contra a vacinação obrigatória. Washington
Luís (1869-1957) é eleito deputado estadual por São Paulo. 15 de novembro:
Rodrigues Alves sancionou a nova lei eleitoral da República, que tomou o n°
1.269, conhecida pelo nome de Lei Rosa e Silva. Essa lei revogou a Lei
Eleitoral n° 35 de 26 de janeiro de 1892.
1905: Lançadas as
candidaturas para presidente e vice-presidente de Afonso Pena (1847-1909) e Nilo Peçanha (1867-1924). A Light, empresa canadense fundada em
1899, começa sua atuação no Rio de Janeiro. Já atuava na cidade de São Paulo. Washington Luís
integrava ativamente a Assembleia Nacional Constituinte defendendo a autonomia
dos municípios frente aos governos estaduais e federal.
1906: No
Rio de Janeiro acontece a Conferência Pan-Americana. 1º de maio: é eleito
presidente do estado de São Paulo. Seu governo terminará em maio de 1912. 23 de outubro: primeiro voo em avião por
Santos Dumont, em Paris. Em Taubaté (SP) é assinado o “Convênio de Taubaté”,
visando favorecer os cafeicultores. 15 de novembro: posse do presidente da
República Afonso Pena e o vice Nilo Peçanha. Irão governar até 1909.
1907: Em maio: começa
uma greve geral em São Paulo, onde os trabalhadores reivindicam a jornada de 8
horas de trabalho e aumento salarial. A greve durou um mês.
1908
Começa a estudar com o artista plástico e pintor Gaspar Puga Garcia
(1800-1914);
Adendo Cultural: 29 de setembro:
morte de Machado de Assis, escritor e fundador da Academia Brasileira de
Letras. No Rio de Janeiro é lançado o filme do cinematógrafo Pathé, Nhô Anastácio Chegou de Viagem,
considerado a primeira comédia nacional. Surge no Rio a revista Careta, reduto dos parnasianos.
Adendo
Brasil: 7 de abril: o socialista Gustavo de Lacerda
(1854-1909), funda a Associação de Imprensa, mais tarde Associação Brasileira
de Imprensa (ABI), com objetivo de defender a liberdade de expressão e os
interesses dos jornalistas. Em maio: aprovada é aprovada a Lei do Serviço
Militar obrigatório, iniciativa do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923),
então Ministro da Guerra. Manuel Joaquim de Albuquerque Lins, em 1º de maio,
toma posse como presidente do estado de São Paulo.
1909-1913
Obra escolhida para representar
1910:
Ilustração 2 – A Dança
Adendo Cultural no período de 1909
a 1913:
1909: Felipo
Tommaso Emilio Marinetti (1876-1944), escritor italiano, lança o Primeiro Manifesto Futurista no jornal Le Figaro, que irá influenciar os
escritores modernistas, principalmente Oswald de Andrade (1890-1954), ano que
este inicia sua carreira de jornalista. 14 de julho: inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo
presidente Nilo Peçanha com capacidade para 1.739 espectadores. 15 de agosto:
assassinato do escritor Euclides da Cunha. Novembro: Joaquim José de Carvalho
(1850-1918) funda a Academia Paulista de
Letras.
1910: Anita
Malfatti, em agosto, financiada pelo seu tio e padrinho, Jorge Krug (falecido
em 1919), embarca para Alemanha no navio Cap Arcona, chegando a Berlim no dia 7
de setembro. Iniciou os estudos de pintura no ateliê do artista Fritz Burger (1867-1916),
o seu primeiro mestre, onde estudou o “segredo da composição da cor” e as
teorias de subdivisão da cor. Em Londres acontece a primeira Exposição
Pós-Impressionista (Manet e outros pós-impressionistas), organizada por Roger
Fry. Após o manifesto geral dos pintores futuristas, a Igreja da Europa impõe
ao clero um “juramento anti-modernista”. Ano que o expressionismo alemão ganha
força. A Pinacoteca do Estado de São Paulo é constituída oficialmente.
1911: Anita Malfatti matricula-se na Academia Lewin Funcke, cujo
professor era Franz Heinrich Louis Corinth, que utilizava o pseudônimo de Lovis
Corinth (1858-1925), pintor expressionista alemão. Na XXII Exposição da Primavera em Berlim, o termo
expressionismo(*)
foi aplicado pela primeira vez. Em
agosto: Oswald de Andrade funda o semanário humorístico O Pirralho. Mário
de Andrade (1893-1945) ingressa no Conservatório Dramático e Musical, em São
Paulo. 12 de setembro: com apresentação
da ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas,
é inaugurado o Teatro Municipal de São
Paulo. A Lei nº 1.271, de 21 de novembro, assinada pelo então presidente do
Estado de São Paulo, dr. Manoel Joaquim de Albuquerque Lins (1852-1926), no seu
bojo, dispõe sobre a organização da Pinacoteca do Estado de São Paulo e, em 14
de dezembro, acontece a I Exposição Brasileira de Belas-Artes.
(*) O Expressionismo é um movimento artístico que procura a
expressão dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação
objetiva da realidade. Este movimento revela o lado pessimista da vida,
desencadeado pelas circunstâncias históricas de determinado momento. A face
oculta da modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram
presentes nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os
sentimentos mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste
movimento é a angústia existencial.(2)
1912: Oswald de
Andrade viaja para a Europa. O Senador José de Freitas Valle, político paulista
influente, passa a receber na sua residência, na Vila Kyrial, toda a
intelectualidade paulista (escritores, músicos, artistas plásticos, arquitetos,
etc.). Oswald de Andrade retorna da Europa com o “Manifesto Futurista” do poeta
italiano Marinetti, publicado pelo jornal Le
Figaro, em 1909. Acontece a
Exposição Futurista em Paris. 22 de abril: Criação do Pensionato Artístico do Estado
de São Paulo, através do Decreto nº 2.234, sociedade que promovia concertos e espetáculos com
virtuosos, conjuntos de câmara e orquestras sinfônicas.
1913: Mário de Andrade é contratado como professor
do Conservatório de São Paulo, para lecionar História da Música. Em março: Lasar
Segall realiza sua primeira exposição em São Paulo, inaugurada no dia 2 de
março e encerrada a 5 de abril, à Rua São Bento, 85. Expos também em Campinas
(SP), em junho, no Centro de Ciências, Letras e Artes. 19 de outubro: Nasce no
Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes.
Adendo Brasil no período de 1909
a 1913
1909: 15 de junho: morre o presidente Afonso Pena. Posse de Nilo
Peçanha. Seu governo terminará no ano seguinte. A campanha para presidência da
República, em 1909-10, foi a primeira efetiva disputa eleitoral da vida
republicana. O marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, saiu candidato
com o apoio do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e dos militares. São Paulo,
na oposição, lançou a candidatura de Rui Barbosa (1849-1923), em
aliança com a Bahia. Santos Dumont, em 13 de novembro, em Paris, apresenta
outro avião construído por ele, o Demoiselle,
oito vezes menor que o 14-Bis, e
capaz de voar a 96 km por hora.
1910: 1º de março: Hermes da Fonseca vence as eleições
para presidente e em 15 de novembro toma posse, abalando a “política do café
com leite”, pondo em prática a chamada “política das salvações”, visando assim
acabar com as oligarquias cafeeiras e concentrar o poder. Durante
o governo de Hermes da Fonseca ocorreu a Revolta da Chibata(3) no Rio
de Janeiro, de 22 a 27 de novembro. Foi um levante de cunho social, realizado
em subdivisões da Marinha, sediadas no Rio de Janeiro. O objetivo era por fim
às punições físicas a que eram submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o
uso da santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. Os
marinheiros requeriam também uma alimentação mais saudável e que fosse colocada
em prática a lei de reajuste de seus honorários, já votada pelo Congresso.
Hermes da Fonseca governou até 1914. O ano de 1910 a tuberculose, considerada Mal do Século, matou mais 3 mil pessoas
no Rio de Janeiro.
1911: Ano de
lançamento da pedra fundamental da nova catedral de São Paulo, a Catedral da
Sé, que levaria 41 anos para ser inaugurada. Hermes da Fonseca, eleito presidente da República,
põe em prática a chamada “política das salvações”, visando a acabar com as
oligarquias cafeeiras e a concentrar o poder.
1912: Em S. Paulo, 17 de maio: devido o aumento da
infração, começam as greves operárias reivindicando aumento de salário.
1913: 28 de junho: morre
o ex-presidente Campos Sales.
1914
Falece o pai de tuberculose. Publica na revista Fon-Fon! sua primeira caricatura;
Ilustração 3 – Capa da Revista Fon-Fon!
elaborada por DC (s/d)
Adendo Cultural: Em Zurique, Nova Iorque e Paris, surgem as primeiras manifestações do Dadaísmo. Lima Barreto (1881-1922)
publica Numa e a Ninfa. Cassiano
Ricardo (1895-1974) publica Dentro da
Noite. Anita
Malfatti, preocupada em conseguir uma bolsa do Pensionato Artístico do Estado
para aprimorar seus estudos em Paris, preparou sua primeira mostra individual,
inaugurada no dia 23 de maio, num salão no primeiro andar da Casa Mappin
Stores, Rua 15 de Novembro, 26, em São Paulo, permanecendo aberta até junho,
com o título: “Exposição de Estudos de
Pintura Annita Malfatti”. Expos 33 obras: gravuras, desenhos, esboços,
aquarelas e óleos. No final do ano, Anita viaja aos Estados Unidos, Nova York,
para continuar seus estudos. 18 de novembro: nasce em Restinga Seca (RS), Iberê
Camargo.
Adendo
Brasil: 15
de janeiro: Washington Luís (1869-1957) toma posse como
prefeito da cidade de São Paulo. Deixará a prefeitura somente em 16 de agosto
de 1919. 1º de março, Venceslau
Brás (1868-1966) elege-se presidente da República e toma posse em 15 de
novembro. É o retorno da política do “café-com-leite”.
1915
Ilustra a capa para a revista A
Vida Moderna;
Adendo Cultural: No final de 1914, Anita Malfatti
retornara aos EUA. Em
Nova York, matriculou-se na tradicional escola Art Students League, onde teve aulas com Georg Brant Bridgman
(1864-1943) e Dimitri Romanovsky (s.d.–1971). Não teve nenhum interesse em
estudar gravuras e então matriculou-se na Independent
School of Art. Lá conheceu o pintor e filósofo Homer Boss (1882-1956).
Adendo Brasil: Nilo Peçanha toma
posse com a retaguarda das tropas federais. É aprovado o Código Civil Brasileiro,
disciplinando o Direito privado. 8 de setembro: o gaúcho Pinheiro Machado,
nascido em 8 de maio de 1851, político influente na esfera federal, é
assassinado no Rio de Janeiro.
1916
Matriculou-se na Escola Livre de
Direito no Rio de Janeiro. Em novembro: participa no Rio de Janeiro, do I Salão dos Humoristas,
realizado pelo Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, organizado por
Olegário Mariano (1889-1958). No Jornal do Commercio de 19 de novembro,
comentando o Salão, aberto uma semana antes, escrevia um anônimo comentarista
de arte (4):
“São dignos de exame alguns trabalhos de um jovem que
estréia com os pseudônimo de Di, ... a caricatura de mlle. Bernardez é uma
verdadeira revelação do caricaturista Di, pseudônimo absolutamente ignorando entre
nós”.
Adendo Cultural: Em agosto, Anita
Malfatti retorna ao Brasil. Tarsila do Amaral começa a trabalhar no ateliê de
William Zadig
(1884-1952). No Rio de Janeiro acontece a Exposição Geral de Belas Artes.
Adendo
Brasil: É
publicado por Álvaro Bomilcar (1874-1957) estudo sobre o preconceito de raça no
Brasil. Altino Arantes Marques (1876-1965), em 1º de maio assume como
presidente eleito do estado de São Paulo. Governará até maio de 1920.
Promulgado o Código Civil Brasileiro que fora aprovado em 1915, e Implantado o
Serviço Militar Obrigatório no território nacional.
1917
Muda para São Paulo e ingressa na Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco. Trabalha como
bibliotecário no jornal O Estado de S.
Paulo, seu primeiro emprego remunerado.
Posteriormente foi promovido a revisor, e escrevia pequenos textos. Inicia seu relacionamento com Mário de
Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954), Anita Malfatti (1889-1964), Menotti Del
Picchia (1895-1988), Guilherme de Almeida (1890-1969), Monteiro
Lobato (1882-1948) e outros futuros modernistas paulistas. No seu Diário de Minha Vida, publicado em 1955,
descreve sobre sua vinda para a Paulicéia (5):
As cartas de Bilac recomendavam-me a Roberto Moreira, Nestor
Pestana e Amadeu Amaral. Minha mãe recomendou-me a Alfredo Pujol, amigo dela
desde as primeiras letras. Com essas cartas conquistei São Paulo porque me fiz
companheiro de uma porção de jovens que viriam a ser meus companheiros de
geração literária e política.
Aracy Amaral, em Artes Plásticas na Semana de 22, assim
descreve sobre a permanência de DC em São Paulo (6):
(...). Conta Di Cavalcanti (nota minha: no Viagem da Minha Vida, p. 108, seu primeiro livro de memórias publicado
em 1955, Editora Civilização Brasileira), que vivia em São Paulo onde estudava
Direito e trabalhava como jornalista e pintor: “O academismo idiota das
críticas literárias e artísticas dos grandes jornais, a empáfia dos
subliteratos, ocos e palavrosos, instalados no mundanismo e na política, e a
presença morta de medalhões nacionais e estrangeiros, empestando o ambiente
intelectual de uma paulicéia que se aprestava comercial e industrialmente para
sua grande aventura progressista, isso desesperava nosso pequeno clã de
criaturas abertas a novas especulações artísticas, curiosas de novas formas
literárias, já impregnadas de novas doutrinas filosóficas”. (...).
Ele já expusera, no Rio de Janeiro, no Salão dos Humoristas em
1916, e, em São Paulo, desenvolveu uma arte influenciada pelo romantismo do
“fim-de-século” que se arrastava ainda em nossa capital, com “tons velados”,
como lhe diria Mário de Andrade, em blague. (...).
DC realiza
sua primeira exposição individual, em abril, na redação de A Cigarra, localizada na Rua Direita, em São Paulo. Começa a
frequentar o ateliê do pintor impressionista alemão George Elpons (1865-1939). Em maio: inicia sua colaboração na
revista A Vida Moderna. Colabora com ilustrações para a revista Panoplia, em São Paulo. Desenha a capa
de O Pirralho, edições de 12 de maio
e 22 de junho. Em novembro torna-se
diretor da revista. Ainda em novembro, visita a casa
Anita Malfatti logo após conhecer a obra da artista na Exposição do Saci,
promovida por Monteiro Lobato, juntamente com Arnaldo Simões Pinto e
outros jornalistas, para conhecer as obras de Anita. Segundo depoimento da
artista quando da Conferência em
1951, “A chegada da arte moderna no Brasil”, menciona:
“Numa tarde de novembro apareceram em casa
alguns jornalistas como o Di Cavalcanti e Arnaldo Simões Pinto. Foram eles que
me entusiasmaram a fazer uma exposição, que eu não queria mais fazer em virtude
da opinião negativa dos que me rodeavam. Mais eu recalcitrava mais eles
insistiam. E venceram”.
Adendo Cultural: 17 de maio: Freitas
Valle dá início ao 1º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, terminando em 16
de agosto (7).
Tarsila do Amaral, em São Paulo, estuda com Pedro Alexandrino (1856-1942). Em
12 de dezembro, Anita Malfatti organiza nova exposição em sala térrea cedida
pelo Conde Lara [Antônio de Toledo Lara –
empresário do ramo de café e empreendedor. Nasceu em Tiete (SP), em 21/12/1864
e faleceu em São Paulo, em 20/4/1935], na Rua Libero Badaró, 111 –
considerada a primeira exposição de Arte Moderna do Brasil. Expõe 53 obras,
maioria com tendência impressionista, obras realizadas nos Estados Unidos (período:
1915/16), e outras realizadas em São Paulo (período: 1916/17). Também expos
algumas obras de pintores amigos norte-americanos. Suas obras chocaram o
público. Na primeira semana vendeu oito obras. Em 20 de dezembro, Monteiro
Lobato publica, na pág. 4, da edição vespertina do jornal O Estado de S. Paulo, o artigo: “A Propósito da Exposição de
Malfatti” (Lobato transcreveu em 1919 no
seu livro “Idéas de Géca Tatú”, Edição da Revista do Brasil, com o título mais
explícito de: Paranoia ou Mistificação? - e subtítulo: A Propósito da Exposição
Malfatti), em Artes e Artistas, artigo em que condena a mostra com críticas
duras e severas. Essa exposição foi
a que serviu para aglutinar os “moços de 22”, dentre eles: DC, Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Brecheret, Guilherme de Almeida e outros.
Adendo Brasil: Em São Paulo, greve
geral imobiliza todo parque industrial. No Brasil acontece a famosa “queima” de
3 milhões de sacas de café com alegação de evitar a queda de preços no mercado
internacional.
1918
Continua a frequentar o ateliê do pintor e professor George Elpons,
onde também frequentou a artista Anita Malfatti. Colabora com ilustrações para
a revista Panoplia – e torna-se seu
diretor. Em junho: o jornal O
Estado de São Paulo noticiou a venda de uma obra de sua autoria intitulada Figura
Vaporosa, exposta na Galeria Artística, na Rua São Bento. É o primeiro
registro de venda de um trabalho de DC, embora
não fique claro se tratava de uma pintura ou um desenho (8);
Obra escolhida para representar
1918:
Ilustração 4 – Ilustração
Revista Panoplia
Adendo Cultural: Em Agosto: acontece
a 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA),
Rio de Janeiro. Cândido Portinari (1903-62) matricula-se na
ENBA, onde já estuda Ismael Nery (1882-1948). Vicente do Rego Monteiro
(1899-1970) expõe em Recife. Anita Malfatti, ressentida com a crítica de
Monteiro Lobato, recua para o impressionismo. Monteiro Lobato, em maio, adquiri
a Revista do Brasil, que a manteve nos sete anos seguintes, até a falência dos seus
negócios em 1925, totalizando 113 números. 18 de dezembro: morre o poeta Olavo Bilac. Tarsila do Amaral,
temporariamente, pinta no ateliê do mestre alemão Georg Elpons.
Adendo Brasil: A “gripe espanhola” faz milhares de vítimas. Em São Paulo morrem mais de
8 mil pessoas no mês de outubro. No Rio de Janeiro, a situação foi mais grave,
pois morreram aproximadamente 17 mil pessoas. 1º de março: Rodrigues Alves é
eleito presidente e, vitimado pela epidemia da “gripe espanhola”, falece em 16
de janeiro de 1919, sem tomar posse. Posse de Delfim Moreira da Costa Ribeiro
(1868-1920), interinamente na presidência da República. Maria José Rebelo (1891-1936)
é aceita no Ministério do Exterior, tornando-se a primeira mulher diplomata
brasileira.
1919
Ilustra
o livro Carnaval, de Manuel Bandeira
(1886-1968). Juntamente com Menotti Del
Picchia e Oswald de Andrade, descobre o escultor Vitor
Brecheret (1894-1955), que havia instalado seu ateliê no Palácio das
Indústrias, em São Paulo, em sala cedida pelo engenheiro Ramos de Azevedo
(1851-1928). Desenha capas das revistas O
Pirralho e O Malho. Realiza a
exposição “Di Cavalcanti: Pinturas”, na Casa
Editora O Livro, à Rua Boa Vista, nº 38-B, em São Paulo.
Ilustra o livro Ballada do Enforcado,
de Oscar Wilde (1854-1900);
Obras escolhidas para representar 1919:
Ilustração 5 - Capa do livro Ballada do Enforcado de
Oscar Wilde
Ilustração 6 – Ilustração do Ballada do Enforcado de
Oscar Wilde
Acervo Elizabeth Di
Cavalcanti
Adendo Cultural: Acontece no Rio de Janeiro a 26ª Exposição Geral de
Belas Artes, na ENBA, em agosto. Tarsila do Amaral, em definitivo, inicia estudos de pintura com George
Elpons. Vicente
do Rego Monteiro continua com sua exposição em
Recife. Ferrignac (Ignácio da Costa Ferreira – 1892-1958) expõe em Roma. Mário
de Andrade faz sua primeira viagem a Minas Gerais. Cecília Meireles (1901-64) publica sua primeira obra literária: Espectros. Lima Barreto publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Manuel
Bandeira publica Carnaval. Guilherme
de Almeida publica A Dança das Horas e
Messidor.
Adendo
Brasil:
2 de janeiro: Delegação brasileira parte para a Conferência de Paz, em
Versalhes. 16 de janeiro: vitimado pela gripe espanhola, morre, no Rio de
Janeiro, Rodrigues Alves. Epitácio Pessoa (1865-1942), em eleição
extraordinária, vence Rui Barbosa e é eleito presidente. Toma posse em 28 de
julho.
1920
Faz amizade com o escritor e crítico de arte Sérgio Milliet
(1898-1966). Mário da Silva Brito (1916-), em História do Modernismo Brasileira, Antecedentes da Semana de Arte
Moderna, narra em Os “futuristas” de
São Paulo (9):
(...).
Futurista é Brecheret, e futuristas serão outros
artistas que, em 1920, se apresentam ao público. (...). É o que ocorre também
com Di Cavalcanti, que está sendo lançado em São Paulo, onde “formou sua
estética”, e que está sendo muito discutido nas rodas cultas: “Viu-se nêle, a
princípio, um artista precoce; depois um renovador, um precursor de novas
correntes estéticas e, mais tarde, um incompreendido”. A série de desenhos
“Fantoches da Meia-Noite”, que apareceria, tempos depois, editada por Lobato e
com texto de Ribeiro Couto, padece a acusação de estar contaminada de “uma leve
tendência para o futurismo e para o cubismo”. No quadro “Pierrot Místico” a
influência da escola de Marinetti é tida como excessiva.
Em outubro: realiza exposição individual de caricaturas na Casa Di Franco, na Rua São Bento, em São
Paulo. DC utilizou muito o pseudônimo de “Albano” nas
suas caricaturas. A partir deste ano começa definitivamente a
pintar a óleo, até então trabalhava principalmente com desenhos e gravuras;
Obra escolhida para representar
1920:
Ilustração 7 – O Juri
Adendo Cultural: Acontece no Rio de
Janeiro a 27ª Exposição Geral de Belas Artes. Tarsila do Amaral viaja para
Europa fixando-se me Paris e frequenta a Académie
Julian, e estuda com Emile Renard (1873-1951). Em maio: Vicente do Rego
Monteiro, pintor pernambucano, após sua exposição em Recife, expõe em São
Paulo. Em dezembro, Mário de Andrade começa escrever Paulicéia Desvairada. Victor Brecheret realiza exposição da primeira maquete do Monumento
às Bandeiras, na Casa Byington, em São Paulo. Chega ao Brasil: John Graz,
artista plástico suíço, e participa com obra na 27ª Exposição Geral de Belas
Artes. Expõe, em dezembro, no Salão do Cinema Central, em São Paulo, juntamente
com Regina Gomide Graz (1897-1973),
decoradora, esposa de Antônio Gomide. Graz irá participar em 1922, da Semana de Arte
Moderna. Em
6 de dezembro, Menotti Del Picchia, no Correio
Paulistano, escreve o artigo Futurismo,
assinando como Hélios, trazendo à tona a nova estética. Anita Malfatti realiza
nova exposição individual, a terceira, iniciada dia 18 de novembro até 4 de
dezembro, no Clube Comercial de São Paulo, com o objetivo de ganhar uma bolsa
de estudos. O governo reconheceu seu talento, mas quem recebeu a bolsa foi o
escultor Victor Brecheret. Zina Aita (1900-67) realiza sua primeira exposição
individual no Palácio do Conselho Deliberativo, na cidade de Belo Horizonte.
Essa exposição é identificada como um evento que revela os primeiros traços da
modernidade artística em Minas Gerais. Zina Aita também realiza exposição
individual no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e participa ainda da 27ª
Exposição Geral de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Adendo
Brasil: A Ford instalou sua
primeira fábrica de montagem no Brasil. Nesse mesmo ano, foi inaugurada a
primeira linha de ônibus urbanos de São Paulo. Em 1º de maio, Washington Luís
Pereira de Souza toma posse como presidente eleito do estado de São Paulo. Irá
governar até maio de 1924. 7 de setembro: criada a
Universidade do Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa proíbe a participação de
jogadores negros no selecionado brasileiro.
1921
Casa-se com Maria, filha de um primo-irmão de seu pai. Expõe, em
novembro, os desenhos originais do livro Fantoches
da meia-noite, na O Livro, em São
Paulo, Rua 15 de Novembro. Nessa exposição conhece o escritor Graça Aranha
(1868-1931), como também iniciou as conversas com os futuros moços e
intelectuais paulistas. DC promoveu a aproximação dos modernistas
cariocas logo após o encerramento de sua exposição. Surge definitivamente a
ideia de organizar a Semana de Arte Moderna. O pintor escreveu em seu diário
como as coisas aconteceram (10):
“Era preciso uma base econômica para a realização do
plano de conferências, exposições e concertos que se projetava nas reuniões da
livraria O Livro, ou no apartamento de Graça Aranha, na Rotisserie Sportsman do
Largo do Patriarca... Graça Aranha tinha uma ligação de amizade com Paulo
Prado, personalidade que nenhum de nós conhecia e muito menos sabíamos ser um
erudito da História do Brasil e um escritor excelente. Graça Aranha explicou
quem era Paulo Prado e suas disposições em relação ao nosso movimento. Partindo
para o Rio, Graça deu-me o cartão de apresentação a Paulo e fui eu, do grupo
modernista, o primeiro a conhecer aquela figura nobre e elegante de civilizado
paulista, educado pelo tio Eduardo Prado, por Eça de Queiroz, amigo de Claudel,
homem que conheceu Oscar Wilde, dançarinas do tempo de Degas e o próprio
Degas”. (...).
“Falamos naquela noite, e em outros encontros, da
Semana de Deauville e outras semanas de elegância europeia. Eu sugeri a Paulo
Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e
artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana”. E
mais adiante ele acrescenta: “Nada mais a gosto de Paulo Prado que não
suportava o caipirismo que o cercava. Em São Paulo ele convivia sobretudo com
gente do comércio e da lavoura e magnatas da alta finança”.
DC ilustra
a Balada do Cárcere de Reading, de
Oscar Wilde. Torna-se definitivamente jornalista e ilustrador da revista Fon-Fon!. Na edição do Correio Paulistano, de 14 de novembro,
Menotti Del Picchia, no artigo Palestras
das Segundas, menciona DC(10.1)
- segue descrição
parcial:
Falemos de arte. Falemos de arte ao menos
na segunda-feira. (...).
(...).
Hoje, temos dois certames artísticos. Um
argentino, outro brasileiro: Quirós, o maravilhoso, e Di Cavalcanti, o
estranho. Comecemos por ai.
De Quirós, de cuja fidalguia e superior
personalidade tagarelei à vontade, na segunda-feira passada, direi, depois,
algo de novo noutro artigo. Di Cavalcanti, o místico e macabro autor de uma
esplêndida série de desenhos sobre a Morte, merece bem dois dedos de prosa.
O jovem artista, que formou sua estética
aqui em S. Paulo, é, a meu cer, um dos que mais horarão, pela originalidade e
pela profundidade da sua arte, a pintura brasileira. Estranho, original, quase
ainda incompreendido, é um milagre de talento num meio hostil à cultura como o
nosso, onde pantafaçudos medíocres pontificam sobre arte. (...).
Di Cavalcanti foi cem vezes excomungado por
esses Pachecos, que não compreendendo sua maneira e suas intenções, o negam
como S. Pedro negou Cristo... Di, entretanto, é um forte e venceu, rompendo, a
golpes de vontade, de esforço e de inteligência, todos os cordéis com que os
anões da crítica quiseram amarrar sua rebelada individualidade. É moço. A sua
vitória – como a de Brecheret – glorificará nossa terra, onde, apesar dos
pesares, os que têm valor acabam sempre por vencer.
Obra escolhida para representar 1921:
Ilustração 8 – Retrato de Moça
Adendo Cultural: Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes (1899-1986) voltam da Europa e
divulgam os autores europeus de vanguarda. Graça Aranha e Plínio Salgado
(1895-1975) aderem ao modernismo. Graça Aranha publica A Estética da Vida. 9 de
janeiro, realizou-se
um banquete no Palácio Trianon, São Paulo, para comemorar o lançamento da obra “As
Máscaras”, de Menotti Del Picchia. Nesse evento, Oswald de Andrade
faz um discurso criticando os autores passadistas e exaltando a arte moderna. 8
de março: tem início o 2º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por
Freitas Valle, terminando em 15 de
junho. Também em março: Anita Malfatti realiza exposição individual no
Vestíbulo do Politeama Rio Branco, em Santos (SP). É criada em São
Paulo a “Sociedade Paulista de Belas Artes”, com a finalidade de incentivar o
gosto pela arte. Em 27 de maio, Oswald de Andrade, no Jornal do Comercio de São Paulo, o artigo “O Meu Poeta futurista”, envolvendo Mário de Andrade num grande
escândalo. Segundo Mario da Silva Brito: “O poeta (Mário de Andrade) sofre,
então, em nome da literatura moderna, os mesmos vexames sofridos, poucos anos
antes, por Anita Malfatti, em nome da pintura avançada” (11). Victor Brecheret, em 14 de junho, parte para a França. 23 de junho: morre no Rio de Janeiro, aos 40 anos, o escritor João do
Rio, que usava o pseudônimo de Paulo Barreto.
Adendo Brasil: 14 de novembro: morte da princesa Isabel (nasceu em 1846),
no Castelo d´Eu, na França. Artur da Silva Bernardes (1875-1955) é eleito presidente.
1922
Idealiza a Semana de Arte Moderna de São Paulo. Aracy Amaral
transcreve depoimento de DC sobre a idealização da Semana (12):
“Lá fui eu me encontrar com Paulo Prado na avenida
Higienópolis e, da conversa com aquele grande homem que possuía um passado de
vida intelectual e de boa vida parisiense, nasceu a ideia da Semana de Arte
Moderna.”
(...).
(...). “Falamos naquela noite, e em outros encontros da
Semana de Deauville e outras semanas de elegância europeia. Eu sugeri a Paulo
Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e
artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana.
(...).
Com os modernistas já em presença de Paulo Prado, foi
traçado um plano de ação: “Estabeleceu-se a muito custo um plano geral e num
euforismo sem limites começaram os preparativos das festas... A mim e a Rubens
Borba estava entregue a incumbência da exposição de artes plásticas e eu, na
minha eterna penúria, não podia movimentar-me.
DC faz a
capa do catálogo da Semana e expõe doze obras, entre elas: ao pé da cruz (painel para capela); O Homem do mar; Café turco; Retrato; A dúvida; Intimidade; Ilustrações
para um livro; Coqueteria; Boêmios e A
Piedade da Inerte. Em Viagem da Minha Vida, ele resume o que foram os primeiros momentos
do grupo modernista paulista (13):
Quatro homens chefiavam o nosso grupo [Oswald de Andrade,
Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti del Picchia], cada um com seu
setor, mas unidos por um laço de solidariedade baseado exclusivamente no desejo
de terminar com o carrancismo provinciano paulista que ainda perdurava no
alvorecer do pós-guerra.
O academismo idiota das críticas literárias e artísticas dos
grandes jornais, a empáfia dos subliteratos, ocos e palavrosos, instalados no
mundanismo e na política, e a presença morta de medalhões nacionais e
estrangeiros, empestando o ambiente intelectual de uma paulicéia que se
aprestava comercial e industrialmente para sua grande aventura progressista,
isso desesperava nosso pequeno clã de criaturas abertas a novas especulações
artísticas, curiosas de novas formas literárias, já impregnadas de novas
doutrinas filosóficas. Tudo vinha a nossas mãos pelo filtro de livros
inesperados anunciando nova estética ou nova doutrina política, já
evidentemente não tão nova na Europa, mas cujo aparecimento cá pelo nosso
Brasil a guerra havia retardado.
Em 24 de abril, DC escreve a
Mário de Andrade. Na sequência, cópia e descrição da carta, conservada a grafia
original (14):
Ilustração
9
Hoje recebi a tua carta de felicitações,
que também traz-me a participação que o grupo vai ter uma revista: “Klaxon”.
Muito bem, as felicitações eu e Maria agradecemos com todo coração, e a revista
uma vida eterna. Mandarei breve o desenho pedido com todo prazer. Eu também
ando com ideas de fazer aqui uma pequena revista, que absolutamente não
prejudicará da do grupo, pelo contrário... mas tudo depende. Tenho trabalhado
bastante e com muito amor. Chegou-nos da Europa mais um para o grupo, é o
Alberto Cavalcanti (parente) decorador e architecto. Elle é extraordinario de
modernismo. Quanto fôr a S. Paulo com exposição irei com elle provavelmente
isto lá para Setembro em fuga das festas do Centenario
cruel. Verás então o que tenho de novo. Aqui todos vão bem e dahi desejava
saber se os illustricimos srs:
Rubens de Moraes
Oswaldo de Andrade
Luiz Aranha
Guilherme de Almeida
Serge Milliet e Pedro Rodrigues de Almeida,
ainda existem e se estão dispóstos a responder novas remeças de
correspondencia.
Radiante como esta bahianinha assigno esta
carta. Radiante por saberte e sempre amigo do seu
Di
Cavalcanti
Um abraço da Maria
DC publica,
em maio, o livro Fantoches da meia-noite,
com prefácio de Ribeiro Couto (1898-1963), publicado por Monteiro Lobato. Neste
álbum de desenhos publicado com pequena tiragem, personagens da noite carioca
apareciam ligados a fios imaginários como se fossem marionetes. Segundo Ana
Paula Simioni, nessa publicação, ainda influenciado pelo ilustrador inglês
Aubrey Beardsley (1872-98), DC iniciou o emprego de linhas mais soltas e
limpas, se distanciando do art nouveau, mas sem poder ainda ser
considerado um seguidor das vanguardas europeias. Este foi o início da absorção
do expressionismo alemão, que ficaria mais visível em trabalhos posteriores,
como a capa do catálogo da Semana de Arte Moderna de 1922 (15).
Ilustração 10 – Capa de Fantoches da
meia-noite
Na edição nº 2 da revista Klaxon,
15 de junho, é publicado desenho de DC:
DC abandona
o Curso de Direito para dedicar-se à pintura. Ingressa, no segundo semestre,
como soldado no Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1922:
Ilustração 11 –
Ilustração do Fantoches da meia-noite
Adendo
Cultural: Mário de Andrade é nomeado para a cátedra de História da Música no
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Publica Paulicéia Desvairada. Em fevereiro, em São Paulo, são realizados os
festivais da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal. Os três dias
principais foram: 13, 15 e 17. Era o início do Movimento Modernista no Brasil.
O pernambucano Vicente do Rego Monteiro, teve 10 obras expostas no evento, mas
não esteve presente. Entre os literatos a grande ausência foi a de Manuel
Bandeira, na ocasião estava impossibilitado de viajar do Rio até São Paulo. Da.
Olívia Guedes Penteado (1872-1934), desde 1919 na Europa, retorna a São Paulo depois da
Semana de Arte Moderna, da qual tomou conhecimento através do amigo Paulo Prado
(1869-1943). Inicia-se em 15 de maio, a publicação da Revista Modernista Klaxon, em São Paulo. Com capa criada
por Guilherme de Almeida, Klaxon termina em janeiro de 1923 com as edições
números 8/9. René Thiollier (1882-1968), um dos mecenas da Semana de
Arte Moderna, financiou o aluguel do Teatro Municipal para a realização do
evento, publica seu primeiro livro O Senhor
Dom Torres. 22 de março: Tem início o 3º Ciclo de Conferências na Villa
Kyrial, organizado por Freitas Valle, terminando em 21 de junho. Em junho,
Tarsila do Amaral retorna ao Brasil e, em São Paulo, é apresentada aos
modernistas por Anita Malfatti. Forma-se o “Grupo dos Cinco”, composto por
Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Mário e Oswald de
Andrade. Em 2 de Agosto é
assinado o Decreto Nº 15.596, Ato de criação do Museu Histórico Nacional. Em
setembro acontece em São Paulo o I Salão da Sociedade Paulista de Belas Artes,
no Palácio das Indústrias, e Tarsila e Anita participam. Em 12 de outubro é
inaugurado o Museu Histórico Nacional. 1º de Novembro: morre no Rio de Janeiro
o escritor Lima Barreto. Em
novembro: Tarsila do Amaral parte para a Europa e é aceita no Salon officiel des artistes français.
Cândido Portinari expõe pela primeira vez uma obra sua no Salão Nacional de
Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Mário de Andrade publica Paulicéia Desvairada.
Adendo Brasil: 5 e 6 de julho:
Revolta do Forte de Copacabana. Os jovens tenentes revoltosos marcham pela Av.
Atlântica e são fuzilados pelas tropas do Governo, escapando da morte apenas
dois tenentes. Dezesseis mortes, dentre elas a de um civil que aderiu à Marcha.
Era o início do “tenentismo”. 7 de setembro: primeira
emissão de rádio no Brasil durante as
Comemorações do Centenário da Independência, realizada no alto do Corcovado, no
Rio de Janeiro, transmitindo o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. (Embora na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o
surgimento do rádio no Brasil é marcado com a fundação da Rádio Clube de
Pernambuco por Oscar Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919). Realiza-se
no Rio de Janeiro a exposição comemorativa do Primeiro Centenário da
Independência.
1923
Começa a trabalhar nos escritórios da filial carioca da Companhia
Mecânica e Importadora de São Paulo. Viaja para a Europa e fixa-se em Paris, onde permaneces até 1925. Em
Paris passa ser correspondente do jornal Correio
da Manhã, do Rio de Janeiro. Frequenta
a Academia Ranson. Instala seu ateliê em Montparnasse e passa a conviver com
grandes artistas do círculo cubista (um dos mais ativos e influentes na época), tais como: Pablo
Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955),
Henri Matisse (1869-1954), Jean Cocteau (1889-1963) e Blaise Cendrars
(1887-1961). 29 de setembro: Tarsila do Amaral (1886-1973), em carta (16) à sua
família, menciona DC:
“(...). Acha-se
também aqui o Di Cavalcanti, pintor do Rio muito considerado. Ele e Anita Disputarão
a mim o primeiro lugar na pintura moderna brasileira. (...)”.
Em 13 de
setembro: DC, juntamente com Sérgio Milliet e Brecheret, escreve de Paris para
Mário de Andrade (17). Seguem: cópia original da carta e
descrição, conservada a grafia original.
Ilustração
11.1
Paris, 13-sept.,
1923.
Meu caro Mário,
escrevemos do quarto do Brecheret, depois de um jantar com o Cendrars onde nos
divertimos a grande. Anita chegou hontem mas ainda não a vi – O Di vai bem e
trabalhando, continuará essa carta coletiva. Recebi hoje um cartão do Ivan Goll
onde elle me fala de “une admirable épitre de Mário de Andrade”. Elle está
agora na montanha mas voltará brevemente. É uma alegria para mim saber que
consegui estabelecer mais uma ponte literária entre o grupo e o Paris interessante.
Passo a penna ao Di. Abraços!
O Cendrars tem uma
cabeça de boxeur uma cabeça assim:
O Dempsey
encontrara o Firpo hoje as 10 horas...
Annita chegou de 1ª
classe e eu ficari muito feliz se ella voltasse de 3ª Vou para Russia breve ver
o Lenine e morrer de frio LAVS DEO.
Amigo Mário um
formidável abraço de saudade.
(no verso:)
Eu aqui sempre
trabalhando Annita chegou hontem, estamos os três aqui no meu quarto, lembrando
todos os nosso queridos irmãos de arte.
V. Brecheret
Di Cavalcanti
Serge Milliet
Um forte e saudoso
abraço da Mari Cavalcanti Di Cavalcanti.
Obra escolhida para representar
1923:
Ilustração 12 – O Beijo
Adendo Cultural: 21 de março: Tem
início o 4º Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas
Valle, terminando em 20 de junho. O ano de 1923 foi quando realmente o
Modernismo no Brasil começou a ter seu momento áureo. Tarsila do Amaral, em
Paris, estuda com o pintor cubista e também escultor André Lhote (1885-1962),
na escola de Monstparnasse. Frequenta o curso de Albert Gleizes (1881-1953),
teórico do cubismo, e estagia no ateliê de Fernand Léger. Nesse ano ela pinta A Negra. Em agosto: Anita Malfatti viaja para a França (Paris) para cursar
desenho, onde encontram-se outros artistas brasileiros: DC, Brecheret, Rego Monteiro
(1899-1970), Sérgio Milliet, Antonio Gomide e Tarsila. Lasar Segall muda-se
para o Brasil, residindo na cidade de São Paulo. No final do ano, dezembro,
Tarsila retorna ao Brasil. Realiza-se no Rio de Janeiro o “I Salão da
Primavera”.
Adendo
Brasil: 1º
de março: morre Rui Barbosa. 21 de abril: Edgard
Roquete Pinto (1884-1954) e Henry Morize (1860-1930), fundam a primeira estação
de rádio brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 9 de setembro,
falece Hermes da Fonseca.
1924
11 de janeiro: DC prepara cartas de apresentação
para Blaise Cendrars destinadas a Oswaldo Costa (da redação do Correio da Manhã), à sua mãe (Rosália de
Albuquerque Melo), a Paulo José de Sales, a José Mariano Filho e a Nóbrega da
Cunha (da redação de A Vanguarda). Nessas
cartas DC insiste com os amigos para que evitem intelectuais:
“Cendrars aí no Brasil não pode ficar no meio de literatos comprometedores. Ele
precisa conhecer o nosso cerne, os
costumes característicos do Rio”, “leve-o aos Democráticos”, diz a Oswaldo
Costa; a Mariano pede que “mostre ao Blaise Paquetá” e informa que o escritor,
que viaja como repórter do Excelsior,
“deseja fazer umas entrevistas sobre a nossa flora e sobre os nossos antigos
monumentos”(18). Em 4 de maio, como
correspondente do Correio da Manhã, Rio
de Janeiro, escreve noticiando Villa Lobos (descrição parcial)(19):
A música de Villa Lobos é o Brasil, é a América, é a força nova,
é a nova terra, o sangue novo, o novo idealismo. [...] Precisamos no Brasil de
homens exemplares, como sabe ser o nosso grande músico. Em toda escala da
atividade humana procuramos criar o nosso exemplo. Uma formação calcada em
modelos estrangeiros nunca poderá produzir uma força mental nacional
característica, amálgama no espírito da raça. Todo grande valor de Villa Lobos
é ter ficado brasileiro, com todos os nossos defeitos, é ter fugido sempre do
diletantismo literário (o pior mal da nossa mocidade), aqui em Paris, à sombra
de grandes catedrais, ele procura sempre ativar o fogo de seu culto particular.
Manuel Bandeira, em 2 de dezembro, escreve carta(20) a Mário de Andrade, noticiando DC:
(...).
//Di deu à costa um dia destes. Depois que o governo
fechou o Correio da Manhã, a situação
dele tornou-se insustentável em Paris.
Em seu
livro de memórias Viagem da Minha Vida, DC narra
sobre sua permanência em Paris nesse ano(21):
Em Fevereiro de 1924 dois acontecimentos marcam minha estada em
Paris. Conheço Pablo Picasso e assisto às comemorações da morte de Lenine.
[...] Se em Picasso encontrei a magia da fuga anárquica de um mundo (que era e
continua sendo seu mundo de pintura), uma órbita de novas concepções estéticas
onde se aglomera num quadro tudo o que poderia estar disperso em mil quadros,
onde a revelação e destruição das coisas se desfazem para se refazerem, como
que construindo, no espaço de uma tela, o seu passado e o seu futuro formais,
se em Picasso há, povoando a metafísica da solidão individual, a graça e o
espírito de uma objetividade que se destrói e se realiza num momento, deixando
apenas a exacerbação de símbolos inéditos, não poderia eu encontrar em Picasso,
nas minhas angústias, uma salvação. Meu egoísmo nunca foi desumanização. A
minha fuga, a minha ojeriza das ideias que determinam em arte uma realidade
medíocre e acadêmica, não queria dizer que eu odiasse a realidade. [...]
Há no real uma perene fonte de novos motivos para o artista.
Sobretudo para o pintor que é o artista que se aproxima da realidade objetiva,
observando-a mais do que a sentindo.
Bem se pode imaginar meu drama diante do niilismo de Picasso e o
que foi para minha consciência o conhecimento do gênio linear, explícito,
claro, generoso e realista de Lenine. Era completa oposição a Picasso. [...] O
materialismo histórico varria a catedral das minhas angústias místicas como um
raio... Senti que todo o diletantismo modernista morria em mim.
Obra escolhida para representar
1924:
Ilustração 13 - Pierret
Adendo Cultural: 5 de fevereiro:
Blaise Cendrars chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, é recebido por Graça
Aranha, Ronald de Carvalho (1893-1935), Prudente de Moraes, neto (1904-77),
Guilherme de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) e outros. No dia
seguinte segue para Santos (SP). Em Santos é recepcionado por Sérgio Milliet,
Luís Aranha (1901-87) e Rubens Borba de Moraes. As autoridades brasileiras
impediram o desembarque de Cendrars porque ele não tinha um braço. Nenhum
imigrante mutilado podia adentrar o solo brasileiro nessas condições, ainda que
resultantes de um ferimento de guerra. Horas depois, com a intervenção de Paulo
Prado, Cendrars desembarcou e vai para São Paulo, onde é recebido por outros
modernistas, entre eles, Couto de Barros (1896-1966)(22). 8 de fevereiro:
Lasar Segall abre à visitação pública do seu ateliê, à Rua
Oscar Porto, nº 31, em São Paulo, onde recebe a visita de modernistas, entre
eles Da. Olívia Guedes Penteado, o senador Freitas Valle, Godofredo da Silva
Telles (1888-1980), dr. José Manuel de Azevedo Marques (1865-1943), entre
outros. Em março, na Rua Álvares Penteado, 24, Segall realiza Exposição Individual. 21 de fevereiro: Cendrars realiza sua
primeira conferência na casa do senador Freitas Valle e outra no salão do
Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo. 9 de março: Tem início o 5º e
último Ciclo de Conferências na Villa Kyrial, organizado por Freitas Valle,
terminando em 17 de junho. Em abril: Oswald de Andrade lança o “Manifesto
Pau-Brasil”. 23 de março: Segall realiza Exposição Individual à rua Álvares
Penteado, 24, em São Paulo e retorna a Berlim. Acontece a viagem do grupo
modernista: Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars às
cidades históricas de Minas Gerais. Em São Paulo é realizado o “VI Ciclo de
Conferências da Vila Kyrial”, com palestras de Mário e Oswald de Andrade,
Blaise Cendrars, Lasar Segall e outros. 19 de junho: Graça Aranha profere na
Academia Brasileira de Letras a conferência “O Espírito Moderno” e, em seguida, desliga-se da Academia. Com a
eclosão da revolução de Isidoro Dias Lopes em São Paulo, contra o governo
central da República, Tarsila e Oswald se refugiam com sua família na Fazenda
Sertão, propriedade do pai de Tarsila. Setembro: foi lançada no Rio de Janeiro,
a revista Estética, fundada por
Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes, neto. No exterior, em Paris,
Vicente do Rego Monteiro realiza sua primeira exposição individual, na Galerie
Fabre. Tarsila regressa, em setembro a Paris. Zina Aita deixa o Brasil
fixando-se em Nápoles (Itália). Anita Malfatti participa do Salão de Outono de
Paris, no Grand Palais e também participa da Exposition d’Art Latin Américain,
no Musée Galleria.
Adendo
Brasil:
Em março, 31, falece Nilo Peçanha. 1º de maio: Carlos de Campos (1866-1927) é o
presidente eleito do estado de São Paulo. Em julho: Revolução Tenentista, de
Isidoro Dias Lopes (1865-1949), em São Paulo. Bombardeio em São Paulo e recuo
das tropas até Catanduva, interior de São Paulo. Após a ocupação do centro da
cidade pelas forças rebeldes, Carlos de Campos refugiara em Guaiaúna, pequena
estação de trens, próxima à Vila Matilde. O presidente da República, Artur
Bernardes determinou o bombardeio da capital, a despeito dos esforços do
prefeito e de lideranças civis, que tentaram evitar a tragédia. A Revolução
teve início no dia 5 de julho e termina no dia 23.
1925
Retorna
ao Brasil e fixa-se no Rio de Janeiro e executa ilustrações e caricaturas para
jornais e revistas da época. Desenha a capa do livro Os Deuses Vermelhos, de Adolpho Agori. Realiza exposição na Casa Laubsch & Hit, no Rio de Janeiro.
Marina Barbosa de Almeida, na sua dissertação(23) menciona
que:
A correspondência trocada com Mário de Andrade entre 1920 e 1925
– treze cartas de Di destinadas a Mário (Cartas
essas em poder do IEB – Instituto de Estudos Brasileiros, USP, São Paulo) –
reproduz parte da discussão gerada pelo grupo antes e após a Semana de 22. São
correspondências pessoais nas quais percebemos a luta do artista em
estabelecer-se como pintor – dificuldades financeiras e projetos de pinturas,
desenhos e ilustrações – e as referências aos amigos em comum, com os quais
ambos se correspondiam.
Obra escolhida para representar
1925:
Ilustração 14 – Samba
(Essa obra não
existe mais, pois pegou fogo na casa do marchand Jean Boghici, em agosto de
2012)
Adendo
Cultural:
Ano de fundação da Escola de Belas Artes de São Paulo. Ano também de fundação
da Biblioteca Municipal de São Paulo, à Rua Sete de Setembro, 37. Foi aberta ao
público em 1926. Tarsila do Amaral regressa ao Brasil, em fevereiro e retorna a
Paris em dezembro. Tarsila Ilustra o livro Pau Brasil (poesia), de Oswald de Andrade. Da. Olívia Guedes Penteado
cria em seu palacete, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua
Conselheiro Nébias, São Paulo, o Salão de Arte Moderna, com a reforma de uma
antiga cocheira. Lasar Segall realizou a decoração do local, que ficou conhecido
como “Pavilhão Modernista”. No Rio de Janeiro, em agosto, acontece a 32ª Exposição
Geral de Belas Artes. Mário de Andrade publica a Escrava que não é Isaura. Vicente do
Rego Monteiro realiza em Paris, na Galerie Fabre, sua primeira exposição individual.
Adendo
Brasil: Acontece na
cidade de São Paulo a primeira edição da corrida de São Silvestre, iniciativa
do jornalista Cásper Líbero (1889-1943). Em julho: a Coluna Miguel
Costa-Prestes inicia sua marcha pelo Brasil. Washington Luís assumiu o posto de
Senador por São Paulo.
1926
Começa a trabalhar no Diário
da Noite, São Paulo, como ilustrador e jornalista. Manuel Bandeira, em
carta a Mário de Andrade, datada de 29 de janeiro, comenta sobre a capa elaborada
por DC para o livro O Losango cáqui, lançado por Mário em 12 de janeiro, dedicado a
Anita Malfatti(24):
(...).
//Não gostei da capa do Losango cáqui. Aquele desenho do Di estava bom para ilustrar um
livro de poemas ingleses, nãos os teus. Tudo o mais materialmente bom.
Ilustração 15 – Capa de DC
Obra
escolhida para representar 1926:
Ilustração 16 –
Mulheres na janela
Adendo Cultural: Tarsila do Amaral
faz a 1ª exposição individual em Paris, na Galerie Percier, em 7 de julho,
apresentado 17 obras feitas entre 1923 e 1926(25). Após a exposição Tarsila
retorna ao Brasil. Mário de Andrade começa a escrever Macunaíma. Anita Malfatti expõe no Salão da Sociedade dos
Artistas Independentes – aberto em março. Primeira vinda do
criador do Manifesto Futurista (1909), o escritor, poeta, político egípcio-italiano,
Felippo Godoy Tommaso Marinetti, no Brasil. Chega ao Rio de Janeiro e faz
palestra no Teatro Lírico, sendo apresentado por Graça Aranha. Blaise Cendrars faz sua segunda viagem ao Brasil. Mário de Andrade
publica Primeiro Andar e Losango cáqui. Oswald de Andrade e
Tarsila casam-se em 30 de outubro. De 20 de novembro a 5 de dezembro, Anita
Malfatti realiza exposição individual na Galerie André, rue des Saints-Pères,
que foi inaugurada com uma vernissage no dia 19, com a presença do embaixador
brasileiro Luís Martins de Souza Dantas (1876-1954). Ano de fundação da revista
Terra Roxa, em São Paulo. Victor Brecheret faz sua primeira exposição individual em São Paulo,
Rua São João, 187-A, iniciada em 4 (ou 7?) de dezembro. Ano do lançamento
do Manifesto Regionalista, no
Nordeste, tendo na liderança: Gilberto Freyre (1900-87).
Adendo
Brasil: Washington
Luís assume a presidência no dia 15 de novembro.
1927
Passa a colaborar, como desenhista, no Teatro de Brinquedo, fundado
no Rio de Janeiro por Álvaro Moreyra (1888-1964), jornalista, poeta, dramaturgo
e cronista – e a também jornalista Eugênia Álvaro Moreyra, também conhecida
como Eugênia Brandão (1896-1948). O Teatro de Brinquedo tinha como objetivo
divulgar as ideias modernistas. Sabe-se que o casal Moreyra estiveram presentes
na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo;
Obra escolhida para representar
1927:
Ilustração 17 – Retrato de minha mulher ou
Retrato de Maria
Adendo Cultural: A 15 de janeiro,
Antonio Gomide fez uma de suas poucas exposições individuais: “Exposição
Antonio Gomide - Afrescos e Pinturas”, em antiga galeria da Avenida São João,
187. Anita Malfatti participa do Salão
dos Independentes, em janeiro e fevereiro. Participa também do Salão da Tuileries,
em abril e do Salon D’Outomme, em Paris. Mário de Andrade, Da. Olívia Guedes
Penteado, Dulce (filha de Tarsila) viajam ao Nordeste e Norte do Brasil,
chegando até Iquitos, no Peru. Oswald de Andrade publica Primeiro Caderno de Poesias de Oswald de Andrade, com capa de
Tarsila do Amaral. Em São Paulo, na Rua Santa Cruz, nº 325, Vila Mariana, o
arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972) constrói a primeira Casa Modernista
do Brasil, que passa ser sua residência. Os jardins da casa foram projetados
pela esposa do arquiteto, Mina Klabin (1896-1969). Mário de Andrade entra como
crítico de arte no Diário Nacional,
de São Paulo. Lasar Segall naturaliza-se brasileiro e realiza exposição
individual em São Paulo, à Rua Barão de Itapetininga, 50. Mário de Andrade
publica o romance: Amar, Verbo Intransitivo.
René Thiollier, o mecenas da Semana de 22, publica O Homem da Galeria: ecos de uma época. Flávio de Carvalho (1899-1973) apresenta projeto ao concurso para o
palácio do governo, em São Paulo. Cícero Dias (1907-2003) realiza sua primeira
exposição individual no Rio de Janeiro. 25
de janeiro: nasce no Rio de Janeiro o maestro, compositor, cantor, pianista e
violonista, Antônio Carlos Jobim. 24 de novembro: falece, em Bauru (SP), o
poeta Rodrigues de Abreu. Em Cataguases, MG, surge a revista Verde com o Manifesto do Grupo Verde de Cataguases, com intuito principal de “Abrasileirar o Brasil”. No Rio de
Janeiro, Tasso da Silveira (1895-1968) lança a revista Festa.
Adendo
Brasil: Getúlio Vargas (1883-1954) é eleito deputado federal. 27 de abril: falece o presidente do estado de
São Paulo, Carlos de Campos. Nesse mesmo dia, Antonio Dino da Costa Bueno,
então presidente do senado estadual, assume o poder até 14 de julho, quando
Júlio Prestes de Albuquerque torna-se Presidente eleito. Seu governo terminará em
outubro de 1930. Fundação do Partido Democrático, com a participação de
Mário de Andrade. A Constituição do
Rio Grande do Norte concede, pela primeira vez no país, o direito de voto às
mulheres.
1928
Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Em junho: começa a
trabalhar na revista periódica Para todos, onde produziu 140 desenhos
até 1930. Mário de Andrade, na edição do Diário
Nacional, de 19 de fevereiro, no artigo Regionalismo,
menciona Di(26):
Na arte brasileira, até mesmo na moderna, o
elemento regional está comparecendo com uma constância apavorante. Carece
acabar logo com isso.
Na pintura, com exceção de Tarsila do
Amaral, que sempre fugiu com muita discrição do elemento propriamente regional,
este elemento se manifesta às vezes tendencioso, mesmo em artistas muito bons
que nem Di Cavalcanti.
(...).
DC viaja a Paris;
Obras escolhidas para representar
1928:
Ilustração 18 – Caricatura de Mario de
Andrade
Ilustração 19 – Retrato de Berta Singerman
Adendo Cultural: Lasar Segall realiza exposição individual, em julho, no Rio de Janeiro, no Palace
Hotel. Segall viaja e passa a residir em Paris. Tarsila pinta Abaporu e presenteia a Oswald de Andrade, no aniversário deste. Foi
essa obra que deu ideia a Oswald de Andrade, juntamente com Raul Bopp (1898-1984),
elaborar um manifesto denominado Antropófago,
publicado no primeiro número da Revista
de Antropofagia, em 1º de maio, que contava também com a participação do
escritor Alcântara Machado (1901-35). Tarsila realiza, em Paris, sua terceira
exposição individual na Galerie Percier. Anita Malfatti participa da 39ª
Exposition Societé des Artists Indépendantes, em Paris, no Grand Palais. Em
setembro: Anita retorna ao Brasil, partindo de Marselha, a bordo do “Mendoza”,
em 10 de setembro, aportando no Brasil no dia 27. Vicente do Rego Monteiro realiza sua segunda
mostra individual em Paris. Mário de Andrade publica Ensaio sobre a Música Brasileira e seu livro mais famoso e
polêmico: Macunaíma. Paulo Prado publica Retrato do Brasil. Cassiano Ricardo publica Martim-Cererê. Alcântara Machado publica Laranja da China. Anita Malfatti realiza mostra em São Paulo.
Adendo Brasil: 25 de janeiro:
Getúlio Vargas toma posse como governador do Rio Grande do Sul. 3 de dezembro:
“Cobriu a manhã gloriosa de hoje o luto do maior desastre da aeronáutica
brasileira” – essa era a manchete da edição vespertina do Globo de 3 de dezembro de 1928, que relatava uma tragédia ocorrida
no Rio de Janeiro: a queda de hidroavião da Kondor Syndicate, ocupado por
amigos de Santos Dumont. Em homenagem ao Pai da Aviação, que voltava da Europa
para o Brasil, o grupo resolvera sobrevoar o navio SS Cap Arcona que trazia
Dumont a bordo para despejar pétalas de rosas. Mas o aparelho caiu perto do
chamado Parcel das Feiticeiras, na altura da Ilha das Cobras, e afundou. Entre
passageiros, tripulantes e socorristas, morreram 14 pessoas(27).
1929
Realiza exposição no Rio de Janeiro. Ilustra a revista Para Todos e cria a capa do livro de
Murilo Mendes (1901-75), História do
Brasil. Pinta dois murais para o foyer do Teatro João Caetano, no Rio de
Janeiro, a pedido do prefeito do Distrito Federal, Antônio Prado Júnior
(1850-1955). Manuel Bandeira, dissertando sobre o Teatro João Caetano, menciona
DC(28):
(...).
E o Teatro João Caetano? Por fora é passável. Deu
movimento, deu mais horizonte à Praça Tiradentes. Tem uma fachada simples e
alegre, sobretudo à hora de funcionar, com os largos panos de vidraçaria
iluminada. Por dentro, porém, produz-nos mal-estar por uma porção de detalhes
impertinentes que afixam a intenção indiscreta de parecer moderno, soi-disant cubista. O foyer, por exemplo, é irritante e
desagradável. A presença ali da bela e genuína decoração do pintor Di
Cavalcanti põe em destaque o esnobismo cubista do acabamento arquitetônico.
Para que as pinturas se harmonizassem com a ambiência geral da sala seria
preciso que... o pintor fosse outro, um desses que os imbecis chamam “um
futurista equilibrado”. Embora os painéis não atestem toda a força do pintor (é
a primeira vez que ele faz uma grande decoração mural e a novidade do processo
parece que tolheu um pouco os recursos do artista), eles agradam não só pelo
equilíbrio da composição e das cores, como sobretudo pelo comovido sentimento
brasileiro que respiram em cada uma das figuras todas deste nosso bom povo
triste e cantador.
(...).
Em julho, em Movimento: “Repertório”, nº 7, Rio de Janeiro, p. 23, publica A Exposição Di Cavalcanti(29):
É uma exposição de quadros de mulheres. Pouca unidade,
há mesmo uma mulher vermelha bastante detestável. Outras coisas, porém, muito
interessantes e feitas com aquela habilidade extraordinária de Di Cavalcanti.
Preferindo os aspectos da vida miserável, os oprimidos, os desgraçados, todas
as escalas da patuléa, as suas figuras são sugestivas. Isso, desde que começou,
quando ainda muito influenciado pela escola de Beardsley e seus epígonos.
Depois que viu os quadros modernos, os transpôs em essência para o nosso meio e
a nossa gente, sempre com felicidade. A sua feição artística não se fixa, a
cada momento sobre influências diversas, mas que sabe aproveitar com
propriedade. Na sua exposição, por exemplo, há um samba do melhor efeito e uma
figura de mulher, construída com muita firmeza. Os seus desenhos, (agora está
sob o signo de Covarrubias) são muito curiosos e vimos na exposição uns
marinheiros magníficos. Di Cavalcanti tem, sobretudo, uma intuição decorativa
muito segura. Os seus volumes e colorido, com a graça da composição e a força
interior que da às figuras, fazem os seus conjuntos muito característicos. Alguns
dos estudos para os painéis do teatro João Caetano são excelentes de cor e
movimento.
Obra
escolhida para representar 1929:
Ilustração 20 –
Menina de Guaratinguetá
Adendo
Cultural: 1º
de Fevereiro: Anita Malfatti abre sua mostra individual numa sobre loja na Rua
Libero Badaró, nº 20, em São Paulo, permanecendo até 9 de março. Tarsila do Amaral realiza sua primeira exposição individual em São
Paulo, no edifício Glória, início da Rua Barão de Itapetininga, nº 6 e no Rio
de Janeiro, no Palace Hotel. Mário de Andrade, Paulo Prado e Antônio de Alcântara
Machado (1901-1935) rompem amizade com Oswald de Andrade. Oswald de Andrade
separa-se de Tarsila e inicia relacionamento com Patrícia Galvão, Pagu
(1910-62). Em maio, Portinari faz sua primeira exposição individual, no Palace
Hotel do Rio de Janeiro. Em junho, embarca para a França. No Rio de Janeiro, Ismael Nery realiza exposição. O artista plástico
Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) retorna ao Brasil. Cândido Portinari
realiza sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel do
Rio de Janeiro e em seguida embarca para a França retornando ao Brasil somente
em 1931. 7 de setembro: Ismael Nery realiza sua primeira exposição individual
no Palace Theatre, em Belém do Pará.
Adendo Brasil: Acontece o Crack da
Bolsa de Nova York e o preço do café no mercado internacional cai, provocando a
falência de inúmeros fazendeiros brasileiros. Lançamento da candidatura de
Getúlio Vargas à presidência da República, em julho, pelo vice-governador do
Rio Grande do Sul, João das Neves.
1930
Entre 26 de março e 15 de abril, participa da Exposição de uma Casa Modernista, em São Paulo, juntamente com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret (1894-1955), Antonio Gomide (1895-1967), Cícero Dias (1907-2003)
e Celso Antônio (1896-1984). Em 1º de setembro, escreve a Mário de Andrade.
Segue cópia da carta original e a descrição, conservada a grafia original(30):
Ilustração 20.1
1 de IX-930
Meu muito querido Mário Saudades
Então velho ingrato nem um bilhete para o seu amigo e
mestre nas festanças... Mas o melhor é não ligar e ir de vez em quando
escrevendo para o mago da rua Lopes Chaves. V. perdeu o enterro do Sinhô que eu assisti e vou fazer um
quadro para matar o Greco na cabeça elle que fez o enterro do Conde de Orgaz.
Manuel está gozando as delícias de Bello Horizonte e o Cícero Dias apaixonou-se
por Miss Russia. Abandonei o gordo Schmidth definitivamente elle possue o
ordinarismo de O. Andrade sem nenhum encanto creador. Apenas a persistencia na
baixeza é que faz que a gente julgue-o engraçado. Abandonando Schmidth vejo
pouco o Ovalle. Agora dedico-me a solidão produtiva nem vou a casa do Alvaro
quase. Espero que os meus trabalhos dêem-me qualquer cousa porque parece-me já
mereço tempo de realizar o que sei que realizarei. Mario felizmente eu não me
apresso, não quero nunca realizar obras primas como quiz o Brecheret o Villa e mesmo já o Celso
Antonio o que acontece é que elles sem auto-critica já estão paus. E eu me
sinto de uma mocidade comovente. Não é orgulho é vaidade. Elles não amam a
vida. Amam a arte como a um mito. E eu amo sobretudo a vida esta vida que vem
como os calores sexuais de baixo para cima. recado do Di
De 11 a 30 de outubro, DC participa
da exposição The
First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, em Nova
York, Estados Unidos, juntamente com Anita Malfatti, Antonio Gomide, Cícero
Dias, Guignard (1896-1962), Tarsila do Amaral, Ismael Nery (1900-34) e outros;
Obra para representar 1930:
Ilustração 21 – Cinco Moças de
Guaratinguetá
Adendo Cultural: A Casa Modernista,
de Gregori Warchavchik, à Rua Itápolis 119, no bairro Pacaembu, em São Paulo, é
aberta à visitação pública, em março, com a “Exposição de uma Casa Modernista”.
Tarsila do Amaral é indicada por Júlio Prestes como conservadora da Pinacoteca
do Estado de São Paulo, permanecendo até outubro, perdendo o emprego após a
queda do governo de Prestes. Lúcio Costa (1902-98) assume a direção da Escola
Nacional de Belas Artes. Drummond de Andrade (1902-87) publica seu primeiro
livro Alguma Poesia. Brecheret
realiza Mostra Individual em São Paulo. Vicente do Rego Monteiro participa na
Galerie Zak, em Paris, da Première
Exposition du Groupe Latino-Américain de Paris. Manuel Bandeira publica: Libertinagem. O Poeta Guilherme de
Almeida é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ano da fundação da
Associação Brasileira de Música, por Luciano Gallet (1893-1931).
Adendo Brasil: Em 1º de maio
ocorrem eleições para presidente e vice-presidente da República. O vice-presidente,
João Pessoa, na chapa formada pelos opositores dos paulistas que tinha Getúlio
Vargas como candidato principal, foi assassinado na Paraíba no dia 26 de julho,
agravando a crise política. O movimento de insurreição que saiu do Rio Grande
do Sul fez com que o ainda presidente Washington Luís fosse deposto pelas
forças armadas no dia 24 de outubro, colocando uma Junta Governativa Provisória
formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de
Noronha no poder. Assim, em outubro deflagra-se a Revolução,
que encerra a República Velha. Júlio Prestes (1882-1946) é eleito Presidente do
Brasil. A 15 de novembro instala-se o Governo Provisório, presidido por Getúlio
Vargas que assume o poder através de Golpe permanecendo até 1945. Em novembro,
14 e 21, foram criados os Ministérios da Educação e do Trabalho.
1931
Em setembro: participa do Salão Revolucionário ou 38ª Exposição
Geral de Belas Artes, onde também participaram: Anita Malfatti, Tarsila do
Amaral, Antonio Gomide, Brecheret, Candido Portinari (1903-34), Cícero Dias,
Flávio de Carvalho (1899-1973), Guignard, Ismael Nery, John Graz (1891-1980),
Regina Graz (1897-1973), Lasar Segall (1889-1957) e outros. Participa também da
Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, onde também
participaram: Anita Malfatti, Tarsila, Brecheret, Gomide, Cícero Dias, Lucio
Costa (1902-98), John Graz, Menotti Del Picchia e Gregori Warchavchik
(1896-1972);
Obras escolhidas para representar
1931:
Ilustração 22 – Capa da revista
Ilustração 23 – Cenas de Rua
Adendo Cultural: 26 de janeiro: morre no Rio de Janeiro o
escritor Graça Aranha. 15 de março: Mário de Andrade, Paulo Prado e
Alcântara Machado lançam a Revista Nova.
Através
do Decreto nº 4.965, de 11 de abril, em São Paulo, é dissolvido o Pensionato
Artístico e criado o Conselho de Orientação Artística. 24 de maio: Villa-Lobos, na cidade de S.
Paulo, organiza a primeira concentração orfeônica, sob o nome de Exortação
Cívica, que teve a participação de mais de 12 mil vozes. Em 15 de junho,
Tarsila do Amaral, que estava em Moscou juntamente com o médico Osório César
(1895-1979), realiza exposição individual e a conferência “A Arte no Brasil”, no Museu de Arte Moderna Ocidental. O arquiteto
Lúcio Costa assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes. Em setembro: Anita
Malfatti, Manuel Bandeira, Portinari e outros, participam do júri da 38º
Exposição Geral de Belas Artes, inaugurada em 1º de setembro, denominado Salão Revolucionário ou Salão de 31 e ainda Salão dos Tenentes, no Rio de Janeiro, com organização do arquiteto
Lúcio Costa. Oswald de Andrade e Patrícia Galvão (Pagu), fundam o jornal O Homem do Povo. Em novembro: Lasar
Segall realiza Exposição Individual na Galeria
Vignon, em Paris.
Adendo Brasil: 18 de abril: através do Decreto nº 19.890,
institui-se o ensino obrigatório de Canto Orfeônico nas escolas do Município do
Rio de Janeiro. 12 de outubro: inauguração da estátua do Cristo Redentor, Rio
de Janeiro.
1932
Funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos
Prado (1908-92), o Clube dos Artistas Modernos (CAM), conhecido como “Clubinho
dos Artistas”, inaugurado em 24 de novembro. O Clube nasceu de uma dissidência
do SPAM (Sociedade Pró Arte Moderna... antes que a SPAM existisse(31). O CAM era, naquele momento, a ala esquerda
das artes nacionais, e buscava consolidar a propagação do modernismo à margem
de instituições oficiais como a Escola Nacional de Belas Artes. Estes artistas
em sua maioria eram socialistas e promoviam também a popularização da arte
soviética e das tendências proletárias no Brasil. DC sofre sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Paulista,
permanecendo preso por três meses. Fora acusado de apoiar Getúlio Vargas
(1883-1954). Em 8 de maio, Mário de Andrade, no Diário Nacional, São Paulo, escreve sobre DC, com o título “Di Cavalcanti”, transcrito parcialmente na
sequência, conservada a grafia original(32):
Di Cavalcanti resolveu fazer uma nova
exposição de suas obras em S. Paulo. E essa exposição se abrirá amanhã pelo que
anunciam os jornais. Vamos celebrar esse fato, pois fazem nada menos de onze
anos que o decorador do Teatro João Caetano, do Rio de Janeiro, não nos dá uma
apresentação coletiva de obras suas.
Eu tenho seguido a evolução de Di
Cavalcanti desde quase o início dela. Pelo menos, desde aquela fase muito
inicial em que esse homem curioso, simili-paulista, simili-pernambucano,
simili-carioca, como legítimo brasileiro que é, fazia um simbolismo lânguido,
muito de importação, em que umas mulheres muito vagas, muito misteriosas, numa
semivirgindade acomodatícia de assombrações, mal se delineavam na neblina do
pastel. Esse foi um tempo delicioso artificialismo em nossa arte paulista.
(...). Di Cavalcanti com os vultos mal visíveis das suas pinturas era um dos
protagonistas do teatrinho. Ele conta mesmo que, numa dedicatória, eu o chamei
de “menestrel dos tons velados”, nomeação que reparando bem não está errada,
mas me enche de muita vergonha. Parece boba. É uma das verdades mais profundas
desta vida que não tem coisa de que a gente se arrependa mais ao passar do
tempo, que das dedicatórias deixadas por aí. Dedicatórias e sentenças de álbum,
são talvez as maiores fontes de ridículo desta nossa humanidade. Rapazes, nunca
chamem ninguém de gênio nem de nada. Abre-se a porta, e um dia vocês também se
surpreenderão chamando alguém de “menestrel dos tons velados”.
Di Cavalcanti usava então de preferência o
suavíssimo pastel, em místicas fugas da realidade. Mas nessa criação dum mundo
feminino muito irreal, já permanecia nele, aquele senso de observação crítica,
do nosso mundo, aquela fidelidade à realidade, que seria o caráter mais
permanente da arte dele, a sua melhor significação em nossa arte moderna. E foi
também o que lhe deu a inesperada finalidade adquirida um tempo com as suas
pinturas e desenhos de ordem pragmática.
De fato: Di Cavalcanti pretendia criar
mulheres da angelitude então em voga, nascida das criaturas extravagantes (pra
nós, latinizados) que assombravam os livros de Maeterlink, de Ibsen e
Dostoiewski. Mas Di Cavalcanti maltratava as suas mulheres. Também passara já
pela experiência dos desenhistas franceses e belgas, as dançarinas de Degas e
as “chanteuses” de Toulouse-Lautrec. Nada intencionalmente, nos seus pastéis de
então, no meio dos tons velados com que cantarolava a sua cantiguinha artificial,
punha já em valor certos caracteres depreciativos do corpo feminino, denunciava
nos seus tipos uma psicologia mais propriamente safada que extravagante, com
uma admirável acuidade crítica de desenho.
Também essa fidelidade ao mundo objetivo, a
esse amor de significar a vida humana em alguns dos seus aspectos detestáveis,
salvaram Di Cavalcanti de perder tempo e se esperdiçar durante as pesquisas do
Modernismo. As teorias cubistas, puristas, futuristas, passaram por ele, sem
que o descaminhassem.
Di Cavalcanti soube aproveitar delas o que
lhe podia enriquecer a técnica e a faculdade de expressar a sua visão ácida do
mundo, se enriqueceu habilmente, sem perder tempo. Nacionalizou-se conosco, ao
mesmo tempo que o Modernismo o fazia mudar, de hora e de estação. Abandonou os
tons velados de outono e crepúsculo, pra se servir de todas as vibrações
luminosas da arraiada e da possível primavera. Principalmente com a sua
admirável série de mulatas, de que ele soube revelar o rosado recôndito, Di
Cavalcanti conquistou uma posição única em nossa pintura contemporânea. Em
nossa pintura brasileira. Sem se prender a nenhuma tese nacionalista, é sempre
o mais exato pintor das coisas nacionais. Não confundiu o Brasil com paisagem;
e em vez do Pão de Açúcar nos dá sambas, em vez de coqueiros, mulatas, pretos e
carnavais. Analista do Rio de Janeiro noturno, satirizador odioso e pragmatista
das nossas taras sociais, amoroso cantador das nossas festinhas, mulatista-mor
da pintura, este é o Di Cavalcanti de agora, mais permanente e completado, que
depois de onze anos, vai nos mostrando de novo o que é.
Ilustração 24 –
Primeiro de Maio (nanquim e grafite s/ papel)
Adendo
Cultural: Tarsila
do Amaral, em março, regressa a São Paulo. É presa por dois meses no Presídio
do Paraíso (São Paulo), por sua viagem à União Soviética no ano anterior.
Portinari faz mostra individual no Palace Hotel, Rio de Janeiro. Lasar Segall,
depois de viagem, retorna ao Brasil, São Paulo, onde fixa residência, à Rua
Afonso Celso. 23 de novembro: Em São Paulo, na residência do arquiteto Gregori
Warchavchik, Anita Malfatti participa da fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna
(SPAM). Além de Anita outros modernistas estiveram presentes na reunião de
formação da SPAM, tais como: Mário de Andrade, Victor Brecheret, Tarsila do
Amaral, John Graz e Lasar Segall. Dentre os objetivos da SPAM eram: realizar
reuniões, conferências e exposições, todos para promoverem as Artes. A primeira
exposição acontecerá em abril de 1933. 24 de novembro: inaugurado
o Clube dos Artistas Modernos (CAM),
à Rua Pedro Lessa, nº 2, em São Paulo, sob a presidência de Flávio de Carvalho.
Adendo Brasil: 23 de maio: em manifestação na cidade de S. Paulo, morrem os estudantes
Mário “Martins” de Almeida (1901-32), Euclydes Bueno “Miragaia” (1911-32),
“Dráusio” Marcondes de Souza (1917-32), Antonio Américo “Camargo” Andrade
(1901-32) e Orlando de Oliveira “Alvarenga” (1899-1932). As iniciais de seus
nomes comporão a sigla “M.M.D.C.A”, estandarte do movimento constitucionalista.
9 de
julho: Inicio da Revolução
Constitucionalista. 23 de julho: suicídio de Santos Dumont.
1933
Casa-se
com sua aluna, a pintora Noêmia Mourão (1912-92). Publica
o álbum A Realidade Brasileira, série
de 12 desenhos, nos quais enfoca criticamente a sociedade e seus dirigentes
e satiriza o militarismo da época. Escreve ainda um artigo para o Diário
Carioca sobre a exposição de Tarsila do
Amaral, no qual ressalta a relação entre a produção artística e o compromisso
social. Participa da 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, em São
Paulo. Participa da exposição coletiva no Salão da Pró-Arte no Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1933:
Ilustração 25 - Sem Título ou Grupo de
Trabalhadores
Adendo Cultural: Tarsila do Amaral
realiza no CAM (Clube dos Artistas Modernos), palestra sobre “Arte Proletária na União Soviética”.
Mário Pedrosa (1900-81) realiza conferência dobre “As Tendências Sociais da Arte e Kaethe Kollwitz”, conferência essa
considerada um marco para a moderna crítica de arte brasileira. Mário de
Andrade redige a apresentação da “Primeira
Exposição de Arte Moderna da SPAM” – Sociedade Pró-Arte Moderna. No Palace
Hotel no Rio de Janeiro, em outubro, Tarsila do Amaral realiza uma primeira
retrospectiva. 28 de abril: falece em São Paulo, o jornalista Nestor Rangel
Pestana. É aprovado o Decreto regulamentando o “Salão Paulista de Belas Artes”,
através da Sociedade Paulista de Belas Artes (esta criada em 1921). Em Agosto: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Em
novembro: no auge de sua curta existência, o CAM apresenta o primeiro
espetáculo do Teatro de Experiência criado por Flávio de Carvalho – iniciativa
inspirada pelo teatro surrealista de Antonin Artaud - era a peça Bailado
do Deus Morto, um teatro-dança de grande radicalismo, anticlerical,
contestadora da ordem burguesa e de seus valores. Seu elenco incluía atores e
sambistas, em um formato altamente inovador, cheio de experimentalismos que
misturava técnicas retiradas do teatro expressionista, dança
moderna, e teatro clássico grego. Após apenas três apresentações, o teatro é
interditado pela polícia e o espetáculo censurado. O evento marca o fim das
atividades do CAM, que sem outras formas de levantar fundos, se dispersa.
1934
Participa
novamente do Salão da Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Filia-se no Partido Comunista Brasileiro. Esteve na Europa. Nesse mesmo ano mudou-se para a cidade
do Recife. Mário de Andrade, em carta(33)
endereçada a Manuel Bandeira, datada de 24 de novembro, menciona DC:
(...). Já lá pras duas da manhã, quase estourei outra
vez, quando estávamos vendo os meus trabalhos, e vai o Portinari negou qualquer
talento ao Di. Então fiquei safado deste mundo. Eu tenho duas aquarelas
realmente assombrosas do Di, são obras-primas. (...).
Obra escolhida para representar 1934:
Ilustração 26 – Cena Café-Concerto
(Nanquim e lápis de cor sobre papel)
Adendo Cultural: Em janeiro:
Acontece o I Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo, na Rua 11 de Agosto.
9 de junho: morre em São Paulo, Da. Olívia Guedes Penteado, vítima de
apendicite. Em dezembro, Portinari realiza sua primeira Exposição Individual na
Galeria Itá, em São Paulo. 6 de
abril: falece no Rio de Janeiro, Ismael Nery, sete meses antes de completar 34
anos. 21 de novembro: morre o escritor Coelho
Neto.
Adendo
Brasil:
13 de março: no Congresso Nacional, a primeira deputada brasileira ocupa a
tribuna, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982). Gustavo
Capanema (1900-85) assume o Ministério da Educação e Saúde. 16 de julho:
promulgação da Terceira Constituição do Brasil. É instituída, no rádio, a “Hora do Brasil”. Ano de fundação da USP
– Universidade de São Paulo, ocasião que foi implantada a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, com a vinda de professores franceses. A Escola Politécnica
de São Paulo é incorporada à USP. Em 1934, durante a interventoria de Armando
Sales, foi nomeado prefeito da capital de São Paulo, Fábio da Silva Prado
(1887-1963).
1935
Participa
da Exposição de Arte Social, no Rio de Janeiro, realizada pelo Clube de Cultura
Moderna. Participa com Rubem Braga, Carlos Lacerda e outros, do Comitê de
Redação do semanário Marcha, Rio de
Janeiro Esconde-se na Ilha de Paquetá
e é preso com Noêmia;
Obra escolhida para representar 1935:
Ilustração 27 – Nu deitado
Adendo Cultural:
Mário de Andrade inicia a
organização do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e cria a primeira
Discoteca Pública. Foi nomeado, a 31 de maio, chefe da Divisão de Expansão
Cultura e Diretor do Departamento Municipal de cultura de São Paulo. A equipe
que trabalhou com Mário: Sérgio Milliet, Diretor da Divisão de Documentação
Histórica e Social, e Rubens Borba Alves de Moraes, que ficara com a Divisão de
Bibliotecas. 15 de fevereiro: falece no Rio de Janeiro, acidente automobilístico,
o escritor Ronald de Carvalho. O crítico de arte, Virgílio Maurício (1892-1937),
cria o Grupo
Almeida Júnior(34). Um primeiro Grupo com esta
denominação fora criado em 1928 por Torquato Bassi (1880-1967) – e tinha como
objetivos: realizar exposições temporárias anuais com obras dos membros da
entidade, promover conferências artísticas e ainda perpetuar a memória de
Almeida Júnior. Foram feitas no mínimo duas exposições em 1936 e outra no ano
seguinte. Alguns dos membros fundadores são: Samuel Ribeiro (1882-1952) –
presidente de honra –, Lucy Citti Ferreira (1911-2008), Anita Malfatti,
Georgina de Albuquerque (1885-1962), José Wasth Rodrigues e outros. 14 de
abril: falece no Rio de Janeiro o escritor Antônio de Alcântara Machado.
Cândido Portinari, na exposição do Instituto Carnegie, Pittsburg (EUA), conquista Menção Honrosa com a obra Café.
Adendo
Brasil: O
levante comunista comandado por Luiz Carlos Prestes (1898-1990) é derrotado pelo governo. A Constituição Estadual de São Paulo altera o título de Presidente
do Estado para Governador do Estado. Eleito para o governo de
São Paulo, Armando de Salles Oliveira. Seu governo terminara em dezembro de
1926.
1936
É detido
pela terceira vez. Libertado por amigos, segue para Paris, lá permanecendo até
1940;
Obra escolhida para representar 1936:
Ilustração 28 - Noêmia
Adendo
Cultural:
Em São Paulo acontece o IV Salão Paulista de Belas Artes. Victor Brecheret, em
São Paulo, inicia a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data
de 1920 e que é inaugurado em 1953 na Praça Armando Salles de Oliveira. 4 de
fevereiro: Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) funda o
Conservatório Brasileiro de Música, que dirigirá até morrer. Segunda vinda de
Felippo Godoy Tommaso Marinetti, ao Brasil. É recebido em São Paulo pelos
primeiros modernistas. Em 4 de julho, através do Ato Municipal nº 1.146, é
criado o Departamento de Cultura de São Paulo, projeto de Mário de Andrade.
Luiz Martins, na época parceiro de Tarsila do Amaral, realiza na Associação dos
Artistas Brasileiros, Rio de Janeiro, a conferência “A Pintura Moderna no Brasil”. Chega a São Paulo, o artista plástico
italiano, Ernesto De Fiori (1884-1945).
Adendo
Brasil:
12 de setembro: Entra no ar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
1937
Recebe medalha de ouro com a decoração do
Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris.
Recebe carteira de jornalista como funcionário da revista Ilustração Brasileira;
Obra escolhida para representar 1937:
Ilustração 29 – Moças com violão
Adendo Cultural: 13 de janeiro: Através da Lei nº 378, é
criado o SPHAN – Serviço de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Lei que foi regulamentada através do
Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro. Victor Brecheret regressa definitivamente
ao Brasil, em São Paulo. 25 de maio: inaugurado no grill-room do Esplanada Hotel, o I Salão de
Maio, criado por Quirino da Silva (1897-1981), com organização de Geraldo
Ferraz (1905-81), Paulo Ribeiro de Magalhães, Flávio de Carvalho e Madeleine
Roux. Mário
de Andrade promove, pelo Departamento de Cultura de São Paulo, o Primeiro Congresso de Língua Nacional
Cantada. Acontece em São Paulo a 1ª Mostra da Família Artística Paulista,
constituída majoritariamente com obras do Grupo Santa Helena. Tem origem o Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, como
associação de classe, visando contribuir para a profissionalização da atividade
artística. Anita Malfatti realiza Exposição individual no Palace Hotel,
Rio de Janeiro. Anita também participa da 1ª Exposição da Família Artística
Paulista, ao lado de Bonadei (1906-74), Volpi, dentre outros do Grupo Santa
Helena, no Esplanada Hotel de São Paulo.
Adendo
Brasil:
5 de janeiro: José Joaquim Cardoso de Mello Neto (1883-1965), assume o governo
de São Paulo até 10 de novembro, quando ocorre o golpe de Estado, onde caiu
toda situação política dominante em São Paulo. Getúlio Vargas, autorizado pelo
Congresso, outorgou nova Constituição – de caráter nitidamente fascista. Nomeou
interventores para todos os Estados, extinguiu os partidos políticos e
determinou a supressão dos direitos individuais. Instaurado o Estado Novo, que
duraria até 1945, apoiado pela classe média e pela burguesia. O Congresso é
dissolvido. Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968), Ministro da Justiça, foi
quem redigiu a nova Constituição, de inspiração fascista.
1938
Em
Paris, trabalha na Radio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Em junho: participa com
obras no II Salão de Maio, no Explanada Hotel de São Paulo;
Obra escolhida para representar 1938:
Ilustração 30 – Mulata
Adendo
Cultural: Acontece
em São Paulo o II Salão de Maio, em 27 de junho, no Esplanada Hotel. Na
ocasião, Mário de Andrade adquiriu a obra de Guignard: “A Família do Fuzileiro Naval”. Mário de Andrade é exonerado do
Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e muda-se para o Rio de Janeiro,
assumindo o cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito
Federal. Leciona Filosofia e História da Arte. Acontece
o IV Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo. Anita Malfatti realiza duas exposições individuais: uma no
seu próprio ateliê, na Rua Ceará, 219, São Paulo. Lasar Segall representa
oficialmente o Brasil no Congresso Internacional de Artistas Independentes
realizado em Paris.
1939
Mesmo
ausente do Brasil, participa com obras no III Salão de Maio, na Galeria Itá, em
São Paulo. Faz rápida viagem para a Espanha;
Obra escolhida para representar 1939:
Ilustração 31 –
Maternidade (Déc. de 30)
Adendo
Cultural: Acontece
em São Paulo o Salão Paulista de Belas Artes e o 2º Salão da Família Artística
Paulista, no Automóvel Clube. Cândido Portinari trabalha nos murais do
Ministério da Educação e participa do V Salão do Sindicato e realiza exposição
individual. Mário de Andrade assume, no Rio de Janeiro, a chefia da Seção do
Instituto Nacional do Livro. O III Salão de Maio tem sua última edição, devido
desavenças entre Flávio de Carvalho e a comissão organizadora.
Adendo Brasil: É criado o DIP – Departamento de
Imprensa e Propaganda, órgão de censura aos meios de comunicação.
1940
DC retorna
de Paris, onde esteve exilado desde 1936 e passa a residir em São Paulo. As
obras despachadas, cerca de 40 pinturas e desenhos, desaparecem. Em 11 de
setembro, Tarsila do Amaral escreve a crônica “Várias Notícias de Paris”,
descrita parcialmente na sequência.(34.1):
Noemia e Di Cavalcanti, esses
simpáticos pintores que toda a gente conhece, acham-se entre nós, depois de
cinco anos bem agitados em Paris, de onde vieram contando coisas do outro
mundo. Notícias gostosas, notícias cômicas e por fim, notícias dolorosas.
Abandonaram Paris às carreiras,
deixando quadros, roupas, livros, mil coisinhas mais ou menos supérfluas que
costuma girar em torno da vida, e compreenderam que o essencial é mesmo a
própria vida. Peripécias, sustos, emoções e, finalmente, a volta ao Brasil pelo
“Paconé”, que aqui chegou superlotado com seus inúmeros passageiros que
desembarcaram trazendo-nos ouvidos a ressonância dos canhões, o ronco dos
aviões devastadores e as vibrações aflitivas dos sinais de alarme.
(...).
Noemia e Di Cavalcanti já devem estar
cansados com a insistência das perguntas. É o Di quem responde. Noemia, com
aquele ar distante, pouco intervém na conversação animada. O melhor seria andar
com um disco bem gravado e um gramofone portátil. Mas o gramofone seria
horrível. A imaginação de Di Cavalcanti estoura e por isso ele conta as mesmas
coisas com espírito, não se repete e não cansa quem o ouve pela segunda ou
terceira vez.
(...).
Outros de quem Noemia e Di Cavalcanti
me falaram foram o nosso velho amigo Blaise Cendrars, Picasso, Fernand Léger,
Francis Carco, André Breton, André Salmon, Mac Orland, Paul Eluard, Benjamim
Crémieux. Maximmillien Gauthier, Brancusi, outros e outros. (...).
Noemia e Di Cavalcanti trouxeram um
pouco de Paris até nós, o Paris risonho dos “potins”, o Paris da arte e da
literatura, o Paris da guerra. Voltarão para lá? Não se dispersam por enquanto
nessas interrogações. Estão trabalhando para expor, já que todos os seus
quadros ficaram Deus sabe onde. Mal chegara, estão rodeados de telas prontas.
Ambos foram bem acolhidos pela crítica parisiense. Noemia, “a menina vestida de
azul da pintura brasileira”, foi apresentada por Kisling numa exposição
particular que fez com muito êxito na “Galeria Rive Gauche”, expôs no Salão dos
Retratistas Contemporâneos ao lado de Derain, Marie Laurencin, Matisse,
Kisling; tomou parte numa exposição coletiva no Salão de Música com Mariette
Lidys, Cocteau, Marie Laurencin etc. Seus desenhos e suas bonecas chamaram a
atenção no Salão Tropical. Foi recebida como societária na Associação das
Mulheres Pintoras da Europa, expondo no Museu Jeu de Pomme. Participou da
Exposição de Arte Decorativa no Petit Palais e foi premiada com uma medalha de
ouro pela organização artística das vitrines do Stand de Alimentação da
Exposição Internacional de Arte Técnica de 1937.
Di Cavalcanti fez duas exposições
particulares na “Galerie Rive Gauche”, na “Galerie Worms”, além de muitas
outras coletivas. Dois dos seus quadros foram adquiridos, um pela Galeria
Nacional de Arte Estrangeira Contemporânea do Museu Jeu de Pomme e outro pelo
Museu de Grénoble.
Esses pintores brasileiros vão mostrar
agora aos seus patrícios, nas suas próprias exposições, com um espírito novo, o
quanto vale uma permanência prolongada na Europa, ao contato dos grandes
mestres e das grandes obras artísticas.
DC, convertido
ao catolicismo, alegava ter abandonando a militância comunista. Em 8 de outubro,
escreveu uma carta ao líder católico Alceu Amoroso Lima (1893-1983) em que
expõe ideias completamente opostas ao que vinha pregando até então(35):
“Numa volta à crença
completa e à obediência aos ensinamentos da Santa Madre Igreja eu sinto-me
integrado na minha verdadeira personalidade de artista e nessa alegria que
recebi de Deus eu me sinto profundamente humano. (...) Sei que muitos amigos
meus dos mais queridos continuam materialistas, só peço a Deus que os inspire
(....).
Fui Comunista. Reconheço
que há ainda comunistas errados mas puros em seus malfadados ideais. Hoje porém
não aceito mais o comunismo. Nada ganhei para meu gozo material ou para meu
gozo espiritual pertencendo a um partido político”.
Obras escolhidas para representar 1940:
Ilustração 32 - Ciganos
Ilustração 33 - Bordel
Adendo Cultural: Em março: Lasar Segall realiza Exposição Individual na Galeria Neumann-Williard, de Nova
Iorque. Em São Paulo é fundado o Clube de
Cinema São Paulo e a Empresa Cinematográfica Atlântica. Villa-Lobos realiza
Concentração orfeônica no estádio do
Vasco da Gama, reunindo aproximadamente 42 mil vozes de crianças estudantes.
Nessa concentração aconteceu uma grande ovação ao presidente Vargas, fato esse
que desagradou completamente os intelectuais da época. Manuel Bandeira é eleito
membro da Academia Brasileira de Letras. Realiza-se no Rio de Janeiro, a 3ª
Exposição da Família Artística Paulista, com apresentação de Sérgio Milliet. Em dezembro, 17,
acontece o 7º Salão Paulista de Belas Artes em São Paulo.
1941
Ilustra
o livro Uma Noite na Taverna/Macário,
de Álvares de Azevedo (1831-52). Participa do I Salão de Arte da Feira Nacional
de Indústrias, em São Paulo;
Obra escolhida para representar 1941:
Ilustração 34 – Mulheres protestando
Adendo
Cultural: Anita
Malfatti é eleita presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Mário de Andrade retorna do Rio e inicia seus trabalhos na seção paulista do
SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Adendo Brasil: 28 de Agosto: entra no ar, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o
jornal “Repórter Esso”, na voz de
Romeu Fernandez (? - ?), anunciando o ataque de aviões da Alemanha à Normandia,
durante a Segunda Grande Guerra.
1942
Faz rápida viagem ao Uruguai, em Montevidéu, e na Argentina, Buenos
Aires;
Obra escolhida para representar
1942:
Ilustração 35 – Sem Título ou Retrato de
Mulher
Adendo
Cultural:
Em março é fundada a “Sociedade Brasileira de Escritores”, sob a presidência de
Sérgio Milliet e vice Mário de Andrade. Em Abril: Mário de Andrade realiza a
famosa conferência “O Movimento
Modernista”, no Salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das
Relações Exteriores (Itamarati), no Rio de janeiro. 19 de julho: falece em São
Paulo, Pedro Alexandrino.
Adendo
Brasil:
Vargas vai declarar guerra à Alemanha.
1943
Tem suas obras exibidas na Galeria
Greco’s, em Buenos Aires, e no IV Salão de Belas-Artes, em Belo Horizonte
(MG). Na seção “Notas de Crítica Literária”
do dia 24 de outubro de 1943, publicada na Folha da Manhã,
o crítico Antonio Cândido (1918-2017) analisou a obra “Marco Zero 1 – A
Revolução Melancólica”, do escritor Oswald de Andrade (1890-1954). Insatisfeito
com a crítica, DC publicou artigo em 15 de dezembro para
rebater o que ele chamou de “última fornada” de críticos da literatura (*);
Obra escolhida para representar 1943:
Ilustração 36 - Arlequim
Adendo Cultural: Anita Malfatti
participa da Exposição de Arte Moderna, em Belo Horizonte (MG), no Edifício
Mariana, em maio. Participa também da exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e
Diplomático do Salão Itamaraty, no Rio de Janeiro, e na exposição Anti-Eixo, na
Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Mário de Andrade
escreve extenso ensaio sobre o artista plástico Lasar Segall. 3 de outubro:
falece em São Paulo, Paulo Prado. Sérgio
Milliet assume a direção da Biblioteca Municipal de São Paulo e apresenta
projeto de arquivo e documentação de arte sobre papel, dando início a um acervo
de desenhos e gravuras originais que pudessem ser guardados em pastas,
permitindo o fácil acesso a pesquisadores e historiadores de arte. Segall
realiza exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de
Janeiro. Segall publica o álbum de gravuras Mangue, com desenhos feitos
em 1924, composto de 42 reproduções em zincografia, três xilogravuras originais
e uma litografia, com textos de Jorge de Lima (1886-1953), Mário de Andrade e
Manuel Bandeira – onde focalizou a zona de meretrício do Rio de Janeiro.
Adendo
Brasil: Vargas
é pressionado e o Brasil declara guerra ao Eixo. Implantado, oficialmente, no
Brasil, o Curso de Jornalismo, através do Decreto-Lei Nº 5480, de 13 de maio,
pelo então presidente Vargas e pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema.
1944
Participa da Exposição de
Arte Moderna, no Edifício Mariana, em Belo Horizonte. Integra
a Exhibition of Modern Brazilian
Paintings, na Royal Academy of Arts e no
Norwich Castle and Museum, em Londres. Começa a escrever uma coluna de periodicidade irregular no jornal Correio
Paulistano, que levava o título de “Cartas
a Angelina”;
Obra escolhida para representar 1944:
Ilustração 37 - Gafieira
Adendo Cultural: Realiza-se, em Belo
Horizonte – MG, a primeira Exposição de
Pintura Moderna em Minas, no governo do prefeito Juscelino Kubitschek
(1902-76). Inaugura-se o Curso de Artes Visuais de Guignard. O Museu Nacional
de Belas Artes do Rio de Janeiro realiza exposição de pintura brasileira e
norte-americana. Em novembro, em Londres, acontece exposição coletiva de
pintores brasileiros. Anita Malfatti expõe no VIII Salão do Sindicato dos Artistas
Plásticos. Participa também de outras
exposições coletivas: de Artes Plásticas, no ABI, Rio de Janeiro; no Salão do
Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, na Galeria Prestes Maia; na de
Pintura Moderna Brasileira & Norte-Americana, também na Galeria Prestes
Maia. A Livraria Martins Editora inicia a publicação
das Obras Completas de Mário de
Andrade.
Adendo
Brasil: A
Força Expedicionária Brasileira embarca para a Itália, com 25 mil homens e o
Brasil entra definitivamente na Guerra.
1945
Sérgio Milliet, no seu Diário
Crítico, 1945, em 30 de outubro, comentando sobre a Antologia de poetas brasileiros bissextos contemporâneos, de Manuel
Bandeira, que foi publicado no ano seguinte, ocasião que menciona DC(36):
(...). Há surpresas admiráveis nesse livro como as poesias
de Di Cavalcanti ou Rubem Braga; (...).
Os dois poemas de Di Cavalcanti revelam uma
sensibilidade poética e uma expressão literária que nada ficam a dever à
sensibilidade e à expressão pictórica do autor. E o que é mais curioso, tais
poemas parecem “ilustrações” felizes para os quadros do pioneiro da pintura
moderna brasileira. “Ladainha impura” tem a sensibilidade triste de suas
melhores telas, e também aquela melancolia pegajosa de suas cores:
Perdido no mar,
Perdido na terra,
Perdido no céu,
Rasguei teu vestido,
Roubei teu anel.
Perdido no mar,
Perdido na terra,
Perdido no céu,
Marquei no teu seio
A estrela do mal.
Obra escolhida para representar 1945:
Ilustração 38 – Maternidade (nanquim)
Adendo
Cultural: Janeiro: Sérgio Milliet inaugura a Secção de
Arte na Biblioteca Municipal de São Paulo, o primeiro acervo público de arte
moderna brasileira. 22
de janeiro, em São Paulo, acontece o Primeiro
Congresso Brasileiro de Escritores. 25 de fevereiro, Mário de Andrade vem a
falecer de ataque cardíaco, na sua casa, em São Paulo. 24 de abril: falece em
São Paulo, o artista plástico italiano Ernesto De Fiori. O palacete de Da.
Olívia Guedes Penteado, localizado entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua
Conselheiro Nébias, São Paulo, foi demolido, destruindo uma das obras-primas de
Lasar Segall, de 1925. Em novembro: Anita Malfatti realiza exposição individual
em São Paulo, na Rua 7 de Abril, no Instituto dos Arquitetos, no Edifício
Esther, com algumas obras nitidamente impressionistas.
Adendo
Brasil: O
Partido Comunista Brasileiro (PCB), única organização que, mesmo na
clandestinidade, se identificava com a resistência à ditadura e com as ideias
libertárias, catalisa grande parte desse processo. Artistas e intelectuais
aglutinam-se em torno de suas propostas transformadoras e lança candidato
próprio à presidência da República. O PCB, após 18 anos de ação clandestina, em
novembro, consegue registro em termos definitivos. Fim da ditadura Vargas. Extinguiu-se o Estado Novo. Novas eleições,
em 2 de dezembro, eleito presidente o general Eurico Gaspar Dutra (1883-1974).
1946
Retorna à Paris em busca dos quadros desaparecidos, nesse mesmo ano
expõe no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustra livros
de Vinícius de Moraes (1913-80), Álvares de Azevedo (1831-1852) e Jorge Amado
(1912-2001);
Obra escolhida para representar 1946:
Ilustração 39 - Nu
Adendo
Cultural: Em fevereiro: na Biblioteca Municipal do Rio de
Janeiro, acontece a “Exposição de Retratos de Mário de Andrade”. Acontece no
Chile exposição de Arte Brasileira organizada por Berto Udler. Acontecem em São
Paulo o Salão
do Sindicato dos Artistas Plásticos e o Salão Paulista de Belas Artes, ambos na
Galeria Prestes Maia; e Exposição
Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá. 7 de outubro: a Academia Brasileira de
Música foi reconhecida de utilidade pública por Decreto Federal.
Adendo Brasil: 31 de janeiro: posse do presidente Eurico Gaspar Dutra. Inicia-se o
período de democratização do país. 18 de setembro: promulgada a quinta
Constituição do Brasil. O governo cria o SESI (Serviço social da Indústria) e o
SESC (Serviço Social do Comércio). Através de Decreto Presidencial são fechados
todos os cassinos no Brasil e a proibição de todo tipo de “jogo de azar”. É criada a
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
1947
Participa com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de
pintura do Grupo dos 19. Expõe na Galeria Domus, no Rio de Janeiro. Em maio:
produziu capa para a revista Rio, publicação sobre arte e sociedade
dirigida por Roberto Marinho (1904-2003). Em novembro fez capa para a revista
periódica Joaquim, Curitiba (PR);
Obras escolhidas para representar
1947:
Ilustração 40 – Capa da Revista Rio
Ilustração 41 – Abigail
Adendo Cultural: Os artistas
plásticos John Graz e Antônio Gomide expõem em conjunto, em galeria da Rua
Barão de Itapetininga, São Paulo. 6 de
julho: a Academia Brasileira de Música é instituída como Órgão Técnico
Consultivo do Governo Federal, através de Decreto. Cândido Portinari,
perseguido pelo governo Dutra, exila-se no Uruguai. 2 de julho: tem início o
Museu de Arte de São Paulo (MASP), à Rua 7 de abril, 230, através do empresário e jornalista Francisco de Assis Chateaubriand
Bandeira de Mello (1892-1968) e o crítico de arte italiano Pietro Maria Bardi (1900-99). Também em julho, Cândido Portinari realiza sua primeira
exposição individual em Buenos Aires (Argentina), no Salón Penser.
Adendo
Brasil: 14
de março: Adhemar de Barros (1901-69), toma posse como governador de São Paulo.
Seu governo terminará em janeiro de 1951. O Tribunal Superior Eleitoral cancela
o registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
1948
São realizadas duas Mostras Retrospectivas
em São Paulo: “Emiliano Di Cavalcanti 30 Anos de Pintura: 1918-1948”, no
Instituo dos Arquitetos do Brasil e no MASP, em São Paulo. Em outubro: realiza
conferência no Museu de Arte
Moderna de São Paulo (MAM/SP), Os Mitos do Modernismo. A conferência foi depois
publicada
na revista Fundamentos, sob o
título Realismo
e Abstracionismo. Sérgio
Milliet, no seu Diário Crítico – 1948-49,
em 15 de abril, comentando o livro de Margarida Sarfatti, sobre o estado da
pintura no momento atual (“Espejo de la pintura”), que acabara de publicar, comenta
parte que a autora comenta DC(37):
(...).
Margarida Sarfatti refere-se ainda carinhosamente, a Di
Cavalcanti, Lasar Segall, Lúcia Suané, Alfredo Volpi, Paulo Rossi, Noêmia,
Quirino da Silva e Bonadei. Vê em Di Cavalcanti um poeta da plástica e não erra
ao acentuar sua sensualidade e sua imaginação, (...).
Sérgio Milliet, ainda no seu Diário
Crítico – 1948-49, em 24 de junho, comentando as dificuldades que o
Lourival Gomes Machado teve de vencer para escrever uma rápida história da arte
moderna no Brasil, menciona DC(38):
(...).
O clima de liberdade que se criaria com o movimento modernista teria como
resultado principal possibilitar a expressão de uma sensibilidade própria
nacional. Mais nada. O mais realizado de todos os artistas desse tempo, Di
Cavalcanti, só muito depois chegara à plena consciência do problema e nos daria
uma arte realmente pessoal, muito nossa pela poesia e pela humanidade, pela
atitude sentimental da vida. (...).
Sérgio Milliet, em 21 de julho, nesse mesmo Diário Crítico, volta a mencionar DC(39):
Em conferência pronunciada na Lapa, Di
Cavalcanti defendeu a pintura figurativa, depois de passar em revista as
diferentes pesquisas tentadas pelos artistas modernos. A seu ver a arte é
também, e antes de tudo, uma tomada de posição humana. Como um herói de Sartre,
Di Cavalcanti acha que a liberdade do artista consiste em renunciar à liberdade
em benefício de um destino, consiste em escolher um caminho que leve a outras
vidas, e a outros destinos para cuja realização o artista coopera, justificando
assim a sua presença e a sua necessidade. Entre as duas soluções, a da
participação que consiste em escolher entre a cor da matraca com a qual se será
ferido, e da evasão, que consiste em criar um mundo próprio e estanque apenas
acessível a uns poucos requintados, Di Cavalcanti prefere a primeira. Isso o
levou a considerar a pintura sob dois aspectos diversos, o técnico e o
filosófico. Tecnicamente todas as pesquisas interessam, todas as procuras
enriquecem; filosoficamente a pintura tem que ser uma expressão do humano e
destinar-se a provocar uma emoção no maior número possível de indivíduos. Daí
aceitar ele o abstracionismo apenas como contribuição pictórica e não como fim
em si.
(...).
A posição assumida por Di Cavalcanti é uma
posição generosa, porque é uma posição de luta por um ideal respeitável. Isso
não quer dizer que esteja fatalmente dentro da verdade. Como participante e
interessado ele não pode julgar do futuro da pintura. Este virá à nossa
revelia. Mas ele pode – e o faz – desejar que a arte não enverede pelo caminho
que se lhe afigura sem sentido humano. (...).
Obra escolhida para representar 1948:
Ilustração 42 – Mulheres no Mangue
Adendo
Cultural: Lasar
Segall viaja aos Estados Unidos e, em março, realiza Exposição Individual na Galeria Artistas Americanos Associados (Associated American Artists Galleries),
Nova York e, em maio, na União
Pan-Americana, Washington. É realizada no Teatro Municipal de São Paulo, Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Pintoras
e Escultoras de São Paulo. Criação do Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de
Janeiro. O Museu de Arte Moderna de São Paulo foi constituído oficialmente, por
escritura pública, em 15 de julho. 4 de julho: morre o escritor Monteiro
Lobato.
1949
Murilo Mendes, na edição do A
Manhã, Rio de Janeiro, 6 de fevereiro, na coluna Letras e Artes, escreve sobre DC(40):
Ora, esse efeito boêmio do temperamento de Di Cavalcanti
combina-se com uma
capacidade de trabalho que espanta os mais desatentos e
desprevenidos. A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como
seu método de ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que
tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único
pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas
dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um
elevado nível de consciência artística. Debaixo de aparências ligeiras, a
carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama
intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de
soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do
Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com
outros.
Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande
individualista é um pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador
obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de
disciplina.
Viaja ao México para o Congresso de Intelectuais pela Paz, como
representante do Partido Comunista Brasileiro. Expõe na Cidade do México;
.
Obra escolhida para representar 1949:
Ilustração 43 – Lavadeiras (nanquim s/ papel),
c/ dedicatória a João Condé (1917-71)
Adendo
Cultural: 8 de março: abertura da sede oficial do Museu de
Arte Moderna de São Paulo, à Rua 7 de abril. O MASP da Av. Paulista será
inaugurado em 7 de novembro de 1968, projetado pela arquiteta italiana Lina Bo
(1914/92), esposa de Pietro Maria Bardi. Acontece a Primeira Retrospectiva de Anita
Malfatti no MASP, São Paulo. Acontece em Salvador (Bahia), o 1º Salão Baiano de
Belas Artes, no Hotel Bahia. Em 19 de junho, em
São Paulo, falece o desenhista e arquiteto Antônio Garcia Moya. Tem início o
acervo da Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina que será inaugurada em
1951.
1950
Termina seu casamento com Noêmia. Passa a
conviver com Beryl Tucker Gilman, no Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1950:
Ilustração 44 – Nu e Figuras
Adendo
Cultural:
Tarsila do Amaral realiza retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo,
a convite de seu diretor, Sergio Milliet. Cândido Portinari participa da XXV
Bienal de Veneza, com seis obras.
Adendo
Brasil: 18 de setembro: às 22 h, em São Paulo, foi ao ar o
primeiro programa da televisão brasileira, TV Tupi. 3 de outubro: Getúlio
Vargas é eleito presidente, obtendo 3.849.040 votos (49% dos votos válidos). Os
outros dois concorrentes, Eduardo Gomes (1896-1981), 30%, e Cristiano Machado
(1893-1953), 22%.
1951
É convidado e participa da I Bienal de São Paulo. Ministra Curso de
Cenografia, no Serviço Nacional de Teatro, no Rio de Janeiro. Em dezembro:
produziu sob encomenda a capa e um artigo sobre gastronomia para a revista Cultura
e Alimentação, produzida pelo Serviço de Alimentação da Previdência Social
dirigida pelo poeta Murilo Mendes;
Obra escolhida para representar 1951:
Ilustração 45 - Pescadores
Adendo Cultural: Acontece em São
Paulo o 1º Salão Paulista de Arte Moderna. 20 de outubro: inaugurada em S. Paulo a I Bienal de São Paulo, no
edifício Trianon (atualmente o edifício do MASP), na Avenida Paulista, com
obras de vários artistas modernistas.
Adendo
Brasil:
18 de janeiro: Vargas toma posse.
1952
Doa 560 desenhos, produzidos ao longo de 30 anos, para o Museu de
Arte Moderna de São Paulo. Escreve para o Última
Hora de São Paulo e do Rio de Janeiro. Participa no Museu de Arte Moderna,
Rio de Janeiro, da Exposição de Artistas Brasileiros.
Obra escolhida para representar 1952:
Ilustração 46 - Mulher
Adendo Cultural: Acontece em São
Paulo a “Exposição Coletiva comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922”. O
artista Plástico Alberto da Veiga Guignard organiza o 7º Salão de Belas
Artes da Cidade de Belo Horizonte, na Prefeitura de Belo Horizonte – MG.
Tarsila do Amaral recebe o 2º Prêmio Nacional de Pintura, no valor de Cr$
50.000,00, quando da participação na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São
Paulo.
Adendo
Brasil: 1º
de janeiro: Lucas Nogueira Garcez (1913-82) assume o governo do estado de São
Paulo. Seu governo terminará em janeiro de 1955. Vargas cria o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de incentivar a indústria nacional.
1953
Recebe, juntamente com Alfredo Volpi (1896-1988), o prêmio de
melhor pintor nacional da II Bienal Internacional de São Paulo;
Obra escolhida para representar 1953:
Ilustração 47 – Mulher com gato
Adendo
Cultural:
Zina Aita volta ao Brasil, Teresópolis, por curto período e retorna para a
Itália. Em maio, concorrendo com a produção cinematográfica de 26 países, o
filme brasileiro: “O Cangaceiro” é
premiado no Festival de Cannes, na França, dirigido por Vitor de Lima Barreto.
O Brasil todo canta: Mulher Rendeira.
Adendo
Brasil:
Vão para o ar a TV Rio (Canal 13) e a TV Record (Canal 7), de S. Paulo. Através
da Lei n.° 2.004, Vargas cria a Petrobrás, empresa estatal que detinha o
monopólio de exploração e refino do petróleo no Brasil.
1954
Realiza, no Museu de Arte Moderna, São Paulo, realiza a exposição
individual: “Di Cavalcanti – desenhos”. Cria os figurinos para o balé A Lenda do Amor Impossível, que foi
encenado pelo Corpo de Baile do 4º
Centenário de São Paulo. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, realiza
a exposição “Di Cavalcanti: Retrospectiva”, com setenta de seus trabalhos. Em
depoimento na Folha da Manhã, a José
Geraldo Vieira (1897-1977), em 30 de maio, na coluna “Branco e Preto”, DC afirmava(41):
Nunca fiz abstracionismo porque sou um artista
literário. Isto é, escrevo com grafismo minha arte. Conto alguma coisa!
Testemunho realidades! Fixo dramas! Surpreendo horas, estados da alma, o povo,
a rua, os interiores pobres, etc.
Obra escolhida para representar 1954:
Ilustração 48 –
Mulher Deitada com Cachorro
Adendo Cultural: Por ocasião das
comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, foi construído o Palácio
das Exposições, no Parque do Ibirapuera, onde acontece a Exposição de História
do Brasil. 22 de outubro: morre o
escritor Oswald de Andrade, na cidade de S. Paulo. Acontece em São Paulo, no
Museu de Arte Moderna, a Exposição Coletiva de Arte Contemporânea.
Adendo
Brasil: 24
de agosto: Vargas recebe um ultimato do ministro da guerra, exigindo seu
afastamento. Isolado no Palácio do Catete, Getúlio Vargas redige seu testamento
e suicida-se. Posse de João Café Filho (1899-1970), vice-presidente.
1955
Publica Viagem da Minha Vida:
O Testamento da Alvorada, primeiro livro de memórias, editora Civilização
Brasileira. Sua experiência mais fecunda como colunista diário foi nesse ano,
no jornal Ultima Hora, do Rio de Janeiro. Foram cinco meses de trabalho,
nos quais ele produziu um total de 70 colunas, que tinham o título de “Preto
& Branco”. Versando sobre temas variados, quase sempre com grande lucidez,
e sem receio de abordar mesmo assuntos mais sensíveis, ele ganhou fama como
cronista na época. Em julho daquele ano, a coluna social “Black Tié”, assinada
no mesmo jornal por João da Ega, pseudônimo do jornalista Carlos Laet,
proclamava(42):
- Não há leitor
de Última Hora que possa evitar a leitura da coluna “Preto & Branco”, de Di
Cavalcanti. Aqueles que o admiravam como pintor, andam agora envoltos na mais
tremenda dúvida, para distinguir se ele é maior como cronista ou como antes se
havia revelado.
Sérgio Milliet,
no seu Diário Crítico – 1955/56, dedica o dia 27 de setembro, para tecer
longa descrição a respeito da publicação do Viagem da Minha Vida. Segue
descrição parcial, conservada a ortografia original(43):
O que me agrada
inteiramente em “Viagem de minha vida” é o tom de conversa de mesa de bar, a
naturalidade com que êsse integralíssimo boêmio nos conta seus casos, e em
poucos traços – não tivesse sido êle um caricaturista no início de sua carreira
artística – retrata algum ator dêsse “teatro da vida” que tão bem entende e de
que tanto gosta. O que me agrada é a presença de Di Cavalcanti porque, a meu
ver, as memórias interessam na medida em que revelam o próprio autor, e só
ocasionalmente pelos acontecimentos que narra, quando o destino fêz viver o
narrador em alguma época ainda carecedora de esclarecimento histórico. É o
homem que buscamos compreender melhor em suas memórias, as quais nos atraem
principalmente quando, por vários motivos sua personalidade artística ou social
se nos afigura curiosa ou importante.
(...).
Di Cavalcanti
sabe ver e contar. Sabe ver os homens mais do que a paisagem. Esta, muito raramente
aparece e ainda assim só se esboça, como um tom ambiental, não em seus
pormenores; e para valorizar os indivíduos, apenas. Ou explicá-los. Êstes, êle
os vê na sua expressão mais características, e com uma frase por vêzes os
define: “Oswaldo de Andrade e o senso divinatório de um novo mundo que êle
agarrava pelas fraldas da camisa literária de um Cocteau” etc... Ou “A
personalidade de Mário de Andrade foi sempre a de um professor, professor (...)
às vêzes inesperadamente desiludido de si mesmo, mas sempre atento aos
discípulos”. Ou ainda: “Graça Aranha para mim era um nome sonoro de antologia
escolar”.
O curioso é que
neste primeiro volume tudo sabe a Rio e São Paulo (o São Paulo provinciano das
vésperas da Semana de Arte Moderna), embora uma parte do que se relata venha de
Paris. (...). Di permanece essencialmente brasileiro, em sua maneira de ser
como um sua pintura, por mais que viaje e viva alhures. E eu sei que essa vida
dêle, no estrangeiro, nada teve de turístico. Sem dúvida aprendeu alguma coisa
em Paris: a apreciar mais sensual e requintadamente certos aspectos do
cotidiano, e digo cotidiano porque do cotidiano é que tira sua poesia, sua
inspiração, sua obra. Com a estada na França não se mascarou de civilizado. O
que diz a respeito de Menotti del Picchia, que amou o modernismo sem jamais se
casar com êle, poderíamos também aplicar ao próprio pintor que nunca fêz
Braque, nem Mondrian, nem ninguém que não fôsse Di Cavalcanti. Entretanto,
naquelas alturas de 1922, não ceder à injunção das novidades européias era
difícil. Elas surgiam com um brilho ofuscante, tanto mais quanto carecíamos de
uma tradição literária sólida (ou a desconhecíamos?), bem nossa, que nos
preservasse do contágio. (...). Em pintura então é que não havia nada de
verdade; o academismo mal disfarçado pelo tema nacional não podia bastar para
que um artista resistisse ao chamado da Europa em plena revolução estética. E
sua autenticidade salvou-o. O fenômeno dessa resistência talvez se esclareça à
luz de suas memórias e eis por que as leremos não apenas com prazer mas também
com atenção, à cata do segrêdo recôndito de uma originalidade difícil de se
encontrar em meio tão comospolita como o nosso. Um trecho de “Viagem da minha
vida” parece-me, a êsse respeito, elucidativo. Vale a pena citá-lo, e não só
por isso, mas porque mostra igualmente o estilo típico de conversa, a que
aludi: “do Carnaval carioca tirei o amor à côr, ao ritmo, à sensualidade de um
Brasil original: do bairro de São Cristóvão a permanência do romanesco, o
familiar gênero Machado de Assis, a preocupação política aprendi nas charges do
velho “Malho”; do Nordeste de meus parentes paraibanos e pernambucanos vinha
meu aventurismo, minha ousadia que aumentara depois do contacto com a zona
agrícola do Interior de São Paulo, revelação da existência de um Brasil de
colonização italiana, industrializando a produção cafeeira, criando cidades”.
Natural, antiliterário por excelência, algo relaxado, contudo elegante, direto,
vivo; num estilo de pijama ou de roupa de brim, nunca de terno escuro,
colarinho e gravata. Bem nosso, bem familiar aos nossos ouvidos.
Capa do livro Viagem da Minha
Vida:
Ilustração 49
Obra escolhida para representar 1955:
Ilustração 50 – Um sonho de carnaval
Adendo Cultural: Anita Malfatti apresenta no MASP, a
convite de Pietro Maria Bardi, a exposição “Tomei
a liberdade de pintar a meu modo”. Acontece o 4º Salão Paulista de Arte
Moderna, exposição coletiva, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Em julho:
acontece em São Paulo a III Bienal Internacional de São Paulo. No Rio de
Janeiro, sob a coordenação do Itamaraty, em 27 de fevereiro, foi aberta no
Teatro Municipal do Rio, uma das maiores exposição de artes até então. 17 de
dezembro: falece em São Paulo, Victor Brecheret.
Adendo
Brasil: 3 de outubro: Juscelino Kubitschek de Oliveira
(1902-76) é eleito Presidente, obtendo 36% dos votos válidos.
1956
Participa como representante do Brasil na XXVIII Bienal de Veneza e
recebe o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste, Itália;
Obra escolhida para representar 1956:
Ilustração 51 -
Figuras
Adendo
Cultural:
Acontece em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, a exposição “50 anos de
Paisagem Brasileira”.
Adendo
Brasil: 31 de janeiro: posse de Juscelino Kubitschek, como
presidente do Brasil.
1957
Participa da IV Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Participa, com 30 obras, na Galeria Exclusividades, Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1957:
Ilustração 52 - Mulata
Adendo
Cultural:
Zina Aita realiza a exposição individual “Ceramiche
di Zina Aita”, na Galleria d’Arte Vanvitelli, em Nápoles – Itália.
Participa também da exposição coletiva “Mostra
do Presépio”, no Palácio Braschi, em Roma, e da exposição coletiva “Manifestação de Arte Nacional”, no
Palácio Real, em Nápoles. 2 de Agosto: Lasar Segall, vítima de enfermidade
cardíaca, falece em sua casa, na Rua Afonso Celso, em São Paulo. Foi sepultado
no Cemitério Israelita da Vila Mariana. Em setembro: acontece na 4ª Bienal do
MASP, em São Paulo, a Exposição Comemorativa Lasar Segall. Em São Paulo, a
exposição de Anita Malfatti, de 1917, foi comemorada com uma mostra individual
no “Clubinho” com desenhos e algumas experiências abstratas. Brecheret e Anita
Malfatti participam da exposição coletiva: “Arte Moderna no Brasil”, em Buenos
Aires (Argentina), no Museu de Arte Moderno; ainda na Argentina, em Rosário, no
Museu Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino; em Santiago do Chile, no
Museu de Arte Contemporáneo; em Lima (Peru), no Museu de Arte de Lima. Rego
Monteiro retorna ao Brasil. Os poetas paulistas Décio Pignatari (1927-2012),
Haroldo de Campos (1929-2003) lançam o "Manifesto Concretista".
Adendo
Brasil: Fevereiro: inicia-se a construção da nova capital,
Brasília, sob a direção dos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio
Costa, autor do plano piloto da cidade.
1958
Executa para Oscar Niemeyer os cartões para as tapeçarias do
Palácio da Alvorada;
Obra escolhida para representar 1958:
Ilustração 53 – Retrato de Yolanda Penteado
Adendo Cultural: Janeiro: o escritor,
desenhista e pintor modernista Flávio de Carvalho, escandaliza a elite
moralista da cidade de S. Paulo, desfilando pelo centro da cidade com saiote e
meias rendadas de bailarina, alegando estar criando uma “nova moda masculina”
mais adequada ao clima do país. Março: acontece na Galeria de Artes das Folhas,
São Paulo, exposição Retrospectivas de desenhos e gravuras de Lasar Segall. Como
destaque na música: Surge a Bossa Nova, sob a liderança de João Gilberto
(1931), Roberto Menescal (1937), Chico Feitosa (1935-2004), Tom Jobim (1927-94)
e Nara Leão (1942-89). Estreia no Teatro de Arena a peça “Eles Não Usam Black-Time”, de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006).
Falecimento do artista plástico Ignácio da Costa Ferreira (Ferrignac). 14 de
fevereiro: falece, em São Paulo, um dos mecenas dos modernistas, o senador
Freitas Valle.
1959
Participa da “Exposição Coletiva Itinerante”, pelo MAM (RJ). Recebe
do político Carlos Otávio Flexa Ribeiro (1914-91), o título de “O Patriarca da Pintura Moderna Brasileira”;
Obra escolhida para representar 1959:
Ilustração 54 – Cena no Interior
(nanquim e grafite)
Adendo Cultural: Em setembro:
acontece a V Bienal de São Paulo, com sala especial dedicada a Cândido
Portinari e a Lasar Segall.
Adendo
Brasil: 31
de janeiro: Carlos Alberto Alves Carvalho Pinto (1910-87) toma posse como
governador de São Paulo. Seu governo terminará em janeiro de 1963.
1960
Recebe a medalha de ouro por sua participação com sala especial na
II Bienal Interamericana, no México. Pinta a Via Sacra para a Catedral de Brasília e um painel para os
Escritórios da Aviação Real na cidade do México. Ilustra o livro Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado
(1912-2001). Realiza ainda exposições em Paris, Rio de Janeiro e São Paulo.
Pinta painéis para o Palácio do Congresso, em Brasília, e para o Banco Lar
Brasileiro, hoje no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1960:
Ilustração 55 – Mercado de peixe
Adendo
Cultural: Acontece
em São Paulo a Exposição Contribuição da
mulher às artes plásticas no país, no Museu de Arte Moderna, de dezembro
até janeiro de 61.
Adendo
Brasil: 21
de Abril: a capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília. 3
de outubro: Jânio Quadros (1917-92) é eleito presidente do Brasil e João
Goulart (1919-76) o vice.
1961
Decide anular sua participação na VI Bienal Internacional de São
Paulo. Realiza Exposição Individual na Petite Galeria, Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar
1961:
Ilustração 56 – Tempos Modernos
Adendo
Cultural: 21
de janeiro: morre, em Paris, o escritor suíço Blaise Cendrars. Acontece em São
Paulo a VI Bienal Internacional de São Paulo. 16 de fevereiro: falece no Rio de
Janeiro o artista plástico Osvaldo Goeldi. Tarsila realiza retrospectiva na
Casa do Artista Plástico, em São Paulo. Em outubro: acontece no Centro de
Ciências, Letras e Artes, de Campinas (SP), a exposição “Lasar Segall:
gravuras”.
Adendo Brasil: 25 de Agosto:
Renúncia de Jânio Quadros (PTN) da presidência do Brasil. Assumi seu vice, João
Goulart, conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de
esquerda para a então política brasileira. Início do regime parlamentarista,
atribuindo funções do Executivo ao Congresso.
1962
Participa do Congresso da Paz, em Paris e Moscou. Realiza no
Instituo dos Arquitetos do Brasil, a palestra “Responsabilidades dos
Intelectuais na Luta pelo Desarmamento e pela Paz”. Realiza Mostras no Rio de
Janeiro. Participa da I Bienal de Arte Americana em Córdoba, Argentina.
Participa também da Exposição de Artistas Brasileiros em Casablanca, Rabat e
Tânger, no Marrocos. Ilustra o livro A
Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado;
Obra escolhida para representar
1962:
Ilustração 57 – Duas Mulatas
Adendo Cultural: 6 de fevereiro:
falece Cândido Portinari, no Rio de Janeiro. 26 de junho: falece o artista
plástico Alberto da Veiga Guignard. 12 de dezembro: falece em Santos (SP),
Patrícia Galvão, a Pagu. O filme Pagador de Promessas, do cineasta Anselmo Duarte (1920-2009) é o
primeiro filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, na
França.
Adendo Brasil: O presidente João
Goulart sanciona a Lei que institui o décimo terceiro salário para todo
trabalhador com carteira assinada. A seleção brasileira de futebol consegue o
bicampeonato de futebol no Chile. O Acre passa a receber a
categoria de mais um Estado do Brasil.
1963
É homenageado com sala especial na VII Bienal Internacional de São
Paulo. Luís Martins (1907-81), assim descreveu sobre DC na VII Bienal(44):
“Sua generosidade inata levá-lo-ia naturalmente
a outros caminhos e a novas perspectivas, quando, em 1923, em sua primeira
viagem à Europa, descobriu Picasso – o Picasso que se evadia das linhas frias,
severas, retas e angulosas do cubismo (*), para
as curvas sensuais, exuberantes e mediterrâneas de sua fase neoclássica. Mas,
se esse encontro com o grande pintor espanhol constituiu provavelmente, para o
jovem brasileiro, uma revelação do seu próprio temperamento, sugerindo-lhe uma
forma de exprimir plasticamente o que há de ondulante, macio, cálido e maternal
no corpo feminino, força é confessar que a personalidade de nosso artista não
se deixou subjugar ou dominar passivamente pela outra, mais amadurecida, do
mestre consagrado. O que há em Di Cavalcanti de intrinsecamente brasileiro, ou
melhor particularizando, de carioca, levava-o a uma interpretação pessoal, a
uma espécie de tradução para o mulato das mulheres clássicas e um pouco
olímpicas de Picasso, dando-lhes um frêmito, uma malícia e uma indolência que
elas não tinham”.
(*) O
Cubismo é um movimento artístico que teve surgimento no século XX e é
considerado o mais influente deste período. Com suas formas geométricas
representadas, na maioria das vezes, por cubos e cilindros, a arte cubista
rompeu com os padrões estéticos que primavam pela perfeição das formas na busca
da imagem realista da natureza. A imagem única e fiel à natureza, tão apreciada
pelos europeus desde o Renascimento, deu lugar a esta nova forma de expressão
onde um único objeto pode ser visto por diferentes ângulos ao mesmo tempo.(45)
Obra escolhida para representar
1963:
Ilustração 58 – Menino com galo brincando
Adendo
Cultural: O Museu de Arte da
Prefeitura de Belo Horizonte (MG), realiza em maio, a exposição: Segall: desenhos e pinturas. Acontece a
VII Bienal Internacional de São Paulo, entre 28 de setembro e 22 de dezembro.
Anita Malfatti realiza exposição individual na Casa do Artista Plástico, em
junho, em São Paulo. Anita foi homenageada na VII Bienal Internacional de Arte
de São Paulo, iniciada dia 28 de setembro e encerrada em 22 de dezembro, com
uma sala inteiramente dedicada às suas obras. Foi a última exposição com a
presença da pioneira do modernismo brasileiro, Anita Catarina Malfatti.
Adendo Brasil: 6 de janeiro:
Plebiscito escolhe o sistema presidencialista no Brasil, derrotando o
parlamentarismo. Em São Paulo tem início a greve dos 700 mil, envolvendo 78
sindicatos, reivindicando aumento salarial e a unificação das datas base. 1º de
maio: a TV Tupi faz a primeira transmissão em cores da televisão brasileira.
1964
A Galeria Relevo, Rio de Janeiro, organiza exposição comemorativa
dos seus quarenta anos de artista: “Di Cavalcanti – 40 anos de pintura. Publica
o livro Reminiscências líricas de um
perfeito carioca. Inicia desenhos de joias que são executadas pelo
joalheiro Lucien, do Rio de Janeiro. Participa, no Rio de Janeiro, na Galeria
Ibeu, da exposição “O Nu na Arte Contemporânea. É indicado pelo presidente João
Goulart (1919-76) para ser adido cultural na França, embarca para Paris, mas
não assume por causa do golpe militar no Brasil;
Obra escolhida para representar 1964:
Ilustração 59 – Mulher Sentada
Adendo Cultural: Acontece em
Veneza, Itália, a XXXII Bienal. 6 de novembro: falece Anita Catarina Malfatti,
aos 75 anos, na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. 9 de novembro: falece
no Rio de Janeiro, Cecília Meireles. Glauber Rocha (1939-81) lança "Deus e o Diabo na Terra do Sol",
marco do cinema novo.
Adendo Brasil: Acontece o “Golpe
Militar”: O estopim para o golpe militar no Brasil aconteceu em março, quando
Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma
agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado
e a direita em geral organizaram, em São Paulo a "Marcha da Família Com
Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio às
tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios,
garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os
discursos e mensagens. Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a
tomada do poder e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João
Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a
presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai.
Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar
que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo
mês, o marechal Castello Branco (1897-1967) foi empossado presidente com um
mandato até 24 de janeiro de 1967. O Regime Militar no Brasil duraria até 1985.
1965
Obra escolhida para representar 1965:
Ilustração 60 – Cena de Rua com Mulher
1966
São localizados seus trabalhos desaparecidos no início da década de
40, nos porões da Embaixada do Brasil na França, provavelmente colocados ali
pelos próprios agentes do governo, que teriam se encarregado de censurar sua
obra. DC é incluído na coleção de fascículos Pinacoteca de los Genios, nº 96, editada
em Buenos Aires, Argentina. Participa, em São Paulo, no Museu de Arte
Contemporânea, USP, da Exposição Itinerante “Meio Século de Arte Nova”.
Concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não consegue o
intento. Manuel Bandeira, a respeito de DC na ABL,
escreveu(46):
(...). Di Cavalcanti é outro pintor cuja admissão na
Academia muito a honraria: escreve versos e prosa com elegância e o original
sabor de sua vigorosa personalidade.
Obra escolhida para representar
1966:
Ilustração 61 – Mulata com gato
Adendo Cultural: 9 de novembro:
Falece em São Paulo, Sérgio Milliet, escritor e crítico de arte.
1967
Obra escolhida para representar 1967:
Ilustração 62 – Mulheres na Praia
Adendo Cultural: 31 de Agosto:
Falece em Ubatuba (SP), o artista plástico Antonio Gomide. No Museu Lasar
Segall, São Paulo, acontece a exposição “Segall: exposição de obras de
colecionadores”. No MAM, Rio de Janeiro: Exposição Retrospectiva Lasar Segall.
1968
Obra para representar 1968:
Ilustração 63 – Mulheres Facetadas (Mangue)
Adendo Cultural: 13 de Outubro:
Falece no Rio de Janeiro, Manuel Bandeira. 24 de outubro: Falece em São Paulo,
René Thiollier, um dos mecenas da Semana de Arte Moderna de 1922. Em São Paulo,
o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) depreda o teatro que apresentava a peça
"Roda Viva", de Chico
Buarque de Holanda, dirigida por José Celso Martinez Côrrea, e espanca os
atores. Glauber Rocha lança o filme "O
Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro". Em outubro: No Rio,
Geraldo Vandré apresenta, no 3º Festival Internacional da Canção, a música
"Para Não Dizer que Não Falei nas
Flores", considerada subversiva pelo coronel Otávio Costa, que exige a
prisão do compositor. Morre Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta.
1969
Ilustra os bilhetes das extrações da Inconfidência, São João,
Independência e Natal, da Loteria Federal;
Obra escolhida para representar
1969:
Ilustração 64 – Marina Montini
Adendo Cultural: Aracy Amaral
organiza a Exposição Retrospectiva “Tarsila:
50 Anos de pintura” – no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e depois
no Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo. 11 de julho: às 3h56m da madrugada, Guilherme
de Almeida morre em sua casa, na Rua Macapá, vítima de uremia. O
sepultamento, com honras militares, se deu às 11h do dia seguinte, e seus
despojos se encontram no Obelisco e Mausoléu do Soldado Constitucionalista de
32, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
1970
Obra escolhida para representar 1970:
Ilustração 65 - Carnaval
Adendo Cultural: É fundado, em São
Paulo, o Museu Lasar Segall, na residência do artista, na Vila Mariana. 5 de
junho, falece no Recife, Vicente do Rego Monteiro.
1971
Participa da XI Bienal Internacional de São Paulo. O Museu de Arte
Moderna de São Paulo organiza retrospectiva de sua obra, exibindo 475 obras de
todas as fases do artista. Recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos
de Arte (ABCA). Realiza Mostra com 23 obras na Galeria Ipanema, Rio de Janeiro;
Obra escolhida para representar 1971:
Ilustração 66 – Mulata-Pombo e Paisagem
Adendo Cultural: Em maio: No MASP,
São Paulo, acontece a exposição “Cem Pinturas de Lasar Segall”. O livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
(1905-75) é um dos poucos livros que escapa à censura instaurada no Brasil,
sendo publicado nesse ano.
1972
Recebe o Prêmio Moinho Santista. Participa em São Paulo da
Exposição “50 anos depois”, na Galeria Collectio. Muda-se para Salvador (BA).
Publica o álbum “7 Xilografias de Di
Cavalcanti”, com apresentação de Luís Martins, pela Editora Chile;
Obra escolhida para representar 1972:
Ilustração 67 – Baile Popular
Adendo Brasil: No Museu de Arte
Moderna de São Paulo acontece a exposição “A Semana de 22”. Março: começam em
definitivo as transmissões em cores da televisão brasileira.
1973
Recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal
da Bahia, em Salvador;
Obra escolhida para representar 1973:
Ilustração 68 – Mulher no Divã
Adendo Cultural: Acontece em São
Paulo a 12ª Bienal Internacional. Nessa Bienal, Tarsila do Amaral ganha sala
especial. 17 de janeiro: falece em São Paulo, Tarsila do Amaral. 4 de junho:
falece em Valinhos (SP), Flávio de Carvalho.
1974
Participa das Exposições “Tempo dos Modernistas”, em São Paulo no
MASP e na Bolsa de Artes, Rio de Janeiro. O poeta Odorico Tavares (1912-80), no
seu livro Meus Poemas aos Meus Pintores,
Edição Fora do Comércio, Salvador (BA), escreve o poema Di Cavalcanti a
Elisabeth(47):
Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,
foi assinado um pacto entre
Deus e Di Cavalcanti,
Chamado o Protocolo de São Cristóvão.
Deus ficou com a incumbência
de continuar criando as mulheres
e dessa as mulatas
seriam os modelos do pintor
O artista nos seus quadros
Não devia esquecer dos materiais,
Chamados Poesia e Brasil.
Não se pode pintar uma mulata
Sem essas duas coisas.
A Bahia, que é terra das mulatas,
Deu o título de professor
A Di Cavalcanti
Quem tem um pacto com Deus.
O professor continua
pintando bem, mantendo
sua palavra com Deus.
Ilustração 69 – José Lins do Rego, Odorico
Tavares e DC – s/data.
Obra escolhida para representar 1974:
Ilustração 70 – Mulata com vestido verde
Adendo Cultural: 14 de janeiro:
falece no Rio de Janeiro, Cassiano Ricardo. Em São Paulo, no Museu de Arte
Moderna, acontece a exposição “Tempos dos Modernistas”.
1975
5 de Abril: foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de
Portugal. É submetido a duas cirurgias. Participa no
Museu Lasar Segall, Vila Mariana, São Paulo, da exposição “O Modernismo de 1917
a 1930”;
Obra escolhida para representar 1975:
Ilustração 71 – Quatro Estações
Adendo Cultural: Em São Paulo,
acontece a 13ª Bienal Internacional. No Museu Lasar Segall, em São Paulo,
acontece a exposição “O Modernismo de 1917 a 1930”. Lançamento do
"Dicionário da Língua Portuguesa", organizado por Aurélio Buarque de
Holanda (1910-89), e da "Enciclopédia Mirador", organizada por
Antônio Houaiss (1915-99).
1976
Acontece no Museu Nacional de Belas Artes e no Museu de Arte
Moderna, Rio de Janeiro, a exposição: “Di Cavalcanti: Retrospectiva”;
26 de outubro: após a
terceira cirurgia, o pintor, caricaturista, desenhista, ilustrador, escritor e
advogado, Di
Cavalcanti, falece
no Rio de Janeiro, às
21h15min, na UTI do Hospital de
Beneficência onde estava internado há 20 dias com crise renal. O corpo foi
transferido para o Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, Rio de
Janeiro, onde foi velado. A prefeitura de São Paulo altera o nome da Rua 4, no
Alto da Mooca, para Rua Emiliano Di Cavalcanti.
Obra escolhida para representar 1976:
Ilustração 72 – Mulata Nua
Adendo Cultural: O enterro de DC foi
filmado pelo cineasta Glauber Rocha (1939-81). No ano seguinte, Glauber lançou
o documentário "Ninguém Assistirá Ao Enterro Da Tua Última Quimera, Somente A
Ingratidão, Aquela Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável!, - Di Cavalcanti
di Glauber". O curta foi premiado no Festival de Cannes,
mas o filme foi embargado judicialmente pela família do artista.
Ilustração 73 – DC em 1969
(Arquivos
Implacáveis de João Condé)
Ilustração 74 – DC em 1975
Depoimentos:
- De Sérgio Milliet
Era um porão alto
na praça da República. Alguns quadros de Di Cavalcanti, um busto de Brecheret e
o gordo anfitrião Oswald de Andrade a descobrir gênios nos amigos. Di ainda era
magro, mais caricaturista do que pintor e em busca de um tipo que, mais tarde,
levaria ao de suas mulatas com tana sensualidade pintadas. Quando ocasionalmente
se lançava à pintura, empregava uma técnica impressionista a serviço de seu
expressionismo natural. Davam-se bom os dois inquietos de 22, piadistas ambos e
mordazes. E generosos também, e atentos a todas as novidades artísticas e
políticas. (...).
Fonte: Milliet, Sérgio. In: O Modernismo no Brasil. Org. P. M. Bardi. Banco Sudameris Brasil
S.A., São Paulo, 1982, p. 56.
- De Luís Martins:
(...) quando assinala a
tendência de Di Cavalcanti para o fauvismo, acentua Sérgio Milliet seu caráter
instintivo. Mesmo certas aproximações expressionistas, evidentes e
incontestáveis em alguns quadros da época, seriam meras coincidências, isto é,
seriam menos derivadas de uma consciente filiação escolástica do que a
indisciplinada, intuitiva e heróica necessidade de destruir, de negar, de
contradizer todo o formidável acervo de banalidades e lugares-comuns que
entupiam museus, salas de exposições e paredes de salões particulares no ano do
centenário de nossa independência. Era um expressionismo natural e impulsivo, nascido
da necessidade de satirizar, de combater e demolir a deformação que derivava da
violência da caricatura, forma de combate que constituiu uma reação instintiva
do inconformismo e da rebeldia (...). Assim como o seu expressionismo era uma
forma de manifestar socialmente sua inadaptação à rotina, o seu fauvismo seria
a necessidade de contradizer o habitualmente feito e passivamente aceito (...).
Fonte: Luís Martins - in
Di Cavalcanti. Marcondes, Marcos
Antônio. São Paulo, Art, 1983.
- De Roberto Pontual:
Talvez mais do que a sua
própria obra de pintor e desenhista, observada isoladamente, é a totalidade do
ser humano que passou um dia, muito cedo na vida, a assinar-se Di Cavalcanti,
que se instaura como símbolo no modernismo brasileiro. Isso se acentua pelo
fato de sua presença nunca ter-se restringido à área exclusiva das artes
visuais, abrangendo também a prosa e a poesia, a ponto de ele preferir que o
considerassem não como um pintor, mas como um intelectual que pintava. Por
pretender agir sobre o mundo como algo mais do que as tintas e os pincéis, foi
que ele logo se integrou, cabeça e mãos, na inteira militância contra o
academismo amorfo na pintura e contra a rigidez parnasiana na literatura (...).
Fonte: Pontual, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do
século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard
Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio
de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.
- De Olívio Tavares
de Araújo:
Tinha prazer com o ato
de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria
basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos
40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se
tornam raridade. Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre
como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado
lado do país: o amoroso, o sensual. O largo predomínio da figura humana em sua
arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo
que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista
partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de
sua atenção.
Fonte: Araújo, Olívio
Tavares.
Pintura brasileira do século XX:
trajetórias relevantes. Rio de Janeiro: Editora 4 Estações, 1998.
Pág.46-48.
- De Murilo Mendes:
Eis o aparente
paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é um pintor
social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de
histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di
Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no
sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na
criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos,
contradições...
- De Luís Lopes Coelho:
Um quadro de Di
Cavalcanti - qualquer quadro - é, antes de mais nada, uma projeção de sua
sensibilidade e de sua personalidade; e daí, o seu extraordinário fascínio, o
seu poderoso encanto, a sua capacidade de encantar instantaneamente a simpatia
e a admiração de um público heterogêneo, em que se irmanam solidariamente
leigos e entendidos. Diante de bem poucos artistas nacionais se poderia com
rigorosa veracidade repetir, como diante de Di Cavalcanti, este aparente
lugar-comum, muito menos comum, aliás, do que se imagina: a obra é o homem.
- De Antonio
Bento:
Ao longo deste
meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1º plano nas artes
plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal
responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele
movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um
pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma
outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a
ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os
passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os
trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua
pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas,
formas e cores, expressionistas de suas telas.
- De Mário
Pedrosa:
Di Cavalcanti é demasiado
terra-a-terra, demasiado sensorial, demasiado materialista.
Referências:
(4) Bortoloti, Marcelo. Cinco
Décadas de Di Cavalcanti na Imprensa Brasileira. Fundação Biblioteca
Nacional (Ministério da Cultura), 2011, estudo em pdf, nota 6, p. 8 –
Disponível em:
(5) Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
32, Nota 35.
(6) Amaral, Aracy A. Artes Plásticas na Semana de 22. Editora
34, São Paulo, 5ª edição revista e ampliada, 1998, pp. 96-97.
(7) Toda descrição dos Ciclos de Conferências
realizadas por Freitas Valle, poderá ser conhecida em: Camargos, Marcia. Villa Kyrial – Crônica da Belle Époque
Paulistana. Editora Senac, São Paulo, 2ª ed. 2001.
(8) Bortoloti, Marcelo. Cinco
Décadas de Di Cavalcanti na Imprensa Brasileira. Fundação Biblioteca
Nacional (Ministério da Cultura), 2011, estudo em pdf, nota 7, p. 8 –
Disponível em:
(9) Brito,
Antonio da Silva. História do Modernismo
Brasileiro: antecedentes da Semana de Arte Moderna. Civilização Brasileira,
Rio de Janeiro, 5ª Ed., 1978 – p. 162.
(10.1) Picchia, Menotti
Del. Menotti Del Picchia o gedeão do
modernismo: 1920/22. Introdução, seleção e organização de Yoshie Sakiyama
Barreirinhas. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro; Secretaria de Estado da
Cultura, São Paulo – 1983, pp. 295-296.
(11) Brito,
Mario de Silva. In: História do
Modernismo Brasileiro – Antecedentes da Semana de Arte Moderna. Editora
Civilização Brasileira, 5ª ed. Rio de Janeiro, 1978, p. 231.
(12) Amaral, Aracy A. Artes Plásticas na Semana de 22. Editora
34, São Paulo, 5ª edição revista e ampliada, 1998, pp. 128-129.
(13) Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
31, Nota 35.
(14) Batista, Marta
Rossetti; Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 – Documentação. Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, pp. 64-65.
(15) Bortoloti, Marcelo. Cinco
Décadas de Di Cavalcanti na Imprensa Brasileira. Fundação Biblioteca
Nacional (Ministério da Cultura), 2011, estudo em pdf, p. 11 – Disponível em:
(16)
Andrade, Mário de. Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral.
Organização, introdução e notas por Aracy Amaral. Edusp, São Paulo, V. 2, 1999,
págs. 22-23.
(17) Batista, Marta
Rossetti; Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 – Documentação. Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, pp. 76-77.
(18) Eulalio, Alexandre.
(1932-88). A Aventura Brasileira de
Blaise Cendrars. 2ª ed. revista e ampliada por Carlos Augusto Calil. Edusp
& Fapesp, São Paulo, 2001, p. 271.
(19) Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
25, Nota 24.
(20) Andrade, Mário. Correspondência Mário de Andrade &
Manuel Bandeira. Organização, Introdução e Notas de Marcos Antonio de
Moraes. EDUSP, São Paulo, 2 Ed. – 2001, p. 156.
(21) Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
42, Nota 54.
(22)
Saliba, Elias Thomé. A Serventia dos livros.
Publicado em 26/04/2011, em:
(23) Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
50.
(24) Andrade, Mário. Correspondência Mário de Andrade &
Manuel Bandeira. Organização, Introdução e Notas de Marcos Antonio de
Moraes. EDUSP, São Paulo, 2 Ed. – 2001, p. 271.
(25) Ribeiro, Maria Isabel Blanco. Tarsila do Amaral. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros. Folha de S. Paulo & Instituto Itaú Cultural. 1ª ed.
São Paulo, 2013, p. 24.
(26) Amaral, Aracy A. Tarsila: Sua obra e seu tempo. Editora 34 & Edusp, São Paulo,
3ª Ed. – 2003, p. 425.
(28) Bandeira, Manuel. Andorinha, Andorinha. Edição Comemorativa do Centenário de
Nascimento do Bardo (1886-1968). Seleção e Coordenação de textos de Carlos
Drummond de Andrade. José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 2ª Ed. – 1986, pp.
120-121.
(29) Batista, Marta
Rossetti; Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 – Documentação. Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, p. 156.
(30) Batista, Marta Rossetti;
Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 – Documentação. Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, p. 156-157.
(31) Almeida, Paulo
Mendes de. De Anita ao Museu. Editora
Perspectiva, São Paulo, 1976, p. 76.
(32) Andrade,
Mário de. Taxi e Crônicas no Diário
Nacional. Estabelecimento de texto, introdução e notas de Telê Porto Ancona
Lopes. Livraria Duas Cidades & Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia,
São Paulo, 1976, pp.527-528.
(33) Andrade, Mário. Correspondência Mário de Andrade &
Manuel Bandeira. Organização, Introdução e Notas de Marcos Antonio de
Moraes. EDUSP, São Paulo, 2 Ed. – 2001, p. 594.
(34) Nascimento, Ana
Paula. A contribuição editorial de
Virgílio Maurício no jornal Gazeta de Notícias em 1923. Arte e suas
Instituições – XXXIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, UFRJ,
set. 2013 – Nota 46, p. 282.
(34.1) Amaral, Tarsila do. Tarsila Cronista. Intr. e Org. Aracy
Amaral. Edusp, São Paulo, 2001, pp.154 a 156.
(35) Bortoloti, Marcelo. Cinco
Décadas de Di Cavalcanti na Imprensa Brasileira. Fundação Biblioteca
Nacional (Ministério da Cultura), 2011, estudo em pdf, p. 20 –
(36) Milliet,
Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet,
1945. Introdução de Antonio Cândido. – 2ª Ed. – São Paulo, V. III, Livraria
Martins Editora & Edusp, 1981, pp. 168-169.
(37) Milliet,
Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet,
1948/1949. Vol. XXXVII da Coleção Departamento de Cultura, publicado pela
Divisão do Arquivo Histórico de São Paulo, 1ª Ed. – São Paulo, 1950, pp. 75/76.
(38) Milliet,
Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet,
1948/1949. Vol. XXXVII da Coleção Departamento de Cultura, publicado pela
Divisão do Arquivo Histórico de São Paulo, 1ª Ed. – São Paulo, 1950, pp.
121/122.
(39) Milliet,
Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet,
1948/1949. Vol. XXXVII da Coleção Departamento de Cultura, publicado pela
Divisão do Arquivo Histórico de São Paulo, 1ª Ed. – São Paulo, 1950, p. 138 e
140.
(40) Almeida,
Marina Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007, p.
44, Nota 61
(41) Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo &
Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 86.
(42) Bortoloti, Marcelo. Cinco
Décadas de Di Cavalcanti na Imprensa Brasileira. Fundação Biblioteca
Nacional (Ministério da Cultura), 2011, estudo em pdf, p. 29 – Disponível em:
(43) Milliet,
Sérgio. Diário Crítico de Sérgio Milliet,
1948/1949. Vol. 10 – Livraria Martins Editora, 1ª Ed. – São Paulo, 1959,
pp. 72 a 74.
(44)
Mestres do Modernismo. Coord.
editorial e introdução de Maria Alice Milliet, textos de Marcelo Mattos Araujo
e outros. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Fundação José e Paulina
Nemirovsky e Pinacoteca do Estado, 1ª Ed., 2005, p. 70.
(46) Bandeira, Manuel. Andorinha, Andorinha. Edição Comemorativa do Centenário de
Nascimento do Bardo (1886-1968). Seleção e Coordenação de textos de Carlos
Drummond de Andrade. José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 2ª Ed. – 1986, pp.
160-161.
(47) Tavares,
Odorico. Poema transcrito no Modernidade
- Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares. Curador Emanoel Araujo – São
Paulo: Museu Afro Brasil, 2013, p.73.
Referências
das Ilustrações:
6: Almeida, Marina
Barbosa de. As Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na
Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para
obtenção de grau de mestre em História, ao Departamento de História do Setor de
Ciências, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.
7: Catálogo Semana de 22 – antecedentes and
consequences. Comemora dos 50 anos da realização da Semana de Arte Moderna. Museu de Arte Moderna de São Paulo
& Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo do Governo de São Paulo, 1972.
8: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 33.
9:
11: Cavalcanti, Di. Ilustrações
do Fantoches da Meia-noite. Catálogo
Comemorativo dos 50º Aniversário da Semana de Arte Moderna: Museu de Arte de
São Paulo, Di Cavalcanti, São Paulo, 1972.
11.1: Batista,
Marta Rossetti; Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 –
Documentação. Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, pp. 76.
14: SAMBA . In:
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2017. Disponível em:
. Acesso em: 07
de Set. 2017
16: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 41.
17: RETRATO de Maria.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2017. Disponível em:
.
Acesso em: 07 de Set. 2017.
19: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 20.
20: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 47.
20.1: Batista, Marta Rossetti;
Lopez, Telê Porto Ancona; Lima, Yone Soares de. Brasil: 1º Tempo Modernista – 1917/29 – Documentação. Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 1972, p. 157.
21: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 49.
24: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros, V. 1. Folha de S.Paulo; Instituto Itaú Cultural, São
Paulo, 2013, p.23
25: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 21.
26: Almeida, Marina Barbosa de. As
Mulatas de Di Cavalcanti: Representação Racial e de Gênero na Construção da
Identidade Brasileira (1920 e 1930). Dissertação para obtenção de grau de
mestre em História, ao Departamento de História do Setor de Ciências, Letras e
Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.
30: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 57.
31: Marcondes, Marcos A. Coleção
Grandes Artistas Brasileiros. Círculo do Livro; Art Editora, (SP),
sd., p. 17.
35: Coleção Folha
Grandes Pintores Brasileiros, V. 1. Texto de Lygia Eluf. Folha de São Paulo
& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 15.
36: Marcondes, Marcos A. Coleção
Grandes Artistas Brasileiros. Círculo do Livro; Art Editora, (SP),
sd., p. 38.
37: Marcondes, Marcos A. Coleção
Grandes Artistas Brasileiros. Círculo do Livro; Art Editora, S. Paulo,
sd., p. 42.
39: Marcondes, Marcos A. Coleção
Grandes Artistas Brasileiros. Círculo do Livro; Art Editora, S. Paulo,
sd., p. 43.
42: Marcondes, Marcos A. Coleção
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51: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
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53: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
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55: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros, V. 1. Folha de S.Paulo; Instituto Itaú Cultural, São
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58: Coleção Folha
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& Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 1ª Ed. – 2013, p. 87.
59: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros, V. 1. Folha de S.Paulo; Instituto Itaú Cultural, São
Paulo, 2013, p.68.
60: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros, V. 1. Folha de S.Paulo; Instituto Itaú Cultural, São
Paulo, 2013, p.15
64: Almeida, Lucinéia
Aparecida Falcão. Imagens que falam –
Educando alunos através de visualidades artísticas. Trabalho de Conclusão
do Curso em Artes Visuais, habilitação em Licenciatura, do Departamento de
Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. 2013 pdf. p.
18 Fonte:
http://vejabrasil.abril.com.br/galeria/rio-de-janeiro/leilao-de-arte/index.php#img/03.jpg
69 – Foto ilustração do “Modernidade
– Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares”. Curador Emanoel Araujo – São
Paulo: Museu Afro Brasil, 2013, p. 22.
71: Lisboa, James. Catálogo Leilão de Arte. São Paulo,
2013, divulgação nº 132.
72: Lisboa, James. Catálogo Leilão de Arte. São Paulo,
2013, divulgação nº 133.
73 - Andrade, Mário
de. Mário de Andrade - Cartas a Murilo
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74: Eluf, Lygia. Di Cavalcanti. Coleção Folha Grandes
Pintores Brasileiros, V. 1. Folha de S.Paulo; Instituto Itaú Cultural, São
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Fontes Pesquisadas em Sites
(*) Outras fontes pesquisadas em
sites: ver em Depoimentos, Referências e Ilustrações.
Última atualização: 19/9/2017, por Luiz de
Almeida